CROSSOVER COM STAR TREK.
MUNDOS PARALELOS – FASE 4
CROSSOVER
O universo em que vivemos, oscila em uma determinada frequência de onda.
Nos intervalos entre uma e outra oscilação, existem outros universos quase iguais ao nosso.
Quando dizemos:
–..."se" não tivesse acontecido isto ou aquilo "teria" sido "assim" ou "de outra forma".
Aquele "teria sido" e aquele "de outra forma" seguiram coexistindo conosco, embora em diferente frequência de onda.
Essa outra frequência de onda chama-se Mundo Paralelo.
Podemos imaginar, senão calcular, a quantidade impressionante de mundos paralelos que poderiam existir.
Agora que sabemos o que pode ser um mundo paralelo, vamos entrar num deles.
*******.
(Depois de RETORNO A ZHOROPAK, já publicado)
(***)
Enquanto isso, Aldo Santos e os Antárticos, no espaço lutavam para reorganizar o Império Raniano, sem saber que na Terra os sirianos limpavam o terreno para a chegada dos alakranos; raça muito mais alienígena, governada pelo Imperador Zorkala, que ainda esperava, há três anos terrestres que Aldo Santos lhe entregasse a Espada de Alakros...!
*******.
–Não quero entregar a espada.
–Você prometeu, Aldo.
–Custou muito para conseguir, Valerión.
–E se resolverem nos invadir? Os Xawareks não vão defender. Muito ao contrário.
–O Imperador ainda espera, e não sabemos até quando – interveio Alan Claude.
–Partindo agora na Ferocímea-2, podemos chegar em oito meses – disse Valerión.
–Na nave que roubei dos próprios alakranos?
–Nessa mesma. Não há outra forma de chegar lá.
–Está bem.
*******.
E assim, Aldo e Valerión, junto com Alan Claude, empreenderam a viagem ao longínquo planeta Alakros, onde o Imperador ainda esperava pela Espada dos Deuses.
Em cinco meses chegaram à anomalia de Shaula em Lambda Scorpii, pela qual cortaram caminho até o Quadrante Delta e em mais três meses atravessaram a esfera alakrana até o sol infravermelho Ardath Alakros.
Os temores de Aldo mostraram-se injustificados.
O Imperador Zorkala 201 não estava interessado em detalhes, mas na espada.
Esta foi colocada num altar num templo milenar, onde seria reverenciada pelo povo.
O imperador não pareceu lembrar da molecagem de Aldo quando roubou a nave de guerra, anos atrás. Ele só queria a Espada. Agora estava tão feliz, que ofereceu a Aldo o que quisesse.
–Quero a nave. E se possível data para meus bancos de dados lá no meu mundo.
–Assim será.
*******.
Na longa viagem de volta, o Doutor Valerión, dando uma olhada nos enormes bancos de dados alakranos, disse:
–Aldo! Olha aqui!
–O que é isso?
–Uma nave do tempo, perdida sem tripulação num sistema estelar que está em nosso caminho.
–Como, “perdida”?
–Tem inteligência própria. Parece que fugiu aos seus amos há milhares de anos, e vaga sozinha pelas dobras espaço temporais...
–Como assim? – Aldo estava cada vez mais intrigado.
–Segundo uma lenda alakrana, a nave, construída pelos Grandes Galácticos, negou-se a destruir um sistema solar inteiro, e fugiu de controle. Transportou fora os tripulantes e desapareceu no tempo e no espaço. De tanto em tanto, reaparece.
–E você acha que teremos a sorte de encontrá-la, só porque estamos perto do local onde foi vista por última vez?
–E por que não? Estamos perto de HD-159704 Scorpii quase no centro da galáxia.
–Onde a nave foi vista, mas pode ter caído no buraco negro...
–Talvez não. Vamos ligar os sensores alakranos de longa distância...
*******.
Em forma de disco, branca e fantasmal, a nave perdida não era muito grande, tal vez uns 70 metros de diâmetro e quarenta de altura.
–Não parece tão impressionante – disse Alan Claude.
