A Janela - Parte V

09.02.21

Passou o dia ansioso para a noite chegar e fluir por novas experiências multiespaciais. Seu amigo ligara e perguntara como ele estava indo.

-Tudo bem contigo, meu amigo espacial?

-Sim tudo bem. Estou aprendendo e me desenvolvendo bastante; agora tenho um “tutor”, acredita?

-Que interessante. Então há muitos outros iguais a você? E o que vai lhe tutorar?

-Entendi que me mostrará as várias situações dos multiespaços, como ir e vir por eles, por exemplo. Tenho uma ideia que porei em prática hoje à noite. Vou ver com ele. Mas, só te conto se der certo.

-Certo. Boa sorte. Amanhã falamos.

-Sim, claro. Você não contou para ninguém o que acontece comigo, certo?

-Claro que não! É nosso segredo, afinal somos amigos e me considero o seu tutor aqui na Terra – responde rindo.

A noite chegou, chovia forte e com muitos raios a iluminar a janela, o portal multiverso, como era seu nome científico.

Ele o atravessou fluindo pelo espaço a procura do seu tutor, emanando ondas de energia chamando-o. Ele apareceu, ou melhor, a sua energia pulsante.

-Tudo bem contigo? Preparado para novas experiências? – emana o tutor.

-Sim. Mas queria perguntar uma coisa.

-Diga.

-Se eu voltar agora entrando no pórtico, saindo e entrando novamente, o que acontece?

-Vamos ver?

-Sim! -responde ele animado, transformando a sua emanação em um vermelho fortíssimo, chegando quase ao fulgor de tanta intensidade.

Ele volta entrando do portal para o seu quarto, passa pela parede para o exterior, e atravessa novamente o portal de fora para dentro do quarto.

O que vê o deixa espantado. Voltara a sua infância e assiste a ele mesmo correndo de cueca, aos seus 3 a 4 anos de idade, em um riacho rasinho em um sítio, com seu pai parado junto ao seu fusca creme, conversando com um senhor. Voltara aos anos 1957 - 58. O fato acontecia em uma cidade do interior do estado, na qual moravam naquela época. Lembrava-se bem.

Ele menino, corria e se jogava de barriga na lama, alegríssimo, com um sorriso largo e pueril, “delicioso”, pois adorava água. Seu pai o acompanhava sorridente também.

-Voltou ao seu passado – pulsa o tutor.

-Sim! Veja como estou radiante. E meu pai moço, com o seu inesquecível fusca creme. Saudades daquela época, muitas – disse contemplando a cena familiar.

-Vamos embora! – grita seu pai.

Ele menino, não para de correr e se jogar na lama. Ele energia, extasiado e excitado pela cena que presenciava, toca o seu corpinho menino. De imediato, começa a materializar os seus milhares de minúsculos seres nele menino. Ele menino, sente alguma coisa esquisita, olha para suas pernas, seus braços, nada vê, mas sabia que algo estranho acontecia. Ele energia, está agora incorporado no corpo dele menino. A sensação é maravilhosa, real e presente. Indescritível!

-Ah pai, já vamos embora? Vamos ficar mais um pouquinho, vai – diz o menino ao pai. Ele energia torcendo também para ter mais um tempinho brincando, pois estava se deliciando revivendo aquela sensação infantil e moleca.

O pai vem até ele, com seu cabelo preto liso penteado para trás, bigodes delicadamente cortado, camisa social branca, gravata e calça escura. Ele sempre se vestia assim, qualquer que fosse a situação. Ele energia, olhou-o com saudades e carinho, pois ele falecera há anos. Tinha vontade de tocá-lo, abraçá-lo, mas não podia. O pai disse:

-Vamos “lemão” (era assim que o chamava, e assim o chamou a vida toda), vamos para casa almoçar. Hoje tem arroz, feijão e carne moída que você adora.

-Oba! Vamos sim pai, mas antes vou dar mais uns mergulhos aqui no riacho.

-Tá bom, mais uma vez só, tá!

