O NATAL DE SÂO FRANCISCO. PARTE FINAL.

No castelo de Savurniano, Francisco pregava ao povo mas as andorinhas voavam e faziam muito barulho.

O santo interrompeu seu discurso ao povo.

-" Queridas irmãs andorinhas! Por favor, preciso pregar a palavra de Deus, a boa nova do evangelho. Peço-vos que fiquem quietas durante a pregação.

Desde já vos sou grato!!"

No mesmo instante elas se calaram e sentaram-se na amurada. O povo se admirou e muitos se converteram com o fato.

Noutra vez, indo pra Cannaio e Bevagno, com os irmãos Masseo e Angelo, o santo de Assis avistou algumas árvores com centenas de aves em suas copas. Ele se adiantou aos colegas de Ordem e gritou.

-" Amadas aves, criaturas lindas de Deus, quereis ouvir a palavra de Deus?"

As aves todas voaram alto e depois vieram aos pés de Francisco.

Ele pregou a elas durante horas. As aves meneavam as cabeças afirmativamente, concordando com ele.

Por fim, as abençoou.

Ao fazer o sinal da cruz, as aves voaram e formaram uma cruz no céu.

A Ordem crescera e Francisco decidiu fazer um Capítulo geral em Santa Maria dos Anjos. Cinco mil integrantes da Ordem vieram participar e ouvir o santo fundador.

Sem espaço na abadia, a maioria deles ficou na planície, sentados no chão de terra, em filas de setenta frades.

Dormiam ali mesmo, tendo pedras e troncos como travesseiros e as estrelas como luzeiros. Nada se ouvia além de pregações, hinos e louvores durante aqueles dias.

Um certo monge, líder de outra Ordem religiosa, passou por ali.

-" Esse Francisco é louco! Trazer todos esses pobres pra morrerem de fome nesse vale!! Que imbecilidade!!!"

Mal acabara de falar e viu gente saindo dos caminhos.

Eram cavaleiros, príncipes, barões, bispos, cardeais vindos de Assis, Fulinho, Spello, Perugia, Spolleto, Bolonha e outras localidades carregando água, vinho, frutas, alimentos, toalhas, cobertores para aquela santa congregação.

Todos eles eram atendidos e retribuíam com sorrisos. O monge caiu de joelhos pois jamais vira aquilo.

-" Perdoe-me, Deus Pai!! A providência divina está com esses santos!!! Quero que minha Ordem siga as regras de Francisco, um seguidor do Cristo e sua palavra!!! Nunca vi tanto amor ao evangelho!!!"

Em Agobio surgiu um lobo grande e feroz.

Ele matava pessoas e animais do campo. O povo estava com medo da fera. Andavam armados pela vila e tampouco se arriscavam a andar na mata.

Francisco passou pela cidade com seis irmãos da Ordem.

Falaram-lhe sobre o lobo temido.

-" Eu irei falar com o irmão lobo!!!"

Quiseram que desistisse de falar com a fera mas Francisco nem deu ouvidos e saiu da vila. O lobo veio ao seu encontro, rosnando. Estava faminto e bravo.

Francisco fez o sinal da cruz.

-" Meu irmão lobo. Porquê está matando pessoas??? Deus nenhum pouco se agrada ao ver tantas mortes aqui. Não tem licença pra matar as pessoas mesmo que estejas com fome!!!

Isso o faz digno de morte. O povo quer paz!!!!"

O lobo abaixou a cabeça e sentou-se perto de Francisco.

-" Eu lhe garanto a paz. Nenhuma pessoa vai lhe caçar, nenhum cachorro latirá e poderá entrar em paz na vila pra ser alimentado."

O lobo estendeu a sua pata e Francisco a pegou, selando a paz.

Ele voltou pra mata. Francisco comunicou o acordo ao povo de Agobio.

Duas horas depois, Francisco pregava na praça quando o lobo entrou na vila.

O animal olhou de lado a outro. O povo abriu um caminho para o lobo passar. Um garoto de doze anos abriu a porta de sua casa e, logo depois, saiu com uma vasilha com um pouco de alimento.

Francisco e seus amigos olhavam e sorriam. Vasilha no chão. O lobo comeu e saiu em paz. Aquela cena se repetiu por anos, até a morte natural do lobo.

Francisco pregava em Greccio, em dezembro. O povo dali perguntava ao santo detalhes da natividade de Jesus.

Francisco visitara a terra santa e tinha na mente os lugares que Jesus nascera.

Pediu ele permissão ao santo padre para fazer representações dos personagens da natividade, retratando-os em imagens sacras.

Assim, ele e seus companheiros da Ordem fizeram imagens em argila, em tamanho natural do menino Jesus, dos reis magos e dos pastores de Belém.

Era grande a alegria dos religiosos nesse trabalho. O povo entenderia melhor o natal. Era uma forma de evangelizar.

Uma gruta foi o local escolhido para a montagem do presépio de Francisco. Ele pediu que trouxessem animais de verdade pra comporem a cena.

Camponeses da cidade levaram galos, bois, burros e ovelhas. Uma senhora idosa levou uma manjedoura.

Crianças ajudaram a forrar o chão da gruta com feno.

-" Que todos os personagens se voltem para o centro, onde está o menino Jesus! Ele é o centro e fundamento de nossa vida!!"

Pediu Francisco.

Era a véspera do natal.

O povo da cidade veio para ver aquela novidade. A noite caiu.

Os monges com velas acesas. Francisco iniciou a leitura do evangelho de Lucas, sobre a natividade.

Falava como se tudo aquilo fosse presente, tamanha intimidade com a palavra.

Quando ele tomou a imagem do menino Jesus nos braços para depositar na manjedoura, a imagem se mexeu por um segundo e ficou reluzente.

Francisco sorria. O menino sorria a ele. Muitos se ajoelharam ao ver a cena.

A tradição do presépio se espalhou pela Europa.

Em 1224, Francisco viu o Cristo na cruz, a sua frente e recebeu os sagrados estigmas, sinais do sofrimento de Cristo crucificado. Fragilizado pelas viagens e longos jejuns, Francisco morreu em quatro de Outubro de 1226, com quarenta e quatro anos, serenamente, ao pôr do sol.

F I M.

marcos dias macedo
Enviado por marcos dias macedo em 13/12/2018
Reeditado em 16/12/2023
Código do texto: T6525621
Classificação de conteúdo: seguro