A REUNIÃO DE CÚPULA

(Depois de QUER CASAR COMIGO? - já publicado)

10 de abril ...em órbita de Ganímedes...

A bordo da Odín, o líder Hiperbóreo terminava seu discurso:

–Declaro aos seres presentes que Hiperbórea alia-se a Antártica e Marte. Assinei o Tratado de cooperação com o capitão Aldo por Antártica e Lon Vurián por Marte; assinei o tratado de proteção a Ganímedes, Io e Calisto, com o capitão Lúcio Cardelino por Ganímedes, Paco Del Puerto por Io e Aclep Toz-533 por Calisto; e com o capitão Pru Atol-7752 por Milkar, sob a cuja jurisdição estão as luas e assinarei o tratado de cessão de Amaltea para Antártica, representada pelo capitão Aldo. Fica delimitada a fronteira comum; cujo documento assino hoje, 21 de Dezembro de 124, Era Hiperbórea; 140410.2, data antártica. É o primeiro dia de uma nova era, a era da cooperação de nossos mundos.

Após assinar o Tratado de Ganímedes que colocava a expansão antártica nos trilhos, os participantes assinaram o tratado de prospecção dos asteroides, que permitia ocupá-los pelo direito de colocar o pé primeiro.

Isto era fundamental para fechar o cerco aos piratas, reduzindo-lhes seu espaço vital. Com respeito aos Asteroides Troianos nada se fez, já que estavam habitados por hiperbóreos ou quase hiperbóreos, com o que formavam parte do conjunto Hiperbóreo.

Eram considerados feudos independentes. Estavam isolados pela distância. De tanto em tanto apareciam nas luas para comerciar, apesar de às vezes sofrerem ataques de piratas.

Assinados os tratados e a maioria dos problemas burocráticos resolvidos, Aldo resolveu tratar de outro assunto: os piratas dos asteroides.

–Sabemos que os piratas usam naves abastecidas à distância – disse Aldo.

–Nós também – disse Aclep Toz-533 – há um local não muito longe, onde um convertidor de energia cósmica transmite energia para as naves piratas. E muito difícil de achar com os meios de que dispomos.

–Não existe um detector de energia cósmica? – perguntou Aldo.

–Existe sim – interveio Pru Atol-7752; ainda ressentido com Aldo pelos dias de calabouço – mas vocês, seres, parecem ignorar que essa energia encontra-se em todo lugar, ocultando com sua presencia qualquer transmissor específico.

–Sou obrigado a concordar – replicou Aldo, constrangido – mas a energia dirigida deve ter uma freqüência diferente, que sem duvida pode ser detectada.

–Sim pode – interveio o líder hiperbóreo – nossos cientistas trabalham nisso.

–Ofereço-me para ajudar – disse o Dr. Valerión entusiasmado.

–Ajuda aceita – disse o governante – talvez possamos achar esse transmissor e destruí-lo de vez. Acreditamos que seja muito grande.

Resolvido esse problema, Aldo deu por terminada a reunião de cúpula:

–Tendo conseguido os nossos propósitos, e assinado o Tratado de Ganímedes, dou por terminadas as deliberações para deixar lugar às comissões permanentes que de agora em diante ocupar-se-ão de fazer cumprir nossos objetivos...

*******.

(...)

Aldo reuniu-se com Wilhelm von Stahl para convidá-lo ao seu casamento civil a bordo da Odín, e tratar de outro assunto que ainda lhe incomodava:

–Qual a sua linha de ação quanto à Terra, Excelência?

–Você se refere à Antártica?

–Não, ao resto do mundo, ao nefasto governo da nova ordem mundial, com o qual nós, antárticos, não compactuamos.

–Ah! Entendo.

Estavam de pé, frente à janela de observação do restaurante panorâmico da Odín, esperando o jantar.

Por trás do grosso alumínio transparente, as estrelas estavam frias e imperturbáveis, ignorando olimpicamente esses pequenos seres que se diziam líderes.