–O que ela pode fazer é o que impressiona – disse Valerión.
–E o que fazemos agora?
–Tentamos entrar nela, Alan. Já que chegamos até aqui... – e Aldo envergou sua armadura, dispondo-se a sair ao exterior.
O resto é história.
*******
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22 de Setembro de 2026
A nave espaço temporal CRONOS, partiu em missão ao longínquo passado do universo, carregada com três bilhões de pessoas suspensas nos geradores do transporte, para povoar Vurok 2, planeta tipo 3 de Antares Escorpião, estrela Vermelha tipo M1, na fronteira do império Alakrano.
A ideia era recuar sete mil anos no tempo e começar a semeadura, colocando primeiro os desbravadores com suas famílias, e acompanhá-los no tempo de cem em cem anos, colocando outras pessoas com diversas aptidões.
A missão durou um ano.
Ao cabo da mesma, tinham-se passado cinco mil anos, e Vurok 2 tinha-se transformado num mundo bastante organizado, embora sem viagens espaciais, ainda.
–Não deverão esperar demais – disse o Dr. Prof. Valerión.
–Agora eles estão por conta – disse o capitão Aldo – vamos voltar.
–Eles têm dois mil anos pela frente para nos alcançar e saberemos em seguida como se saíram – disse Boris Jaskavitch, o segundo de bordo e marido de Regina Cardelino ,a psicóloga da nave, e conselheira do capitão.
Os tripulantes estavam com suas famílias à bordo.
O capitão e sua esposa norueguesa Ingeborg Stefansson tinham quatro filhos, nascidos nas luas de Saturno, e Valerión com a sua esposa bem mais jovem do que ele, a russa Nebenka Marusitch, tinham apenas um.
A nave não era muito grande, mas tinha bastante espaço para os 16 tripulantes com suas famílias, no total umas 40 pessoas. Imediatamente empreenderam o retorno à Saturno, e ao seu tempo, dois mil anos no futuro.
Entraram numa fenda espaço temporal criada pela própria nave e aceleraram rumo ao futuro. De repente, saíram-se de fase, quase chegando ao século XXI e passaram mil anos além.
–Devemos retornar – disse Boris.
–Parece-me que saímos de fase – disse Valerión, de olho nas telas.
–Podemos corrigir isso na aceleração de volta – disse o capitão.
–Certo – disse Boris – Estamos a cem parsecs do Sol.
–Aí vamos! – disse Aldo acionando o sistema.
A CRONOS criou um campo eletromagnético de mais ou menos dez mil metros em seu entorno e lançou-se pela fenda artificial, rumo ao futuro.
–Estamos saindo de fase de novo – disse Valerión.
–Corrija!
–Temos que abaixar o campo!
–Abaixar campo.
–Campo abaixado – disse Boris.
–Corregido Aldo.
–Levantar campo.
–Campo levantado.
–Diminuir velocidade, Aldo, estamos chegando a 2026, perto de Saturno.
–Certo. Chegamos. Parada total.
–Estamos em 2026, Aldo – Informou Valerión.
–Pegamos algo na distorção ao abaixar o campo e o trouxemos conosco, Aldo.
–Algum asteroide, Boris?
–Menor, Aldo. Parece uma nave. E bem grande.
–Na tela.
Então apareceu uma enorme nave em forma de disco, com apêndices cilíndricos.
–Não acredito – disse Valerión estupefato.
–De onde conhece essa nave, Valerión? Não parecem milkaros nem confederados.
–E não são, Aldo. Não são.
–Estão nos sondando, Aldo – disse Boris.
–Levantar escudos, carregar phasers!
–Estão levantando escudos – disse Boris – mas consegui algumas leituras.
–Sim?
–Quatrocentas pessoas a bordo, alguns são humanoides, a maioria de humanos.
–Armas?
–Torpedos fotônicos e um tipo de phaser menos avançado do que o nosso.
–Podemos derrubar os escudos deles?
–Sim, não são muito fortes.
–Ótimo. Valerión, qual a sua opinião?
