O Livro Sem Título (Publicado com "este título", em 1982.)
Descoberta de uma vocação
Um jovem cientista, depois de se decepcionar profundamente com as autoridades do seu reino, que nunca deram apoio aos seus inventos, resolveu entrar para a política.
O cientista Marcolino estava realizando uma das últimas experiências do seu principal invento. Este invento, se recebesse o apoio do monarca daquele império, teria marcado uma nova era no progresso científico e tecnológico do mundo.
— O que está pensando rapaz? Disse-lhe bruscamente o chefe do seu laboratório de pesquisas.
— Não lhe interessa o que estou pensando. Interessa é o que eu vou fazer daqui para frente. Também não devo prestar contas dos meus pensamentos. O que acabo de decidir somente interessa ao povo deste reino.
— Ora esta! O povo... Você é um homem de laboratório. Como pode se interessar pelo povo? Dizendo isto, Pedro saiu da sala de Marcolino visivelmente irritado.
Marcolino continuou perdido nos seus pensamentos: “É... a política está entravando os interesses superiores da ciência... alguém precisa sair do meio científico e entrar na política militante, para defender os interesses da ciência e do progresso da humanidade... Este alguém, modéstia à parte, sou eu. juro a mim mesmo que jamais defenderei interesses econômicos ou políticos, que estejam em conflito com a justiça social e o progresso da ciência”.
Neste dia, Marcolino não conseguiu encerrar um pesquisa encomendada por uma multinacional fabricante de motor a álcool hidratado. Pedro entrou na sala de Marcolino, que estava impassível à frente do painel de controle do laboratório.
— Marcolino, preciso falar com você.
— Pois não Pedro. Pode falar, estou ouvindo.
— Você quer me dar um pouco mais de atenção? Venha... Vamos conversar aqui na tua mesa. assim você fica mais à vontade.
Marcolino sentou à mesa, apagou o cigarro do chefe que estava fumegando no cinzeiro, reclamou da poluição que o mesmo trazia toda vez que entrava naquela sala e fez um gesto de que estava pronto para a conversa. Pedro nada disse em sua defesa, mesmo porque já estava acostumado com as irreverências do funcionário.
— Eu quero saber o que está acontecendo com você. Está doente? Tem algum problema de relacionamento familiar que o preocupa? Acha que está ganhando pouco no laboratório? Diga-me... o que você tem?
— Pedro, pessoalmente não tenho nenhum problema insolúvel. Eu tenho capacidade para resolve-los com o tempo. No entanto, um problema maior está me levando a um conflito existencial mui sério. Por este motivo, não tenho mais motivação para continuar trabalhando aqui neste laboratório.
— Esses problemas existenciais são meramente subjetivos. A solução deles não vai equacionar sua vida, principalmente nisto que você diz ter capacidade para resolver com o tempo.
Masculino, já acostumado com a visão materialista e com a frieza emocional do chefe do departamento de pesquisas, apenas por um dever de educação forjou uma resposta para encerrar o assunto.
— Pode ser que não equacione minha vida, minhas necessidades materiais e nem me ajude a cumprir minhas responsabilidade sociais... Mas tenho certeza que me dará satisfação interior.
— Ora bolas! Lá vem você com esta estória de satisfação interior. Quer coisa melhor para se sentir esta tal satisfação interior que você fala do que ser reconhecido pelo mundo inteiro como um respeitável cientista na sua idade? Você é vinte anos mais novo do que eu e sua fama já chega a ser maior que a minha.
— Neste ponto você tem razão Pedro, mas isto não é tudo. Depois que eu inventei o anulador de desgaste dos motores, comecei a me preocupar com cientistas reacionários.
— Marcolino, você não tem nada que se preocupar com cientistas reacionários, preocupe-se com o seu trabalho que é melhor.
— Você não entendeu. Eu me preocupo é com o prejuízo que o progresso da verdadeira ciência tem com estas reações a cada nova invenção revolucionária. Desta vez foram os pseudo-cientistas à serviço das fábricas de motores, e da próxima vez... quem reagirá contra as minhas invenções?
— Calma rapaz... Nem só de invenções vive o cientista. Temos muita pesquisa a ser feita. É claro que para quem quer “inventar”, elas têm importância secundária, mas é disso que nós vivemos. DAS PESQUISAS ENCOMENDADAS. Dizendo isto, esfregou o indicador no polegar, lembrando ser esta a fonte do dinheiro do laboratório
Após pronunciar a palavra “encomendada”, Pedro deu um pulo na poltrona e olhou apreensivo para o seu anel relógio.
— Aah!... Ainda bem que faltam alguns minutos. Tenho um encontro com o presidente da ROLAMAT - uma fábrica de rolamentos do anulador de desgaste de motores em pequenos rolamentos e engrenagens.
Dizendo isto, Pedro sumiu pela parede invisível da sala de Marcolino e atravessou para a sala dos convênios onde o presidente da ROLAMAT já o estava esperando em companhia do governador provincial Dr. Júlio Pombo. Alguns deputados do Partido Ecológico estavam presentes. O governador prometeu recursos e os deputados disseram em eloqüentes discursos, que os resíduos deixados pelos atritos das máquinas eram “altamente poluidor”.
A vida doméstica do cientista
Neste dia Marcolino foi mais cedo para casa. Enquanto escrevia na mesa da cozinha, sua mulher assistia o jornal pela televisão, acompanhada de algumas amigas. Terminado o jornal, após despedir as amigas procurou o marido cientista.
— Marcolino, vamos dormir. Disse com os olhos esbugalhados de sono e argumentou: você deve dormir cedo, senão depois fica aí dormindo até as onze horas.
— Você está me atrapalhando... assim não dá. Desse jeito eu perco a minha inspiração.
Dona Maria e a irmã de Marcolino foram dormir. O cientista continuou a escrever em sua velha máquina. Somente ele poderia se interessar naquilo que escrevia. Eram artigos que deveriam ser publicados nos jornais de defesa de uma nova ciência revolucionária. Escreveu duas laudas e se deu por satisfeito. Dirigiu-se ao quarto de dormir, olhou longamente para o filho e prometeu a si mesmo que acordaria no outro dia bem cedinho. Resolveu falar com a mulher:
— Benzinho, eu sei que você está acordada, não precisa fingir. Diga francamente que você está em greve comigo porque eu te tratei mal agora há pouco. É que eu estava inspirado e não poderia perder o fio da meada. Você sabe que quando alguma coisa me atrapalha eu não consigo mais escrever.
— É... tá certo. Você me trata assim como uma coisa né?... Tudo bem. Eu sou uma coisa que de vez em quando atrapalha o grande cientista. Deixe eu dormir, hoje eu não quero nada com você. Além do mais estou com sono e cansada, esta casa é muito grande e dá um trabalho incrível.
— Está bem meu amor. Durma com os anjos.
— Você sabe que eu não trairia você nem com os anjos... Marquinho, querido... Por que de vez em quando você resolve ser bruto comigo? Eu gosto de você... sabe... Eu acho que não mereço isso.
— Está bem Maria... Eu também te amo muito, mas queria que você entendesse os meus momentos de inspiração.
— Eu entendo sim. Eu sei que você vai vencer.
— Está certo. Eu concordo porque confio em minha capacidade e tenho você para me incentivar.
