Contos do inverno nuclear - A máscara de Dana (Por Ana Carolina Machado)
Dana sempre usava sua máscara de gás mesmo quando estava na segurança do abrigo subterrâneo. Isso gerava a curiosidade das outras pessoas, mas ninguém tinha coragem de chegar para perguntar o porque disso. Alguns teorizavam que era porque ela tinha o rosto deformado, o que não era uma coisa muito incomum. Outros achavam que ela usava sempre o acessório por causa de algum tipo de paranóia.
Nesses tempos de incertezas paranóias se espalhavam como gripe e logo outras pessoas estavam usando as máscaras o tempo todo. Casamentos e outros eventos que eram realizados no abrigo tinham a maior parte dos envolvidos usando as famosas máscaras o que tornava tudo ainda mais estranho. Dana apenas observava. . Por baixo de sua máscara a garota sorria, pois sabia que quando mais pessoas usassem mais seguro o seu segredo estaria.
Dana tirava a máscara somente quando entrava no seu aposento privado. Lá tirava o acessório e se olhava no espelho. No sorriso refletido via o que tentava esconder dos seus amigos. Sabia que mesmo que se sentisse mais segura devido a outras pessoas usarem máscaras tinha noção que tinha que ter cuidado, pois um segredo sempre exige máxima atenção.
O tempo passou e logo chegou o tempo de terem que sair do abrigo para buscar recursos. Dana se ofereceu para ir junto. Mesmo que todos desconfiassem do porque dela sempre usar máscara confiavam muito nela. E realmente tinha razão de confiar. A menina gostava muito daquelas pessoas e seria somente por elas que a garota arriscaria o seu segredo.
Foi tirada de seus pensamentos por uma cena que viu logo a sua frente. O local que no passado tinha sido uma floresta estava repleto de restos de árvores sem folhas que eram cobertas por um tipo de espuma que nem neve. Apesar de ter uma aparência até mesmo bonita a garota sabia melhor do que ninguém que deveria se manter o mais longe possível daquela espuma que era nada mais nada menos que restos perigosos da guerra nuclear.
Seguiram seu caminho para uma área que não havia sido tão atingida, onde já se viam pequenas gramas crescendo no local. Elas carregavam o verde da esperança de que talvez um dia tudo voltasse a ser como era antes. Dana tocou suavemente nas delicadas plantas.
Um barulho tirou todos do silêncio em que estavam envolvidos. Eram tempos perigosos e toda atenção era necessária. Não sabiam o que poderiam encontrar do lado de fora e por isso tinham trazido facas caso precisassem se defender. Contavam-se histórias sobre mutantes que vagavam pelas antigas estradas. Ficaram todos atentos em posição defensiva. Depois de um tempo que pareceu uma eternidade eles viram um outro grupo de humanos se aproximando. Eles não tinham um ar muito amigável. O líder do grupo de Dana se colocou a frente, ia tentar trocar algumas palavras para evitar um possível confronto.
-Não queremos confusão, apenas viemos ver como estava o mundo aqui fora. Ver se tinha algum recurso limpo de contaminação.
-Também não queremos confusão.- disse o líder do outro grupo e foi possível notar um certo tom de deboche na voz dele- Apenas viemos fazer a mesma coisa. Que coincidência não é mesmo? Porque não seguem o caminho de vocês que nós seguimos o nosso? Sabemos que nessa nova época os recursos valem preço de ouro e que temos que ter cautela.
Após falar isso eles seguiram na direção oposta.
-Não confio neles.- disse Dana depois que eles estavam bem longe e não tinha a chance deles a ouvirem. A menina sentia que eles queriam confusão sim e que aquela história não tinha terminado ali. Sentiu um tom de ameaça na última frase deles. Ficaria com os seus olhos e ouvidos bem abertos.
Encontraram algumas coisas e voltaram para o abrigo. Durante todo o caminho a garota teve a nítida sensação de que estavam sendo seguidos. Seus ouvidos eram um pouco mais sensível que das outras pessoas, por isso ouvia passos suaves os seguindo de longe. Mas esperava ter certeza para alertar seus amigos, não queria os assustar sem razão.