Wilhelm von Stahl, suspirou, sem deixar de olhar para afora. Seus olhos azuis refletiam as constelações situadas dez graus acima de Júpiter. Por fim disse:

–Senhor capitão, eu tenho uma gravação da sua conversa em Ganímedes com meu piloto, o Barão von Ritcher-Braun.

–Não me surpreende. O que falamos não foi confidencial, toda a base escutou nossa conversa pelo rádio dos capacetes.

–Sim – sorriu o Líder – Perde-se a intimidade, quando se veste roupa espacial.

–Então sabe que o Barão me deu uma explicação lógica sobre a política do seu mundo; as duas tendências. Gostaria de saber se o senhor pertence à velha guarda.

–Claro que pertenço.

–Suspeitava isso. O senhor não nasceu nas luas, me engano?

–Não. Sou marciano, nasci há 68 anos em Germânia II, no Magta Haunebu.

–Eu vi a base, estive dentro dela. Vi a enfermaria e a cama de partos.

–Ah! Você esteve lá... – os olhos do hiperbóreo iluminaram-se – o que você viu foi o local exato onde eu nasci. Tem sorte, eu nunca mais fui lá.

–Quantos nasceram lá?

–Apenas eu. Não deu tempo para nascerem mais. Os milkaros nos trouxeram em seguida. Os outros nasceram em Europa, em nossa primeira base; Germânia III.

–Ainda há gente do grupo original?

–Meus pais ainda estão vivos. O ambiente aqui é propício à longevidade. Há pessoas em Hiperbórea com mais de 100 anos...

–Que imagino sejam os que desejam a desforra...

–Sim. E agora que sabe que sou da velha guarda, capitão, seja original e me pergunte coisa melhor do que perguntou ao Barão.

–Não vou perguntar, Excelência. Vou lhe convidar para atacar esse governo mundial com tudo o que temos. Agora podemos...

–Vou lhe responder a mesma coisa que o Barão lhe respondeu na ocasião: seria fácil acabar com nossos inimigos, mas isso implicaria em mortes de inocentes escravos dessa gente perversa. Podemos ganhar sozinhos, mas seria uma amarga vitória, como o Barão lhe disse. Depois de destruirmos os nossos inimigos, as pessoas, alienadas por décadas de propaganda e calunias, dirão que somos maus, e não vão querer colaborar conosco. E o pior é que vocês, antárticos, também serão combatidos pela gente comum. Eles dirão que vocês tiraram a máscara de santinhos. Se vocês desejarem voltar e atacar; vamos dar cobertura. Posso dar suprimentos e até homens e armas. Talvez algumas naves de apoio, se precisar.

–Mas vocês não devem aparecer. Certo?

–Seria um caos. Fomos caluniados demais, após perder a guerra.

–O inimigo pode suspeitar, mas não provar. É só apagar a pintura das naves.

–Agora entendeu, Aldo. Planeje, mas não hoje.

–Será o primeiro em saber.

–Quais são seus planos imediatos?

–Digamos que um descanso.

–Entendo. Os últimos dias devem ter sido muito agitados, presumo.

–Hoje ainda será agitado.

–Mais reuniões?

–Estou envolvido em coisas mais agradáveis. Vou me casar hoje, a bordo da Odín, com a minha noiva, a engenheira Ingeborg Stefansson. Será as dez da noite, horário antártico. Está convidado.

–Isso é muito bom, obrigado. Adoro casamentos.

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Continua em: VOS DECLARO MARIDO E MULHER (já publicado)

F1-V2-C18-P139-141

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O conto A REUNIÃO DE CÚPULA, forma parte integrante da saga inédita Mundos Paralelos ® – Fase I - Volume 2, Capítulo 18, Páginas 139- 141; e cujo inicio pode ser encontrado no Blog Sarracênico - Ficção Científica e Relacionados, sarracena.blogspot.com O volume 1 da saga pode ser comprado em:

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Gabriel Solís
Enviado por Gabriel Solís em 05/03/2020
Código do texto: T6880989
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