2020 - Alquimista Quântico

O líquido dentro do frasco de vidro era transparente, meio azulado. Tinha uma certa fluorescência no escuro. Seria mesmo líquido? Difícil definir. Parecia líquido. Havia uma distinção clara da região que era a substância daquela outra região externa, preenchida de ar, que NÃO era a substância. Mas e a superfície separando a substância da não-substância? O divisor entre o líquido do frasco e a atmosfera em volta? A finíssima película de camadas de moléculas da substância unidas por uma membrana formada pela tensão superficial entre suas moléculas? Tal divisor não existia. Era impossível determinar onde acabava a substância e onde começava todo o resto ao seu redor.

- A Pedra Filosofal?

- Isto aqui parece sólido para você, meu caro? - o Alquimista olhava seu discípulo com desaprovação no olhar.

- Então é o... Elixir da Vida Eterna?

- De certa forma... Sim! Podemos dizer que sim...

Sempre disseram que ele era louco. Que não fazia sentido, em plena metade do século 21, um físico teórico brilhante como era abandonar a academia para seguir as ideias doidas de um... Um o que mesmo? Ah sim! Um Alquimista. Porém eram tantas as provas que o atual Mestre lhe apresentara que a razão do ex-cientista já não mais conseguia apresentar argumentos lógicos capazes de refutar aquelas ideias arcaicas, mas certeiras.

- Os antigos erraram quanto à transmutação da matéria, por acaso? - lembrava-se do Mestre lhe questionando num momento difícil, em que parecia perder a Fé em sua busca milenar.

- Hoje entendemos melhor a estrutura da matéria, a composição do núcleo atômico...

- A ponto de até criar substâncias que nunca existiram na natureza antes, como o Plutônio, por exemplo. Não é?

- Mas na transmutação de chumbo em ouro...

- "Ouro" era apenas uma expressão poética. Nossa ideia na época de substância perfeita, metal livre de impurezas. Mas... vamos explorar mais este ponto. É impossível? Não podemos hoje em dia transformar chumbo em ouro?

- Demandaria uma quantidade de energia inviável, e os métodos seriam bem diferentes daqueles que os antigos alquimistas propunham para...

- Sim, sim! Tem razão... Certamente estávamos enganados quanto aos métodos... Mas estávamos na direção correta, ou você nega isto?

- Bem, de fato a adição de mercúrio...

- Fatalmente obtínhamos Platina e Berílio retirando 4 águas terrosas do Chumbo... digo, prótons! Mas acrescentando-se uma terra-fogo (quero dizer, anti-próton) do mercúrio, conseguimos completar a platina e purificá-la em ouro. E, ao mesmo tempo, o próprio mercúrio catalizador da reação também se torna ouro. É uma ideia genial!

- Nunca foi feita na antiguidade.

O mestre olhou com pena o discípulo.

- Da Vinci inventou um helicóptero sem nunca ter construído um. Isto lhe tira o mérito da invenção?

O discípulo mais uma vez não tinha palavras para rebater seu mestre.

- Meus antepassados infelizmente não tinham tecnologia na época para concretizar suas ideias. Mas ninguém pode negar que estavam na direção correta!

- Mas... não são quatro os elementos essenciais da matéria! As coisas não são formadas de Água, Terra, Fogo e Ar.

- Ah, minha criança! Por que vocês sempre levam tudo ao pé da letra? Não basta todos os transtornos que as interpretações literais já causaram?

O discípulo lançou a seu mestre um olhar de "conte-me mais", para incentivá-lo.

- Quais são as forças fundamentais que hoje se sabe reger a interação entre todas as partículas do universo?

- Força Gravitacional, Força Eletromagnética, Força Nuclear Fraca e Força Nuclear Forte.

- Quantas você citou?

A lógica do alquimista era irrefutável.

- Quatro...

- E os mediadores destas forças? Quais seus nomes?

- Gráviton, Fóton, Bóson e... Glúon.

- Água, Fogo, Terra e Ar.

Diante do olhar maravilhado do discípulo, o mestre completa.

- Só mudaram os nomes, meu caro! Só mudaram os nomes...

Isto foi há alguns anos. O que ele agora contemplava dentro do frasco de vidro era ainda mais incrível. Desafiava qualquer lógica.

- O que você tem em suas mãos, meu brilhante aluno, são 50 miligramas de Tempo destilado.

- O quê??!!! - o Mestre logo se apressou ao sentir que o discípulo quase deixava cair o frasco de suas mãos.

- Cuidado! O conteúdo deste frasco é o resultado de Tempo extraído de centenas de metros cúbicos de matéria corruptível!

