2020 - Crioplâncton

<<REPÓRTER>> Saudações a todos os cidadãos solares! Estamos aqui ao vivo (salvo delays de transmissão, que nem precisamos mencionar) na lua Europa, de Júpiter, entrevistando, como prometido, o megaempresário Gregory Fleische, presidente da tão amada por muitos, mas também odiada por outros, Exo Foods Corporation. Senhor Fleische...

<<ENTREVISTADO>> Pode me chamar de Greg, por favor.

<<REPÓRTER>> Certo. Greg, como é ser o maior fornecedor de alimentos para uma humanidade que se espalha pelo sistema solar, e que não para de crescer?

<<ENTREVISTADO>> Recompensador, de certa forma. É indescritível a sensação de saber que sua empresa é responsável direta por eliminar totalmente a fome na Humanidade.

<<REPÓRTER>> Mas ainda encontra muitas oposições, não é mesmo? E muito mais há 50 anos, quando a empresa começou...

<<ENTREVISTADO>> Isto é fato! E se levarmos em conta os argumentos dos opositores, inicialmente eles parecem totalmente justificáveis, compreensíveis.

<<REPÓRTER>> Está falando dos riscos, que hoje já se sabe totalmente infundados, em consumir o crioplâncton da lua Europa?

<<ENTREVISTADO>> É mais profundo que isto, jovem! Veja bem, há meio século sonhávamos em encontrar vida alienígena, estudá-la, saber em que era semelhantes e em que era diferente da que conhecíamos. E eis que a encontramos e, logo em seguida, a primeira coisa que se passa em nossas cabeças é... comê-las?? Sim, naturalmente houve e ainda há muita resistência quanto a isto. Mas nosso crioplâncton foi e continua sendo a alternativa mais viável para se alimentar uma humanidade de 30 bilhões de pessoas, que continua crescendo dia após dia.

<<REPÓRTER>> Não poderíamos melhorar as técnicas de cultivo na própria Terra? Aumentar a eficiência? Investir na carne sintética?

<<ENTREVISTADO>> Você está sendo terrista demais, meu caro! Como fariam as colônias marcianas? Atualmente somam 6 bilhões de indivíduos, que era exatamente a população da Terra no começo do século passado! Ficou comprovado que nada poderia se cultivar com sucesso em Marte, pelo menos não com a demanda necessária para alimentar tanta gente assim! Eles dependem do crioplâncton para sobreviver...

<<REPÓRTER>> A pergunta que todo mundo quer saber: é seguro consumir crioplâncton?

<<ENTREVISTADO>> Eles se baseiam no mesmo DNA que nós! Sintetizam as mesmas proteínas e gorduras básicas. Sim, é totalmente seguro!

<<REPÓRTER>> Como isto é possível?

<<ENTREVISTADO>> Uma teoria muito promissora que pode explicar isto é a Hipótese PAH. Os elementos PAH, ou hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, são comprovadamente abundantes no universo, e a ideia é que tais cadeias sirvam como uma espécie de "molde" para a organização de cadeias de RNA. Seriam a origem dos conhecidos "mundos de RNA", que em nuvens protoplanetárias com concentrações específicas de elementos químicos fatalmente se desenvolveriam em "mundos de DNA", e em vidas parecidas com aquelas que conhecemos.

<<REPÓRTER>> A vida em nosso planeta seria então a regra, e não uma exceção, um acaso quase improvável.

<<ENTREVISTADO>> Esta é a ideia. E a comprovamos cada vez mais, à medida que descobrimos outras vidas primitivas em outros mundos de nosso sistema solar.

<<REPÓRTER>> Fiz umas pesquisas por conta própria e descobri que no princípio, embora comestível e muito nutritivo, o crioplâncton original não era muito agradável ao paladar. Estou certo?

<<ENTREVISTADO>> Certíssimo! O crioplâncton, em sua forma natural, tem sabor quase que totalmente neutro, e textura terrosa desagradável.

<<REPÓRTER>> Mas não é isto que todo mundo compra nas redes de distribuição da Exo Foods, não é mesmo? Temos crioplâncton com aromas e texturas de vários tipos de carnes, bem como legumes, verduras e frutas...

