A Janela Parte III
29.01.2020
Acordou. Estava ainda com aquele inexplicável e insólito fato noturno em sua cabeça, que lhe deixara pensativo e inquisidor: se fora sonho ou realidade. Foi ao banheiro para certificar-se de que era ele, pois duvidava de tudo agora.
Olhou-se no espelho de olhos cansados, rosto amassado e cabelos desgrenhados. Suspirou aliviado: “Sim, sou eu sim. Fora um sonho bem real”.
Entrou no chuveiro, tomando um longo banho que lhe descontraiu. Mas continuava intrigado. Preparou e comeu o seu desjejum tomando, ao final, uma xícara de café e olhando a paisagem urbana da varanda do seu apartamento, degustou-o lentamente. “Fora um sonho sim!”
Foi ao trabalho de metrô. Juntou-se às pessoas no vagão observando-as, procurando algo que lhe estimulasse ou indicasse alguma conexão com o que ocorrera na noite anterior. Olhou se suas sombras eram disformes e balouçantes. Não eram.
Estava excitado e ansioso, sentindo que precisava falar, contar para alguém, um amigo, mas que não levasse o assunto na gozação, mas que escutasse o relato do que lhe ocorrera.
Ligou para um amigo antigo, de anos de afinidades, marcando um encontro em uma pizzaria, à noite. Ficou mais tranquilo.
-Tudo bem contigo? Faz tempo hein – diz o amigo, dando-lhe um abraço apertado.
–Sim, faz mesmo. E com você, tudo bem?
Sentaram, pediram pizza e chope. Ele começou a contar o seu sonho, enquanto o amigo lhe escutava atento e sério.
Terminou o relato. O amigo olhou-o fixamente dizendo:
– Você teve uma experiência extra corpo; uma projeção astral, como dizem ou foi para outra dimensão, o Multiverso ou Universos Paralelos, baseado na Teoria das Cordas – diz o amigo.
– Mas como isso aconteceu assim do nada, de uma hora para outra? Qual o motivo?
– Acredito que foi mais uma experiência de Multiverso do que extra corpo, pois teve a companhia da “deusa” e das sombras. Talvez essas sombras sejam outras pessoas que, como você, estejam em outra dimensão, vendo a si mesmo. Sua janela seria um portal de acesso ao universo paralelo.
– Um portal na minha janela para o espaço paralelo? Você está brincando comigo, não?
– Não. Há teorias científicas, mas que não foram ainda comprovadas, de que nosso universo não é único, que há vários outros paralelos ao nosso e uma intercomunicação entre eles, que seria o Multiverso, onde nós, nossa matéria tem outra configuração ao passar para esses universos.
– Um portal na minha janela! Não acredito. Vamos lá comigo agora, ver se nós dois passamos para o outro universo, que acha?
– Não sei, acho que você é quem tem essa condição psicossomática de poder atravessar, talvez eu não consiga.
– Mas só acontece quando durmo. Acordado não.
– Então, você a tem ao relaxar mente e corpo, o que lhe induz a fluir pelo portal. Podemos combinar o seguinte: veja se hoje consegue fluir até a minha casa e lhe deixarei escrito uma mensagem, para você comprovar que não é um simples sonho. Amanhã nos falamos, topa?
– Sim, claro!
Ele voltou para a sua casa e preparou-se para dormir. Dormiu.
Estava novamente em pé, estático, com a cintura encostada no peitoril da janela. A sombra da deusa não aparecera dessa vez, o que estranhou. Avançou através da janela, iniciando a desintegração do seu ser em milhares de seres microscópicos iguais a ele, transformando-se em uma nuvem disforme e amorfa. Mas sabia que era ele.
Fluiu em direção à casa do amigo, que deixara aberta a janela do quarto. Viu-o deitado dormindo e sobre a cabeceira do criado mudo, em uma folha de papel, escrito: PIZZA.
Voltou para o seu ser estático que o aguardava em sua janela. Regenerou-se novamente com os milhares de seres microscópicos reintegrando-se ao seu habitáculo.
Acordou sem se espantar, como da outra vez. Voltou para a cama e dormiu novamente, não voltando ao portal. Estava começando a controlar seu ser multidimensional.
Pela manhã, ligou para o amigo e disse-lhe o que lera: fora exatamente o que ele escrevera.
– Perfeito! Você foi para um espaço paralelo, em que nossa matéria se transforma em outro tipo de substância, mantendo a sua identidade. Que experiência espetacular, não acha?
– Sim, mas me deixa preocupado com o que pode vir a me causar essa habilidade inesperada.
– É um privilégio, uma dádiva. Vamos fazer outro teste esta noite: você vem até a minha casa e me acorda ou se eu estiver acordado, fale comigo.
Na noite seguinte, ele fluiu novamente para a casa do amigo que dormia a sono solto. Chegou muito próximo dele e tentou tocar-lhe o braço com a sua sombra disforme. Imediatamente voltou ao seu ser na janela, recompondo-se novamente.
Quando sua materialização estava quase concluída apareceu-lhe a “deusa” e dizendo com sua voz rouca e cavernosa:
– Os universos não podem se tocar, são distintos e diferentes em suas dimensões e formas.
– E para que serve ter acesso ao universo paralelo, se não podemos compartilhá-lo?
– Terá que descobrir explorando-os – diz a sombra esvaindo-se pela sua janela.
O dia clareava...
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