A Saga de Godofredo Parte II – JULIETTE
27.03.23
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Guillaume, Geoffrey (Godofredo) e Esprit (Cons.), depois da tomada da Bastilha e iniciada a sua derrubada com o desmonte do primeiro bloco de pedra do topo da torre, foram ovacionados pela multidão revoltosa no portal de entrada da fortaleza.
-Somos agora Heróis da Revolução ”mes amis”? Que glória a nossa, não? – diz Guillaume ouvindo o grito do povo “Vive la Revolucion” ecoando pela cidade. Era emocionante!
Godofredo falou mentalmente com Cons.:
-Que ironia do destino não Cons.? A família da minha mãe é da nobreza francesa e eu agora sou herói da revolução. É de fato um momento histórico de arrepiar, mas muito irônico.
-Não lhe disse que teria novas aventuras? Vamos em frente, pois acontecerão mais eventos e Guillaume lhe ajudará a encontrar seus ancestrais franceses – respondeu Cons..
Os blocos de pedra eram derrubados um a um do alto da torre, ficando a Bastilha desfigurada. O dia seguiu com os revoltosos trabalhando freneticamente como formigas, no intuito de demolir total e definitivamente um dos principais símbolos do poder absoluto do rei. A tomada da prisão nesta data tornou-se um marco fundamental da história da França e da civilização ocidental. Em novembro de 1789 ela foi totalmente demolida.
Anoiteceu com a fortaleza ardendo em chamas e os três heróis exaustos. Guillaume perguntou a Geoffrey:
-Vocês têm local para ficar aqui em Paris?
Godofredo hesitou e Esprit respondeu:
-Não temos ainda, pois chegamos hoje, fomos arrastados pela multidão e o resto você já sabe.
-E de qual cidade vieram?
Godofredo olhou apreensivo para Cons. que respondeu de imediato:
-Estrasburgo!
-Vamos então para a minha pobre casa, na qual poderemos descansar e comer alguma coisa, e claro beber um bom vinho em comemoração a nossa Revolução, já que involuntariamente se tornaram heróis revolucionários “mes amis”! – disse-lhes Guillaume sorrindo eufórico.
Guillaume era um típico jovem francês impetuoso nos seu trinta e poucos anos, com cabelos vermelhos fogo, olhos azuis penetrantes, sorriso largo de bons dentes, alto e esguio. Tinha um ar de nobreza em suas atitudes e ações. Mostrava polidez e falava um francês perfeito, mas também a gíria, o “poissard”, como um “sans- cullotes”. Figura interessante!
Os três desceram as escadarias da torre sendo saudados, abraçados e beijados pelos demais insurgentes como heróis. Guillaume sorria com ar triunfal, gritando a todos “Vive la Revolucion” que da mesma forma lhe respondiam. Godofredo e Cons. seguiam apreensivos e consentiam com a cabeça aos elogios, recebendo tapas nas costas.
As chamas tomaram conta de algumas construções em madeira nos pátios internos da fortaleza. A cena era devastadora. Viam-se os corpos dos guardas espalhados pelo chão, alguns exalando cheiro acre de carne queimada, outros decapitados com suas cabeças espetadas em estacas de madeira – tinham o olhar inerte e vago, horripilantes.
Seguiram para a saída da prisão, e a multidão ao vê-los irrompeu em altos brados empunhando suas armas: “les herós de la Bastille”.
-Vamos “mis amis herós”, teremos um descanso merecido e heroico – disse-lhes Guillaume.
Caminhavam entre as pessoas quando ouviram uma voz feminina chamar o amigo francês:
-Guillaume, Guillaume?
-Ah, Juliette, minha irmã, revolucionária também!Oi minha querida, aqui – disse acenando para uma moça de pele branca como algodão, cabelos vermelhos, olhos de um azul cristalino, sorriso alvo e brilhante em uma boca carnuda e sensual, alta em um corpo escultural, mostrando o seu colo com as lindas curvas de seus seios apoiados em um corpete preto sobre uma blusa branca decotada e saia verde. Linda a Juliette!
Ela caminhou em direção aos três como uma gazela de pernas esguias e fortes. Godofredo parou, estático e boquiaberto, olhando para aquela magnífica mulher. Cons. percebendo o embevecimento de Godofredo, disse-lhe:
-Novas aventuras “mon ami”. Prepare-se!
Nota do Autor:
Obra ficcional e qualquer semelhança é mera coincidência.