Ideology
Não tinha certeza do que eram aqueles rabiscos no canto esquerdo, em cima. Se olhasse para o quadro ligeiramente de lado, pareceriam aviões, se olhasse de frente, poderiam ser mariposas. Pensando bem, pelo contexto da obra: uma plantação de trigo com um céu azul, deveriam ser mariposas. Ou talvez borboletas. Faria mais sentido; não haveria porquê haver aviões naquele cenário. Bem, tanto faz, Matheo Retchild achava aquele quadro horroroso, de todo jeito.
Comprou por dois motivos; Um era que aquele artista de rua, de cabelos caracóis dourados e cheios de caspa, estava atormentando-o demais, e esperava que ele parasse de abordá-lo, insistentemente, cada vez que saia à rua. O segundo é que o quadro lembrava-o de sua recém falecida mãe, talvez porque ela jamais permitiria um quadro de um artista desconhecido de rua ornamentando um escritório da empresa.
Um aviso anunciou que a reunião estava prestes a começar. Um estalo de dedos e um telão desceu do teto.
Iniciar transmissão ao vivo.
Logo apareceram diversos membros da alta cúpula governamental européia, separados por quadros, juntamente com o diretor da ala neurocientífica da empresa, localizada em Londres.
Boa tarde, senhores e senhoras. - disse Francine Thelier, direto do Palais de l'Élysée, Paris, mesma cidade em que Retchild encontrava-se. Ele, porém, do principal escritório da megacorporação New Order Technology (apenas uma de suas empresas, diga-se de passagem).
Boa tarde.
Pois bem - continuou Francine - Irei direto ao assunto. Apenas esta semana, identificamos três membros de ao menos duas células terroristas, que foram capazes de esquivarem-se do controle do governo sobre a comunicação e pensamentos.
Fotos de dois homens e uma mulher foram mostradas na tela. Uma daquelas fotos fez Retchild engolir em seco. Um homem de expressão fechada com uma longa barba ruiva, totalmente descuidada, e miúdos olhos azuis. Já tinha visto ele em algum lugar.
As fotos saem da tela. Francine estava com o rosto levemente virado, como se ouvindo algo no pequeno aparelho que levava em seu ouvido. Logo, voltou o olhar novamente para a câmera.
O conhece, sr. Retchild? - perguntou, surpresa.
Ela estava a par de seus pensamentos, graças a um chip fabricado por sua própria corporação.
Hum… Já o vi em algum lugar. - respondeu. - Mas não tenho certeza de onde. Pode ter sido em qualquer lugar. - em seguida, limpou a garganta. - Preferia que deixasse minha privacidade em paz, sim? Não esqueça-se de quem sou e do que eu e minha família já fizemos pelo governo.
Francine não respondeu. Mehmed, de Istambul, tomou a vez.
Voltemos ao que interessa, sim? Os terroristas…
Certo. - complementou Retchild, e questionou: - Conseguiram extrair algo deles?
Apenas da mulher. - respondeu Francine. - Ela entregou outro terrorista. Os outros dois tem se mostrado fortes na recusa em entregar seus companheiros.
Como trapacearam o chip? E como vocês descobriram?
Estamos averiguando como conseguiram. Descobrimos, como fazemos com todos os que conspiram contra o governo. - explicou Francine. - Como sabem, a maioria dos pensamentos são inofensivos, apenas exprimem alguma reclamação ou revolta. Apenas uma minoria representa uma ameaça, como iniciar planos de oposição e associar-se a outras pessoas. Geralmente, paramos a ameaça no início. Mas estes três estavam num estágio bastante avançado. Conseguiram ocultar por bastante tempo sua oposição ao governo, mas em algum momento falharam e acabaram pensando nisso claramente, de forma que nossos filtros detectaram a ameaça.
E é aí que entram vocês. - disse Mehmed. - Precisamos que façam um upgrade no sistema, para que isso não volte a acontecer.
