A Saga de Godofredo Parte II – Tensão
09.08.23
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Godofredo, Guillaume e Girard chegaram à Linthelles no meio da manhã com a cidade totalmente vazia, sem viva alma.Procuraram o destacamento da milícia local para saber do corrido. Encontraram Robert
Ao vê-los, apresentou-se em posição de sentido:
-Subcomandante Robert! Viva a revolução! – falando com voz forte e firme.
-Viva a revolução! Comandantes Geoffrey e Guillaume; Capitão Girard. Conte-nos o que tem acontecido aqui na cidade – disse Geoffrey tirando as luvas e sentando-se na cadeira de Robert, colocando seus pés sobre a mesa, assumindo o comando da situação. Os outros dois ficaram em pé ao lado de Robert, que demonstrava nervosismo.
Godofredo chamou Cons. mentalmente para que participasse invisível da reunião.
-Estou ao seu lado – respondeu.
O subcomandante contou todos os fatos das aparições dos fantasmas, logo depois que descobriu os excrementos dos cavalos dos fugitivos na floresta à beira do riacho. Cons. riu, pois viu as expressões de pavor e medo de Robert com suas aparições fantasmagóricas.
-Entendo! E quantos são? – continuou Godofredo.
-Acredito que quatro – completou Robert.
Seguiu relatando sobre o estranho que lhe embebedou na taberna e perguntou muito sobre os fugitivos, acreditando que fosse espião dos nobres, pois estava vestido com roupas como as suas, mas tinha aparência de militar, falando com voz trêmula.
-Perfeito Subcomandante! Pode ser que alguns soldados leais ao rei possam estar indo ao encontro deles para protegê-los e poderá haver confronto. Arme a tropa e separe dez dos seus melhores homens que ficarão aqui sob o comando do Capitão Girard defendendo a cidade, caso estes militares leais ao rei tentem alguma ação. Iremos atrás dos fugitivos com o resto da tropa – ordenou Godofredo, sob o olhar espantado de Guillaume!
Godofredo levantou-se e saiu acompanhado de Guillaume e Cons. invisível.
-O que está tramando, Geoffrey? – perguntou Guillaume.
-Tenho a intuição que Lafayette deve ter mandado alguns soldados escondidos para nos seguir - a história do espião, e encontrar sua família e nos prender. Não sei se Girard sabe deste fato e precisamos deixá-lo longe das nossas ações. Por isso, inventei os soldados leais ao rei e de ele cuidar da defesa de Linthelles. Cons. veja se descobre nas redondezas, principalmente nas matas que circundam a cidade, se há alguma movimentação estranha e nos informe. Esses soldados devem estar perto, escondidos na floresta– respondeu Godofredo.
O capitão Milet deixou Leonard observando o que acontecia na cidade. Plutot chegou e passou a informação de que os fugitivos foram vistos a caminho de Châlons. Leonard voltou e falou da chegada de Godofredo e seus companheiros em Linthelles.
-Perfeito! Aguardaremos a partida deles e os seguiremos de forma furtiva. Vamos em dois grupos: um, comandado por Plutot, que conhece o caminho, seguirá à frente deles partindo imediatamente para Châlons, e nos aguardará em Villeseneux. Nós, sairemos depois de Geoffrey. Preparem-se – ordenou Milet!
Milet olhou para Plutot e fez aceno para que viesse até ele e disse:
-Ao chegar a Villeseneux, deixe a tropa escondida e vá até Jean Pierre, ver se encontrou os fugitivos. Se positivo, prenda-os e me aguarde.
Plutot assentiu com a cabeça, e com os demais Hussardos montaram em seus cavalos iniciando a jornada até Villeseneux.
Cons. presenciou as orientações de Milet à sua tropa, e as passou a Godofredo. Este, preocupado com a possibilidade dos Montfort serem presos, resolveu tomar uma atitude mais agressiva. Iria atacar os Hussardos de Plutot ao passarem por Linthelles.
Chamou Guillaume e junto com Cons., agora transfigurado em sua pessoa cômica e rotunda, disse o que planejou:
-Como eu imaginava, Lafayette mandou uma tropa de Hussardos disfarçados de sans-cullotes aqui próximo. São dez homens com o capitão Milet . Um deles está em Châlons procurando sua família. Eles vão sair em dois grupos. Um, deve estar partindo agora do esconderijo, mais ou menos há cinco quilômetros daqui e devem passar por fora da cidade. Minha ideia é colocarmos Girard com sua topa para emboscá-los, pois Cons. poderá informá-los por onde passarão. Nós, aguardaremos aqui, pois Milet está esperando nossa saída para Châlons.