A conversa do casal prosseguiu noite a dentro e quando perceberam já eram duas horas da manhã. Resolveram de comum acordo dormir sem fazer amor esta noite. Marcolino levantou cedo, escovou os dentes, lavou o rosto e passou uma água nos cabelos difíceis de pararem penteados. Depois de fazer o seu desjejum de bolo de milho com banana, a irmã Meire pediu que levasse um pouco de bolo na loja onde dormiam os pais dos dois. As outras duas irmãs de Marcolino esta noite não dormiram em casa. A Míriam estava hospitalizada e a Maria dormiu na casa da Bethy. Dona Maria, esposa do Dr. Marcolino lavava as fraldas do primeiro filho do casal, já com quatro meses de idade e enquanto isto tia Meire brincava com o sobrinho no terreiro, à sombra de um pé de abacate. Sentado numa poltrona abaixo da calçada o cientista escreve com a velha máquina em cima de uma cadeira apoiada sobre a rústica calçada de cimento. Levanta-se e vai até a cozinha beber um copo d’água. Enquanto isto ouve um desabafo de sua irmã Meire:
— Sabe quem ganhou a casa do CPA, Marcolino?
— Não, não sei. Eu só sei que nós não ganhamos. Aliás, não fomos SORTEADOS para comprar casa do BNH.
— Sabe quem foi?... - voltando ao assunto- foi o Mauro da dona Escolástica. Ele tem uma enorme casa bem ali. E você sabe que quem tem casa não pode ser beneficiado com os sorteios da COHAB!
— Sei. Mas então porque você não denuncia que ele está burlando a lei?
—Eu ehm... e emparelhando os dois dedos indicadores num movimento, completou - ele é assim com os homens ói, assim com os homens.
Marcolino voltou, mudou de lugar o seu “escritório” ao ar livre e notou que seu filho, Marco Aurélio estava sendo cuidado pela Joseane, uma menina de sete anos, filha de dona Margarete com o “seu” Chico. Vizinhos bons e prestativos, sempre prontos a dar uma mãozinha no que fosse preciso. Lá dentro da casa estava Lú... Luzinete, encerando o piso. Ela é filha de um vizinho do Marcolino que além de ser um bom mecânico tem um conjunto de música caipira e toca quase todo domingo no programa de televisão Compadre Crispim. Baixinho - Mané, para dona Cidinha, sua esposa, - está crescendo a “olhos vistos” nesse meio artístico. Todos comentam o sucesso do “Baxim” aqui na vila do IPASE. Neste sábado Marcolino não tem expediente no laboratório e resolveu tirar o dia para escrever. Completou o texto iniciado no dia anterior e bolou o título da matéria - “EM DEFESA DE UMA NOVA CIÊNCIA REVOLUCIONÁRIA” - Satisfeito com a matéria escrita para um jornal de Mato Grande, pensou: “o ato da criação intelectual é como a gestação de uma criança. A sua manifestação no papel é equivalente ao parto. Ato final da criação”. Olhando a sua volta notou que estava rodeado de crianças. Olhou para uma delas e falou:
— Ôi Leomar, faz horas que você está aqui?
— Faz sim. Estou olhando você escrever.
— Ah... sim. Você sempre me namorando, né?Olha... você conhece a Lú? Ela estava ajudando a Maria na limpeza da casa.
— Eu também ajudei. Passei a enceradeira e espanei os móveis.
— Muito vem Leomar. Vocês são umas crianças ótimas. Por isso que eu gosto de vocês. E como vai o “Seu” Savino e dona Maria? Faz tempo que não os vejo.
— Estão bem. O pessoal lá perto de casa reclama que desde que vocês mudaram nunca mais apareceram. É tão pertinho... bem que você podia ir num domingo visitar os velhos amigos.
Neste momento chega um casal de gaúchos para tomar chimarrão. Célio e Ení são caminhoneiros por profissão e trabalham com uma carreta nas estradas. Conhecem quase todos os Estados do Brasil e quando chegam aqui neste Reino habitualmente tomam o chimarrão duas vezes por dia com a família de Marcolino. Contaram casos no estilo próprio dos Gaúchos, tomando mate, e nos surpreenderam com a notícia de que o Raphael, filho do vizinho havia tombado o caminhão na estrada. Célio e Ení ouviram a leitura do artigo que o cientista acabava de escrever. A mulher do gaúcho até pediu que repetisse alguns trechos depois da leitura. Logo depois chega o pai do Marcolino, Sr. Marçal. Furou a roda de chimarrão e tomou algumas cuidas para almoçar.
Depois do almoço, o pai de Marcolino passou pelo laboratório de fitologia doméstica do cientista e jogou fora algumas mudas de broto de arroz sobre os protestos do filho. A experiência deveria comprovar uma tese de conservação das propriedades vitamínicas do cereal. As vitaminas se desperdiçam com o processo de beneficiamento do arroz, mas com germinação, estas vitaminas se fixam no grão, sendo total o seu aproveitamento pelo metabolismo do corpo humano. O mais difícil agora, era superar a casca do arroz germinado e transformar aquele embrião numa massa alimentícia para consumo imediato sem uso de aditivos químicos anti-naturais.
— Esta é mais uma das suas “experiências sem futuro...” o que você precisa fazer é se firmar no emprego. Ouvi dizer que está pretendendo deixar o Laboratório de Pesquisas Tecnológicas. Você não para mesmo em nenhum emprego. Fica marcando passo e não vai pra frente. Isto mesmo, não vai pra frente. Nada que você fez até hoje deu certo.
— Ora meu pai, o Senhor não sabe o que está falando. Se não tem capacidade para avaliar o que já fiz pela humanidade se não sabe reconhecer a importância do meu trabalho, das minhas invenções não me desestimule dizendo que o que eu faço não dá certo, não tem futuro, etc. e tal.
Depois de uma breve pausa, o velho resolveu mudar de assunto.
— Você não vai ver sua irmã hoje, no hospital São Tomé?
— Hoje não. Talvez amanhã. Pretendo passar o dia todo escrevendo.
— Amanhã não adianta mais, porque a Meire vai visita-la.
— Está bem... eu vou pensar nisto.
O período da tarde deste dia transcorreu tranqüilamente. A Meire que é professora, foi dar aulas na Escola Adalgisa de Barros e a Maria Margarida saiu com a Bernadete, uma amiga de Praia Grande que veio passar o dia em Várzea Grande. Nestas circunstâncias o Dr. Marcolino dona Maria e o pequeno Marco Aurélio ficaram sozinhos na casa.
Marcolino continuou a escrever, após fazer o quilo do almoço. Passou a tarde escrevendo, lendo e relendo os seus escritos para corrigir algum erro de português que inadvertidamente aparece quando se datilografa com muita rapidez. Muita vez Marcolino escrevia uma palavra pensando em substituir a anterior e preocupado com a seguinte. Daí o surgimento das palavras truncadas. “Erro de caquilografia”, sempre dizia com humildade. Escondendo com excessiva modéstia que era veloz para pensar e escrever direto na máquina todas as vezes que fazia a autocrítica do texto.
— Você quer um lanche, querido? Perguntou dona Maria já com um suco de laranja preparado e uma travessa com bolo de fubá de milho.
— Quero sim. Obrigado meu amor. Você é a melhor mulher do mundo... veja, se não me lembrasse a hora de comer eu morreria de fome.
— Convide o moço que está trabalhando aí para fazer um lanche.
O pedreiro estava colocando a pia no banheiro, derrubada pelo Marcolino num momento de distração. Depois da segunda chamada em que o pedreiro não compareceu para o lanche. Marcolino pegou a tigela de bolo e um copo com suco de laranja. Levou até o banheiro, onde o suculento lanche foi prontamente devorado pelo operário. Marcolino percebeu que o rapaz estava esperando que insistisse, notando ser este um costume das pessoas humildes.
