O NATAL DE SÃO FRANCISCO.

Ano de 1192, Úmbria, Itália.

O garoto Giovanni Bernardone brinca a beira do riacho de Assis, com se amigo, Benito. A mãe dele vem ao seu encontro.

-" Giggio!!! Pra casa, bambino. Teu pai logo chegará da Hungria. Está todo sujo."

O menino procura se limpar mas se suja mais.

-" Nossos bonecos de argila secarão ao sol."

Duas horas depois, o rico mercador chega em casa. Fizera uma longa viagem. Uma família rica de Assis. Os empregados o saúdam. Ele abraçou a esposa e colocou o filho de dez anos no colo.

-" Senti sua falta, meu pequeno francês. Parece um menino francês, Giovanni. Um francêsco. Eu o chamarei assim. Francêsco!!!"

A mulher se opôs.

-" Pedro Bernardone, o nome de nosso filho é Giovanni, não Francêsco!!"

Não teve jeito! Giovanni virou Francisco entre familiares e empregados da mansão. Ele cresceu e tomou parte nos negócios do pai, acompanhando este nas viagens a França, Alemanha, Hungria e Rússia.

O jovem era seguido por uma trupe de amigos leais. Entre eles, Bernardo de Quintavalle, Egídio, Pietro Cattani e mais oito jovens.

-" Se Francisco seguir para a universidade de Florença, o seguiremos!!!"

Disse Bernardo.

Os demais concordaram.

-" Aonde ele for, o seguiremos!!"

Disse Egídio.

-" Se eu decidir renunciar aos bens e herança, me seguiriam??? Alguns de vocês são de famílias mais ricas que a minha!!!"

Os amigos se entreolharam.

-" Certamente. Estaríamos seguindo-o e também o Cristo!!!"

Disse Bernardo.

Em 1206, com 24 anos, Francisco caiu gravemente enfermo. Preocupação para familiares e amigos. Bernardo fazia novenas e vigílias pela saúde do amigo.

Eles se revezavam pra velar o sono de Francisco, preocupados com ele. Assim foi por duas semanas.

Uma carta chegou de Verona. O primo do pai de Francisco, Otávio, estava morrendo e queria falar com ele ou com Francisco. Uma viagem longa.

Pedro estava preocupado com o filho. Não podia ir. Além do que, certamente não veria o outro vivo. Francisco delirava, febril. Suava frio. Acamado. Inspirava cuidados.

Ele se recuperou, enfim. A vida voltou ao normal. Duas semanas depois, Pedro e a esposa decidiram ir a Verona, após receberem uma carta informando da morte de Otávio.

Ele morrera há duas semanas. Pedro chegou em Verona e foi bem recebido. Os parentes relataram tudo, da doença a morte.

-" Ele se foi em paz. Francisco esteve aqui e o consolou. Ficaram conversando por horas antes que ele morresse. Francisco participou das exéquias e funeral. Foi um anjo em nosso meio!!!!"

Pedro olhou para a esposa. Admirados. Francisco estivera o tempo todo em Assis, doente na cama.

Como podia estar em Verona??? Falado com o primo??? Pedro soube ali que o filho era especial.

O casal guardou segredo sobre aquele fato. Em 1209, Francisco decidiu renunciar aos bens materiais e abraçou a fé.

Os amigos o seguiram e formaram a Ordem, da qual Francisco escreveu as regras baseadas na ordem de Cristo de vender os bens, dar aos pobres e segui-lo.

Ele e doze amigos, agora irmãos, saem pelas cidades pra evangelizar e atender aos pobres. Parentes, vizinhos e moradores de Assis chamam-os de loucos, tolos e imbecis. Vez ou outra são xingados e alvos de pedradas.

Eles passam dias em oração e jejum. Francisco e Bernardo conversam com Deus e com anjos e santos, frequentemente.

O número de milagres cresce assim como os seguidores. À eles se junta Clara e a Ordem das irmãs Clarissas.

