A Saga de Godofredo Parte II – Cão de Guarda
29.06.23
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A reunião no Rio de Janeiro com o fundador do ChatGPT foi bem produtiva, pois se interessou bastante pelo projeto de Janice, achando-o inovador. Iria ajudá-la na elaboração do programa, dando todo o apoio necessário através do seu banco de dados e inteligência artificial na concepção dos algoritmos para que pudesse se comunicar com Godofredo em coma.
Também, o teste do modelo inicial do programa no supercomputador da Petrobras foi animador, apesar de ainda ter inúmeras etapas a desenvolver, demonstrava ser viável a concepção.
-Nossa, parece que estou em um sonho, todos estão nos ajudando nesse projeto e o teste no computador foi, até certo ponto, um sucesso – disse ela ao professor, seu orientador na sua tese de doutorado, e que participou, junto com ela, da reunião com o desenvolvedor da inteligência artificial.
-Sim, agora precisamos montar um organograma para definir quem ficará com qual etapa do programa, para depois fazer a interação final – ponderou o professor.
-Perfeito! Vamos nos reunir amanhã e elaborar esse cronograma de etapas, fases e prazos e enviarmos aos participantes – concluiu Janice animada, no voo de volta a São Paulo.
Godofredo, informado mentalmente por Cons. dos acontecimentos ocorridos em Lintheles e que todos estavam bem e seguros, desarmou o ar de preocupação no seu rosto, como Guillaume, aguardando o café que La Fayette foi fazer.
Este, voltando com o bule e vendo as fisionomias leves dos dois, disse-lhes:
-Viram um passarinho dourado? - servindo as três xícaras com o líquido negro fumegando.
-É que estamos ansiosos para assumir nossos postos de comando – respondeu Godofredo.
A reunião seguiu e Godofredo opinou que a melhor posição de proteção seria a região leste de Paris, em direção a Estrasburgo, pois sendo a rainha Austríaca, poderia receber ajuda destes exércitos, como da Alemanha por esta direção.
La Fayette achou pertinente a consideração de Godofredo, decidindo que ele ficaria com a milícia a sudeste de Paris, baseado em Creteil e Guillaume a nordeste em Roissy-en-France.
O general saiu da sala e trouxe com ele o capitão Girard, seu ajudante de ordens, dizendo-lhe:
-Apresento-lhe os comandantes Geofrrey e Guillaume que irão assumir a as milícias sediadas em Creteil e Roissy-en-France respectivamente. Faça todos os arranjos para que amanhã assumam suas funções – ordenou!
-Obrigado General! – respondeu Geoffrey com Guillaume abaixando a cabeça em agradecimento.
Os dois novos comandantes revolucionários saíram da sala juntamente com o capitão Girard. Guillaume olhou de soslaio para Godofredo, entendendo a astúcia do amigo em definir a direção que seria melhor para eles, pois a leste, quase na divisa com a Alemanha, fica Estrasburgo, cidade na qual estão a família de Godofredo, Krumin- Leep, e a de Guillaume, Montfort fugindo para lá.
-Senhores, vamos até o Hotel des Invalides para apresentá-los aos seus oficiais e assumir seus postos de comando – disse-lhes o ajudante de ordens caminhando em direção aos cavalos. Partiram com o capitão à frente. Guillaume iniciou a conversa:
-Você foi muito esperto com La Fayette, definindo a proteção contra tropas vindas de Estrasburgo.
-Sim! Agora temos que planejar nossas ações para poder ajudar sua família chegar a Estrasburgo.
-No que está pensando?
-Criar um fato que nos obrigue a ir a Lintheles e ajudá-los. Mas primeiro, temos que assumir nossas funções.
Godofredo perguntou mentalmente a Cons. sobre a situação em Lintheles, que respondeu:
-Estamos escondidos na mata em segurança. Vamos esta noite seguir em frente. Mas, tem outra ideia?