Chegou a hora do chimarrão da tarde. Dessa vez, além do casal de gaúchos fizeram companhia para a professora Meire, o Marquinho: um vizinho da frente que sofre de anemia de Cooley. Certa vez o jovem cientista propôs divulgar pela imprensa o caso deste jovem, mas encontrou resistência por parte de sua irmã que sofre a mesma doença e não se sente bem quando se fala nesse terrível mal hereditário. O objetivo de Marcolino, chamando atenção para um caso que pode ser resolvido, senão aqui, talvez no exterior. Se o caso deste casal com anemia de Cooley fosse divulgado, ficaria uma pergunta no ar: “qual a instituição de saúde sentirá a responsabilidade de financiar o tratamento dos irmãos.
— Eu concordo, mas a Suzi foi lá colocar minhocas na cabeça de minha mãe. Disse revoltado, o rapaz que sofre do mal do mediterrâneo. Isto é: este tipo de anemia é transmitido por hereditariedade às pessoas descendentes das raças oriundas das terras próximas ao mediterrâneo.
— Marquinho, venha cá. Chamou a mãe do rapaz. Ele já sabia o que era. Despediu-se da rodada de mate e atravessou a rua.
Origens da falta de respeito
Naquele sábado Marcolino não tomou mate chimarrão e logo a roda se desfez também. O Sr. Marçal chegou da loja às seis e meia para o jantar.
— Êh rapaz, você não acha outro lugar para escrever não? Por que não escreve lá na sala? Lá que é lugar de escrever, põe uma mesa lá uai!
— O senhor gosta de implicar ehm!... - e continuou - Lá não dá para escrever. A mesa que tem disponível as meninas não querem que coloque lá. Eu não vejo nenhum mal em escrever na sala. Mas quem manda nessa casa parece ser as mulheres e o senhor sabe disso. Aliás, a culpa é tua. Eu acho até bom, por um lado, porque não assumo a responsabilidade de ajudar na educação das minhas irmãs. Lembra-se das vezes que elas foram estimuladas a me desrespeitar? Lembra-se?
— “Míriam, você não deve fazer isso. Não pega bem para uma moça da tua idade, reagir como uma criança e partir para a ignorância com esses chingamentos horríveis”.
Em casos semelhantes, o pai ou a mãe interferiam:
— “Você não tem nada que corrigir as meninas. Você também erra. Aliás, só faz coisas erradas, não sabe dar bons exemplos.
Certa vez, Maria Margarida estava lavando alguma coisa na pia e o Marcolino aproximou-se para lavar a chupeta do Marco Aurélio que havia caído no chão. Irritada com os respingos d’água, começou a xingar o irmão. neste ponto se fez notar a interferência da mãe.
— Ora Marcolino... você sabe que ela é assim... por que você chega perto dela? Você podia lavar esta chupeta em outro lugar.
— Vocês não souberam educar estas meninas e continuam a tirar a minha razão. A senhora reconhece que ela está errada e determina que eu seja complacente com a descompostura dela. Sou corrigido como se estivesse errado; e pior que isto, na frente delas. Isto só pode ter um resultado. Elas perdem todo o respeito que poderiam ter por mim, com total apoio de vocês. Ficam todas com uma asa deste tamanho - gesticulou com os braços demonstrando sua indignação com a injustiça da mãe - e ainda por cima, com incentivo para continuar xingando sempre que surgir oportunidade. Estas meninas precisam aprender que o mundo não gira em torno delas que os acontecimentos não obedecem às suas vontades. Além disso, precisam aprender a respeitar as pessoas.
Marcolino rememorou estas cenas desagradáveis ocorridas com suas irmãs e voltou à realidade. Resolveu colocar a máquina debaixo do pé de abacate novamente. O abacateiro, à noite era iluminado por uma lâmpada. Lá embaixo do abacateiro, pensou: “vou evitar discussão com o meu pai e não consigo trabalhar”.
Há 25 anos vivendo neste ambiente, desenvolveu um caráter forte e um tipo de inteligência rara. Precisava se defender das agressões sutis às suas idéias e da violência moral arremetidas contra sua personalidade forte. Sempre acreditou que deveria usar a mesma linguagem do seu contendor numa discussão. Se a pessoa era dotada de alguma cultura, usava expressões de um homem culto. por outro lado, se a pessoa era ignorante e violenta, respondia com violência a qualquer ataque. Nisto ele estava errado. mas uma coisa era certa. Nunca se esqueceu de deixar patente alguns de seus princípios morais, mesmo para o seu maior inimigo.
A esposa de Marcolino, sempre atenciosa com o marido intelectual, trouxe-lhe um prato de sopa para o jantar. Depois da janta, Marcolino não conseguiu escrever nada. Recolheu o material de trabalho e deitou no sofá da sala enquanto dona Maria e a cunhada mais velha assistiam à novela. Quando acabou o último de Baila Comigo, dona Maria acordou Marcolino e chamou-o para o quarto. Esta noite resolveram conversar menos e usufruíram dos legítimos direitos conjugais “numa boa”.
Amanheceu mais um domingo de maio. o cientista levantou cedo e deixou a mulher e o filho dormindo. Escreveu das seis às oito da manhã. Pegou a bicicleta de sua irmã mais nova e foi fazer uma visita à oficina do jornal semanário MATO GRANDE AGORA. Este semanário era impresso na gráfica do jornal “Olho Vivo” que parou de circular.
Lá estava na sexta página, o artigo que esperava ver publicado “REFORMA AGRÁRIA PARA OS FAVELADOS”. A matéria havia sido escrita por Marco Aurélio o irmão mais novo do pai de Marcolino. Este tio de Marcolino era bem diferente do irmão mais velho. Tinha outras concepções de vida e uma cabeça muito boa. Por esta admiração que devotava ao tio, Marcolino resolveu homenagea-lo colocando o mesmo nome no primeiro filho. O tio Marco Aurélio era um autodidata que freqüentara a escola regular até a sexta série do primeiro grau. Depois, como aluno de um curso supletivo, passou a fazer política estudantil. Fez política partidária no antigo MDB e com este partido foi candidato a vereador do Município de Várzea Grande em 1976.
Foi eleito (?) segundo suplente de vereador com 161 votos, depois disso resolveu ganhar experiência política a nível de Diretório Regional. participou ativamente na campanha interna do Partido. Seu grupo finalmente foi eleito. Escolhido o Diretório, a Marco Aurélio foi reservada a suplencia do Conselho Fiscal do Diretório Regional de Mato Grande. Em 78 foi candidato a Deputado Estadual. Perdeu novamente e resolveu abandonar a política.
O tio e o sobrinho
— Marcolinooooo!!! Seu tio está chegando. Gritou dona Maria lá do terreiro.
— Oi tio, como está passando o domingo? Tem algum programa importante?
— Não. Nada importante para hoje. Nenhum encontro político e também nenhuma reportagem especial como de costume.
— Então... que tal irmos juntos até a redação de O REGIONAL?
— Ótima idéia - respondeu o tio Marco Aurélio.
— Tomaremos o ônibus em frente o atacadinho do Aníbal.
— Para mim está bom.
— Gostei muito da matéria que você escreveu no jornal MATO GRANDE AGORA de hoje.
— Qual delas?
— Aquela que o senhor sugere a reforma agrária para os favelados.
— Ah… foi esta que eles publicaram? E a TRIBUNA DE MATO GRANDE não saiu?
—Não, esta eu não vi. Vou verificar melhor o jornal.