Certo. - disse o diretor da ala científica. - Para isso, precisaremos saber mais sobre como trapacearam o chip.
Mandaremos a prisioneira para vocês estudarem. Ainda estamos trabalhando para extrair informações dos outros dois. - disse Francine. - Lembrem-se de mantê-la em segurança. A qualquer oportunidade, essas pessoas estão dispostas a suicidarem-se para proteger a célula terrorista. Teremos nova reunião dia 22 de novembro, para atualizações sobre o andamento dos processos. Até lá.
Despediram-se e a reunião terminou. A descoberta dos planos dos terroristas poderia acontecer a qualquer momento. Retchild não queria nem pensar nos métodos que usavam para extrair informações.
Lançou uma última olhada ao quadro pavoroso e saiu.
No caminho para casa, observava a cidade pela janela. Pessoas maltrapilhas usavam drogas à luz do dia, outras procuravam comida no lixo. Alguns faziam suas necessidades no meio da rua, sem o menor pudor. Crimes aconteciam a todo momento, desde furtos a tortura e estupros. Policiais serviam unicamente para prender conspiradores contrários ao governo. A cidade estava em cacos. Vidros quebrados, paredes pichadas, lixos espalhados pelas ruas, prédios queimados. O retrato da nova Paris era o de pobreza, sujeira e doença.
As pessoas, assim como em todo Ocidente, eram etnicamente distintas. Grande parte parecia ter raízes na África subsariana, outros na Índia ou no Médio Oriente, poucos eram brancos e uma minoria, oriental.
Pouco antes da implantação do chip, pequenos grupos fugiram para lugares inóspitos e longínquos, como a Antártida, e possivelmente estariam muito melhor lá agora.
O governo controlava tudo. A desigualdade era aterradora. Retchild, cujo tamanho total da fortuna ele próprio tinha receio em saber, já quisera fazer grandes doações mas o governo não permitiu. Tudo deveria ser distribuído igualmente e somente pelo governo. A maioria das pessoas não trabalhava e vivia de benefícios sociais. Conseguir um emprego era como ganhar na loteria, mesmo que nem todos quisessem isso. Os sortudos viviam um pouco melhor que a grande massa, em troca tinham preocupações escabrosas quanto à criminalidade. E ninguém podia se rebelar.
A situação era similar em todo Ocidente. Alguns países asiáticos, como Japão e Coréia, fecharam suas portas a qualquer empresa ou imigrante ocidental, por medo de terminar em desgraça. Viviam muito melhor lá. Retchild, assim como a cúpula do governo e todo o resto, era persona non grata nesses países, e sabia que pelo menos ele merecia isso. Não conseguia não se sentir culpado quando andava pelas ruas de Nova York, Montevidéu ou qualquer outra cidade. O cenário era sempre o mesmo, sem perspectiva de melhora, principalmente graças ao chip de controle da mente. Quem tinha coragem de ser rebelde, geralmente era detido e nunca mais aparecia.
Só os que viviam bem era o 1% mais rico e os altos membros do governo. O 1% mais rico foi quem bancou a revolução e era parceiro do governo, sendo os únicos com grandes posses e acesso a coisas que outros nem poderiam sonhar, desde coisas simples como a Bíblia - que foi proibida, com inúmeros livros, mesmo que isso fosse desnecessário, visto que o número de analfabetos aumentava gradualmente - a jogos de videogame de última geração. Havia um mercado exclusivo de ricos para ricos, onde a manutenção do conforto e lazer eram primordiais e a maioria do trabalho era realizado por máquinas, sendo necessário pouco capital humano.
Logo iria chegar ao seu condomínio de luxo, onde apenas sete famílias viviam numa área de 6km². Uma delas era a de Francine, cuja mansão ficava distante da de Retchild. Ele quase nunca a via, com exceção de encontros ao acaso no portão de entrada.