Valerión ainda estava alucinado. Mas disse:
–Não haverá combate.
–Mas por quê?
–Estamos sofrendo algum tipo de alucinação, Aldo. Conheço essa nave. Ela não existe. Foi criada em 1966 na Terra, para um programa de TV.
–Os instrumentos...
–Os instrumentos não devem estar registrando nada, Aldo, são nossas mentes. Algo na viagem de volta deve ter nos afetado.
–A nave desconhecida está tentando se comunicar – disse Ingeborg Stefansson, a encarregada das comunicações.
–Aguarda, Inge – disse Aldo.
–Sua alucinação está querendo se comunicar, Valerión – disse Boris.
–Vamos falar com eles, Aldo.?
–Não sei, doutor. Vamos chegar perto. Computador, mudar o ângulo da imagem.
–É o que eu pensava, Aldo. Olha o nome escrito...
Ingeborg interrompeu:
–A nave NCC 1701 continua insistindo em se comunicar, Aldo.
–Aguarda, Inge.
–Deixa comigo, Aldo.
–Está bem.
–Inge!
–Sim doutor?
–Coloca na tela.
Um homem jovem, de uns 34 anos apareceu na tela da CRONOS por trás dele podiam ser vistas várias pessoas uniformizadas. O homem disse:
–Aqui a nave da Federação de Planetas Unidos, ENTERPRISE. Quem são vocês?
*******.
O solavanco tinha sido violento.
A ENTERPRISE tinha sido sugada da dobra espacial por uma energia bem maior, gerada por um objeto desconhecido que parecia quebrar as linhas espaço temporais.
–Senhor Sulu! Situação!
–Estamos na proximidade de Saturno, senhor. Fomos capturados por um campo de força e trazidos com grande velocidade, praticamente em dobra 9,9.
–Impossível, agora a pouco estávamos de saída de Camus II...
–Controle de danos, Sr. Chekov.
–Não há danos, capitão.
–Há uma nave bem próxima, senhor.
–Na tela, senhor Sulu. Alerta vermelho, levantar escudos, carregar Phasers!
–Análise, Sr. Spock?
–E uma nave bem pequena, capitão, 70 metros de diâmetro e quarenta de altura.
–Sondagem, Tenente Uhura?
–Escudos levantados impedem uma maior precisão, senhor, mas pude registrar 42 pessoas à bordo, aparentemente humanos.
–Humanos...
–A nave levantou escudos e carregou armas, senhor! – Anunciou Chekov.
–Uhura, frequências de saudação.
–Tentei duas vezes, senhor. Ainda não respondem.
–Continue tentando.
–Sim senhor.
–Spock! Situação.
–Seu escudo é superior ao o nosso, capitão, assim como seu sistema de armas.
–Não seria interessante lutar.
–Não senhor.
–Uhura, alguma nave da Federação nas proximidades?
–Ninguém responde, senhor.
–Mas como? Estamos a menos de trinta minutos da Terra!
–As ondas subespaciais estão mudas, senhor. Não é defeito nosso.
–Spock, alguma possibilidade de estarmos num sistema parecido ao nosso?
–Não senhor. Tudo indica que esse planeta aí embaixo é Saturno. Mas não detecto bases da Federação em suas luas. Apenas umas pequenas colônias em Iapetus, Rhea e uma civilização bem avançada em Titã.
–Capitão! A nave está saudando!
–Na tela.
Apareceram três pessoas, um homem de média idade e dois homens mais jovens.
–Aqui a nave da Federação de Planetas Unidos, ENTERPRISE – disse o capitão Kirk – Quem são vocês?
*******.
Aldo e Valerión olharam-se antes de responder. Por fim Aldo disse:
–Esta é a CRONOS de Antártica, Terra. Mas não acreditamos que vocês existem.
–O quê? – O capitão da ENTERPRISE ficou confuso.
–Exatamente. Resolvemos continuar o jogo.
–Jogo?
–Sim. Vocês são uma alucinação produzida pela nossa passagem por uma anomalia do espaço tempo.
–Você está enganado, nós estamos aqui, vocês nos trouxeram.