Ele havia presenciado muita coisa incrível ao longo dos últimos anos. Transmutação de chumbo em ouro passou a ser a experiência mais banal de todas. Nem se impressionava mais com ela. Mas presenciou inúmeras poções do amor que funcionavam perfeitamente. Viu o Mestre ressuscitar alguns mortos com a indiferença de quem simplesmente tenta consertar a antena de WiFi de sua casa. Presenciou almas engarrafadas, chegou até a conversar com algumas delas. Mas extrair TEMPO das substâncias? Armazená-lo dentro de um frasco de vidro?

- Mestre, não se pode isolar o Tempo! Ele não é uma Substância!

- Que é o tempo então?

- Uma das facetas de uma complexa estrutura tetra-dimensional que costumamos chamar de espaço-tempo, exatamente pelo fato de não ser possível separá-los!

- Quem disse isso?

- Oras bolas! Foi Albert Einstein!

O mestre tentou segurar um riso cínico, e sacudiu a cabeça.

- Tsc, tsc... Pensei que você fosse mais inteligente. Que podia enxergar além...

- Me mostre então! Me prove que isto aí é Tempo destilado...

- Você não tem jeito mesmo! É um eterno São Tomé...

Foi até uma porta nos fundos de leu laboratório alquímico, e a abriu.

- Olhe aí dentro.

Frutas, verduras, peças de carne, um verdadeiro mercado distribuído por várias prateleiras. De frescor inimaginável! Frutas e legumes que pareciam ter sido colhidas há poucos minutos! Peças de carne de animais que pareciam ter sido abatido agora há pouco.

- Mestre! - ele tentou ser sarcástico, sem ser agressivo. - Fico honrado em conhecer sua despensa, mas... O que isso tem a ver com destilar o Tempo?

- A maioria das coisas que estou guardando aqui tem mais de dez anos.

- Impossível! Neste momento já deveria estar tudo estragado... Não, mumificado! Não, simplesmente... virado pó! Decomposto! Principalmente as carnes!

- Use a cabeça, meu discípulo! Use a cabeça!

- Mestre, você...

Era difícil de acreditar naquilo.

- Sim! Eu extraí o tempo de tudo o que está aqui dentro! Estes alimentos não deterioram, e nunca mais irão deteriorar enquanto eu os mantiver isolados, não deixar que o Tempo impregnando o mundo em volta volte a contaminá-los.

Ele apanhou uma maçã bem vermelha, brilhante. Parecia que acabara de ser colhida da macieira.

- Esta aqui tem 15 anos! Foi o primeiro objeto do qual consegui extrair o Tempo com sucesso.

- Uma maçã? Por que uma maçã?

- Tem a lenda de Adão e Eva! Tem a maçã de Newton! Tem até a maçã da Branca de Neve... É muito significativa, tinha que ser meu primeiro objeto de teste.

- Acabou com o problema da fome no mundo! Pode preservar eternamente o excedente de produção para o futuro! Nunca mais perderemos alimentos! - o discípulo dizia, enquanto levava a maçã até a boca! Não podia esperar a reação do Mestre, a tirando dele em desespero!

- Está doido!! Nunca testei o que aconteceria quando um ser temporal corruptível consumisse um objeto desprovido de tempo!

- Me empolguei, Mestre! - se ajoelhou o discípulo. - Me perdoe!

- Tudo bem! Levante-se! Eu mesmo quase caí nesta tentação alguns anos atrás.

Nem precisaria verbalizar minha dúvida, mas ainda assim perguntou ao Mestre:

- O Fruto da Árvore do Bem e do Mal? A maçã que nos tornaria como Deus se a comermos?

- Maçã também é outra metáfora interpretada ao pé da letra, meu caro. Acredito que consumir qualquer coisa desprovida de tempo que se encontra nesta despensa teria as mesmas consequências...

- Que consequências, Mestre?

- Bela pergunta! Não sei. Nunca testei.

- E sua curiosidade de cientista, como fica.

Ele olhou os olhos do aluno com ternura.

- Não sou cientista, criança!

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Em poucos dias ele dominou a técnica de destilar o Tempo das substâncias corruptíveis do mundo. Era um congelamento sublime, a melhor maneira de se fazer com que a matéria não mais se deteriorasse: tire delas o Tempo! Deixe-as jovem para sempre! Agora ele entendia perfeitamente o que era o Elixir da Longa Vida! Na verdade, era uma substância que você precisava TIRAR de você! Retire o Tempo que contamina seu corpo, e você nunca mais irá envelhecer! Ele guardou para si mesmo esta conclusão ao perceber que o Mestre relutava em falar sobre o assunto. Precisava aprender mais, dominar melhor a técnica. Não poderia colocar tudo a perder...

- Que substância linda! - ele dizia contemplando contra a luz do sol, atravessando a janela, 100 miligramas de Tempo acumulados naquele frasco de vidro. - Parece leve pra tanto volume, não é?

- O Tempo quase não pesa, ele simplesmente... flui!

- Eu sinto o tempo fluir...

