A Saga de Godofredo Parte II – "Bleu, Blanc, Rouge"

26.05.23

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O Barão du Montfort, sua esposa, Juliette e Esprit, ou Cons., partiram quase ao raiar do dia nos quatro cavalos que havia no estábulo. Juliette virava sua cabeça a cada instante, olhando triste para Geoffrey, ou Godofredo. Este e Guillaume ficaram observando os cavaleiros até que a escuridão da noite os engoliu, ouvindo-se somente o som seco das patas dos animais no piso. Iam a trote acelerado.

Caminhando os dois de volta a casa, Geoffrey disse à Guillaume:

-Amanhã você irá conduzir a conversa com Marat, e vamos ver o que ele nos dirá das ações que o grupo revolucionário está pensando em adotar, mesmo que algumas delas você já sabe que acontecerão?

-Sim! Agora vamos descansar um pouco, pois o dia foi cheio e amanhã também será.

Janice, mulher de Godofredo, empenhava-se dia e noite no desenvolvimento do algoritmo para tentar se comunicar com o marido em coma no hospital, através dos estímulos eletroquímicos no cérebro dele.

Surgiu a possibilidade de ter contato com o fundador da OpenAI e criador do ChatGPT a inteligência artificial mais em evidência no momento, pois participaria de evento no Museu do Amanhã no Rio de Janeiro naquela semana. Ficou entusiasmadíssima com a possibilidade de apresentar o projeto a ele, para ver se ajudaria no desenvolvimento. Comentou da sua intenção com seu professor e orientador na época da sua pós-graduação, e que colaborava com ela na elaboração do programa. Por coincidência, ele participaria do encontro como debatedor.

-Puxa vida, mas que tremenda coincidência, não? Então, depois do evento, poderei conversar com o criador do algoritmo do ChatGPT, sendo você o intermediário.

-Claro! Tenho o contato dele e já vou passar as linhas básicas do projeto.

-Então, depois de amanhã iremos juntos ao encontro, que bom! Já vou comprar a minha passagem aérea.

Após algumas horas de sono, Guillaume e Geoffrey foram para o centro de Paris em direção à casa de Marat. Chegaram ao meio da manhã. A porta da residência estava aberta e Marat conversava com um grupo de pessoas na sala de estar, ou escritório pelos inúmeros livros e papéis espalhados por ela. Era sabido que mantinha sua casa com livre acesso para quem quisesse falar com ele. Com seu olhar de águia e duro, viu a chegada dos dois e os chamou de forma efusiva:

-Venham até aqui, meus camaradas heróis da tomada da Bastilha! – batendo palmas junto com as outras pessoas e gritando alto:

-Viva a Revolução! – fazendo coro com os demais.

Os dois caminharam até ele espantados pelo reconhecimento de Marat e deduziram que Robespierre o informou.

-Meus queridos Guillaume e Geoffrey, é um prazer estar com vocês. Robespierre esteve ontem comigo, dizendo-me que viriam hoje para conversarmos.

Guillaume adiantou-se, fez uma mesura e respondeu:

-É um grande prazer conhecê-lo, pois é uma das chamas vivas da nossa revolução. Guillaume a seu dispor e Viva a Revolução! – gritou também com os demais acompanhando.

-Obrigado meu caro Guillaume. E o seu amigo, Geoffrey, o que nos tem a contar sobre a proeza que fizeram? – perguntando e encarando Godofredo com seus olhos de ave de rapina.

-Fizemos o que todos os franceses esperavam de nós, nada mais! Continuar com essa realeza que não se importa com a fome do seu povo, era o mínimo a fazer. Marat sorriu e disse:

-Bem meus camaradas, vamos hoje então nos organizarmos para as possíveis retaliações que as forças leais ao rei poderão nos aplicar pelo que ocorreu ontem. Por isso, vocês dois estão aqui. Como heróis, irão liderar milícias urbanas para defender o povo nos bairros da cidade junto com a Guarda Nacional.

-Lideraremos com toda devoção e empenho na defesa da causa revolucionária, meu senhor! – disse Guillaume com Geoffrey assentindo com a cabeça a cada palavra dita pelo outro.

-Ótimo! Robespierre e La Fayette, o comandante-em-chefe da Guarda Nacional, virão hoje almoçar conosco, e discutiremos esta organização - falou Marat olhando para Guillaume e Geofrrey.

Paris, após a queda da Bastilha, estava um caos generalizado, com a população enfrentando os soldados leais ao rei pelas ruas. Várias cabeças empaladas, em estacas feitas das lanças dos militares, estavam espalhadas por toda a capital em cenas horripilantes e sangrentas. A população irada e incontrolável invadia as casas a procura de alimentos. E se encontravam com seus moradores dentro, saqueavam-na e os matavam.

Robespierre relatou estes fatos durante o almoço com Marat, La Fayette, Guillaume e Geofrrey. Estava preocupado, pois sabia que essa chama não poderia ser apagada, mas, ao mesmo tempo, era necessário seguir com o intuito de estabelecer a República na França, via Assembleia Nacional Constituinte que seria implantada futuramente, e manter a ordem sob o comando de La Fayette. Para Marat, que o povo continuasse a se rebelar e acabar com a monarquia, a realeza e quem quer que se opusesse à revolução, matando a todos de forma sanguinária.

Geoffrey perguntou a La Fayette:

-Caro comandante-em-chefe, como identificaremos os nossos soldados?

-Usamos uma roseta na lapela dos casacos nas cores azul, branco e vermelho , as cores da revolução! Estas cores, se tornaram as da bandeira francesa. Seguiram durante toda a tarde definindo como seria essa divisão de comando e em quais áreas atuariam.

Ao final do dia, voltando para casa já montados em cavalos e portando as rosetas tricolores revolucionárias, Godofredo manteve contato telepático com Cons. para saber da fuga deles para Estrasburgo.

-Como está a cavalgada? Em qual localidade estão aguardando o anoitecer para seguir viagem? Houve algum problema?

-Estamos em Favières, 40 quilômetros de Paris. Não conseguimos cavalgar muito, pois como o dia logo clareou, foi o que pudemos fazer sem chamar a atenção. Hoje à noite pretendemos ir até Linthelles, 120 quilômetros de Paris. Acredito que em três a quatro noites chegaremos a Estrasburgo. E como estão às coisas por aí?

-Tivemos o encontro com Marat , Robespierre e La Fayette, vamos comandar algumas alas da Guarda Nacional. Mas não nos disse nada dos próximos passos que darão. Vamos mantendo contato. Boa sorte.

Janice, independente do encontro que teria com o criador do ChatGPT no Rio de Janeiro, aproveitaria para utilizar o super computador da Petrobras lá e rodar o programa na sua fase inicial, verificar seus problemas e corrigi-los. Na Suíça, o chefe da equipe que descobriu as várias dimensões com que o cérebro trabalha, estava dando sequência à sua parte no programa extremamente complicado, mas desafiador. As ações caminhavam e as expectativas aumentavam.

Nota do Autor:

Obra ficcional e qualquer semelhança é mera coincidência.

Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 26/05/2023
Reeditado em 26/05/2023
Código do texto: T7798005
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