–Impossível. Vocês são produto da nossa imaginação.
–Não estou entendendo.
–Querem provas de que vocês não existem? – interveio Valerión.
–Queremos – disse o homem na tela.
–Você é o capitão James Tiberius Kirk, esse senhor ao seu lado, de orelhas pontudas é o comandante Spock, de Vulcano; a moça linda, sentada lá atrás é a tenente Uhura, e os dois sentados na frente são Sulu e Chekov. Com certeza o Sr. Scott deve estar na engenharia e o Dr. McCoy e a simpática enfermeira Chappel devem estar na enfermaria.
Kirk pareceu vacilar e buscou a segurança de sua poltrona. Finalmente disse:
–Onde nós estamos?
–Estamos perto de Saturno. No ano 2026.
–No passado? Então não têm como saber quem somos nós! Como explica isso?
–Vocês são criações de nossa mente. Em 1966 havia um seriado de TV com as suas aventuras – disse Valerión – eu gosto do seriado, os devo ter criado com a mente.
–Para ser criação de sua mente, é bem elaborado – disse Aldo – Baixar escudos, desativar armamento, Boris.
–Escudos abaixados, armamento desativado, Aldo.
Na ENTERPRISE foi notada a manobra. Kirk ordenou:
–Cancelar alerta vermelho.
*******
–Vejamos o que acontece se vamos a bordo da nave.
–Vá você, Valerión. A ilusão é sua.
–Capitão Kirk; podemos conhecer sua nave?
–Bem se isso é prova de que existimos... Podem vir.
–Iremos numa nave auxiliar.
Aldo e Valerión desceram ao hangar e pegaram uma das pequenas naves auxiliares, réplicas das antigas naves ranianas, construídas com tecnologia alakrana.
–Vem comigo, Aldo. Pode ser divertido.
–Eu também vou – disse Regina, conselheira da CRONOS entrando no hangar nesse momento – também acho que pode ser divertido. Estive monitorando a comunicação e sou fã de Star Trek.
Colocaram suas vestes espaciais e Aldo pegou sua pistola marciana.
–Ilusão ou não, é bom estarmos precavidos. Pode ser uma armadilha criada por inimigos que não sabemos que temos.
*******.
As enormes portas do hangar da ENTERPRISE abriram-se para a nave auxiliar CR-001 entrar e pousar.
Aldo, Valerión e Regina, vestidos com armaduras espaciais, desceram da mesma.
O Engenheiro Scott disse:
–Esses equipamentos não são necessários aqui.
Aldo tirou o capacete com cautela.
Kirk e Spock aproximaram-se.
–Permissão para subir a bordo, capitão.
–Permissão concedida; senhor...
–Capitão Aldo, Oficial de Ciências Doutor Alexei Gregorovitch Valerión, que está encantado com vocês, Regina Lúcia Cardelino, conselheira da CRONOS, também encantada com vocês. Eu também estou encantado... Admirado, com o que está acontecendo.
–Ótimo! – disse o capitão Kirk. E já que não é necessário apresentar os chefes de departamento da ENTERPRISE, vamos indo á sala de reuniões.
–Você primeiro capitão.
–Faço questão, vocês primeiro.
–Quem somos nós, Aldo, para discutir com o capitão da ENTERPRISE? – disse Valerión – Vamos indo!
–De acordo.
*******.
–Decididamente, senhores; algo está acontecendo – disse Kirk.
–Algo que não temos parâmetros para definir, capitão Aldo.
–Por favor, Sr. Spock me chame de Aldo.
–Muito bem, Aldo.
–Obrigado. De acordo com o Doutor Valerión, passamos por um mundo paralelo, entre os mundos que existem no universo.
Valerión interveio:
–Não se surpreendam, Senhores. Se mal não lembro, durante uma missão de rotina no planeta Halkan, por causa de um problema no transporte vocês foram parar numa dimensão paralela, onde o capitão Kirk encontrou um Spock com barba...
–Como sabe... – Kirk gelou – ...da nossa vida...?
–Sabemos, capitão.
