O Século XXV e a Tecnologia Cerebral

Em uma clínica especial, situada dentro do maior Sistema Prisional do Hemisfério Sul, um perigoso detento está sendo encaminhado para um setor onde deverá ser submetido a uma delicadíssima intervenção cirúrgica em seu cérebro, quando deverá receber o implante de um moderníssimo e fantástico 'chip' que simplesmente vai substituir o seu pobre e contaminado cerebelo.

Esse detento era um dos mais procurados terroristas; quase que uma espécie de 'inimigo público número um', já que existiam vários países do mundo à sua procura, devido aos vários atentados por ele perpetrados, e também realizados, que causaram centenas de mortes.

Esse tipo de procedimento cirúrgico começou a ser utilizado mundialmente a partir de meados do Século XXV, portanto já há quase meio século, principalmente nos presidios de segurança máxima daqueles países onde a pena de morte ainda era o maior castigo que o apenado podia receber pelos hediondos crimes cometidos e que, com o advento da chamada 'Anistia Plena' que começou no início daquele século e que hoje, graças aos avanços da tecnologia, já se tornou totalmente obsoleto esse ato arcaico de 'castigar' com a morte alguém que tenha cometido algum ato de muita gravidade, já que se chegou à óbvia conclusão de que a morte para o autor desse crime seria na verdade um prêmio, porque ele não sofreria nada mais após a perda da sua própria vida.

Interessante como é que os nossos antigos ancestrais nunca tenham pensado dessa maneira.

Hoje, em pleno ano de 2412, fica difícil para nós imaginarmos que antigamente, isso nos tempos dos nossos antepassados, pudesse existir um lugar onde os autores de crimes graves ficavam aprisionados por longos anos ou tinham a sua vida ceifada para pagar pelos crimes cometidos. Todos nós sabemos que o melhor que se tem a fazer nesses casos é justamente o contrário; proporcionar-lhes uma longa e saudável vida, reprogramando os seus cérebros, tornando-os assim aptos e capazes de realizar específicamente e com precisão toda a missão, por mais difícil ou perigosa para o qual for programado, reparando assim com total e peremptória dedicação e que é melhor; sem nenhum ônus para o contribuinte do Tesouro Nacional, todo o mal comprovadamente causado ao seu semelhante.

É totalmente inimaginável nos dias de hoje, pensar em como deveria ser um daqueles chamados 'presídios', onde centenas ou mesmo milhares de seres humanos ficavam lá encarcerados, enjaulados como animais, com o único intento de permanecerem vivos o suficiente para completar o tempo do seu 'castigo' e serem novamente postos em liberdade, corrrendo o risco de se tornarem ainda piores ao sairem de lá, do que quando para lá foram enviados, já que a revolta pelo tempo de vida perdido, privados da liberdade, fatalmente os levaria a isso... As autoridades podiam até não perceber, mas na verdade elas não estavam nem corrigindo, nem recuperando ninguém, como costumavam dizer naquela época, porque na realidade elas estavam era criando verdadeiros monstros para mais tarde se vingarem da sociedade...