<<ENTREVISTADO>> O crioplâncton não se enquadra nem na nossa classificação usual de animal nem na de vegetal. De nosso ponto de vista biológico, ele é uma espécie de curinga.

<<REPÓRTER>> Seu sabor e textura são então artificiais?

<<ENTREVISTADO>> De forma alguma!! E foi esta uma vantagem que logo identificamos no crioplâncton: ele assimila com facilidade qualquer DNA externo que injetamos em sua sequência original! Não sabemos ao certo o motivo, mas acreditamos que na bioesfera de Europa isto seja uma vantagem evolutiva para a espécie.

<<REPÓRTER>> Ah, a bioesfera europeana!! Ia chegar neste tema, e agradeço que o senhor mesmo tenha tocado no assunto!

<<ENTREVISTADO>> Já sei o que vai perguntar, mas prossiga, por favor!

<<REPÓRTER>> Existe algum estudo quanto ao impacto da extração do crioplâncton deste ecossistema?

<<ENTREVISTADO>> Lamento dizer que não. Nem mesmo conhecemos o que existe naquele oceano, debaixo da crosta de gelo que envolve o satélite...

<<REPÓRTER>> Não sabemos se existem formas de vida mais desenvolvidas?

<<ENTREVISTADO>> É muito provável que sim. Mas nunca comprovamos isto.

<<REPÓRTER>> Nenhuma sonda exploratória foi enviada pela Exo Foods Corporation para estudar isto?

<<ENTREVISTADO>> Seria algo muito caro! O que fazemos é escavar a crosta de gelo externa, um canal de pouco mais de 30 centímetros de raio, até atingir o oceano líquido pressurizado cerca de 100 quilômetros abaixo da superfície do satélite. É por onde jorra a água salgada rica em crioplâncton, que é então separado e empacotado para ser enviado a nossos consumidores.

<<REPÓRTER>> Realmente não sabia que tais detalhes eram totalmente desconhecidos. Pode haver então peixes lá, crustáceos, ou...

<<ENTREVISTADO>> Ou tipos de vida que nem imaginamos... Sim, podem existir.

<<REPÓRTER>> E vida inteligente? Civilizações?

<<ENTREVISTADO>> Provavelmente não, mas esta hipótese não pode ser descartada.

<<REPÓRTER>> E sua empresa extrai crioplâncton deste oceano há 50 anos!!! Isto não pode ter um impacto negativo neste bioma que nem conhecemos ainda?

<<ENTREVISTADO>> Não nego que isto nos incomoda muito. Mas temos que pesar as coisas, tomar uma decisão muito difícil: aprender mais sobre vida alienígena, conhecer seus detalhes, ou alimentar 30 bilhões de pessoas? Percebe nosso dilema?

<<REPÓRTER>> A logística disto tudo também sempre interessou muita gente.

<<ENTREVISTADO>> De fato, nossa empresa aperfeiçoou quase ao nível da perfeição o cálculo de órbitas osculatórias.

<<REPÓRTER>> Poderia dar detalhes, para os que ainda não estão a par do processo?

<<ENTREVISTADO>> Sem dúvida! Não há segredo algum nisto. Como dito antes, a água salgada rica em crioplâncton jorra naturalmente por pressão interna de nossas torres de extração espalhadas por toda a superfície do satélite. Esta água é filtrada, o crioplâncton fica cada vez mais denso, e água salgada pura é devolvida para o oceano interno, debaixo da crosta de gelo. Atingida a concentração adequada, congelamos nas várias esferas de gelo para entregar aos nossos consumidores.

<<REPÓRTER>> E é neste momento que se dá o lançamento...

<<ENTREVISTADO>> Sim, levamos em consideração as posições de Europa em sua rotação e translação, a posição de Júpiter em relação ao sol e a posição de nosso consumidor alvo, e calculamos a direção e força de lançamento das esferas mais econômica energeticamente para nossas catapultas eletromagnéticas. A direção e força ideais que vão colocar a esfera de gelo rica em crioplâncton numa órbita osculatória perfeita.

<<REPÓRTER>> Órbita osculatória?