-Acho que estamos sendo seguidos. - alertou quando teve quase certeza de que era um grupo muito maior que eles.
-Não escuto nada. De qualquer forma estamos quase na entrada do abrigo.
Seguiram o caminho, quando faltavam somente alguns passos para a entrada foram atacados de surpresa por um grupo muito maior liderado pelo rapaz com quem tinham falado anteriormente. Logo a maioria do grupo de Dana tinha sido desarmada e estavam sob a mira de armas.
-Vocês vão nos levar até os recursos de vocês ou não vão gostar do que vai lhes acontecer, estou falando sério.- disse aproximando ainda mais o cano da arma.
Dana respirou fundo e começou a retirar a máscara. Seus amigos não faziam ideia do que ela estava pretendendo fazer, ainda mais em uma situação como aquela, mas sabiam que estavam totalmente sem opções para a garota ter resolvido fazer aquilo.
-O que você pensa que está fazendo?- perguntou o líder inimigo claramente irritado.- Bom que sem a máscara é mais fácil atirar nesse seu rostinho lindo.
E ele tinha razão, pois por baixo da máscara diferente do que pensavam estava um rosto muito bonito, porém havia algo de diferente na boca da menina. Quando ela exibiu um sorriso se notou a presença de presas muito afiadas que saiam de sua boca que assumiu ao ser aberta um tamanho maior que o normal e os olhos começaram a mudar também. Eles pareciam ter o poder de hipnose, pois bastou uma ordem :
-Larguem as armas.
O grupo obedeceu contra a vontade. Eles eram como marionetes que ela manipulava com cordas invisíveis. Nos rostos deles era possível ver desespero para não cumprirem as ordens. Lutavam contra, mas Dana era mais forte. Quando ela abriu e fechou os olhos eles voltaram ao normal, mas as armas já estavam de posse do seu povo. Apesar das presas quererem outra coisa deixou que eles fugissem.
O grupo inimigo saiu muito assustado e Dana depois da sua atitude heróica nunca mais usou máscara no abrigo subterrâneo. Sabia que seus amigos não a veriam mais como um monstro.
Nesses tempos de incertezas paranóias se espalhavam como gripe e logo outras pessoas estavam usando as máscaras o tempo todo. Casamentos e outros eventos que eram realizados no abrigo tinham a maior parte dos envolvidos usando as famosas máscaras o que tornava tudo ainda mais estranho. Dana apenas observava. . Por baixo de sua máscara a garota sorria, pois sabia que quando mais pessoas usassem mais seguro o seu segredo estaria.
Dana tirava a máscara somente quando entrava no seu aposento privado. Lá tirava o acessório e se olhava no espelho. No sorriso refletido via o que tentava esconder dos seus amigos. Sabia que mesmo que se sentisse mais segura devido a outras pessoas usarem máscaras tinha noção que tinha que ter cuidado, pois um segredo sempre exige máxima atenção.
O tempo passou e logo chegou o tempo de terem que sair do abrigo para buscar recursos. Dana se ofereceu para ir junto. Mesmo que todos desconfiassem do porque dela sempre usar máscara confiavam muito nela. E realmente tinha razão de confiar. A menina gostava muito daquelas pessoas e seria somente por elas que a garota arriscaria o seu segredo.
Foi tirada de seus pensamentos por uma cena que viu logo a sua frente. O local que no passado tinha sido uma floresta estava repleto de restos de árvores sem folhas que eram cobertas por um tipo de espuma que nem neve. Apesar de ter uma aparência até mesmo bonita a garota sabia melhor do que ninguém que deveria se manter o mais longe possível daquela espuma que era nada mais nada menos que restos perigosos da guerra nuclear.
Seguiram seu caminho para uma área que não havia sido tão atingida, onde já se viam pequenas gramas crescendo no local. Elas carregavam o verde da esperança de que talvez um dia tudo voltasse a ser como era antes. Dana tocou suavemente nas delicadas plantas.