-Sim! Você levará os Montford até Châlons-en-Champagne esta noite, deixando-os em local seguro. Amanhã, volte para Lintheles e cotinue afrontando a população como fantasma. Venha depois de amanhã como mensageiro “sans-culotte” me informar o que está acontecendo , que pedirei a La Fayette para ir verificar – falou a Cons.
-Qual é o seu plano? – perguntou Guillaume.
-Cons. virá depois de amanhã me informar que a vila de Linthelles tem um fantasma desde que fugitivos se esconderam na mata e estão apavorados, precisando de ajuda. Assim, vou solicitar a La Fayette para ir com você lá verificar o que acontece, dando tempo para que possam seguir viagem para Estrasburgo.
-Certo! – concordou Guillaume.
Seguiam cavalgando em direção ao Hotel des Invalides.
No dia seguinte ao da reunião no Rio de Janeiro, Janice iniciou a distribuição das tarefas para os colaboradores desenvolverem os programas, em vídeo conferência com todos. Sua preocupação maior era com os prazos, pois pelo cronograma e conversas com as equipes, iria ser de quinze dias para tê-los prontos, e depois, mais cinco dias para integração e conclusão. Vinte dias para o teste!
Godofredo, no leito alheio a tudo, seguia com seu estado inalterado. Janice ao seu lado, animada com o andamento da sua empreitada, dizia baixinho junto ao rosto do marido:
-Logo vamos nos conectar, meu amor.
Cons. continuou afrontando os apavorados moradores de Linthelles como fantasma durante o dia. À noite, foi com a família Montford até Châlons-en-Champagne, escondendo–os novamente em mata perto da cidade.
Na manhã seguinte, instantaneamente foi até Creteil, no comando de Godofredo, informar-lhe sobre o que acontecia na vila mal assombrada.
-Senhor Comandante, está aqui um estafeta que veio de Linthelles com informações importantes para o senhor – disse o sentinela à porta da sala de Godofredo.
Godofredo acenou para que entrasse o informante. Cons. apareceu com sua silhueta rotunda cômica e inconfundível, olhos pequenos e afundados na sua cara redonda, óculos de aros metálicos redondos, com roupas de “sens-culottes” justas e esticadas, salientado a barriga e o traseiro redondos, fazendo Godofredo sorrir ao vê-lo. Guiilaume, que estava na sala, também sorriu.
-Senhor Comandante Geoffrey, venho informar que a cidade de Linthelles está tomada por fantasmas que assolam a população, depois que fugitivos se esconderam na mata junto ao córrego que passa próximo a vila – falou solenemente Cons.
-Fantasmas? Vamos verificar. Grato pela informação. Dispensado! – despachando Cons., que voltou para junto da família Montfort em Châlons-en-Champagne.
Godofredo, mantendo o plano, passou para La Fayette a curiosa situação, e solicitou permissão para ir juntamente com Guillaume verificar o que ocorria em Linthelles, pois queria saber sobre os fugitivos. La Fayette comentou com Marat:
-O que você acha? Estranho o interesse imediato deles em ir a Linthelles, pois sabemos que é a rota de fuga dos nobres em direção à Alemanha e Áustria e parece que a família fugitiva Krumin-Leep passou por lá dias atrás em direção a Estrasburgo – falou La Fayette desconfiado.
-Estranho sim! Vamos colocar alguém para acompanhá-los. Que tal o capitão Girard? – sugeriu Marat.
-Concordo! Vou mandá-lo junto com eles.
O capitão Girard, informado da situação por La Fayette, foi até Creteil e passou a ordem do comandante para Godofredo e Guillaume, que surpresos, acataram-na.
Godofredo comentou com Guillaume, quando Girard saiu da sala:
-Estão desconfiando de nós. Teremos um cão de guarda.
Nota do Autor:
Obra ficcional e qualquer semelhança é mera coincidência.