- Todos nós sentimos! TUDO sente!

- Um corpo atravessando uma abstrata estrutura tetra-dimensional de espaço-tempo não explica aquilo que sinto.

- Lógico que não, meu aluno brilhante! - e ele nunca dissera isto! Era pra se sentir radiante! - Einstein foi sempre cuidadoso em colocar sua ideia como Teoria! Teoria da Relatividade! Uma ideia muito boa, que explica muito bem experiências observadas na época, mas de forma alguma afirmou que eram verdades absolutas! Uma Teoria é o que é: uma boa ferramenta capaz de explicar, até prever certos fenômenos! NUNCA uma verdade absoluta e inquestionável das coisas. Isto é papel das religiões...

O ex-físico ainda tentava insistir na física convencional, apesar de todas as evidências que já observara com seu mestre.

- O Tempo como Substância, ao invés de uma das dimensões espaço-temporais do Universo?

- Como sempre, o ponto de vista é que é a questão! O que você acha que está vendo aqui dentro? - perguntou, erguendo o frasco de vidro preenchido do líquido azulado transparente de Tempo.

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Qual seria a consequência de se comer algo do qual o tempo havia sido retirado? Teria vida eterna? Acabou chegando à conclusão que não. Parte de seu tempo seria absorvido pelo corpo atemporal, consumido por ele. O seu Tempo, consumido, lhe traria um prazo maior de vida, envelheceria mais devagar. Pois forneceria parte de seu Tempo ao alimento atemporal, que passaria assim a começar novamente a deteriorar. Mais lenta, mas voltaria a fazer parte da matéria corruptível do mundo. Depois de 50 anos ao lado do Mestre, ele já tinha certeza disto! Ele havia comido a maçã! Ele consumia regularmente aqueles alimentos atemporais da despensa secreta escondido de seu mestre. Com o tempo, ficou claro que o mestre sabia. Mais ainda pelo fato de que, 50 anos depois, ele não havia envelhecido não mais que 5 anos!

O ano de 2100 era deixado para trás. Os fogos e lasers comemorando a chegada do século 22 riscavam o céu daquele dia 31 de dezembro. Fraco, com 150 anos de idade, o Mestre só continuava capaz de caminhar graças ao seu maravilhoso exoesqueleto robótico, respondendo fiel a seus comandos corporais. Sim, o velho alquimista não era idiota! Adotava sem reclamar os benefícios tecnológicos de sua época se isto pudesse melhorar sua vida!

- Século 22, meu caro! Quem diria que chegaríamos tão longe!!

- Ainda mais depois daquele conflito solar a respeito dos direitos sobre as vidas da lua Europa! Quase que destruímos o Sistema Solar naquela insana guerra termo-gravitacional de 2094!!

- Foram os Marcianos que implodiram a primeira ogiva gravitacional. Aquele buraco-negro que criaram acabou engolindo nossa saudosa Lua, lembra?

-Ah, bendita Selene!

- Bendita Selene! Se não fosse ela para funcionar como uma rolha rochosa fechando aquele buraco negro, nosso planeta acabaria engolido, iria para... se lá para onde!

- Povinho arrogante esses Marcianos, né? Parecem até se esquecer que seus ancestrais nasceram aqui na Terra!

A relação Mestre-Discípulo não era mais uma relação Mestre-Discípulo! Não depois de todo aquele tempo.

- Me explique então os buracos-negros, mestre! Não mostram que Einstein estava certo?

- Explicam uma parte, não tudo.

O discípulo olhava o vazio.

- Nós sabemos que as bombas termo-gravitacionais são resultado de um colapso forçado na densidade da substância Temporal, e não de uma curvatura no espaço-tempo. Você sabe disto, não sabe?

- Não posso contar pra ninguém, Mestre! Isto me deixa angustiado!!!

- Sei que você provou dos víveres atemporais...

Seria ridículo negar. Estava evidente!

- Eu precisava saber, Mestre! Está no meu sangue! Eu sou...

- ...cientista. - o Mestre alisou seus cabelos brancos. Poderia, mas não quis se utilizar de nanotecnologia para devolver a cor a suas longas cabeleiras. - Na verdade foi isto que me chamou a atenção! Procurei em você a ousadia que me faltava.

- Então... Sabe o que pretendo fazer hoje?

O ancião baixou os olhos, pesarosos.

- Sei sim! Sei muito bem!

Olhou de novo o brilhante aluno.

- Desaprovo! Temo pelas consequências, mas... Olhe para você, e olhe para este velho aqui, que só consegue andar ainda porque se apoia em um exoesqueleto robótico capaz de prolongar um pouco mais o fim inevitável de sua vida orgânica. Tenho certeza absoluta de que você vai conseguir o que almeja, meu amigo!

Olha o aluno no fundo dos olhos.

- Ainda assim, também tenho certeza de que não vai gostar nem um pouco do que vai conseguir.

