O Cajado de Moisés

As boas novas haviam precedido sua chegada. Os vigias armados que encontrou no caminho de descida para o Vale dos Cavalos Amarelos o cumprimentaram efusivamente: a barreira gerada pelo "Muro de Jericó" dos Beryte agora se estendia sobre o território Yelocaah, capacidade que perdera há algumas gerações.

- O Chefe Jobs quer vê-lo imediatamente - assegurou um dos guardas.

- Aposto que quer - desdenhou Jepp. - Mas antes, tenho que falar com Maren.

A prometida de Jepp o recebeu feliz e aliviada.

- Temi que os Beryte traiçoeiros não o deixassem voltar! - Exclamou, ao abraçá-lo.

- Não só deixaram como me deram um presente que muito vai nos ajudar quando sairmos daqui - explicou Jepp, quando conseguiu se desvencilhar dos braços da amada e abrir a mochila surrada. Dentro, o rifle de plasma que havia desmontado para não despertar atenções indesejadas.

- O que é isso? - Indagou Maren confusa.

- É um "Cajado de Moisés", como aqueles das antigas lendas - assegurou o faz-tudo. - Quando eu tiver conseguido produzir uma quantidade suficiente de baterias sobressalentes, poderemos botar o pé na estrada e ir atrás daquele módulo de vigilância na Cidade Morta.

- Então você pode destruir o demônio voador! - Maren cerrou os punhos, exultante.

- Oficialmente, é o que vamos fazer - ponderou. - Mas eu tenho outros planos para aquele aparelho.

Em seguida, foi ter com Armin, o Chefe Jobs dos Yelocaah. Este o recebeu sentado em sua cadeira de braços, ladeado por dois guardas armados de bestas.

- Você é um homem de palavra, faz-tudo - admitiu, com satisfação. - No início, duvidei que pudesse restabelecer a proteção do "Muro de Jericó", mas quando os velhos postes nos limites da aldeia iluminaram-se, vi que havia conseguido convencer os Beryte. Isso marca um novo momento na história dos nossos povos; você nos representou muito bem!

- Foi uma grande honra poder carregar o crachá dos Yelocaah - declarou. - E também espero poder partir em breve com minha companheira para a Cidade Morta, onde irei corrigir o erro que cometi em nossa incursão anterior: destruirei o demônio voador que despertamos, para que os seus grupos de coletores de oferendas não corram riscos no futuro.

Armin o encarou admirado.

- Pelo que as antigas histórias nos contam, mesmo guerreiros poderosamente armados tinham sérias dificuldades para enfrentar esse tipo de demônio. Como espera ter sucesso na empreitada?

- Espero que me dê autorização para usar novamente o seu Reprodutor. Com ele, poderei forjar armas que me ajudarão na caçada.

- Armas dos Antigos? - Armin, subitamente interessado, apoiou o queixo na mão, cotovelo no braço da cadeira.

- Se ainda tiver armas dos Antigos aqui na vila, talvez eu possa fazê-las funcionar novamente. Desde que se comprometa a enviar pelo menos duas para seus vizinhos Beryte; eles também precisam de proteção.

- Temos algumas armas antigas de defesa pessoal, não são armas de guerra - avaliou. - Mas se puder fazer com que funcionem, estou disposto a fazer o que me pede.

Para Jepp era suficiente. A única arma de guerra a qual precisava colocar em perfeito estado de funcionamento, era o rifle de plasma escondido em sua mochila.

[Continua]

- [17-07-2020]