Thena, O Cemitério Intergaláctico

A cidade de Thena era um aglomerado de metal retorcido, vidros por toda parte e construções monstruosas que perfuravam o céu. Kale estava ali por muito tempo. Sua nave quebrou no meio da viagem. X-Wing, a famosa nave que derrotara um exército inteiro de Dracos no norte da Via Expressa 221. Eram assassinos a sangue frio que comiam corpos de crianças e abriam enormes poços para os restos. Raça imunda. Ele conhecia Thena, a cidade que engolia tudo que se aproximava. Como um vasto cemitério intergaláctico, corpos jaziam no chão, naves enferrujadas, destroços do que já foi uma frota inteira de soldados. Todos mortos. Esquecidos. Kale não teve escolha se não parar ali para reparos, não foi puxado como um imã para ali e nem estava morto instantaneamente. Ainda.

Ele caminhou pela terra escura feito carvão. Precisava retirar peças de outra nave compatível com a sua. Parou e se ajoelhou na traseira da primeira em seu caminho. Era de um vermelho sangue e estava completamente abandonada, Kale abriu o painel com sua chave mecânica e encarou o visor. Aparecia a data de último uso, o nível de óleo, o menu de instruções e os saltos máximos por segundo. Achou o local onde estava a peça e arrancou com fios e tudo. Agora faltava pouco para escurecer. Os dois sóis estavam se pondo, ele tinha uma certeza: não iria esperar para ver o que acontecia ali quando escurecia.

Um barulho parecido com um ruído de metal batendo em metal surgiu no fundo do maior prédio. Kale correu para a sua nave e fechou as portas com força. Merda. Ele conectou os fios no seu painel e olhou pela câmera traseira. Nada. Apenas escuridão. Sua respiração estava ofegante, saindo fumaça da boca aos poucos. Um arranhar agudo começou do lado esquerdo e ele olhou com os olhos arregalados, depois outro arranhar e outro. Estavam brincando com ele. O que era aquilo? Ele iniciou a partida assim que carregou 1000% da bateria. Precisa sair dali rápido. Começou a levantar vôo. A nave chacoalhou no ar e começava a descer sem a sua vontade. Não! Ele então caiu num baque alto no chão e faíscas saíram por todo lado. Criaturas cinzas com enormes dentes afiados gorgalejando um icor preto explodiram dentro da nave. Estavam em grupo de 4. Ele sacou seu laser e começou a atirar sem dó. Nenhum arranhão. Uma das criaturas se aproximou silenciosamente com seu corpo de metal e gosmas que fediam a lixões. Sua língua brotou cheia de mini facas quentes. Encostou em seu pescoço. Todo o corpo de Kale ficou rígido e o suor descia por sua espinha enquanto outro ia por trás dele. Estava bem no meio de Dracos. Não era possível. Um sussurro em sua mente cantarolou feito uma criança perdida. Nosso mestre.

Ale Marques
Enviado por Ale Marques em 17/09/2019
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