LIMIAR DA HUMANIDADE - CAP - 08 - 09 - 10

CAPÍTULO 08

- Ops, cuidado, olha ali, um escorpião negro. – Clayton mostra ao amigo o perigoso animal.

- Tem olhos de lince hem cara.

- Prática, eu comecei a explorar cavernas a cerca de quatro anos, todo ano eu faço pelo menos duas ou três excursões com um grupo de espeólogos amadores. Com o tempo vai-se aprendendo. Isso é normal em cavernas, dar de cara com escorpiões e cobras.

Um calafrio percorre a espinha de Alisson, mas o mesmo solta um profundo suspiro e segue em frente.

- Olha lá Alisson. – Clayton aponta para determinadas rochas.

- O que tem ali?

- Não viu ainda? Fósseis cara, se são recentes ou antigos, isso só um cientista ia saber dizer. Estranho, pelas informações já deveríamos ter chego ao salão principal.

- Salão principal?

- É cara. Um espaço interno que existe nas cavernas. Alguns atingem centenas de metros de altura por igual largura. Aqui não deve chegar a mais de 20 metros por uns 10 ou quem sabe, mesmo 20 de largura. Deve ter algumas estalactites e outro tanto de estalagmite.

- Tá bom. – Alisson faz cara de quem não está entendendo nada.

Enfim eles encontram o salão principal da caverna. E as projeções de Clayton se concretizam.

- Cara desliga a lanterna.

- Ficou doido?

Claytton desliga a sua e incita o colega a fazer o mesmo. Relutante Alisson segue o exemplo do amigo. E para sua surpresa o ambiente emana uma suave luminescência. Muito diferente do negrume que ele esperava.

- Uau, que é isso?

- Bioluminescência. Alguns fungos e bactérias produzem uma, como vou chamar? Ah, sim, um tipo de luz própria. Igual a peixes e outros bichos que habitam as fossas submarinas. Isso ajuda a economizar pilhas e lanternas.

- Interessante. – Alisson segue na direção de uma estalagmite e para repentinamente.

- O Clayton, é certeza que não exploraram essa caverna?

Clayton estranha a pergunta, mas vai para perto do amigo.

- Claro, ao menos foi o que me disseram na pousada.

- Hum, olha isso aqui.

O que os olhos de Clayton identificam faz surgir algumas rugas de preocupação.

- Mas isso é....

- É Clayton, parece um interruptor.

- Isso quer dizer que eu ainda não fiquei maluco.

- Mas....

- Como isso veio parar aqui? Ah, o especialista é você.

- Não exagera Alisson. Sei lá como isso veio parar aqui. E repara, parece que esse interruptor já se encontra aí há muito tempo. Percebeu que há incrustações nele?

- Eu percebi sim....será que conseguimos mexer nesse treco?

Clayton pega um pequeno martelo e com alguma delicadeza bate nas incrustações. Pequenos pedaços de pedra se desprendem do interruptor.

- Pronto, eu acho que....

Não houve tempo para nenhum dos dois meninos mexer no interruptor. Um forte clarão surge como que do nada, Ambos sentem uma dor lancinante e desmaiam. O organismo humano demora para se acostumar com o processo de desmaterialização e rematerialização oriundos do processo de teletransporte.

CAPÍTULO 09

Alisson teve dificuldade para abrir os olhos. Uma luz intensa, tomando conta do ambiente. Fora isso a dor. Um tipo de dor de tal intensidade que ele gemeu durante alguns minutos. Repentinamente tudo ficou calmo. A luminosidade ficou aceitável, as dores que percorriam o corpo perderam parte da sua intensidade. Ele, enfim, conseguiu abrir os olhos e o que viu o deixou espantado. Diante dele um robô. Alisson, grande fã de filmes de Ficção Científica não teve a menor dúvida, o que tinha diante de si era um desses seres artificiais que protagonizam diversos filmes de FC.

- Descendente acordou. Preparar procedimento AG-250. – A voz metalizada emitida pelo autômato o assustou. Onde estava e, principalmente, o que tinha acontecido com ele e Clayton. Ele se lembrava do clarão súbito que tomou conta do salão da caverna que ele e seu colega exploravam. Depois a dor. Agora acordou ali e...peraí....aquele ser o chamou de “descendente”? Descendente do quê?

O braço do robô recolheu-se e em seu lugar apareceu uma seringa, o ser de lata encheu a mesma com um líquido vermelho e aproximou-se novamente para aplicar.

Alisson achou que aquilo já era demais. Bruscamente se levantou da cama na qual estava deitado e chutou a máquina. O robô que não era tão pesado se afastou um pouco.