Localizado quadras antes, estava o mendigo loiro vendedor de quadros. Quando viu o carro de Retchild, acenou.
Pare o carro. - ordenou ao motorista.
Abriu a janela, deixando um odor podre invadir o veículo.
E então, senhor, gostou do quadro? - o jovem perguntou, deixando a mostra a podridão amarela e preta de uns dentes restantes.
Tens quantos mais para vender?
Hmm.. 86. - o rapaz respondeu prontamente.
Ótimo. Quero todos. Vou mandar alguns de presente para uns amigos e outros para decorar minhas filiais. - disse Retchild, sorrindo. - Mandarei um homem vir acertar contigo. Que horário ele pode vir?
As três e quinze da tarde. Quanto irás pagar?
21 dólares e onze cents cada.
“Um ato de caridade”, pensou. Fechou a janela e partiu.
Dias depois...
“Será que valerá a pena?”, “Será que dará certo?”, “Será que vão descobrir que eu plantei o trigo?”, essas perguntas não deixavam-no dormir. Ligou a TV para distrair-se e evitar pensamentos. Só havia um canal e nele só passava programação do governo. Naquela hora da manhã, repetiam o discurso do governante da região russa, Koloshov. Nele, ele falava um pouco sobre questões pertinentes como a luta por um mundo melhor e igual para todos, e como a revolução estava caminhando a passos largos para isso. Também criticava conceitos já quase abolidos pela população, tais como propriedade privada, fronteiras e moralidade. Uma pequena multidão gritava concordando enquanto agitava bandeirinhas com a foto de Koloshov.
“Quanta bosta.”, pensou Retchild, “e pensar que minha família ajudou a financiar isso”. Resolveu passar o tempo jogando vídeo game.
Amanheceu o dia 21 de novembro e Retchild levantou-se da cama dolorido. Não pregou o olho.
Como vão as entregas? - perguntou a um funcionário.
Chegarão como solicitado, sr. Todas ao mesmo tempo, às quinze horas.
Há garantias de que todos irão recebê-las?
Sim.
E quanto as ratoeiras?
Estão aqui.
Às três horas, um embrulho chegou ao Palais de l'Élysée, juntamente com um cartão.
“Por mais arte em nossa vida. Com amor. Retchild”. O nome do remetente fazia com que o embrulho passasse em qualquer lugar. Francine recebeu-o de má vontade.
Desembrulhou insatisfeita e só conseguiu dizer: “Que mau gosto”, antes de jogar o quadro de uma plantação de trigo no lixo. Pensou por um momento que Retchild poderia ficar decepcionado caso aparecesse e não visse o quadro pendurado. E não haveria porque decepcionar um bilionário.
Guarde essa coisa, e quando Retchild vier aqui, pendure-a em algum lugar, depois que ele for embora, tire. - disse a uma funcionária.
Diversos membros do governo e também as filiais da New Order Technology receberam o quadro no mesmo momento.
Quinze minutos depois, um som foi ouvido em diversas cidades do Ocidente, que havia sido agrupado sob um único governo. Um segundo depois, Francine, Mehmed, e outros membros da alta cúpula não existiam mais. Nesse mesmo segundo, as filiais responsáveis pela transmissão de dados dos chips estavam seriamente comprometidas. Nesse mesmo segundo, a transmissão de um pequeno cogumelo de fumaça começou a ser transmitida ao 1% mais rico, que por não governarem diretamente não receberam nenhum embrulho, mas estavam de sobreaviso. Nesse mesmo segundo, todos os cidadãos eram livres para pensar o que quisessem, incluindo Retchild, que passou os últimos dois anos tomando cuidado com o que pensava e utilizando palavras com significados diferentes dos que estava exprimindo, e, com extrema dificuldade, manteve contato com um grupo oposicionista cujos membros estavam espalhados em cidades-chave, cada um com um trabalho e todos tomando os mesmos cuidados.
