Teletransporte - parte 3
Inúmeros olhos se dirigiam a mim. O laboratório permanecia dentro de meu campo de visão. Todo mundo olhando embasbacado um novo... FRACASSO!
Nada aconteceu! Eu continuava no mesmo lugar, a experiência dera errado! Como poderia ser? Eu era 98% semelhante a um chipanzé, eu e todos os outros seres humanos! Por que funcionaria com chipanzés, como presenciei várias vezes, e não funcionaria comigo? Por que eu continuava dentro do casulo transmissor, na cidade de São Paulo, naquele ano de 2075, ao invés de estar teletransportado em Londres?
Alunos e pesquisadores se aproximavam incrédulos do casulo transparente. Entendia o espanto dele, também não entendia o por quê da experiência não ter funcionado.
— Coragem, pessoal! – tentei animar. – Vamos analisar os dados, ver o que deu errado, e tentar de novo!
Ninguém me respondeu. Apenas olhavam pra mim, mas pareciam não me ver. Que olhar de espanto era aquele que via em cada um?
— Vejam pelo lado bom! Não deu certo, mas pelo menos continuo aqui vivo, né? Não fui dissociado, esvaziado de toda água de meu corpo como aconteceu com o pobre Charles, né?
Ninguém me respondia. Comecei a ficar impaciente, queria sair logo daquele casulo claustrofóbico, embora transparente.
— Me tirem daqui, gente! Quero sair, descobrir logo o que deu errado!
O casulo foi aberto. Três técnicos entraram com aparelhos detectores de radiação, DNA, e outros materiais orgânicos.
— Não há necessidade disso, pessoal! Estou aqui! A experiência deu errado!
Entraram ignorando minha presença. Examinaram cada canto do casulo. Incomodado, saí. E vi eles também saindo, satisfeitos.
— Podem contatar Londres! Aqui, parece que está tudo OK!
Havia uma expectativa nervosa, e ao mesmo tempo um esboço de satisfação em cada rosto! Não conseguia entender nada do que estava acontecendo. Como não me viam lá? Por que não percebiam logo que o teletransporte fora um fiasco?
— Londres confirmando: a amostra orgânica chegou intacta!
Não podia entender aquela festa! Garrafas de champanhe eram abertas, todo o laboratório comemorava o sucesso da experiência! Que sucesso? Eu ainda estava lá, caramba!!! A experiência não havia dado certo!! Não fora teletransportado pra lugar algum!
— Anime-se, Richard! Sua ideia funcionou!
Olhei para um canto do laboratório. Uma figura me erguia uma taça de champanhe. Eu o conhecia bem, mas não podia acreditar. Fui me aproximando mais, quando enfim o reconheci:
— CHARLES??????
*** continua ***