O grande cientista tomou o jornal na mão e começou a folheá-lo. Encontrou uma notinha onde o colunista da BOCA DO POVO dizia que o Deputado Dante de Oliveira não sabia dar nó nas gravata e os deputados do PDS estavam ensinando Dante a dar o nó. Contou a piada ao tio e riram à gargalhadas; e mais ainda quando o jornalista Marco Aurélio disse ao sobrinho que seria um nó Dantesco.
— Tio… não tem nenhuma Tribuna de Mato Grande nesta edição de hoje. Aliás, todas as tribunas de Mato Grande não estão funcionando bem. Ninguém está tribunando dentro da plataforma que usaram para serem eleitos.
— Ainda bem que não fui eleito. Não sei se conseguiria tribunar por muito tempo.
— O senhor deveria valorizar um pouco mais o seu ideal político. Eu considero uma pena você não ter sido eleito. Talvez alguma coisa estivesse sendo feita através do Deputado Marco Aurélio.
— Eu admiro o seu entusiasmo, Marcolino. Mas a coisa não é fácil assim não. Qualquer ato político do governo ou da oposição envolve muitos interesses inconfessáveis. Esse interesse liga o partido a grupos econômicos em flagrante desrespeito à jutisça social pregada por todos eles nas campanhas políticas.
Chegaram ao ponto do coletivo e esperaram quase um hora. Embarcaram no ônibus da Água Limpa. Depois de viajar meia hora, desceram atrás do Colégio Brasil.
— Chegamos atrasados. A redação já está fechada. Acho que já terminaram a distribuição. Observou o tio.
— Eu estava curioso para ler a TRIBUNA LIVRE DO QUARTO PODER. Na semana passada eu li sua coluna lá no laboratório. Pedro me viu lendo a sua tribuna e disse que eu não deveria ler estas coisas, que cientista não deve se preocupar com a política que política é coisa suja, etc. e tal.
…Na casa de um amigo
O tio e o sobrinho desceram pela Barão de Melgaço e na esquina da Senador Metello dobraram à direita. Lourdes, uma amiga do tio de Marcolino, não estava em casa. Para aproveitar o tempo de temperatura amena esta manhã, decidiram visitar o Calixto. Marco Aurélio conheceu Calixto há mais de cinco anos.
A partir desta data, os dois amigos se viam com freqüência para trocar idéias. Além deste, um dos sinceros amigos de Marco Aurélio era o Ananias, gerente da Gráfica do Ari. Entre outros, estes eram pessoas de idéias e opiniões totalmente diferentes e às vezes até contrastantes. Mas o jornalista e ex-político sabia conciliar as idéias contrárias e aproveitar os ensinamentos de todos. Falavam de política religião, ciência, misticismo e até de jornalismo e literatura:
— Bom dia Edite. Calixto está em casa?
— Não. Ele está trabalhando. Depois que aposentou saiu do Fenícia e está na Gerência do Hotel Las Velas. Lá perto da tua casa.
— Ah… me esqueci de apresentar… este rapaz é meu sobrinho. Marcolino, o inventor do anulador de desgaste dos motores.
— Muito prazer. Você deve ter muito orgulho do seu sobrinho não é? E sem esperar resposta, continuou: olha Marcolino, eu fiz o pedido deste seu invento para os motores dos carros aqui de casa. Está uma dificuldade para conseguir este aparelho. Vê se você consegue fazer alguma coisa para acelerar a entrega das encomendas. Vamos entrar um pouquinho e tomar um café. Enquanto tomavam café, chegou Calixto, o chefe da família.
Conversaram animadamente quando Mauro, um amigo da família e do jornalista, entra na sala.
— Ohhh… que bom que você chegou, você vai levar o almoço do Simplício em meu lugar. Já está quase pronto.
Mauro se prontificou a levar. Alguns minutos se passaram naquela conversação.
— Sabe Mauro, eu resolvi transformar o meu livro em romance. Aquele libro sobre política estudantil que te falei.
— Como era mesmo o nome do livro? Perguntou interessado e acrescentou: - eu não entendo nada de política, mas este eu quero ler.
— O nome do livro é PODER ESTUDANTIL, O QUINTO PODER DA DEMOCRACIA.
— Por que este lance de quinto Poder?
— Isto é pergunta Mauro? Você não sabe que o Quarto Poder é a Imprensa? Interveio dona Edite, demonstrando estar por dentro do assunto.
— Bem… se formos considerar o estudante como força política, no Estado Democrático, ele é a segunda força depois da classe operária que é a primeira em todo mundo. Quando coloquei este nome no meu livro, eu era estudante e queria ser modesto colocando a nossa classe depois da imprensa. Explicou o escritor para evitar discussão.
— Mas como é que você vai fazer para transformar m livro de poder estudantil, num romance?
— Não é um livro de poder estudantil, Mauro. Explicou dona Edite que já conhecia o texto do livro. O livro é sobre política estudantil.
— Tanto faz. Eu quero saber como é que ele vai transformar o poder da política estudantil num romance. Se virar romance eu vou ler o livro. Agora, se for de política no estilo que ele escreve na coluna livre…
— Tribuna livre… - recomendou dona Edite.
— Obrigado pela correção. Bem… aí eu já vou pensar duas vezes, porque é muito cansativa este tipo de leitura.
— Você vai gostar de ler meu livro sim, Mauro. O Marcolino já leu algumas páginas e gostou. Mas diz ele que preferia o livro com a outra redação No entender do meu sobrinho, o conhecimento chegava mais rápido e direto e no romance o conhecimento vem lentamente e pela via indireta dos personagens.
— Isto é para ele que é cientista e está acostumado a devorar toda a literatura científica do mundo. Eu sou um simples vendedor de livros e só sei ler romances.
Marcolino, que observava a conversa dos três o tempo todo, tentou ajudar o tio:
— Mauro, por que você não arranja um bom editor para publicar o livro do tio Marco Aurélio?
— Eu ehnm… quem sou eu?… por que vocês não falam com o Bragança? Ele tem experiência nisso.
— Eu conheço o papo do Bragança sobre edição de livro. Ele só faz animar a gente. Mas não sai nada de concreto. O Bragança é rico e pode pagar a edição do livro. Eu não posso. Tenho que dar outro jeito.
O almoço do Simplício já estava pronto, quanto o telefone toca. A Bety atende e chama o Mauro. Era um amigo, precisando tratar um negócio urgente com o rapaz. Mauro sai. O tio Marco Aurélio e Marcolino desceram de carona com dona Edite até o centro. Ela prossegue sua rota para o Bairro da Lixeira levando o almoço do Simplício.
Encontro político.
Ao passarem em frente ao Hotel Presidente, os dois se deparam com o prefeito de São Félix do Araguaia. Sr. Waldenor Milhomem, ex-correligionário do Marco Aurélio quando este fazia política.
— Oi prefeito, como vai a luta política por lá? Veio atrás de verbas aqui na capital?
— É, estou reivindicando algumas verbas do Governo do Estado.
— E o Bispo Dom Pedro Casaldáliga? Ele não é teu amigo? Como está o movimento da pastoral dele?
— Sim. Ele é meu amigo, mas tem algumas idéias que eu não concordo.
— O que por exemplo o senhor não concorda, prefeito? Eu não conheço e quanto às idéias dele só pelo que outras pessoas dizem. Eu não vou em conversa de gente radical. Nem de direita e nem de esquerda. Para mim, tudo não passa de festividade ideológica.
— Eu não concordo é com esse negócio de mandar invadir terras dos outros.