Regina interveio:
–Na biblioteca da CRONOS temos registros de todas suas aventuras com detalhes.
–Sim – reafirmou Valerión – A propósito; qual a última missão, antes do nosso encontro?
–Você deve saber, se nos conhece tão bem – disse Kirk.
–Quero mostrar meus registros, mas não posso mostrar o que ainda não aconteceu.
–Por quê?
–Por que no século 24 vocês terão algo chamado Primeira Diretriz Temporal.
Houve um silêncio opressivo. Por fim...
–Planeta Camus II – disse Kirk.
–Sei – disse Valerión – onde tiveram problemas com a doutora Janice Lester, que entrou no corpo do capitão Kirk... Precisa dizer mais?
–Não.
–Então não há problema em ver nossos registros, já que esse e o último que temos.
–Seria prudente dizer que desaparecemos do nosso universo? – aventurou Spock.
–Não, Sr. Spock. Temos registros posteriores, de muitos anos após o termo da sua missão de cinco anos. Esses não podem ser mostrados.
–Por quê?
–Para não mudar a sua história, capitão Kirk.
–Se entendi bem – disse Spock – é lógico supor que poderemos voltar...
–Está correto, Sr. Spock.
–Como?
–Meu computador deve estar recalculando a rota de volta para achar o universo de vocês, que denominaremos Universo da Federação. Não é difícil e não demora. Regina?
–Já foi calculado, Aldo – disse a moça olhando seu terminal de pulso. Podemos levá-los agora mesmo, se for conveniente.
–Ótimo – disse Valerión – podemos levá-los ao momento exato em que os pegamos, como vocês fizeram com aquele piloto do século XX...
–Só não entendo como podem saber tanto de nós, se são de outro tempo e outro universo – interveio o Dr. McCoy, até esse momento silencioso.
–Querido Doutor – disse Regina emocionada – Em nosso universo vocês são venerados por pessoas do mundo inteiro, entre 1966 e 2014, quando nosso mundo...
–Chega, Regina.
–Mas... Aldo, agora não faz diferença...
Valerión interveio:
–Capitão Kirk, eu tinha dois anos de idade quando apareceu na TV um seriado, (que só pude apreciar mais tarde) no qual se contavam as viagens da nave ENTERPRISE em sua missão de cinco anos. O seriado durou três anos, mas até hoje, é venerado pelos apreciadores. Podemos viajar no tempo até 1966, 67, 68 e 69; e mostrar a vocês os atores de verdade que interpretam seus papeis. Acredito, Dr. McCoy, que o senhor achará engraçado um Spock com orelhas terrestres.
Ora! Vejam só! – e o lindo sorriso do Doutor iluminou a sala. Regina levantou-se e dirigiu-se a McCoy, abraçando-o e beijando sua face com carinho de filha.
–Adoro o senhor desde que era uma menina, Dr. McCoy. O senhor é meu ídolo. Foi o primeiro Conselheiro de nave estelar.
–Que bom! Obrigado...! – disse ele meio sem jeito.
–Não querem vir a bordo da CRONOS? – disse Aldo.
–Podem deixar a ENTERPRISE na órbita de Rhea, onde temos nossa base principal – disse Valerión.
–Não haverá problemas com os habitantes de Titã?
–Não Sr. Spock. Aí residem nossos aliados, os descendentes do império raniano, que dominou uma esfera de 800 anos luz de diâmetro em volta do sol. Seu planeta, Ran, estava situado entre Marte e Júpiter, mas acabou destruído, e só restaram os asteroides.
–Capitão Aldo...
–Sim Sr. Spock?
–Poderia ter acesso ao seu banco de dados?
Aldo e Valerión olharam-se. Por fim Aldo disse:
–Poderia, Sr. Spock.
–Aldo!
–Que mal isso poderia ocasionar, Valerión?
–Se eles conhecessem seu futuro, poderia prejudicar a história registrada, Aldo.
–Eles pertencem ao universo de nossa fantasia, Valerión. Não existem para nós...