<<ENTREVISTADO>> Uma órbita elíptica bastante alongada, com o sol num dos focos. No afélio ela é quase tangente à órbita de júpiter, e no periélio tangente à órbita de nosso destino.

<<REPÓRTER>> Quanto tempo dura esta viagem?

<<ENTREVISTADO>> Ah, varia bastante!! Depende muito das posições da origem e do destino no momento do lançamento.

<<REPÓRTER>> Quer dizer então que, para cada esfera de crioplâncton empacotada, é feito um cálculo diferente?

<<ENTREVISTADO>> Sim! Acontecem em tempos diferentes. As posições de origem e destino mudam neste período, portanto a órbita osculatória adequada é outra.

<<REPÓRTER>> Mas e quanto ao famoso "colar de gelo"?

<<ENTREVISTADO>> Os colares de gelo... Já os vi numa época em que passei pela Terra, uma visão bonita, uma linha de pontos brilhantes cruzando o céu noturno... Bom, os parâmetros entre lançamentos consecutivos não mudam tanto assim em curtos intervalos de tempo, e é isto que faz as esferas parecerem chegar enfileiradas ao seu destino. O "colar de gelo", como você acabou de dizer. Esferas de gelo com órbitas bem parecidas, lançadas com poucos minutos de intervalo entre elas...

<<REPÓRTER>> E quanto tempo o crioplâncton pode ficar vagando no espaço sem deteriorar?

<<ENTREVISTADO>> Indefinidamente. Congelado no vácuo espacial o crioplâncton hiberna, e nem temos ainda ideia precisa de quanto tempo ele pode permanecer em tal estado.

<<REPÓRTER>> Mas eles então saem brutos de Europa, pelo que entendi. Sem injeção de DNA externo para lhes dar textura e sabor.

<<ENTREVISTADO>> Sim, isto acontece no lado do cliente, e respeitamos muito as preferências gastronômicas de cada um. São eles quem injetam no crioplâncton os DNAs de sabor e textura de suas preferências.

<<REPÓRTER>> Muito interessante, Senhor Fleische!

<<ENTREVISTADO>> Greg, por favor!

<<REPÓRTER>> Certo, Greg. Estou certo que muitos que nos assistem agora desconheciam tais detalhes importantes do processo.

<<ENTREVISTADO>> Nossa empresa nunca guardou segredos. Pergunte, que nós respondemos. Simples assim!

<<REPÓRTER>> Agradeço em nome de todos! Mas agora... lamento precisar tocar num assunto delicado...

<<ENTREVISTADO>> Vá em frente, rapaz!!! Estamos aqui para esclarecer tudo.

<<REPÓRTER>> Existem algumas pesquisas de astrobiólogos indicando que... bom, como dizer isto?

<<ENTREVISTADO>> Oras bolas, dizendo!! Vamos lá, desembucha!

<<REPÓRTER>> Bem, existem evidências de que de uma década para cá o crioplâncton está começando a se esgotar!

<<ENTREVISTADO>> É fato conhecido. Cientistas contratados de nossa empresa chegaram a conclusões bem parecidas há algum tempo...

<<REPÓRTER>> E isto não é alarmante? Que faremos quando o crioplâncton se esgotar? Como continuar alimentando 30 bilhões de pessoas, em progressão geométrica crescente?

<<ENTREVISTADO>> Nossa estimativa é que conseguiremos sustentar por mais uns 15 anos as extrações nos níveis atuais. Após isto certamente precisaremos iniciar algum programa de racionamento...

<<REPÓRTER>> Mas uma hora, vai acabar totalmente, não é? E depois?

<<ENTREVISTADO>> Já estamos buscando alternativas a isto, pode ter certeza!

<<REPÓRTER>> Alternativas?

<<ENTREVISTADO>> Há algum tempo a Exo Foods Corporation vem estudando as formas de vida da lua Titã, de Saturno.

<<REPÓRTER>> Esta não é a lua laranja, com lagos de hidrocarbonetos liquefeitos?

<<ENTREVISTADO>> A própria!

<<REPÓRTER>> Mas... existe vida lá também?