Elas se reúnem no convento de Santa Maria dos Anjos, adotando as regras de Francisco. Anos depois, os primeiros missionários são enviados para a França, Alemanha e Marrocos.

Francisco passa os anos de 1219 e 1220 pregando na Palestina e Egito. Ele retorna e percorre a Itália num tempo de guerras, governos corruptos e uma igreja distante do povo.

Ele e seus irmãos passam dias em profunda contemplação e contato com Deus. Mentes conectadas com a realidade celeste. Conventos e mosteiros são erguidos obrigando Francisco a formar outra Ordem, dos frades Menores.

Certa vez, ele foi a cidade de São Jacó de Galizia com dez companheiros. Encontraram um enfermo com feridas na estrada. Francisco escolheu Bernardo pra ficar e cuidar do doente.

Dias depois, ao retornarem, reencontraram Bernardo e o homem perfeitamente curado. Um dia, Bernardo ia a um vilarejo e teria de atravessar um rio caudaloso.

Ele parou e procurava um lugar pra atravessar. Um rapaz surgiu a seu lado.

-" Eu vou passar!"

Bernardo não o reconheceu.

-" Mais abaixo o rio fica calmo!"

O rapaz lhe estendeu a mão.

-"Se tem fé, venha comigo!"

Bernardo a pegou e fechou os olhos, caminhando. Abriu os olhos e estava do outro lado. Os pés secos. O rapaz sumira.

Ele se ajoelhou e orou pois percebeu que estivera com um anjo de Deus! Francisco viajara a Peruggia. Viu uma ilha.

Chegava a quaresma. Ele pediu ao barqueiro.

- "Me leva para aquela ilha e retorne daqui em quarenta dias! Mantenha segredo!"

O barqueiro argumentou.

-" Nada existe na ilha, nem casa nem comida!"

Francisco sorriu.

-"Eu levo dois pãezinhos. Ficarei bem!"

Francisco passou quarenta dias em jejum e oração. O barqueiro retornou. O santo de Assis estava bem, aliviando o barqueiro.

-" Eu comi meio pão pois não sou digno de jejuar igual ao mestre Jesus!!"

Depois da morte de Francisco, o barqueiro falou sobre o fato.

Casas, castelos e um mosteiro foram construídos naquela ilha e foram muitos os milagres registrados pela intercessão do santo dos pobres.

Francisco, quando ia a Assis, pregava para as Clarissas mas nunca ceava com elas.

Isso intrigava Clara, que manifestou o anseio de cear com o amigo e mestre. Os frades disseram a Francisco.

Ele pediu que marcassem um dia.

-"Tenho de atender Clara!"

O irmão Sol iria, enfim, cear com a irmã Lua e com as irmãs

Clarissas.

O dia combinado chegou. Clara reuniu as companheiras em Santa Maria dos Anjos. Francisco subiu com vinte frades da Ordem. Todos se abraçaram e depois oraram frente ao altar da Virgem Maria.

Francisco quis cear sobre a terra.

Sentaram-se no chão em torno dos alimentos. Oraram agradecendo ao alimento. Aquele encontro provocou um arrebatamento coletivo, tamanha fé e santidade reunidas naquele local.

Eles primavam o alimento espiritual. um sinal em forma de cruz se formou, sozinho, sobre os pães.

Das cidades vizinhas o povo viu altas labaredas e uma luminosidade nunca vista. O prefeito de Assis ficou apavorado e convocou o povo pra pegarem baldes com água a fim de apagar o fogo.

Uma multidão, entre eles os pais de Francisco, chegou a igreja. Nenhum fogo. Nada de fumaça. Tudo em ordem.

Eles viram as freiras e os freis em volta dos alimentos, orando de olhos fechados.

-" Tinha fogo aqui mas era o fogo do Espírito Santo sobre esses santos e santas!!! Vamos embora!!!"

Pediu o prefeito. (CONTINUA....)

marcos dias macedo
Enviado por marcos dias macedo em 09/12/2018
Reeditado em 16/12/2023
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