NO TRIÂNGULO DO DIABO

Todos meus próximos me consideraram louco. Nunca acreditaram na minha história. Mas, agora, posso dizer, com certeza, que quando alguém vier a ler este relato eu já terei partido desta Terra, porém, este segredo sufocou-me a vida toda e não posso morrer com ele: eu sei onde eles estão... no Triângulo do Diabo.

O Comandante Kevin e eu fazíamos um patrulhamento de rotina, com mais duas aeronaves auxiliares, no mar da Flórida, naquele primeiro dia de Maio de 1994. Já era noite e recebemos a ordem de retornar à base, na área 51. De repente, uma nave não identificada aparece no radar...

- Atenção! Nave desconhecida à frente!

- Contato visual em 20 segundos!

- Iniciar procedimento de interceptação!

Tão logo a ordem fora emitida a nave mudou de rumo. Manobra descontínua, ora à nossa direita, ora à esquerda. Aceleramos. Contudo, quando parecia que estávamos nos aproximando, o objeto sumia e reaparecia mais adiante. Parecia brincar de pega-pega. O Comandante Kevin se postou na retaguarda. Deu ordens específicas: aproximar, forçar o retorno da nave desconhecida, ou, abatê-la.

Como seu co-piloto, observei que estávamos abortando nosso plano de vôo, ou seja, aquela nave estava nos levando fora dos limites permitidos. O Comandante retrucou dizendo que teríamos ainda alguns minutos de autonomia de combustível e era possível capturar a nave invasora. Então...

- Comandante! Sistemas operacionais falhando!

- Não temos mais os sinais de satélite! Vamos voltar!

Naquele momento, nossos companheiros à frente, faziam contato visual com o OVNI. Eram eles! A espaçonave tinha uma forma oval. O Céu de Brigadeiro de repente encheu-se de nuvens carregadas, era a camuflagem deles. O mar se tornou revolto abaixo de nós. Um enorme cone de água e espuma se formou em volta da nave alienígena.

- Manobra evasiva! Manobra evasiva! Temos que desviar da tromba d`água

- Meu Deus! Vamos colidir com um furacão!

O Comandante Kevin usou de todas as suas forças para desviarmos nosso avião daquele inesperado sinistro. Tocamos de lado no furacão. Foi como se tivéssemos sido arremessados com um estilingue gigante, rodamos em parafuso e despencamos para as águas do Pacífico. Pensei que seria o fim...

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O fim de semana anterior foi de festa. Era o dia do meu Aniversário de 25 anos. Cantamos os parabéns e fizemos churrasco durante toda a tarde de domingo. Minha mulher e os filhos estavam radiantes por ter o pai em casa nesse dia. Por volta das seis da tarde, o Comandante Kelvin me ligou.

- John! Preciso de você na base! Meu co-piloto adoeceu! Temos uma missão de patrulhamento entre a Flórida e Porto Rico!

- Vamos só nós dois Comandante!?

- Não! Mais duas aeronaves no apoio!

Nossos companheiros também foram convocados no mesmo dia. O Caça A3505 era pilotado pelo Sargento Dardanill, tendo como co-piloto o nipônico Sulu San; na outra nave; B3707, estavam o veterano de guerra Subtenente Bernabeu e o brasileiro naturalizado Americano Cabo Conceição.

Nós nos encontramos, no fatídico dia, a mil metros de profundidade, nos subterrâneos da base secreta da Área 51, perto de Roswell. Tomamos o café da manhã e depois partimos para a missão. Todos estavam tranqüilos, posto que, era apenas mais um trabalho de rotina. Assim pensávamos,... porém, a nossa rota passava próximo ao terrível Triângulo das Bermudas...

Este local fica num terreno marítimo imaginário entre o estado da Flórida, Porto Rico e o Arquipélago das Bermudas. Ali, tínhamos relato de que centenas de navios e aeronaves haviam desaparecido misteriosamente. Será que o Comandante Kevin estava escondendo alguma coisa de nós? Por que de repente fomos convocados num final de semana, o que não era comum?

Notei que levávamos mais armas e munições do que de costume, mas não comentei nada sobre isso. Por que da insistência dele em perseguir aquela espaçonave em território desconhecido? Vou morrer agora? E a minha esposa e filhos como ficarão?

Todas essas lembranças passaram em um segundo pela minha cabeça, segundos antes que nosso avião batesse contra as ondas furiosas do mar... Num segundo me vi debatendo nas águas geladas,...com muito esforço consegui voltar à superfície e me agarrei à uma bóia... à poucos metros avistei o Comandante Kevin,...consegui agarrá-lo e, por sorte, um bote inflável foi alcançado por mim.

- Estamos salvos! Graças a Deus! Estamos salvos!

O mar ainda bravio nos afastava do perigo maior, então eu pude vê-los!! Nunca mais tirei essa imagem da cabeça. A espaçonave deles estava estacionada bem no meio do cone do tufão. Era como se estivessem atrás de uma cortina de fumaça. Ao lado deles,... Meu Deus! Lá estavam nossos companheiros: o Sargento Dardanill; o japonês Sulu, o Subtenente Bernabeu e o negro Conceição... eram prisioneiros! Vi as correntes ao redor do pescoço!

Sob o meu olhar aterrorizado, um grande redemoinho se formou à distância de duas milhas e a espaçonave deles foi mergulhando lentamente... para o fundo do mar! Pareceu-me que um dos seres olhava despeitadamente para mim. Assim eu descobri... ali era o esconderijo deles!

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Nosso resgate se deu horas depois, ao amanhecer do dia. O Comandante estava em estado de choque, tanto quanto eu, todavia, ele pela perda dos companheiros que julgava nos destroços dos aviões, nas águas daquele oceano, eu; entretanto, sabia que o destino deles poderia ser bem pior. Kevin, desacordado não presenciara as cenas que eu presenciei. Alguns dias depois...

- Suspendam as buscas! Não podemos mais nos arriscar nessa área!

Eu já sabia que nada encontrariam, nem mesmo os destroços das aeronaves e elas entrariam nas estatísticas dos sumiços misteriosos do Triângulo das Bermudas. Isso mesmo que aconteceu. Cinco anos depois, resolvi contar ao Comandante Kevin o que presenciei depois da nossa queda no mar. Mas, a reação dele foi nefasta. Resolveu fazer um relatório, iria ao Pentágono, se preciso, queria uma equipe de resgate para vasculhar o fundo do mar naquele quadrante.

- Comandante, eles jamais vão acreditar!

- Precisamos tentar! Vamos espalhar a notícia na mídia!

- O Senhor está louco!

Nossa discussão deu em nada. O Comandante fez o relatório e saiu em busca das autoridades. Disse-me que um dos figurões em Washington aceitou recebê-lo. Três dias depois de nosso último encontro recebi um telefonema...

- John! Fuja John! Eles sabem de tudo! Eles estão infiltrados! Fuja com sua família!

Não esperei mais nada. Saí de casa com a família. Saí do país, entrei na clandestinidade e vivi durante anos com medo de ser encontrado. O Comandante Kevin foi assassinado no mesmo dia em que me telefonou. Os documentos que ele carregava nunca foram encontrados e o mistério do Triângulo do Diabo persiste até os dias de hoje, mas eu sei,... eles estão lá!!!

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Zé Nascimento