Os Navarozhi

A frota alienígena entrou em órbita de Thasila-III, ainda em silêncio de rádio. Finalmente, após minutos de tensão, a oficial de comunicações acusou o recebimento de uma mensagem. Testa franzida, foi repassando o conteúdo para o comandante do posto avançado, à medida em que ia traduzindo:

- Os navarozhi pedem desculpas pela demora... e desejam enviar um representante para... avaliar a situação da colônia. Apenas um transbordador, desarmado.

O capitão Spitzer e o chefe do turno, tenente Vetter inclinaram-se sobre ela.

- Navarozhi? - Questionou Spitzer. - É como se denominam?

- Sim, comandante - acedeu Mara Laufer.

- Não sei se entendi bem a parte de "avaliar a situação", mas informe que estamos prontos para receber o representante deles em nosso espaçoporto - comandou Spitzer, braços cruzados.

- Ao menos, parecem ter intenções pacíficas - avaliou Vetter.

- Estaremos em maus lençóis se mudarem de ideia - replicou Spitzer. - Não há nenhuma nave da União programada para vir aqui nos próximos seis meses, e quando isso ocorrer, certamente será um cargueiro, não uma unidade de combate.

E para o tenente Vetter:

- Iremos apenas eu e a tenente Laufer receber o representante dos navarozhi. Você assume o comando do posto.

* * *

Spitzer e Laufer aguardaram ao lado da pista circular do pequeno espaçoporto, enquanto o transbordador alienígena - um cone truncado cor de grafite - descia vagarosamente pelo céu estrelado e pousava à cerca de 50 m deles. O veículo ficou imóvel por vários minutos, até que finalmente uma rampa emergiu da sua parte inferior, entre os trens de aterrissagem, e por ela veio caminhando um ser humanoide vestindo um traje espacial prateado, complementado por um capacete com um visor escuro. Nas mãos, trazia o que parecia ser uma prancheta de plástico branco.

- Saudações! - Disse pelo alto-falante do capacete, erguendo a mão direita.

- Saudações! - Repetiram Spitzer e Laufer, repetindo o gesto.

O alienígena levantou o visor escuro do capacete e seu rosto ficou visível à luz dos holofotes que iluminavam a pista de pouso. Fora o fato de ter a pele cinzenta e cabelos azuis, parecia decepcionantemente humano.

- A atmosfera do seu planeta é respirável para nós, - explicou ele ao aproximar-se - mas como não tivemos tempo ainda de fazer uma análise completa dos possíveis patógenos, me foi recomendado que usasse o traje espacial.

E levando a mão ao peito e fazendo uma ligeira mesura:

- Eu sou Tah-Kan, o avaliador-chefe da XVI Frota Navarozhi.

- Eu sou o capitão Falco Spitzer, comandante deste posto avançado, e esta é a minha oficial de comunicações, Mara Laufer - disse Spitzer.

A dupla repetiu a mesura que o navarozh havia efetuado momentos antes.

- Ah, sim, encantado - comentou distraidamente Tah-Kan, olhando para a prancheta que trazia nas mãos. - Bem, ficamos realmente impressionados pelo dinamismo e operosidade da sua espécie; em menos de cinquenta dos seus anos, conseguiram desenvolver uma bela colônia em Thasila-III.

- Grato - aquiesceu Spitzer satisfeito.

- Dito isto, como pretendem pagar a taxa de filiação aos navarozhi? O que vocês têm a oferecer? - Indagou calmamente Tah-Kan, erguendo os olhos da prancheta.

[Continua]

- [15-03-2021]