Totem 01- Ana Gallaro

A sala estava muito clara, luzes brancas pareciam cegar a visão de Ana que olhava através do vidro para Elton que estava na maca, conectado aos aparelhos e anestesiado em meio a meia dúzia de médicos.

Ana não era muito alta. Tinha um e sessenta e oito. Cabelos escuros até os ombros. Usava um vestido solto de cor azul e uma travessa nos cabelo.

- Logo estaremos com Elton novamente. - disse Lúcio, irmão de Elton.

Lúcio Gallaro era o irmão mais novo Elton. Tinha trinta anos. Cabelos curtos e loiros como todos os irmãos Gallaro, um e oitenta de altura. Olhos verdes e corpo magro. Usava calça jeans, bota esportiva e uma camisa social preta.

- Estou nervosa, Lúcio - disse Ana - medo de não ser como era antes.

- Fique tranquila - disse Lúcio, olhando através do vidro para o corpo imóvel do irmão - tudo voltará ao normal.

Um homem se aproximou dos dois com passos rápidos.

- A partir de agora não poderão ficar aqui - falou em tom suave - iremos começar o procedimento.

Ana e Lúcio se dirigiram para a sala de espera. “Foi mais rápido do que o esperado” pensou Ana. Em pouco mais de meia hora o mesmo homem se aproximou de Ana com um leve sorriso no rosto.

- O procedimento foi concluído - então mostrou os dentes em um largo sorriso - e foi um sucesso.

- O que devo fazer agora? - perguntou Ana.

- Você será chamada em alguns instantes para a retirada do Totem - então tocando uma mão na outra, sinalizando ansiedade, disse - bom recomeço!

- Obrigada - disse Ana, ansiosa com tudo isso.

Mal o homem saiu e Lúcio disse:

- Você já comprou o receptor? - sua expressão era de euforia, como alguém que estava prestes a receber um brinquedo novo.

- Já - disse Ana - comprei o receptor mais completo do mercado - e com expressão de preocupação continuou - e não foi barato. Terei de pagar por alguns anos.

- Ahhh, mas vai valer a pena!! - disse Lúcio.

- ANA GALLARO - chamou um homem de terno no início do corredor.

Era um homem alto, talvez um e noventa de altura. Usava um terno preto, gravata vermelha com nó eldredge. Sapato preto, bico fino. Um relógio smart daqueles que se conectam com o celular. Cabelo castanho, corte soviético.

- Sou eu - disse Ana levantando-se.

- Me acompanhe - disse ele. Tinha um voz marcante.

Quando se encontraram, apertaram as mãos. Então virou-se e começou a caminhar pelo corredor.

- Me chamo Hermes - disse ele - serei seu orientador nesta nova jornada - faz uma pequena pausa e em seguida continuou - será a mim que você irá procurar caso algo saia errado ou qualquer coisa que possa lhe causar dores de cabeça. - dobrou em direção a Ala que dizia “Ala Científica”. Então parou em frente a uma porta e a abriu - entre - disse ele.

O ambiente daquele lugar era aconchegante. Haviam livros em um dos cantos e uma poltrona ao lado para que os fosse ler. Havia no meio uma escrivaninha de madeira escura atrás uma cadeira de luxo. Em frente duas cadeiras para visitantes. Um tapete de pelego e acima um grande lustre.

O homem então sentou-se na cadeira de luxo atrás da escrivaninha.

- Sente-se - disse apontando para uma das cadeiras a sua frente.

Ana então sentou-se. Estava muito ansiosa.

Hermes então tirou de seu bolso uma esfera metálica onde saia uma ponta muito similar a um USB, porém menor e mais arredondado. Então estendeu a mão e entregando para Ana.

- Este é o Totem de Elton Gallaro- disse entregando nas mãos de Ana - após você constata que está tudo bem, precisamos que você assine a permissão de desligar os aparelhos.

O Totem era pesado e gelado e vibrava suavemente. Havia também uma pequena Luz vermelha no objeto.

- Está bem - disse Ana - estou ansiosa para ver como tudo isso funciona.

- Imagino que esteja - disse sorrindo - nós também fizemos um escaneamento completo do corpo de Elton e está nos nossos dados, caso venha a utilizar seu holograma no futuro.

- Muito Obrigado Dr. Herm...

- Hermes - interrompeu ele - apenas Hermes - disse sorrindo.

- Certo - concordou Ana - Hermes.

Hermes então levantou-se e estendeu a mão em despedida para Ana que levantou-se e retribuiu o gesto.

Ana então voltou pelo corredor e encontrou Lúcio ainda sentado na cadeira. Levantou-se rapidamente quando viu Ana e foi em direção a ela procurando o Totem.

- Cadê ele? - perguntou curioso.

- Está no meu bolso - disse Ana.

- Ana, me chama assim que possível - disse Lúcio. - ambos indo em direção a saída.

- Chamarei - disse Ana dirigindo-se ao seu carro - fique calmo.

- Até mais Ana - despediu-se Lúcio abrindo a porta do seu carro que estava ao lado do dela.

- Até mais Lúcio.

Durante o trajeto para sua casa, passou muitas coisas na mente de Ana. “E se não der certo?” ou “E se ele não gostar? Ou até mesmo se ele Odiar?”. Mas agora não havia mais volta. Ela tinha investido tudo o que tinha e o que não tinha nesse projeto que se chama Totem, criado pela Corporação Vita em parceria com o Hospital Algatóri.

Ana então colocou o carro na garagem. Estava suando. Suas mãos tremiam. Abriu a porta do carro. Entrou em casa, atirou a chave em cima de um cômodo. Seus olhos então foram levado em direção ao receptor. Já estava tudo instalado. Só o que restava fazer era encaixar o Totem no receptor. “Eu vou fazer isso. Eu tenho que fazer”.

As penas de Ana estavam bambas. Ela estava imóvel olhando para o receptor. “Faz tanto tempo” “Será que será como antes?”. Muitas dúvidas passavam pela sua cabeça. O silêncio tomou conta do lugar. Era possível apenas ouvir o som de pássaros cantando e se uma cigarra ao fundo.

Ana então avançou em direção ao receptor. Sua barriga parecia congelar. Avançou e parou em frente ao receptor, olhou para a pequena entrada arredondada no meio do objeto, entrada que se encaixava perfeitamente ao Totem. Ana colocou a mão no bolso, sentiu o metal gelado tocar em suas mãos. Retirou o Totem do bolso.

E então conectou no receptor.

Então algo extraordinário aconteceu.

Continua...

J P Berwaldt
Enviado por J P Berwaldt em 02/12/2020
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