Patrulha Temporal
O Professor apertou o botão de ignição da máquina do tempo, e no instante seguinte, foi envolvido por uma escuridão absoluta. Fora do painel iluminado do veículo, nada mais se via ao redor. Foi então que uma voz feminina soou em tom imperativo, nalgum ponto à esquerda dele.
- Patrulha Temporal! Você foi parado para averiguação, deixe suas mãos à mostra!
Surpreso, o Professor ergueu as mãos, perguntando-se em que tipo de confusão havia se metido.
- Escute... sou apenas um pesquisador. Não pretendo voltar no tempo para matar Hitler ou coisa parecida...
- Mesmo que o fizesse, de nada adiantaria - assegurou a voz, agora mais próxima. - A linha temporal é protegida contra esse tipo de alteração, você apenas criaria um universo paralelo.
- Nesse caso... nenhum problema em matar Hitler? - Questionou cautelosamente o Professor, erguendo os sobrolhos.
- Achei que você era apenas um pesquisador - ironizou a voz.
E, subitamente, emergindo das trevas que o rodeavam como se estas fossem uma cortina de fumaça, surgiu uma mulher jovem com um uniforme justo e brilhante, a cabeça protegida por um capacete com viseira.
- Você não tem registro - comentou ela, consultando um holograma projetado por um bracelete no pulso esquerdo.
- Não sabia que precisava de um; - desculpou-se o Professor - é a minha primeira viagem no tempo. Quinhentos no futuro, só para testar a máquina.
- É o que todos vocês dizem - resmungou a patrulheira, retirando um tubo prateado de uma bolsa pendurada no cinturão do uniforme. - Queira estender seu braço direito, por favor.
- O que é isso? - O Professor franziu a testa. - Vai me injetar um microchip de localização, ou coisa parecida?
- Não precisamos rastrear você, só a sua máquina - replicou secamente a patrulheira, erguendo o tubo. - Isso aqui é um imunizante universal, vai impedir que leve doenças do futuro quando voltar para casa.
- Doenças... do futuro? - Titubeou o Professor.
- Existem, pode ter certeza. Já imaginou se você chegar ao futuro e contrair uma doença mortal que não existe no seu tempo? Pior: retornar com ela ao seu presente e criar uma epidemia?
Convencido da validade do argumento, o Professor esticou o braço e a patrulheira encostou o tubo nele. Uma marca redonda vermelha surgiu na pele por alguns segundos, e depois desapareceu.
- Pronto - declarou a patrulheira, guardando o tubo. - Agora, você também poderá voltar ao passado sem o risco de contaminar todo mundo com doenças que não existem por lá.
- A Peste Negra começou desse jeito? - Questionou preocupado o Professor.
- A qual Peste Negra você se refere? - Replicou a patrulheira, soando intrigada. - Oh, certamente uma delas pode ter sido provocada por algum estúpido que escapou à vigilância. Mas isso certamente não vai acontecer com você...
E caminhando de volta à escuridão, deu um último aviso:
- A sua visita ao futuro será guiada; infelizmente, não podemos deixar que tenha acesso a informações que mudariam a História.
Foi a partir daí que o Professor resolveu dedicar-se apenas ao estudo do passado. Afinal, sempre era mais seguro transitar por estradas que se sabia estarem lá...
- [18-02-2022]