- Descendente não concorda com aplicação do medicamento HMT-900?

Alisson não teve a paciência de responder, ele viu uma porta do outo lado da sala e sem dar atenção ao robô se dirigiu na direção da mesma. Abriu-a com violência. E mesmo não estando procurando encontrou o amigo Clayton, ainda gemendo com as dores e sob os cuidados de outra máquina.

Repentinamente uma voz suave se fez ouvir.

- Descendente, aqui IA-0950-A-2, peço que se acalme e se submeta do tratamento do robô médico seu organismo ainda não se recuperou totalmente dos procedimentos de teletransporte.

- Então aquele clarão e a dor que senti depois.

- Sim descendente, são reflexos do teletransporte.

- Onde estou?

- As perguntas serão respondidas no devido tempo. Por favor acompanhe o robô médico de volta a seu quarto. Ainda precisa repousar.

Alisson, em verdade teve ímpetos de sair correndo daquele lugar desconhecido, mas algo nele o impediu. A voz da IA, o zelo do robô médico e, principalmente, o fato de Clayton ainda estar sob os efeitos do teletransporte. Ele mesmo ainda estava sentindo dores pelo corpo, resolveu seguir o ser de metal. Achou que se lhe quisessem algum tipo de mal já teriam feito alguma coisa. Longe disso, estavam cuidando e tratando dele. Finalmente ele se sentiu seguro o suficiente para permitir que seu tratamento pudesse ser finalizado. Depois disso, ele tinha certeza haveria muito o ser explicado. E ele sempre foi um bom ouvinte.

CAPÍTULO 10

- Alfa 01 para base, o objeto está entrando no espaço aéreo de Israel. Convém avisar nossos “amigos”.

- Certo Alfa 01, volte para a base, estamos avisando os judeus de que vão receber visitas.

- Ótimo, há alguma notícia de Alfa 03 e Alfa 04?

- Alfa 03 sem contato, quanto a Alfa 04 ele conseguiu ejetar antes de ter o caça destruído.

- Menos ruim. Voltando à base.

Alguns quilômetros à frente a base aérea do estado judeu recebe um comunicado de uma base egípcia que os alerta a respeito de um UFO. O operador israelita escuta com desdém o aviso, mas logo muda de ideia ao detectar um objeto de médio porte voando em velocidade elevada por sobre o espaço aéreo de Israel. O sinal de alerta é acionada, a célebre frase:

- “Alerta vermelho, isso não é uma simulação....” é ouvida. Quatro caças se lançam ao ar, missão interceptar o estranho objeto. Se o mesmo ignorasse as ordens de descer na base judia, os pilotos tinham permissão para usar força letal.

A bordo do objeto que causa todo esse alvoroço o Nuu finalmente consegue tirar sua máscara. A face muda substancialmente. Onde antes havia a cabeça de um chacal, agora há uma face de pássaro. Um bico pequeno se destaca, olhos penetrantes, boca pequena. O ser mesmo assim ainda pode ser classificado como humanoide. A nave, mesmo após milênios enterrada na areia funciona a contendo. A pequena batalha que ele travou com os caças egípcios, quando abateu dois sem sofrer nenhum tipo de dano apenas comprova isso. Ele resolve ir para a lua daquele mundo, no banco de dados da nave há indicação de que em um passado remoto os seus antepassados construíram uma base naquele corpo celeste. O nuu percebe que novos adversários surgem. Um sorriso cruel, ele sabe que o armamento dos adversários é inútil contra o escudo de força que envolve sua nave. Além disso seu armamento é muito superior e não se deixa enganar pelas medidas preventivas que os pilotos eventualmente utilizam de modo a atrair a atenção de mísseis ar-ar, ou mesmo terra-ar. Nos céus do estado judeu uma pequena batalha é travada. Os pilotos judeus sacrificam suas vidas em vão. Os quatro caças são abatidos e a nave segue firme na direção do Líbano, ali a nave nuu começa a subir e logo saí da atração gravitacional da Terra, mais uma hora, uma hora e meia no máximo ele estará no lado oculto da Lua do planeta Terra. Ele sabe que naquela região há uma base de seu povo, construída há milênios, mas que pode estar funcional. Ao menos ele torce para isso. Se a base realmente estiver operacional ele vai fazer uso da mesma para contatar seu povo. Talvez o planeta azul do qual ele escapou há pouco seja o futuro de sua raça. Uma invasão é muito fácil, usando os recursos tecnológicos e bélicos que sua raça dispõe. Bom, ele vai contatar seu povo e os dirigentes vão resolver o problema...

Neste momento o nuu não sabe que a Terra começa uma nova fase de sua existência. Uma invasão não será assim tão fácil.....