<<ENTREVISTADO>> Sem dúvida existe! As estudamos a cerca de 10 anos. Desde que começamos a detectar a diminuição de crioplâncton em Europa.

<<REPÓRTER>> Mas uma vida desenvolvida numa atmosfera de nitrogênio e metano, nadando em congelantes lagos de hidrocarbonetos liquefeitos, não me parece que possa ser parecida com as que conhecemos, não é mesmo? Nem comestível...

<<ENTREVISTADO>> É mais parecida do que imaginávamos! Ok, ela não respira oxigênio, tem metabolismo extremamente lento... Mas em tais condições de temperatura, não era mesmo de se esperar um metabolismo parecido com o terrestre ou o europeano.

<<REPÓRTER>> Mas são comestíveis?

<<ENTREVISTADO>> De fato não têm um sabor muito agradável. É uma espécie de... como descrever? Uma alga de um vermelho bem escuro que vive nas margens dos rios de Titã, na junção entre a atmosfera, a superfície de água congelada granulosa, quase rochosa, e os rios e lagos de hidrocarbonetos. Porém são abundantes, e bem nutritivos!

<<REPÓRTER>> Podemos injetar DNA de alimentos terrestres neles para dar sabor e textura, como fazemos com o crioplâncton?

<<ENTREVISTADO>> Infelizmente não. Precisaremos neste caso de um processamento alimentar mais efetivo. Mas nada impossível! Inclusive temos na própria lua toda a energia que precisamos para isto!

<<REPÓRTER>> Como assim?

<<ENTREVISTADO>> Ora, lagos enormes de hidrocarbonetos, que inclusive correm em rios! Até chove hidrocarboneto lá! Há dois séculos, em plena crise do petróleo em nosso planeta de origem, seria o sonho de qualquer companhia extratora!

<<REPÓRTER>> Verdade. Estamos já tão acostumados em conseguir energia dos reatores de fusão nuclear que esquecemos totalmente destes meios mais primitivos.

<<ENTREVISTADO>> E o que digo agora, em cadeia solar, é isto: em menos de 10 anos, as algas de Titã serão o novo crioplâncton! Serão alimento de 50 bilhões de pessoas, segundo as estimativas mais atuais de crescimento populacional.

<<REPÓRTER>> Que venham então as Algas Titânicas!!!

<<ENTREVISTADO>> Sim! Que venham as Algas Titânicas. Nossa empresa estará, como sempre, empenhada em saciar a fome da humanidade!

<<REPÓRTER>> Um brinde à Exo Foods Corporation!

<<ENTREVISTADO>> Um brinde à Exo Foods Corporation!!

<<REPÓRTER>> Encerramos aqui a entrevista com Gregory Fleische, o Greg, presidente da Exo Foods Corporation. Espero que tenham gostado, e aprendido um pouco mais sobre esta empresa de sucesso. Na próxima semana entrevistaremos Felipe Costado, diretor de um grande projeto de tentativa de comunicação com civilizações extrasolares através de ondas gravitacionais moduladas. Aguardamos todos, e uma boa noite para os que seguem o horário universal.

<<ENTREVISTADO>> Menos para os marcianos, né?

<<REPÓRTER>> Hehehe, sim! Menos para os marcianos... Sem ofensas, lógico!

<<ENTREVISTADO>> Eles ainda insistem em seguir seu próprio relógio solar e seu calendário?

<<REPÓRTER>> Sim, Greg! Eles são muito orgulhosos de suas origens! Se recusam em adotar o horário universal de Greenwich.

<<ENTREVISTADO>> Bom, me perdoem a piadinha sem graça! Faz um bom tempo já que não sei o que é viver na superfície de um mundo com gravidade maior que 0.15g.

<<REPÓRTER>> Então... Ficamos por aqui! Até a próxima semana, e um feliz Dia da Terra para todos!!

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Longe das câmeras holográficas, o repórter se sentiu mais à vontade em desabafar com o entrevistado.

– Isto ainda me incomoda muito, Greg. Posso te chamar de Greg, não posso?

– Lógico que sim! Nada de formalidades por aqui, hein!

– O fato de sua empresa nunca ter estudado o ecossistema de Europa, bem debaixo de seus pés. Seria muito simples enviar microssondas! Por que nunca fizeram isto?