Marcolino observou a conversa dos dois e percebeu logo que poderia aprender muita coisa sobre política com o tio.
— Eu parto do princípio de que num Estado Democrático a terra precisa ter utilidade social - afirmou o ex-político num tom discursivo - quer dizer que ela precisa ser trabalhada e produzir para o benefício da comunidade. Se o camponês toma posse de uma terra abandonada e transforma o latifúndio improdutivo em colônias de posse produtiva, ele está certo e o governo precisa garantir os direitos do cidadão que quer trabalhar. Não importa se a propriedade da terra é do Estado ou de particular. O fato é que está sendo objeto de especulação imobiliária. Esta especulação no meu ver, promove a inflação da moeda, porque leva a uma transação que não oferece nenhum trabalho ou riqueza em troca da valorização dada como remuneração do capital investido.
— É… mas não pode apoiar esses posseiros profissionais que invadem as terras dos outros pra depois vender o direito da posse.
— Aí nós já estamos diante de um problema mais complexo. Se o camponês vende, é porque não teve condições de tocar. E se esse posseiro vender a terra para um pequeno agricultor que tenha condições financeiras de tocar a lavoura, tudo bem. O que está faltando é uma política de fixação dos posseiros em suas posses. Dando recursos a ele e boas condições de vida lá no mato, muitos continuarão trabalhando sem vender a terra.
Despediram-se do prefeito e desceram até à banca de jornais do Cine Teatro. Procuraram “O REGIONAL” no meio dos outros jornais.
— Tio sua coluna não saiu nesta edição. Por que será?
— Estranho isto… deve ter acontecido alguma coisa com a Tribuna Livre.
— Eu também acho. Neste caso então vamos comprar outro jornal e vamos embora. Já está passando da hora do almoço.
— Compraram o Diário de Cuiabá e desceram para o ponto da Farmácia Pax. Chegaram em casa sem nenhuma novidade. Todos já haviam almoçado. Dona Amélia estava sentada na cozinha e recebeu um beijo na testa dada pelo filho. O cunhado mais novo, o jornalista a cumprimentou:
— Como vai Amélia?
— Aah… amanheci doente… sentindo uma ruinzeira no corpo todo.
— Tio, não dê importância para estas coisas que a mãe fala não. Ela é hipocondríaca. Vive criando mentalmente este mal estar. Vai morrer assim se não mudar o modo de pensar, para uma vida mais otimista.
Dando por encerrado a conversa com a mãe, Marcolino convidou o tio para a biblioteca. Pediu à Maria que levasse o almoço na sala de estudos e convidou o visitante para almoçar. Enquanto almoçavam, a certa altura o tio Marco Aurélio comentou:
— Aqui está… na mesa o alimento para o corpo e nas prateleiras o alimento do espírito. Só espero que estejas alimentando o seu espírito com boas leituras.
— Sim, meu tio. O espírito do seu sobrinho aqui está bem alimentado e goza de boa saúde mental.
O tio sorriu satisfeito com o jogo de palavras do sobrinho e pensou como em outras ocasiões semelhantes: “— É um rapaz inteligente, precisa ser incentivado em suas vocações. Já é cientista de renome internacional, parece ter uma pontinha de vocação literária e agora noto seu interesse pela política.”
— O que está pensando, tio?
— Acho que percebi um novo interesse despertado em você.
— O que está percebendo? Será que o meu pensamento já não é mais indevassável pelo meu tio?
— Acho que você está despertando para a vocação política.
— Como pode adivinhar… ? Realmente eu já estive pensando em entrar para a política, a fim de defender algumas causas científicas.
— Se é assim, então eu te convido para me acompanhar amanhã à noite na Assembléia Legislativa. É bom que você já fique sabendo… as sessões do Poder Legislativo Estadual, de terça a sexta-feira são abertas às oito da Manhã, somente segunda-feira é que se abre às vinte horas.
— É bom eu saber disto. Assim, o dia que eu tiver tempo e disposição para ouvir discurso de político, dou um pulo até a Assembléia.
— Você também deve reconhecer, sem modéstia a parte que um homem do teu nível intelectual deve começar a convivência política por aí. Conversando com os deputados e alguns funcionários da AL, você aprenderá muita coisa.
— O senhor tem razão. Eu farei isto. Tentarei adquirir uma cultura política e daqui para a frente vou me empenhar nisto de corpo e alma.
Feitas as despedidas, o ex-político saiu à procura de um orelhão da TELEMAT para telefonar. Passou por dois deles com defeito e finalmente encontrou um funcionando. Ligou para a esposa dizendo que não iria jantar em casa.
— Venha logo querido… eu e o Polerinho estamos te esperando. Você sabe como são as coisas aqui em casa. Eu não gosto de novela e neste período da tarde e da noite a casa fica muito triste sem você.
— Está bem Leôni. Faça o seguinte… leia algum livro de Samael Aun Weor, que você gosta muito e depois para completar a espera eu sugiro que termine aquela aula de geometria para crianças com o nenê.
A imprensa em defesa do Legislativo
Marco Aurélio foi ao Sindicato dos Jornalistas conversar com Zé do Espírito Santo, que reservou esta tarde de domingo para receber os profissionais de imprensa. Estavam reunidos na JORNAMAT, quase todos os jornalistas de Cuiabá. A reunião fora convocada pelo novo presidente daquele Sindicato, para a apresentação de sugestões à nova diretoria. Todos os Jornalistas apresentaram as suas idéias. Algumas eram anotadas e outras severamente criticadas pelos colegas. O Espírito Santo, presidente, convocou Marco Aurélio para falar:
—Quero falar sobre a valorização do Poder Legislativo como fonte de notícias. -Todos ficaram atentos ao discurso do velho jornalista e ex-militante político na luta contra a ditadura militar, que continuou... num tom discursivo , como se tivesse fazendo um comício em campanha eleitoral :
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— “O poder Legislativo é, por sua natureza a maior fonte de notícias onde a imprensa deveria ter sua sustentação. Não obstante a maioria dos jornalistas de Mato Grande concordarem com esta opinião, os jornais do nosso Estado vem dirigindo seus interesses e suas atenções, com mais freqüência, ao noticiário oficial Executivo.
Sabe-se que a maior parte das iniciativas governamentais tem sua inspiração em parlamentares. Muitos até já se acostumaram a fazer suas reivindicações via gabinete dos Executivos, quando deveria fazê-las da tribuna do Legislativo que ocupam.
A perda de certas prerrogativas parlamentares fez com que alguns políticos perdessem até a coragem para defender o legítimo direito do exercício pleno dos seus poderes outorgados pelo povo.
São as Câmaras Legislativas, em todos os níveis que discutem os prós e os contras dos projetos de interesse coletivo. A discussão, os debate acirrado, provoca uma verdadeira tempestade de idéias e comprova o velho ditado: “da discussão nasce a luz”. Essa luz, para a classe política é o poder de discernimento despertado com o debate sobre a conveniência de se aprovar este ou aquele projeto.
Alguns jornalista com influência no meio político, aliados a políticos influentes na imprensa, pretendem iniciar um movimento de valorização do Poder Legislativo como fonte de notícias. Como dissemos anteriormente, a imprensa deveria reconhecer as Câmaras Legislativas como as mais legítimas e límpidas fontes de informação noticiosa.
Deixo registrado aqui o nosso alerta a todos os profissionais de imprensa, quanto à necessidade de se adotar novos critérios de valores na escolha do noticiário. Não temos a pretensão de ensinar Padre Nosso a vigário, mas é nossa intenção, apenas mostrar a necessidade de se acompanhar o grau de exigência dos nossos leitores.