O ancião caminha até a porta de saída do laboratório de alquimia. Ele tentou! O máximo que podia! Mas se rendera. Não havia como tirar aquela ideia da cabeça do discípulo...

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Os fogos e luzes haviam parado há algum tempo. Um novo século despontava! Promessas de domínio! Estrelas novas para conquistar! Com o sistema solar todo povoado, a esperança estava nos inúmeros exoplanetas já mapeados! Para os mais acomodados, vários eram parecidos com a Terra! Para os mais aventureiros, dispostos a encarar desafios, as possibilidades se multiplicavam por mil!! Fala sério! Quem já colonizou o inferno venusiano era capaz de colonizar qualquer outro planeta do universo, não concordam?

O discípulo estava pronto para a experiência. Havia descoberto o Elixir da Longa Vida! Comer alimentos desprovidos de tempo? Ajudava um pouco. Adiava o fim inevitável de todos os seres, mas não resolvia o problema. Ele poderia viver muito tempo mesmo! Quinhentos anos? Mil anos? Um milhão de anos? Tanto faz! O fato é que sempre existia um fim, e isto o incomodava. Sua busca não era pelo Elixir da Longa Vida, mas pelo Elixir da Eternidade. Ao desprezar a ciência para se dedicar à alquimia, ele procurava ser Eterno! Ele queria ser Deus!

O problema de consumir alimentos atemporais era bem parecido com o velho problema de variação de entropia da termodinâmica. Ao consumir alimentos atemporais, você só eliminava parte de seu Tempo porque adicionava Tempo ao alimento que consumia. Você acha que sua geladeira esfria de graça? Para aquela pequena região cúbica de seu refrigerador esfrie, você precisa esquentar o universo em torno dele. A entropia pode aumentar num pequeno volume, mas isto sempre vai diminuir a entropia no universo em torno dele. O caos sempre aumenta! O tempo sempre flui!

Nunca se tornaria eterno consumindo substâncias eternizadas. O Elixir da Vida Eterna não era exatamente uma Substância! Era na verdade uma Não-Substância! Era a AUSÊNCIA de uma substância. Este tipo de transmutação precisava ser bem mais profunda! Nunca absorveria Eternidade consumindo coisas que eram Eternas! ELE PRÓPRIO precisaria se tornar eterno! Ele precisaria ser objeto da própria experiência já repetida com sucesso há tanto tempo! Ele precisaria destilar seu próprio Tempo! Remover de seu corpo a substância nefasta que o contaminava, que o fazia se consumir, envelhecer... até chegar a seu momento final, comum a toda matéria corruptível do Universo.

Tudo morre! As pessoas morrem! Planetas morrem! As estrelas morrem! Galáxias morrem! O próprio Universo vai morrer algum dia! Tudo estava impregnado de Tempo, e por isso tudo morria! Ele não! Ele se tornaria Eterno! Ele se tornaria DEUS!!!

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O ancião vestido em seu exoesqueleto abriu a porta do laboratório naquela manhã de primeiro de janeiro de 2101. Uma lágrima lhe escorria pela face! Conhecia bem seu discípulo, sabia que ele tinha feito a experiência.

O discípulo estava sentado na cadeira, fitando o nada... Uma estátua inerte, sem movimento.

- Você era inteligente! - lamentava o ancião. - Você deveria ter imaginado isto!

A estátua de carne, músculo e ossos olhava aquilo sem entender. Morto? Não!!! O sangue de seu corpo continuava quente! Continuaria quente pra sempre! Mas nunca mais correria por suas veias...

O que ele pensava naquele momento? Nada! Ele não pensava. Todos os seus neurônios congelados naquele momento em que o último átomo de tempo fôra extraído de seu corpo. Os potenciais elétricos de todas as suas incontáveis sinapses congelados naqueles últimos microssegundos de vida.

- Podia ter esperado mais, meu caro! Não sei te trazer de volta! Nunca descobri como devolver a alguma coisa o tempo que tirei dela. Você sabia disso! Louco!!

O alquimista ergueu o corpo rígido de seu ex-discípulo. O levou até a despensa, e lá deixou. Talvez seu novo discípulo, um jovem com uma vida produtiva e saudável para viver no século 22, encontrasse uma forma segura de devolver o Tempo destilado aos objetos atemporais de uma forma segura.

Ele estava cansado. Já transformara chumbo em ouro! Já havia engarrafado e falado com espíritos! Já havia criado fórmulas mágicas de amor! E já não tinha mais nada a dizer, além de verdades e verdades e verdades para dizer, até parar. Chorou tudo o que já havia pra ser chorado. Já havia cumprido todos os doze trabalhos...

Olhou contra a janela o conhecido frasco de vidro. 120 miligramas de tempo. O tempo era mesmo uma substância bastante leve!!!