Mas a luta havia apenas começado. O governo contava com inúmeros militantes e idólatras de seus líderes, que literalmente tratavam governantes como Koloshov e Francine como deuses e tinham na ideologia do ex-governo uma religião.
Retchild agora dispunha de muitas armas, e não precisava mais referir-se a elas como “ratoeiras”. As três e quarenta e cinco da tarde, um grupo de pessoas chegou no portão de entrada do condomínio. Retchild ordenou que abrissem.
Recebeu na sala de estar a figura de um rapaz sujo, com cabelos caracóis dourados que costumava vender quadros perto dali, juntamente com dezenas de outras pessoas, muitas também em mau estado.
Olá… - disse o rapaz, meio encabulado. - Então?
A princípio, parece ter funcionado, apesar de não ter como obter muitas notícias. Talvez tenhamos que esperar uns dias para saber mais. - respondeu Retchild. - Se me permite uma curiosidade, qual seu nome?
Nunca teve a oportunidade de saber o nome do rapaz, pois nunca tiveram uma conversa direta. Era sempre por meio de códigos e charadas, em encontros falseados.
Jó. - respondeu o outro.
Muito bem, Jó. Agora é hora de preparar-mo-nos. Tenho algumas armas aqui, outras, enviei aos endereços que o ruivo passou-me. Ah, ele foi preso, sabia?
Suspeitei. Ele sumiu. Bem - disse Jó aos outros membros do grupo - ainda não é hora de aproveitarmos nossa liberdade. Precisamos lutar para tê-la definitivamente. Temos de tomar o Ocidente inteiro, cidade por cidade.
Certo. Comecemos pelas prisões. - disse Omar, um dos funcionários de Retchild que ajudou com as “ratoeiras”. - A maioria está abandonada, temos de ativá-las para prender os governistas. E soltar todos os presos políticos que encontrarmos.
Se é que encontraremos algum.
Ou será melhor matar os trastes? - repensou Omar.
Alguns morrerão, inevitavelmente. Mas matar a todos? Não seria muito radical? - questionou Jó.
Vocês conhecem-os. A única coisa que sabem fazer é destruir e puxar-nos para baixo. Qualquer coisa que construirmos tentarão destruir, qualquer coisa que nos faça avançar, eles tentarão impedir.
Bem, acho que a princípio, devemos apenas prendê-los, e cuidar para que não nos atrapalhem. - disse Jó, e comentou: - Nossa, ainda estou estranhando articular as coisas livremente. Certamente é muito mais rápido que comunicação por códigos.
E quando re-construirmos nossa civilização, você irá fazer uma visita a algo chamado “dentista” - riu-se Retchild.
Dentista? O que é isso?
Por enquanto, algo que está apenas nos livros. Mas quando nossas Universidades forem restauradas, isso voltará a existir. Juntamente com as Igrejas, comércios, entre outras coisas. Vocês tem muito o que aprender. - e pediu: - Traga as armas, Omar.
Nesse momento, uma solicitação de vídeo transferência interrompeu a reunião. Retchild aceitou. Era Virgílio, outro bilionário.
Eu não posso acreditar, Matteo. - ele começou dizendo - O que fizeste? Estás louco da cabeça?
Não. - respondeu Retchild, um tanto apreensivo.
Recebi seu infame videozinho. Ameaça?
Não, apenas um aviso. Nós não aceitaremos mais nenhuma opressão de nenhum governo.
“Nós” quem? Você e essa meia dúzia de mendigos?
Antes que Retchild respondesse, Virgílio cortou a imagem para uma de suas fábricas. Nela, apareciam cinco pessoas ajoelhadas, com armas apontadas para suas cabeças. Virgílio continuou:
Então conseguiste contrabandear algumas de minhas armas para si, não é? Pois bem, descobri os ladrõezinhos que decidiram entrar em seu devaneio fantasioso.