O leitor, consumidor de notícias do nosso Estado, já sabe distinguir de onde partiu uma iniciativa; se do Executivo ou Legislativo.
Já está na hora de se elevar o nível de aspiração da imprensa mato-grossense. Mesmo com um jornal pequeno e de poucos recursos materiais, é possível fazer alguma coisa para que o mesmo seja respeitado pela comunidade.
Há um padrão de comportamento que deve ser evitado no campo da comunicação social. É aquele que oferece margem à parcialidade. Na comunicação social não se deve jogar com uma visão unilateral, sob pena de se receber a desaprovação de toda a sociedade.
A nação, apesar do baixo nível de civilização e cultura do nosso povo, condena a todo e qualquer comportamento ideológico deformado e distorcido da realidade.
A ideologia do comunicador, não fica ausente na comunicação de massa, uma vez que o jornalista tem uma formação política razoável e a experiência mostra que todo homem politicamente educado, tem um comportamento político no trabalho que reflete esta ideologia.
Muitos apontam à decantada hipertrofia do Executivo como responsável pela ocupação de grandes espaços na imprensa. Entretanto, devemos reconhecer que é dever da imprensa informar sem tendenciosidade fazendo comentários e dando opiniões sem se deixar levar pelo fanatismo.
Não estamos condenando o trabalho do Poder Executivo. Pelo contrário, compreendemos que para o citado Poder desenvolver suas funções, o mesmo deve estar bem aparelhado, mas isto por si só não justifica que o Legislativo tenha que perder seu poderes políticos diante do PREPARO TÉCNICO do Poder Executivo.
Outro lado da questão estamos levantando, refere-se ao fato de que a imprensa deverá estar preparada para uma futura ou possível restauração das prerrogativas parlamentares. Muita coisa vai mudar e nós devemos acompanhar os novos tempos.”
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O discurso do velho jornalista foi taquigrafado por Célia, uma estudante que acompanhava, e mais tarde publicado nos jornais da capital com o título EM DEFESA DO LEGISLATIVO COMO FONTE DE NOTÍCIAS. O jornalista foi homenageado pela Assembléia, a pedido do Dep. Thiers Ferreira, com a transcrição da matéria nos anais da casa. E assim, ficou na história o discurso de improviso do jornalista que desistiu da política.
Passando alguns momentos de aplausos, o presidente Espirito Santo, tomou a palavra para dizer que a sugestão do jornalista tinha o seu apoio. Abriu a discussão e alguns diziam em tom jocoso — “é ele tem apoio do Espírito Santo, só falta Deus apoiar”… “Eu apoio, acho que a AL precisa de mais apoio”… “sou a favor porque gosto de cobrir a Assembléia”… “Eu gosto de cobrir os deputados!”… “Estou contigo e não abro, bicho”… “O Legislativo é a voz do povo e a voz do povo é a voz de Deus”…
— “Taí… não estou falando?… só faltava Deus apoiar…” Terminou a discussão, cada um soltando a sua piada com a aprovação por unanimidade da matéria que foi reconhecida como a idéia mais importante do dia. Saiu até uma notinha no Diário de Cuiabá, no alto da primeira página no dia seguinte: A BOA DO DIA…
Terminou a reunião e o pessoal continuava formando sub-grupos e discutindo calorosamente como valorizar a AL no seu jornal, a partir da semana entrante. Marco Aurélio se agitava de um grupinho para o outro e se via claramente a sua excitação provocada pela nova idéia lançada. Por outro lado, estava eufórico com o resultado da aprovação por unanimidade.
Começa a ficção política
Do abacateiro a um pé de côco da Bahia estava armada uma rede, e nela Marcolino dormiu até às 15 horas. Depois da saída do tio para o Sindicato, não tinha mais com quem conversar na casa. Todos estavam dormindo. Marcolino dormiu na rede ao ar livre, sonhou com a mulher e o filho. No sonho, os três tinham mudado para uma casa próxima do tio Marco Aurélio. Sua esposa demonstrava satisfação porque este era o seu deseja acalentado desde que se casaram. Ter a sua própria casa. Acordou e viu que não era verdade no plano físico das três dimensões euclidianas. Era um sonho no plano astral. Seu sonho dormindo era o mesmo da mulher acordada. Pensou: “até parece que mulher sonha acordada e homem sonha dormindo. Mas quando estou acordado, procuro agir dentro da realidade objetiva”. Preciso arranjar mais um emprego… ou aumentar minha fonte de renda de alguma maneira… levantou-se, transportou a máquina de costura da mãe para a sala e colocou sua velha máquina de datilografia em cima daquela. Fez isto pensando que assim não iria mais incomodar ninguém na cozinha. Ali, escrevendo com a mulher ao lado, de vez em quando esta chamava sua atenção para alguma cena de um filme de ficção científica que passava.
— Ora Maria… eu já mudei de ficção. Estou agora interessado é na ficção política. Tentarei escrever alguma coisa sobre isso. Meu amo, não me deixe esquecer do compromisso com o tio na Assembléia amanhã à noite.
— Se você vai fazer ficção política, não precisa esperar amanhã. Faça de conta que hoje é amanhã e amanhã já chegou. É só fazer uma viagem imaginária à Assembléia, com seu tio imaginário e cheia de deputados de mentirinha.
— Esta minha mulher é um gênio… foi por isso que eu me casei com você, para me dar estas idéias de mentirinha.
Assembléia imaginária
Chegando à Assembléia Legislativa, encontrou logo, no saguão, o tio político desistente e jornalista militante rodeado de repórteres de todos os jornais. Dava-lhes a pedido do presidente da JORNAMAT, as últimas instruções sobre como transformar em notícias todos os gestos e palavras dos deputados.
A campainha soou forte com a pressão do dedo do presidente Ferraz. Todos correram para o plenário. Os jornalistas foram para a sala de imprensa que dava comunicação visual e auditiva com o plenário dos deputados. Ficaram todos assustados quando viram que a sala de imprensa tinha quarenta e oito cadeiras. Fizeram as contas… dois jornalistas para cada deputado.
— Olha pessoal… de amanhã em diante os jornais terão um noticiário parlamentar bem caprichado. Para isto estamos preparados agora. Com o apoio até do presidente da Assembléia. Que mandou ampliar nossa sala. Devemos lembrar que ele recebeu um pouco de pressão do Deputado Spinelli para fazer o que fez.
— É… o Tonzinho fez o presidente entrar no TOM dos jornalistas. Disse o velho Danin, jornalista experiente nas coisas da política. O presidente aperta mais uma vez a campainha e iniciam os trabalhos:
— Havendo número legal, de acordo com o regimento interno da casa, declaro aberta a presente sessão. Determino à secretaria que faça a chamada dos senhores deputados. Feita a chamada, todos responderam presente. Não houve nenhuma justificativa de ausência. Os deputados costumam, nas sessões de verdade, justificar suas ausências. Mas, nesta sessão imaginária estavam todos presentes. Após a chamada, teve início o grande expediente.
Marcolino não pode entrar na sala de imprensa junto com o tio porque não tem carteira de jornalista. Ficou lá em cima nas galerias junto com a assistência. Em sua maioria, esta assistência era composta de estudantes. Assistiu ao discurso do primeiro deputado inscrito no grande expediente com todas as costumeiras interrupções:
— Vossa Excelência me permite um aparte? Interrompe um dos deputados.
— Com todo prazer, nobre deputado.
