Vakna I
O cheiro da relva e da terra molhada lembravam seu avô carregando-o com o seu único braço. Sempre associava isso à chuva, seu avô insistia em carregá-lo, ainda que já tivesse doze ciclos. Era também uma oportunidade, seu avô era um gigante de quase três passos estendidos, ao longe se destacava com sua voz alta e sorriso cativante. O líder patriarca dos Kaikans. As nuvens estavam se desfazendo e ele foi cegado pela luz do sol...
- Senhor Peregrino, senhor Peregrino, pode me ouvir? Consegue me entender?
Aiah falava com sua voz monotônica.
Só então conseguiu fixar a visão. Aquela luz na sua cara lhe cegou temporariamente.
- Você pode me soltar?
- Ainda não, senhor Peregrino. Vamos conversar um pouco antes.
- E meus homens? Como estão? Eles também estavam comigo.
- O senhor se salvou da tempestade de detritos porque caiu numa abertura que era um acesso antigo de manutenção. Mas dois de seus companheiros foram resgatados. No entanto, ainda estão inconscientes, imersos nos tanques de regeneração. Apenas em alguns dias será possível falar com eles.
Tantas informações e sua mente ainda estava turva, como se estivesse acordando de um sono profundo.
- O que vocês fizeram com eles? Se algo acontecer a um de meus homens e você tiver algo a ver com isso, desmonto-a peça por peça...
- Interessante, Sr. Peregrino. Já percebeu que não sou humana. Mas se não tivéssemos achado ao Sr. e aos seus homens, não haveria esse diálogo.
O senhor esteve em situação letárgica por cinco dias. Mesmo imerso no tanque Vital e com aplicação de nano medicins, levaria dez dias para termos essa conversa.
Sua resistência é admirável.
Deixe-me apresentar, somos a externalização do sistema alternativo de monitoramento e controle. Conhecemos o Sr. desde sua infância. Nós o chamamos aqui.
Temos uma longa história para lhe contar...