TELÔMEROS

Numa roda de fogueira, rodeado por amigos e conhecidos, eu observava o crepitar das

chamas; com o orvalho caindo sobre meus cabelos, pensava sobre a morte. Vivemos tão

pouco. Seria possível burlar um pouco a morte? Ou, quem sabe, a velhice? Sobre essas conjecturas mentais, senti um vento esquisito e forte, cessando repentinamente. De repente as pessoas ao meu redor pararam de conversar, até de se mexerem, pareciam estátuas. Até mesmo as árvores ficaram inertes, nem havia ventos para assoprá-las. “O que houve?”, pensei. Numa pequena explosão —que por sinal me assustou bastante — surgiu a figura de um velhinho. Oculinhos de meia lua, calvo na fronte, mas com um curto rabo de cavalo grisalho, parecia um daqueles senhores que dão conselhos salutares; ostentava um jaleco branco; desatou a caminhar em minha direção, seus passos eram longos como a de um sapo, o que afastou o medo de mim. Na verdade, queria rir daquilo. Chegou um tanto ansioso, dizendo: “Há um modo das pessoas burlarem a velhice!”. Não entendi nada. Quando abri a boca para perguntar quem era, fui metralhado por um velhinho tagarela, dizendo o seguinte: “veja bem, se os telômeros continuassem intactos, sem se perderem ou envelhecessem, poderíamos possuir a juventude por mais tempo. Ora, que tolice a minha, nem disse o que significa ‘telômero’. Vamos lá. Ocorre, precisamente, durante a divisão celular. Eles são as extremidades dos cromossomos, protegendo-os contra danos. Vou supor que você saiba o que são os cromossomos, (que os DNA´s se enrolam numa proteína chamada histona dentro da célula, condensando-se; sendo puxados pelo fuso mitótico, fazendo desaparecer o núcleo e etc etc). Quando o cromossomo sai do estado simples e parte para a de duplicado (durante a divisão) surge, bem lá em suas extremidades, os telômeros, que ao serem puxados (os DNA’s condensados) pelas fibras do fuso, perdem um pouco eles (os telômeros). Em outras palavras, quando nossas células se dividem, multiplicando-se e regenerando os tecidos, os telômeros vão reduzindo. Eles também são protetores do DNA, ou seja, quando são reduzidos, ficamos mais frágeis. (Perdoe a minha confusão, fico todo embaralhado ao falar disso). Se Conseguíssemos manter esses telômeros lá,talvez teríamos a vida eterna. Porém, cada vez que ocorre a divisão celular perdemos um pouco desse telômero. Um certo dia teremos quase nada, ou seja, velhice e morte. É uma pena que em seu mundo nem há uma ferramenta que impeça isso. Bom preciso ir. Tchauzinho!”. Ele foi embora, nem sequer ouviu minha voz. Aquilo tudo me deixou saboreando curiosidades. Não entendi nada do que ele disse, mas certamente irei pesquisar. Bom, eu continuava sentado, todos voltaram a conversar.