Dilacerados

Dilacerados.

A nave estava bem próxima a Netuno, seu sistema de rádio estava avariado, mas recebiam centenas de imagens mesmo assim, ajeitaram os comandos a fim que ela mantivesse seu percurso de exploração.

Millor acordou cedo, suas incansáveis observações no laboratório em busca de melhores imagens era um trabalho bastante exaustivo.

Chegou de Madrid uma nova sequência e era dele a missão de preparar as fotos, Michelli já estava no ambiente de trabalho quando chegou.

Para despertá-lo de seu cansaço a amável assistente o aborda com um detalhe curioso em uma das fotografia que acabara de aparecer na tela do computador.

De imediato ele pede que ela se retire, num sobressalto de emoção senta-se à poltrona, passa os próximos minutos a observar as fotos que chegam, em seguida liga para um telefone de emergência e aguarda a chegada dos superiores.

Em questões de poucos minutos eles entram, despedem-no do local e ali ficam por um longo tempo.

Michelli e Millor conversavam baixinho quase sussurrando e mantinham-se na sala designada pelo protocolo de segurança naquele quinto andar do edifício 264.

Assistiriam o desenrolar dos fatos como mero expectadores, mas o pouco que viram os deixava em pânico, mas ao mesmo tempo não se podia afirmar que seria um problema já que vidas extraterrestres ainda não são de fato conhecidas e podem ser sociáveis.

As primeiras fotos vistas por Michelli mostravam um ser em forma de bolha bastante grande, e as vistas por Millor já estavam bem próximas. Seu formato não lembrava seres como conhecemos, mas reconhecidamente faziam movimentos, as sequências das fotos mostravam-nos curiosos em relação ao objeto que observavam, na certa emitiam sons que devem ter sido captados.

O silencio sobre o assunto seguiu-se pelos próximos dias, a dispensa por um tempo indeterminado demonstrava que uma pequena cúpula cuidaria do assunto.

Cinco dias depois, Alex Vant bateu à sua porta, era cedo demais, mesmo assim o recebeu como um bom amigo de trabalho.

Sentados à mesa, Vant parecia trêmulo. Milllor conversou com ele até que se acalmasse, o clima era tenso e ele parecia temer por algo.

Vant pediu para deitar-se, ele logo o levou a uma pequena sala com aspecto de biblioteca, mas com um confortável sofá em uma das paredes. Deixou-o ali e saiu. Aguardaria ele se acalmar.

Millor foi até a casa de Michelli e contou o que estava acontecendo, ambos preocupados voltaram à casa e ficaram a espera da conversa que iria desvendar algum mistério.

A espaçosa mansão de Millor os entretiveram até o cair da tarde, Michelli tinha uma conversa agradável, fugiu dos protocolos da empresa e o fazia esquecer dos problemas.

Ouviram movimentação na casa e foram para a sala maior onde encontraram o amigo já refeito de seu cansaço e preocupações.

Agradou-lhe ver a amiga, mas frisou imediatamente que o que conversariam ficaria apenas entre eles.

Vant relatou então o que estava acontecendo, ao menos até o momento em que foi dispensado de seguir em seu trabalho de rádio transmissão. Não como havia evitar o que estava por acontecer, os seres de netuno estão a caminho de nosso planeta, chegarão em poucos dias. Seus corpos são feitos de material totalmente desconhecido, mas pela velocidade com que estão vido calcula-se que são imensamente superiores em força, mas isto não é o pior.

Michelli e Millor eram só ouvidos, já estavam preocupados o bastante com aquelas informações.

Na frase seguinte Vant cai abruptamente na frente dos dois, de sua cabeça vasa o sangue do furo da bala que o atingira, outro tiro acerta em Michelli que também cai, foi o tempo que precisou para esconder-se de um novo disparo.

Desesperado e consciente de que estava em perigo evadiu-se para um cômodo de emergência não conhecido por ninguém que tinha um túnel que dava para a rua em meio a um jardim feito na calçada. No quarto tinha um kit de emergência com celular, arma de fogo, água, um colete a prova de balas, e um disfarce.

Pronto, saiu pelas ruas sem ser notado, havia tomado cuidado para que o local de saída não fosse filmado por nenhuma câmera vizinha, era um ponto cego.

Dias depois Millor assiste pela TV o terror que levou à morte seu amigo e a amável Michelli. Notícias diziam que no laboratório de Madrid havia tido uma super exposição a elementos radioativos e que estava fechado até resolverem o problema, mas ele sabia que não era esta a real, manter-se-ia a distância ao menos até o desenrolar dos fatos.

No dia seguinte lançaram uma bomba nuclear de média potência sobre o laboratório, o cogumelo da explosão foi visto a quilômetros e todas as casas e prédios próximos foram destruídos.

Com aspecto de guerra nuclear, mas que ele sabia que se fizeram aquilo é porque não havia outra saída, as noticias foram dinamizadas de forma a dar entender que fora um erro técnico que provocara tamanho desastre milhares de vítimas e um prejuízo financeiro enorme.

No dia seguinte Millor recebe uma visita em seu apartamento, havia alugado um por um tempo a fim de se esconder de seus desafetos. Havia chamado Frank para conversar porque confiava nele.

Sentados na sala do pequeno apartamento Millor ouve em detalhes os fatos que levaram à destruição, ao menos até onde tinha observado. Relatou que o extraterrestre viera até nós em paz, em poucos minutos aprendeu a se comunicar e disse que estava a serviço da exploração do universo.

Mas, algo deu errado, algumas horas depois os funcionários todos começaram literalmente a se desintegrar, sob uma dor horrível definhavam em poucos minutos, o botão de emergência e destruição foi apertado pelo comandante, o único que sobreviveu, pois o comando é externo ao laboratório por segurança.

Achavam que o ser estando isolado por placas de aço e vidros especiais impediriam as moléculas que formam o corpo do ser de se misturarem com os dos nossos, estavam enganados.

Sai da sala de comando assim que ele apertou o botão e atirou contra a própria cabeça em seguida.

Sérgio Ricardo de Carvalho
Enviado por Sérgio Ricardo de Carvalho em 06/08/2020
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