O coração de Retchild disparou. As armas que havia conseguido eram da empresa de Virgílio, que abasteciam o ex-governo. E só conseguiu as armas graças a esses aliados que estava conhecendo agora em uma péssima situação.
Seus amiguinhos terroristas aqui tem apenas uma chance de viver. E você sabe qual é. Desista desse devaneio.
O grupo entreolhou-se. Jó foi o primeiro a falar:
Todos que entraram no esquema estavam cientes dos riscos. Sabiam que a morte era uma possibilidade quase certa. Conseguimos um grande avanço, não podemos recuar agora.
O que tens a ganhar com isso, Retchild? Vivíamos tão bem. Porque queres destruir tudo? - perguntou Virgílio, ignorando Jó. - Pense bem, amigo. Não precisamos disso!
Retchild demorou-se a falar, refletindo.
E o que ganhamos com essa gente vivendo pior do que na Idade da Pedra? Porque és tão egoísta? Além do mais, tolhiam nossa liberdade também. Não estávamos livres do controle mental.
Isso não era problema pra mim, e o resto não é problema meu.
Lágrimas escorriam dos rostos dos prisioneiros.
Você não precisa matá-los. - pediu.
Pelo visto, não vais mudar de ideia. O sangue está em suas mãos, Matteo. - em seguida, ordenou aos capangas: - Mate-os.
Espera!
O quê? A única forma de eles viverem, é você desistir dessa pataquada e entregar-se. E outra, não tens nenhuma empresa no ramo bélico. Eu sim. O que contrabandeou de mim não representa nem 5% do meu arsenal.
O que isso significa? Que pretendes tentar me impedir de restaurar a ordem e o desenvolvimento?
Dessa vez, foi Virgílio quem demorou-se a responder.
Fale a verdade, amigo. O que queres é ser o imperador do mundo, não é? Por isso exterminou as autoridades: para roubar o lugar delas! Se for isso, eu entendo e até entro no jogo. Podemos dominar o mundo, eu e você!
Nada disso. Realmente quero mudar o mundo, quero liberdade.
Então prepare-se para entrar na terceira guerra mundial, amigo. Achas que o povo está do seu lado? Tolinho! Tens suas marionetes, - Retchild interrompeu-o dizendo que os oposicionistas não são suas marionetes. - e eu logo terei as minhas. Usarei os apoiadores do governo como bonecos descerebrados que são para destruir a você e sua trupe criminosa. Queres mudar o mundo sem conhecer a humanidade? Eles não querem mudanças nem melhorias! Pare de ser idiota! Lutaram muito para conseguir implantar essa merda na qual vivem!
Em parte, é verdade. Mas há muitos que não concordam e que querem liberdade. Não via-nos porque não podíamos aparecer, mas agora com o fim do controle e do governo, viremos a tona com tudo.
Pois, desejo sorte. Sabe, talvez tenhas feito um bem. Talvez eu me torne o imperador do Ocidente, depois de destruir vocês. E saiba que o povo irá me apoiar enquanto come restos de comida no lixo. Vocês que estão aí, com Retchild, vejam o que acontecerá com vocês se não mudarem de lado!
As imagens dos prisioneiros sendo abatidos e caindo mortos no chão foi transmitida, e a sessão de vídeo encerrou-se. Retchild levou as mãos a cabeça.
Precisamos de mais aliados. Aliados poderosos. - disse, por fim. - Entrarei em contato com os outros ricos e tentarei trazê-los para nosso lado. Sei que Virgílio fará o mesmo. E vocês, arrumem aliados dentre as pessoas comuns. Temos de ser rápidos. O sangue dos governantes e dos nossos aliados foram só as primeiras gotas derramadas de uma guerra sangrenta!
Certo. Agora não é hora de desistir. Vamos lutar, irmãos e irmãs, pela liberdade, pelo nosso futuro e por nós! - finalizou Jó.