–Ah! Existem sim, Aldo. Se eles souberem do seu futuro, estaríamos dando chance de mudar alguma coisa da cronologia registrada. Sabemos como isso pode ser terrível.
–Mas se trata de um universo paralelo...
–Pior ainda, Aldo. Interferimos no mundo da fantasia, só por trazê-los ao nosso.
–Não sei se entendo direito o que aconteceu conosco, quando entramos no universo deles e os pegamos com nosso campo de força, Valerión. Mas você deve ter razão.
Regina interveio:
–Lembram da teoria dos Mundos Paralelos do professor G. Solís lançada em 1968, aumentada em 1987 por M. J. Sarracena, e revisada em 1994 por A. L. Lima?
–Sim. A dos inúmeros universos possíveis. Mas o Reino da Fantasia de onde tiramos esta nave e estas pessoas não se encaixa na teoria.
–Discordo, Aldo. Além do fato de eles existirem, de eu ter tocado e beijado o simpático e gentil Dr. McCoy, e de estarmos a bordo da ENTERPRISE, acho que talvez a força de nosso carinho por eles todos, nos tenha colocado num ponto do universo paralelo em que eles vivem, e os trouxemos conosco.
–Ela está certa Aldo. Gene Roddenberry pode ter criado um mundo paralelo. Que provas há de que num desses mundos paralelos não se desenvolveu uma Federação, um império Klingon, um império Romulano, um planeta Vulcano e um planeta Orgânia?
–Posso entrar nessa discussão? – perguntou Spock.
–Tenha a bondade Sr. Spock – disse Aldo.
–Se entendo bem, nós fomos criados na Terra de 1966. Sua Terra.
–Está correto – disse Valerión.
–Por quem?
–Um escritor chamado Gene Roddenberry, já falecido.
–Vocês têm como provar isso que afirmam ao nosso respeito? – interveio Kirk.
–Temos – disse Aldo – venham conosco à CRONOS.
*******.
Na biblioteca da CRONOS havia cômodas poltronas; e uma grande tela de vídeo. Havia um terminal do computador central, milhares de discos de memória e alguns livros de verdade, em torno de 500, todos raridades.
Nos arquivos havia fotos das naves de Kirk e Picard, esta desconhecida para eles, e algumas klingons, romulanas, cardassianas, vulcanas.
Também havia fotos da Estação Espacial Nove.
Kirk, McCoy e Spock surpreenderam-se de ver seus retratos e os de Scott, Uhura, Christine Chappel, Sulu, Chekov, Pike e Archer, assim como de desconhecidos para eles, como Picard, Worf, Data, Ryker, Sisko, Kira, Odo, Quark, Jadzia Dax, Janeway, Harry Kim, Tuvok, Neelix, B’Elanna Torres, O’Brian, Sete de Nove...
–Mas o que é isto? – McCoy estava abismado – Quem são essas pessoas?
–Pessoas que ainda vão existir em seu universo – disse Valerión.
–Fascinante – disse Spock perante uma foto na qual ele aparece com vestimenta vulcana, junto de Sarek e Amanda.
–Fascinante Sr. Spock, o senhor achará este livro escrito pelo ator William Shatner, intitulado “Memória do Seriado” – disse Regina.
–Ou este manual da ENTERPRISE, com os diagramas da nave – disse Aldo.
–Chega de conversa – disse Valerión – vou colocar um filme para ver. Sentem-se todos, por favor. Vamos ver uma divertida aventura intitulada “Problemas aos Pingos”.
–Pingos? – Kirk levou as mãos à cabeça.
–É uma das mais divertidas, capitão – disse Regina.
–Que seja – disse Kirk resignado.
*******.
Após 45 minutos, os oficiais da ENTERPRISE estavam abismados.
–Opinião, Sr. Spock – disse Kirk.
–Fascinante capitão. Temos sócias nesta época, que trabalham representando o que somos, para deleite do público.
–Doutor?
–Estou estupefato, Jim. E curioso para ver outros registros.