– Fizemos sim, filho!

– Fizeram? E o que encontraram? Por que nunca divulgaram?

– Encontramos um mundo maravilhoso! Colorido! Uma criatura mais incrível que a outra.

– Encontraram? – a indignação por ocultarem esta informação por tanto tempo era indisfarçável! – Mas...

– Inclusive sociedades tribais primitivas. Espécies que começavam a viver algo equivalente à nossa Idade das Pedras.

– Vocês... – lágrimas de raiva e tristeza começaram a escorrer dos olhos do repórter. – Vocês, sua empresa... não tinham o direito de ocultar esta informação!!

– Você não compreende! Não podíamos divulgar isto!

– E agora... Matamos este ecossistema, não é? Esgotamos o crioplâncton, que devia ser base de toda a cadeia alimentar de Europa.

– Era necessário, infelizmente.

– Uma civilização alienígena em estágio tribal?? Nós a matamos!!! Acabamos com qualquer chance dela se desenvolver, evoluir!!

– Não nos orgulhamos disto, filho! Mas era necessário.

– Vou divulgar isto para toda a humanidade! Revelar este crime que foi cometido debaixo de nossos narizes, impune!

– Não faria diferença. Quer paremos agora, ou daqui a 15 anos quando o crioplâncton vai se esgotar , o dano é irreversível. O ecossistema de Europa nunca se recuperaria...

– Não entendo mesmo. Por que esconder isto?

– Tínhamos 20 bilhões de pessoas na época para alimentar, com previsão de crescimento rápido! Precisávamos do crioplâncton! Se divulgássemos a informação de que existia um ecossistema rico em Europa, inclusive com uma civilização que começava a desenvolver inteligência, acha que aprovariam a extração de crioplâncton? Não, meu caro!! Doeu muito, mas fomos obrigados a esconder tal informação...

– E agora, Titã. E se existir lá uma civilização sendo iniciada? Vamos interferir nela também? Matá-la como fizemos com a de Europa?

– Aprendemos a lidar com isto, e resolvemos nem tentar procurá-las. Quanto menos soubermos, melhor. A ignorância é uma bênção...

Greg percebeu que o repórter estava quase desabando com tais revelações. Um dia ele acabaria compreendendo, entenderia que geralmente decisões muito difíceis precisavam ser tomadas. E alguém precisava decidi-las. Ser poderoso, influente, tinha seu preço! Eram os que tomavam as decisões que ninguém queria tomar. Foi até o pequeno bar da sala e trouxe dois copos hexagonais mais uma garrafa cheia de um líquido verde fluorescente.

– Sei que isto não justifica, filho, mas se você se lembrar bem sempre fizemos isto em nosso próprio planeta de origem. Somos predadores por natureza, não conseguimos negar, agir de outra forma. Só estamos levando nossa natureza predatória a escalas interplanetárias...

– Que perda imperdoável, uma civilização alienígena nova, ao nosso lado, destruída! Que perda!

– Tome isto aqui, filho! – disse servindo um copo daquele líquido verde brilhante. – Vai te deixar melhor...

– Isto é...

– Água de Jabra genuína! Produzida nas melhores destilarias marcianas!

– Faz tempo que não vejo uma assim tão... verde!!! Brilhante! Pura!

– Vai te fazer bem! Meu futuro sucessor ainda tem muito a aprender!

Toma um gole do precioso líquido verde, que começa a fazer efeito imediatamente.

– Me desculpe a fraqueza, mas... Foi demais! Muita informação de uma vez só...

– Acredite, senti o mesmo quando comecei esta empresa. Comer vida alienígena, que todos procuravam esperançosos há décadas? Te garanto que não foi fácil. Mas alguém precisava fazer...

– Não seria mais simples tentar conter o avanço populacional? Manter a quantidade de pessoas a alimentar num nível sustentável naturalmente?

– Ah filho!! Isto é impossível! Não se pode simplesmente proibir as pessoas de nascerem! Não faz parte de nossa natureza.

– Então que seja... à nossa, papai!!

– À nossa, filho! E ao futuro a Exo Foods!!