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Naquele vasto território ao norte, estava a ultima fronteira dos EUA, e nele a pista de pouso de 3.200 m... Uma faixa negra cortava a solidão gelada daquele canto do mundo, o Aeroporto de Juneau, no sudoeste do Alasca...
Taxiando sob um ronco abafado na neblina da manhã, o sinistro Lockheed U-2, aquecia seus motores para mais uma missão...
O Coronel Marcus J Peterson, estava na carlinga do U2, o Dragon Lady, pela 63ª vez, repassando procedimentos de rotina... A fuselagem fina de 19 metros de comprimento, as asas de planador e o motor potente são projetados para lançar o avião a uma altura de mais de 21 km.
A missão é estar lá em cima e vigiar tudo abaixo, sem garantias de vida, pois é um alvo quase fixo para quem puder alcançá-lo.
O staf do Coronel terminou os preparativos externos, agora era ele no negro invólucro no U2 e a longa pista, cercando o passaro de fogo...
Uma última oração, e a rota desenhou-se em sua imaginação e nos painéis coloridos do avião, iluminando toda a carlinga tão familiar... Iria sobrevoar os territórios do antigo Saara Espanhol, reabastecer em vôo e voltar.
Estaria durante horas sob a mira da Frente Polisário, ocupante daquele território, mas sem saber se ao seu alcançe...
2 horas e 15 min de vôo, há muito voando a 17 km de altitude, o ronco do U2 era agora um fino assobio nas imensidões, pegou o rádio fez menção de chamar algum contato, mas desistiu, delicadamente segurou o manche, puxou levemente e o nariz da nave elevou-se a 20 km de altitute, mais um pouco estaria em voo cruzeiro para o U2...
Do lado esquerdo, abaixo, na direção da asa, escondendo-se de sua visão notou uma sombra...
O oxigenio usado pelos pilotos nestas altitudes podem causar algum desconforto e impressões negativas... Mais uma vez Marcus virou o rosto para o lado esquerdo, e viu claramente o feixe de 6 ou 7 luzes laranja, cruzarem o espaço, não havia dúvida, eram reais os raios...
Alinhou em uma direção plana a nave e foi girando até um retorno, para verificar de onde vinham as luzes..
Tentou contato, o radio silenciou... 1, ... 2, ... 3, nada!
Passou nas mesmas coordenadas anteriores e retornou ao seu rumo traçado, apenas o ronco de seu U2 mudou levemente de tom, quase imperceptivel, todos os mostradores estavam alinhados, menos o do combustível, que estranhamente estava a 1 ou dois 2 pontos abaixo do que deveria estar... Portanto necessitaria reabastecer antes, tentou contato...nada!
De um ponto cego atrás da carlinga surgiu a sua frente, uma névoa, laranja como os raios que vira anteriormente, envolvendo-o por pouco tempo e fazendo o U2 perder potencia, e lentamente ir baixando... O céu estava claro quando ele estabilizou abaixo da estratosfera, mas logo estaria ao alcance dos mísseis da Frente... Do lado direito na junção asa aparelho, notou um fino fumo branco, teria que pousar...
Pousaria no Marrocos, mas de alguma maneira estava perdendo potencia, e planando sem comunicação... O fumo branco agora lhe tirava a atenção na frente do avião, via apenas que estava nas partes mais altas da atmosfera sob as nuvens... Poderia ser derrubado, poderia pousar, e poderia rezar... A fumaça branca espalhou-se lentamente na carlinga, e o indicador de oxigenio baixava a cada minuto... Entre uma nuvem e outra, flashs de luz laranja iluminavam toda a nave, o aquecimento aumentou, o delirio de Marcus o fazia imaginar pousando no deserto...
Naquela tarde a 100 km da Muritânia, num lugar remoto entre dunas em pleno deserto, estava o lockheed U2, pousado...
Os assentamentos do Coronel Marcus J Peterson relatam que ele desapareceu em 16 de setembro 1962, e foi encontrado calcinado sem fogo no cockpit de seu Lockheed U2...

 

 

Malgaxe

 

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Enviado por Malgaxe em 19/12/2021
Código do texto: T7410797
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