Depois, foram os três ao Capitão Girard e ordenou:
-Capitão Girard, desloque imediatamente os seus homens para a floresta e se escondam. Tenho informações do meu espião aqui - apontando para Cons. - que os soldados leais ao rei vão nos atacar agora. Nosso espião deverá guiá-los até o local para emboscá-los. Prenda-os! Entendido Capitão?
-Sim comandante! – saindo apressado para o pátio onde estavam seus homens já montados e armados.
Plutot com seus quatro comandados trotavam cuidadosamente pela mata que circundava a cidade, procurando não levantar qualquer suspeita ou indícios da sua passagem. Cons., invisível, os acompanhava.
Chegaram a um local no qual a floresta terminava na estrada - ficariam expostos; pararam antes. Plutot desceu do cavalo e escutou próximo o barulho do córrego. Seria por ele que passariam pela cidade sem serem vistos. Era a saída. Ordenou que seguissem enfileirados pelo córrego.
Cons. foi até Girard informando que iriam passar pelo córrego. O capitão dividiu seus homens em dois grupos de cinco homens, um em cada margem e os posicionou em local em que o veio d’água se estreitava, dando passagem para um só cavaleiro. O lugar era perfeito para surpreender o inimigo. Ficaram aguardando tensos, escondidos pelas folhagens.
Ouviram o chapinar na água das patas dos cavalos, os inimigos vinham. Na posição em que estavam os homens de Girard era possível divisar os cinco cavaleiros. O córrego se afunilava e os inimigos tiveram que parar a marcha em fila, pois só era possível um cavaleiro passar. Girard vendo a oportunidade gritou:
-Atacar! – saltando do barranco em que estava com seu cavalo liderando os cinco homens. Os inimigos, surpresos, não esboçaram reação de imediato, pois o outro grupo de Girard se posicionou sobre o estreitamento do córrego. Estavam os Hussardos cercados.
-Estão cercados e em menor número. Joguem suas armas no riacho - ordenou Girard.
Plutot tomou à frente do grupo e disse:
-Sou o sargento Plutot dos Hussardos comandados pelo capitão Milet, enviados sob sigilo pelo General Lafayette para a captura dos prisioneiros e dos dois revolucionários.
-Sei! Capitão Milet, Hussardos. Como o general Lafayette não nos informou sobre vocês? Uma bela história a sua hein? Vamos, joguem suas armas no riacho e desmontem dos seus cavalos. Vou levá-los para Linthelles e tirar essa história a limpo.
Plutot, raivoso e tenso empunhou sua espada e gritou para seus cavaleiros:
-Atacaaar! – irrompendo com seu cavalo para cima de Girard, que rapidamente juntou seus homens em posição de defesa aguardando a investida da pequena tropa inimiga. Os na retaguarda de Plutot, seguiram-no atrás ficando os cinco Hussardos cercados pelos dez soldados de Girard.
A luta começou feroz, pois os homens de Plutot, e ele, eram soldados profissionais, muito superiores aos de Girard.
O tilintar das espadas e relinchar dos cavalos ecoou pela floresta, mostrando a ferocidade do combate, que durou por alguns minutos. Não conseguiram furar o bloqueio de Girard. Plutot ferido foi rendido com seus homens, também feridos. Cons., invisível, presenciou toda a ação e passou a informação imediatamente a Godofredo.
-Girard enfrentou e prendeu os Hussardos. Estão a caminho daqui. Não podemos deixar que ele descubra o nosso disfarce, tentando se comunicar com Lafayette. Vamos aguardá-los e interrogá-los. Mantenha a tropa mobilizada. Não vamos atacar Milet agora sem saber das suas ações e manter Girard sob nosso controle – disse Godofredo para Guillaume.
Depois, Godofredo ficou pensativo e preocupado com os acontecimentos ocorridos.
Precisava elaborar um plano, pois estavam vulneráveis e a qualquer momento poderiam ser presos por Lafayette. A situação começava a ficar perigosa e tensa.
Nota do Autor:
Obra ficcional e qualquer semelhança é mera coincidência.