Segunda chance
Dois Investigadores mascarados bateram à minha porta, e eu já sabia o que aquilo significava.
- Você será deportado para o Exterior - um deles informou.
- Deve haver algum engano - tentei me defender. - Não represento nenhum perigo para a sociedade!
- O Computador não erra - retrucou o Investigador, arma em punho.
* * *
Ser deportado para o Exterior, nos casos em que o Computador previa o potencial ofensivo de alguém, equivalia à pena de morte; até onde eu sabia, nunca ninguém havia regressado de lá. Portanto, quando fui atirado por uma comporta, vendado, e senti o vento e o sol no meu rosto, imaginei que meu fim seria rápido.
- Ei, recruta! - Ouvi uma voz gritar.
Tirei a venda e fiquei meio cego pela luminosidade.
- Melhor vir comigo - disse um homem vestido com um uniforme estranho, aproximando-se de mim.
Olhei ao redor e vi areia, céu, e um domo metálico com a comporta por onde eu acabara de sair.
- Isso é o Exterior? - Indaguei, confuso.
- É sim - disse o soldado. - Muita areia, nenhuma praia. Vamos, temos que andar.
- Não entendo...
- No caminho eu explico - disse ele, me empurrando. - O que importa saber, é que o Computador identificou que você é capaz de apertar um gatilho, coisa que nem todos lá dentro são capazes.
- E os investigadores? - Questionei, andando ao lado dele.
- Todos ex-soldados - garantiu ele. - Se conseguir sobreviver à guerra, poderá voltar ao Interior como Investigador.
Por isso eles usavam máscaras, finalmente compreendi. Afinal, não podiam ser reconhecidos por seus antigos companheiros de confinamento...
- [08-10-2021]