Terminado o aparte, normalmente o deputado ocupante da tribuna agradece:
— Agradeço ao aparte de Vossa Excelência, nobre deputado. As palavras de Vossa Excelência, serviram para enriquecer o meu pronunciamento.
Quando alguma coisa não ia bem em plenário um dos deputados pedia a palavra pela ordem.
— Pela ordem Senhor Presidente!…
Soa a campainha com estridência e o presidente interrompe discursos, apartes e até contra-apartes que aparecem em desrespeito ao regimento interno da casa.
— Com a palavra, pela ordem o deputado fulano de tal.
— Mas… senhor presidente… tenta reclamar um deputado.
— Me permita concluir meu raciocínio… solicita o ocupante da tribuna.
— Quando algum dos senhores deputados pedem a palavra pela ordem, é pela ordem… exclamou com postura altiva e exalando autoridade por todos os poros, o presidente da Casa. - Exijo obediência ao regimento interno da Casa. Como também o respeito aos princípios de decoro parlamentar.
Os nobre (todos são?) deputados voltam quietos para suas confortáveis poltronas e o deputado que pediu a palavra pela ordem faz sua reclamação ao presidente. O presidente muitas vezes acata as sugestões e a crítica do nobre deputado e volta a conduzir os trabalhos com maior segurança e controle. É assim, se o presidente descuida um pouquinho o plenário da Assembléia vira bagunça… contam até piadas lá dentro.
Marcolino, lá de cima, notou que sem ler o tal regimento interno da AL era possível intuir o conhecimento de suas regras principais.
— Esta presidência convida para fazer parte da nossa mesa, o ex-Senador por Mato Grosso, vicente Bezerra Neto, e pede a dois deputados que o conduzam até este plenário.
Dois deputados subiram às galerias do povo bem comportado. O senador se deixou escoltar pelos parlamentares do Partido Ecológico e DESCEU AOS DEPUTADOS. Ao chegar, ocupou assento ao lado esquerdo do presidente.
— Pela ordem senhor presidente.
— Com a palavra pela o deputado Oscar de Oliveira.
— Sr. Presidente, senhores deputados, ilustre componentes da mesas, ex-senador Bezerra Neto. Eu pedi a palavra pela ordem, para indicar à mesa, ouvido o soberano plenário que o ilustre visitante seja convidado a proferir uma palestra a esta augusta casa de leis. Este convite teria o intuito de prestar uma justa homenagem ao homem que tão bem representou Mato Grosso no Senado federal. Tenho certeza que suas palavras trariam a luz do discernimentos às consciências da nossa geração política. Era esta a minha indicação.
— Em votação a indicação do deputado Oscar de Oliveira. Os senhores deputados que aprovam queiram manifestar-se…
— Aprovado.
— Passo para as explicações pessoais.]
Todos os deputados usaram da tribuna para as explicações pessoais sobre o voto de aprovação dado à indicação do deputado Oscar de Oliveira. Discursaram tanto sobre o discurso que seria proferido pelo ex-Senador que os assistentes lá de cima das galerias já estavam cansados.
— Hei pessoal… vocês estão querendo ir embora? Já está quase na hora dele falar. Tenho certeza que valerá a pena… fiquem mais um pouco.
Os estudantes estavam assistindo aquela sessão imaginária para contar pontos na matéria de OSPB. O professor prometeu um ponto a todos que assistissem à sessão legislativa e fizessem um trabalho.
— Isto que ouvimos aí, já dá quase para fazer um trabalho bem engraçado. O professor vai rir até… Disse um dos meninos que parecia ser o líder do grupo.
— Vejam bem… vocês estão perdendo uma grande oportunidade de fazer um belo trabalho sobre a palestra do grande senador que Mato Grosso teve.
Uns poucos meninos e uma moça exaltada que haviam sido alunos de Marcolino quando este dava aulas de ciências, começavam a animar a turma, dizendo:
— O professor tem razão… vamos ficar mais um pouco. Assim conseguiram vencer o desânimo da maioria alienada, cuja única preocupação era fazer pontos e passar de ano na prova final.
Bezerra Neto foi convidado a ocupar a tribuna e começou a falar:
— “A classe política da atualidade está desmoralizada. Os políticos usam do seu poder de liderança de massa para exercer um maniqueísmo pernicioso. Falta sinceridade em seus pronunciamentos. Estamos vivendo uma época em que predomina a crise da insinceridade política. Poucos se definem ideologicamente e quando o fazem, saem festivamente dizendo que são isto ou aquilo. Existem democratas festivos, social democratas festivos, socialistas festivos e também comunistas festivos…
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Ao terminar o seu discurso, Bezerra Neto foi muito aplaudido pelos deputados e o povo, representando pela classe estudantil e alguns funcionários da AL. Marcolino desceu com os estudantes e já no saguão, pediu uma carona ao deputado Ari Campos. Despediu-se do tio, que costumava permanecer na AL até sair o último deputado. Quantas vezes ficou até tarde dialogando com os “escribas”. Esta expressão era usada mutuamente entre jornalistas.
O deputado Ari não gostava de fazer discursos e dizia ao seu amigo Marcolino:
— Pra que fazer discurso? Isto não rende voto… o importante é ser eleito na época da eleição. Agora mesmo eu usei a minha cota de impressão de discurso, para editar este livro do Rotary Club de Várzea Grande que você está vendo aí. Isso aí… - mostrou o livro - foi impresso por minha conta na Assembléia. São estas coisas assim que faz a gente ganhar eleição. O deputado , que havia dispensado o motorista, desviou a rota para deixar o cientista na Afonso Pena 71 e prosseguiu mais algumas quadras para a sua mansão.
De volta para a realidade
— Como é…∙. Foi bem de viagem? Perguntou a mulher, notando que ele havia batido o ponto final do texto imaginário.
— Fui bem, querida. O discurso do Bezerra Neto mexeu com a imaginação criadora dos deputados de mentirinha. Mas o jornalistas colegas do tio disseram que todos eles vão fazer notícia de verdade.
— Hei!!! Deixe de imaginar coisas. Você está vivendo a realidade da sua vida. Está na hora do jantar.
Marcolino jantou de verdade, assistiu ao fantástico sem nada fantástico e foi dormir cedo.
O telefone voador
Segunda-feira, 25 de maio de 1981. Tinha o período da manhã para ficar em casa, à tarde teria que enfrentar desgostoso o serviço do Laboratório de Pesquisas Tecnológicas de onde sairia direto para a Assembléia. Vir em Várzea Grande só para jantar e voltar para a capital não valeria a pena.
Nesta manhã estava sem inspiração para escrever, afinal… Marcolino escreveu o final de semana inteiro e o seu tratado EM DEFESA DE UMA NOVA CIÊNCIA REVOLUCIONÁRIA estava quase pronto. Vestiu uma bermuda e foi até o Mercadinho Planalto, do Aureliano e por associação de idéias lembrou-se do irmão Aurelino com saudade. Os dois são gêmeos e não podem ficar muito tempo separado um do outro. Pegou um folheto de propaganda religiosa e começou a ler como se estivesse procura de uma nova idéia em qualquer pedaço de papel escrito. Voltou para casa com aquele papel na mão e entregou para a mulher.
Resolveu dar m passeio com o filho na casa do vizinho. Pegou o menino nos braços e chegou lá contando a piada dos deputados de mentira presentes numa sessão imaginária da Assembléia Legislativa.
O vizinho Brandolino riu da sátira e disse que nunca leu um livro de ficção política.
— Quando estiver pronto você me avisa, que este eu quero ler.