Um barulho tirou todos do silêncio em que estavam envolvidos. Eram tempos perigosos e toda atenção era necessária. Não sabiam o que poderiam encontrar do lado de fora e por isso tinham trazido facas caso precisassem se defender. Contavam-se histórias sobre mutantes que vagavam pelas antigas estradas. Ficaram todos atentos em posição defensiva. Depois de um tempo que pareceu uma eternidade eles viram um outro grupo de humanos se aproximando. Eles não tinham um ar muito amigável. O líder do grupo de Dana se colocou a frente, ia tentar trocar algumas palavras para evitar um possível confronto.
-Não queremos confusão, apenas viemos ver como estava o mundo aqui fora. Ver se tinha algum recurso limpo de contaminação.
-Também não queremos confusão.- disse o líder do outro grupo e foi possível notar um certo tom de deboche na voz dele- Apenas viemos fazer a mesma coisa. Que coincidência não é mesmo? Porque não seguem o caminho de vocês que nós seguimos o nosso? Sabemos que nessa nova época os recursos valem preço de ouro e que temos que ter cautela.
Após falar isso eles seguiram na direção oposta.
-Não confio neles.- disse Dana depois que eles estavam bem longe e não tinha a chance deles a ouvirem. A menina sentia que eles queriam confusão sim e que aquela história não tinha terminado ali. Sentiu um tom de ameaça na última frase deles. Ficaria com os seus olhos e ouvidos bem abertos.
Encontraram algumas coisas e voltaram para o abrigo. Durante todo o caminho a garota teve a nítida sensação de que estavam sendo seguidos. Seus ouvidos eram um pouco mais sensível que das outras pessoas, por isso ouvia passos suaves os seguindo de longe. Mas esperava ter certeza para alertar seus amigos, não queria os assustar sem razão.
-Acho que estamos sendo seguidos. - alertou quando teve quase certeza de que era um grupo muito maior que eles.
-Não escuto nada. De qualquer forma estamos quase na entrada do abrigo.
Seguiram o caminho, quando faltavam somente alguns passos para a entrada foram atacados de surpresa por um grupo muito maior liderado pelo rapaz com quem tinham falado anteriormente. Logo a maioria do grupo de Dana tinha sido desarmada e estavam sob a mira de armas.
-Vocês vão nos levar até os recursos de vocês ou não vão gostar do que vai lhes acontecer, estou falando sério.- disse aproximando ainda mais o cano da arma.
Dana respirou fundo e começou a retirar a máscara. Seus amigos não faziam ideia do que ela estava pretendendo fazer, ainda mais em uma situação como aquela, mas sabiam que estavam totalmente sem opções para a garota ter resolvido fazer aquilo.
-O que você pensa que está fazendo?- perguntou o líder inimigo claramente irritado.- Bom que sem a máscara é mais fácil atirar nesse seu rostinho lindo.
E ele tinha razão, pois por baixo da máscara diferente do que pensavam estava um rosto muito bonito, porém havia algo de diferente na boca da menina. Quando ela exibiu um sorriso se notou a presença de presas muito afiadas que saiam de sua boca que assumiu ao ser aberta um tamanho maior que o normal e os olhos começaram a mudar também. Eles pareciam ter o poder de hipnose, pois bastou uma ordem :
-Larguem as armas.
O grupo obedeceu contra a vontade. Eles eram como marionetes que ela manipulava com cordas invisíveis. Nos rostos deles era possível ver desespero para não cumprirem as ordens. Lutavam contra, mas Dana era mais forte. Quando ela abriu e fechou os olhos eles voltaram ao normal, mas as armas já estavam de posse do seu povo. Apesar das presas quererem outra coisa deixou que eles fugissem.
O grupo inimigo saiu muito assustado e Dana depois da sua atitude heróica nunca mais usou máscara no abrigo subterrâneo. Sabia que seus amigos não a veriam mais como um monstro.