-Obaaaaa – gritam uníssono de felicidade menino e energia. Correm, pulam, escorregam, chapinam na água turva e barrenta do riachinho, deixando o corpo enlameado e gosmento. Uma farra de moleque.

- Agora chega, venha aqui se lavar!

O pai o lavou e o enrolou em uma toalha, secando o seu corpinho rijo; colocou-lhe um short limpo. Entraram no fusca. Ele menino estava feliz; ele energia também.

Chegaram. Era uma casa típica de cidade do interior, térrea, ampla, com um enorme quintal nos fundos, muito espaço, árvores frutíferas, galinhas, cachorro. Lembrou-se dela, das muitas sensações que tivera naquele terreno, de sentir a maciez da terra arenosa ao pisá-la; das lambidas molhadíssimas no seu rosto que o cão lhe dava; de correr atrás das galinhas; dos pintinhos que adotava; de assobiar para o peru que respondia com seu gluglu característico; de chupar manga no pé; do canto do canarinho sem parar, que lhe encantava e o intrigava de como um bichinho tão pequeno tinha tanta força e cantava tão alto. E do cheiro de madeira queimando no fogão à lenha, perfumando a casa com um delicioso aroma de comida. Um mundinho maravilhoso, que ele energia nunca imaginaria que pudesse estar revivendo novamente com ele menino, naquele momento.

Mas ficou intrigado, pois em uma das vezes em que tentara contato com outro multiverso, automaticamente regenerou-se em seu quarto. O que ocorre agora? E como voltaria a ser ele energia? Seguia no seu corpo menino enquanto a sua energia questionava.

Almoçou aquela comida deliciosa, com sua mãe moça, de cabelos negros presos, em coque, olhos espertos, lindíssima. E com a sua irmã, que era muito parecida com a sua mãe. Ambas sentadas à mesa conversando com o seu pai. Ele menino, contava-lhes a manhã no córrego. Ele energia, extasiado dentro de seu corpinho menino, degustava as sensações maravilhosas que ocorriam naquele dia novamente em família. O amor a ela era pulsante, sentia a sua energia se acumular, querendo transbordar pelo seu corpo menino de alguma forma.

- Você logo irá se desintegrar e voltar a ser energia, enquanto o seu corpo menino irá dormir agora depois do almoço – emana seu tutor naquele instante.

Ele menino, antes de se deitar, beijou seu pai e mãe carinhosamente, fazendo com que, ele energia, fizesse a sua transbordante amorosidade materializar-se nesses beijos. Sentiu-os em seus lábios, candidamente. Que felicidade sentia, parecia um sonho!

A casa silenciou após o almoço. Ouvia-se somente uns poucos sons no quintal, alguns cocoricós de um galo ou galinha, o bater do vento na janela, a luz do dia transpassando pelas aletas das venezianas, induzindo ele menino a logo, quase de imediato, sonhar.

Saiu do seu corpinho menino, deixando-o em um sono pesado e feliz, aconchegante, como um querubim. Desintegrou-se, reencontrando com o tutor.

-Maravilhosa e linda experiência tive hoje. Diga-me como interagi comigo, pois anteriormente, tentei contato com outro multiespaço e reintegrei-me imediatamente em meu quarto?

-Você só poderá interagir com você mesmo nos multiespaços, mas nunca mudando o curso da sua história vivida. Ela é imutável.

-Ah, entendi. Mas de qualquer forma, foi inesquecível esse reencontro familiar. Estou bem feliz.

-Outra coisa, você só poderá vivenciar as suas experiências passadas uma vez. As futuras serão outras etapas a serem desenvolvidas – completa o tutor.

Ele fluiu feliz voltando para o seu portal, vendo dentre os vários que pulsavam o na sua frequência, chamando-o.

O rever de um pequeno momento do seu passado o emocionou e o deixou mais interessado e curioso pelo que poderia ter de novidades nesses universos paralelos. Às vezes, pensava estar sonhando. Será que não era sonho tudo aquilo que acontecera?

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Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 10/02/2021
Código do texto: T7181254
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