Continuando o passeio com o filho nos braços, desceu até a Mercearia Takagi, de Roberto Japonês e comprou um pacote de 250 gramas de café Lílian por sessenta cruzeiros. Parado na calçada da mercearia, contemplou o Loteamento Jardim Aeroporto, de propriedade do deputado Walter Auada do PDS de SP. Neste momento cochichou no ouvido do filho apertado em seus braços.
— Se o papai tivesse dinheiro, compraria um lote desses para construir uma casa bem bonita com bastante espaço para você brincar.
Aurelino chegou da viagem que com freqüência fazia para visitar a noiva. Desembarcou do avião da TABA no aeroporto Marechal Rondon de Várzea Grande e no portão de desembarque encontrou alguns amigos.
— Sabem que Juara está isolada? O tráfego nas estradas que levam até lá está proibido para ônibus e caminhão de carga. Tem muito atoleiro e não vale a pena vir por terra, nem mesmo com automóvel pequeno. Deixei o fusquinha na casa do “Seu” Zé, o pai da minha noiva.
— Quer dizer que estamos sem carro agora? Disse com ar de tristeza uma amiga que se aproximou da roda. — Então aquele passeio que você nos prometeu quando chegasse de Juara, michou?
— Não… Léa… disse olhando para os lados — quer ver uma coisa?… Dandinha, você empresta o seu carro?
— Empresto si . Para um amigo como você eu só não empresto a minha namorada… Os colegas de Aureliano riram do humor de seu amigo, enquanto os dois saíram para colocar as malas no carro. Dentro da cabina, empunhou o microfone do rádio faixa cidadão que Dandinha ofereceu com orgulho de ser o primeiro do seu círculo de amizade a instalar um rádio no carro.
— Oi… munheca. Estou aqui no pé de borracha do Daninha testando o aparato que ele deslocou. Olha se você ver meu irmão gêmeo diga a ele que eu já chegue de Juara. Não se esqueça de pedir ao Marcolino para se comunicar comigo antes que chegue a noite.
— Está bem eu aviso. Respondeu Marcílio, um velho amigo de infância. — Não se esqueça de dar um passada lá em casa. O pessoal tem procurado por você.
Ao desligar o aparato, Marcílio saiu da sua secção de engenharia e foi ao departamento de pesquisa ao grande Dr. Marcolino.
— Esta é uma boa oportunidade para você estrear o seu novo invento. O vídeo telefone teleguiado.
Marcolino dirigiu-se rapidamente aos painéis de controle, excitado com a possibilidade de inaugurar o seu último invento com o irmão gêmeo. O aparelho tinha o formato de um aeromodelo. Um pequeno avião dirigido por controle remoto, em tudo parecido com aqueles usados em campos de aeromodelismo. Para quem não conhece, é igual a um avião de brinquedo. A única diferença é que voa e fala. Assim:
— “Aurelino… Aurelino… está me ouvindo?…”
Aurelino ouviu aquela voz e procurou pela casa inteira:
– Quem está me chamando?… não sei não ehm?!!! Que negócio é este?… não tem ninguém aqui fora. Mas… de onde vem esta voz??
Todos saíram para o terreiro da casa. Dona Maria, a professora Meire, a caçula Maria e até a Míriam que acabava de chegar do hospital ficou curiosa e acompanhou o irmão Aurelino até a porta da sala.
A voz misteriosa começa a falar:
“Quem está falando é o Marcolino. Olhem para cima e verão a minha última invenção voando sobre suas cabeças. Através deste aparelho eu vejo e ouco vocês aqui do laboratório. Prestem bem atenção na minha voz: Eu vou lhes ensinar como falar comigo através deste aparelho. Diminuirei a altura do vídeo-telefone teleguiado. Ele ficará suspenso no ar, na altura de dois metros. Peço ao Aurelino que segure em sua causa e vire a barriga do aviãozinho para o seu rosto. No nariz do avião está o microfone micro-sensível, e que funciona como radar durante o vôo também. Isto é o invento do seu irmão vê mais de um palmo adiante do nariz, enquanto voa; e ouve tudo quando está parado.
As asas do aparelho funcionam como câmara de televisão. Recebiam e emitiam imagens ao mesmo tempo.”
— Aurelino, eu acabo de receber o seu recado pelo Marcílio. O que você quer falar comigo?
— É o seguinte maninho: o povo de Juara está pretendendo me lançar candidato prefeito. O que você acha?
— Acho que está havendo uma grande coincidência. Pois eu também pretendo emigrar do mundo científico para o mundo político. Hoje mesmo eu vou com o tio Marco Aurélio - aquele jornalista que abandonou a política - a uma sessão de verdade da Assembléia Legislativa.
PASSANDO O CHAPÉU:
Agência 01616
Banco 232 - Bradesco
Conta corrente 0674315-3
Favorecido: Marcos Aurélio Barbosa da Silveira
Agradecemos todas a contribuições depositadas no "chapéu" que foi substituido pela conta bancária acima.
ANTIGAMENTE HAVIA UM MÉTODO SIMPLES DE FINANCIAMENTO POPULAR DA ARTE, PASSANDO O CHAPÉU. ARTISTAS, POETAS E ATÉ ALGUNS ESCRITORES, APÓS A APRESENTAÇÃO DE SUA PRODUÇÃO LITERÁRIA OU ARTÍSTICA PASSAVAM O CHAPÉU PARA OS OUVINTES, QUE OFERTAVAM A SUA CONTRIBUIÇÃO EM PRAÇA PÚBLICA E ATÉ EM FESTAS PARTICULARES.
OS TEMPOS MUDARAM E OS COSTUMES SÃO OUTROS... ENTÃO ESTAMOS TENTANDO ARRECADAR A CONSTRIBUIÇÃO DOS LEITORES QUE GOSTAM DE NOSSOS TEXTOS PARA POSSIBILITAR A PUBLICAÇÃO DE NOSSOS LIVROS NA VERSÃO IMPRESSA.
SABE-SE QUE LIVRO NÃO DÁ LUCRO PARA ESCRITOR INICIANTE, MAS MESMO ASSIM O NOSSO SONHO DE CRIAR UMA FUNDAÇÃO E DEIXAR UM PEQUENO LEGADO CULTURAL PARA AS GERAÇÕES FUTURAS NÃO ACABOU. UM PROJETO QUE PRETENDEMOS FINANCIAR É A PRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO GRATUITA DE UM JORNAL DE CONTEÚDO EDUCATIVO/ CULTURAL NAS ESCOLAS PÚBLICAS.
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O escritor e jornalista Marcos Barbosa vai a publicar outros livros no formato tradicional, versão impressa e continuar a coleção UNI-VERSO E PROSA DE MARCOS BARBOSA.
Com quase trinta mil leitores no Recanto das Letras, criou coragem e lançou a campanha PASSANDO O CHAPÉU.
Os três livros de bolso, foram vendidos inicialmente nas bancas centrais de Brasília e em algumas bancas de revistas das capitais do país, a R$ 5,00 apenas, para atingir também aos trabalhadores de baixa renda.
Os contos publicados pela editora Ícone de Brasília são: A MORTE DO SOL E O BURACO NEGRO; O Herói de "Mensagem a Garcia" e um livreto de poesias SAGA DA HUMANIDADE, todos já lidos por muitos "freqüentadores" do RECANTO DAS LETRAS.
O objetivo é desenvolver uma estratégia de marketing para escapar da alta roda dos intelectuais e atingir aqueles que mais precisam de leitura, o homem comum, do povo.