–Temos registros do Sr. Spock e o Capitão Pike no planeta Talos IV, e mais 79 aventuras registradas com o capitão Kirk – disse Valerión – Além disso, temos quatro seriados. Um deles conta as aventuras da primeira ENTERPRISE, a NX-01, do Capitão Archer, hoje Almirante, pela sua cronologia; a ENTERPRISE “D” do capitão Picard, mais ou menos 80 anos após as suas. Temos também as aventuras do Comandante Sisko da estação espacial 9, nas fronteiras da Federação e as aventuras da capitã Janeway, da Voyager, perdida no quadrante Delta. Mais de 670 horas de registros. Além do mais temos vários filmes adicionais.
–Que maravilha, Jim! – disse o Doutor.
–Quero que compreenda, capitão Kirk, que não podemos dar esses registros a vocês, para não mudar sua história – disse Aldo.
–Muito lógico.
–Sim Sr. Spock – disse Regina – Não temos uma Primeira Diretriz, como vocês têm, mas se a tivéssemos, estaríamos violando-a.
–Entendi. – disse Kirk – E o que fazemos agora?
–Vocês voltam para sua nave e nós os pegamos em nosso campo de força para levá-los de volta ao universo da Federação – disse Aldo.
–A não ser que vocês queiram dar uma volta por aqui antes.
–Regina!
–E por que não Aldo? Eu amo estas pessoas. Ficarei muito triste quando se forem!
–Não te ocorreu que talvez eles não queiram ficar mais tempo por aqui?
–Ah! Queremos sim – disse o Dr. McCoy.
–Magro!
–Eles nos amam Jim. Veja a fascinação deles. E não diga que isso é ilógico Spock!
–Não, doutor, não é.
Valerión interveio:
–Capitão Kirk; podemos levá-los de volta quando quiserem. Mas se desejarem dar uma olhada por nosso universo antes de partir, ficaremos encantados.
–Existe essa possibilidade, Dr. Valerión?
–Claro capitão.
–Por mim, tudo bem – disse Aldo – Nós seremos seus guias, se desejarem.
–Se meus oficiais não tiverem objeção... – disse Kirk, puxando seu comunicador:
–Sala de transporte, aguarde.
Aldo, finalmente disse:
–Eu gostaria de um presente da sua nave, capitão Kirk.
–E qual é?
–Gostaria de uma cadeira de comando idêntica à sua, capitão.
–Pedirei a Scott para providenciar.
Valerión e Regina não seguraram o riso.
–O que há com vocês?
–Nada, nada – disse Valerión.
–Estás entrando no espírito da coisa, querido.
–Estou começando a gostar da situação, Regina, ora!
*******.
Foi como um passeio.
A ENTERPRISE era ostensiva demais para levá-la à órbita terrestre, além do que não era ideal para viajar no tempo, apesar de tê-lo conseguido antes.
Por isso Kirk, Spock e McCoy foram como passageiros na CRONOS, que podia ficar invisível e conheceram o ano 1966 do século XX, quando foram criados.
Viram gravações de episódios; ensaios, e todo o mais, relacionado com o seriado.
McCoy estava admirado da veneração de Regina:
–Senhora, meu sócia terrestre é seu parente?
–Por que pergunta doutor?
–Porque noto que a senhora dá mais atenção a mim, do que aos meus camaradas.
Ela não teve coragem de dizer que era porque De Kelley fora o primeiro a morrer.
–É que o senhor está mais próximo de mim pela sua profissão.
McCoy sorriu, como só ele podia sorrir.
Regina abraçou-se a ele, com os olhos úmidos.
O Bom Doutor achou que era alegria. E sentiu-se muito feliz por isso.
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Fim do crossover.
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O conto CROSSOVER - forma parte integrante da saga inédita Mundos Paralelos ® – Fase IV - Volume 01, Capítulo 01; Páginas 01 a 12; e cujo inicio pode ser encontrado no Blog Sarracênico - Ficção Científica e Relacionados:
http://sarracena.blogspot.com.br/2009/09/mundos-paralelos-uma-epopeia.html
STAR TREK ® – Criado por Gene Roddenberry.