LIMIAR DA HUMANIDADE - CAP - 05 - 06 - 07
CAPÍTULO 05
- Ufa, pensei que não vinha mais. – Alisson não esconde sua irritação com a demora do colega.
- Ué, tu vai fazer alguma coisa?
- Tá bom, abre o porta mala, me deixe colocar as tranqueiras aí dentro.
Clayton desce do pequeno KA 2016 e abre o porta mala, já cheio.
- Acho que não vai caber. Melhor colocar no banco traseiro.
Durante cerca de meia hora os dois colegas ficam arrumando as malas de Alisson. Findo o processo eles entram na residência e tomam um farto café da manhã. Clayton elogia a mãe de Alisson, em verdade grande cozinheira, pela magnificência dos quitutes preparados. Bolinhos de queijo, e uma deliciosa torta, regados por grande quantidade de café com leite. Os meninos se esbaldam. Dona Neusa, enche duas enormes tupperware sendo que a mesma faz questão que eles levem algo para beliscar durante a viagem. Enfim, com a barriga cheia, a despedida da mãe e o início do percurso de 380 Km, com previsão de ser efetuado em pouco menos de cinco horas entre Mogi das Cruzes e Iporanga tem início.
A viagem segue tranquila e sem problemas. Nossos personagens não sabem que o Destino, que podemos classificar como o mais cruel dos deuses, traça as suas linhas de forma abstrata.
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Cinco horas depois, o pequeno KA estaciona na praça principal da pequenina Iporanga.
- Chegamos cara, agora é procurar a pousada. – Clayton parece bem animado.
Alisson olha para a praça com certo desanimo, que não passa desapercebido pelo colega.
- Que foi Alisson?
- Sei lá cara, estou com um pressentimento. Sabe aquela coisa quando se sente que algo vai dar errado?
- Vai dar nada errado não cara, para com coisa. A gente veio aqui descansar e enquanto isso explorar umas cavernas. Não vejo a hora. – Sem dúvida Clayton está bem animado.
Alisson retribui o sorriso do colega, mas está visivelmente incomodado.
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Em uma órbita apertada ao redor da Terra circula um estranho satélite. Especialistas neste tipo de tecnologia logo perceberiam que o mesmo não é de origem terrestre. Independente de sua origem o objeto envia um sinal que é recebido por uma antena disfarçada na região de Iporanga – estado de São Paulo – Brasil – América do Sul. Não que para o receptor isso queira dizer algo, não diz.. O sinal é recepcionado por uma IA cuja origem também é de fora do planeta. Máquinas que há milhares de anos estão paradas ganham vida, uma programação ancestral é ativada. Medidas de defesa são tomadas, mas ninguém sabe que naquela região, perfazendo um total de 15 Km² há uma construção que data de milhares de anos atrás. Até então essa construção se manteve “desligada”, se é que podemos assim falar. Mas agora, algo, ou alguma coisa a despertou, o destino da Terra e de seus habitantes nunca mais será o mesmo após esse despertar.
CAPÍTULO 06
- Vamos acorda seu preguiçoso. Tá pensando que a vida é só dormir? – Um animado Clayton adentra o quarto de Alisson e chama o adormecido amigo.
- Como você entrou aqui? Que m....
- Não enche a paciência não cara, levanta, vai se arrumar, vamos comer alguma coisa. Eu levei um papo com um camarada aí que indicou uma trilha onde há algumas cavernas que foram exploradas muito superficialmente. É nessa que nós vamos....
- Tá bom, deixa eu tomar um banho aí, espera que daqui a pouco estou pronto.
- Tá bom Flash, vai lá que eu estou esperando no refeitório.
Alisson se dirige para o chuveiro, seu estado de espírito não é daquele jovem animado que comemorou o brilhantismo da defesa de Tese no bar alguns dias atrás. Não, ele não sabe direito o que está acontecendo, é como uma pressão constante na cabeça. Ele não sabe ao certo o que é. Desconfia que alguma coisa esta para acontecer, que após aquela viagem para Iporanga a sua vida e a de seu amigo vai mudar. De que forma, ou como, se vai mudar para melhor ou pior. Acontecimentos virão, Alisson tem essa certeza, é exatamente essa sensação que o torna taciturno e desconfiado.
Cerca de 40 minutos depois Alisson e Clayton seguem uma antiga trilha, indicada por um dos empregados da pousada. O pequeno KA segue resoluto, até um entroncamento onde não pode continuar. Os amigos pegam seu equipamento e seguem a trilha.
- O Moisés disse que depois do entroncamento devemos seguir aí uns dois, três quilômetros, até encontrar um riacho, segue beirando o riacho a o lado esquerdo e vai dar em uma pequena elevação, ali há uma caverna chamada de Caverna dos Aliens. Dizem que os primeiros exploradores se depararam com coisas muito estranhas ali.
- Coisas estranhas? Que tipo?
- Eu vou saber? O importante é que é uma caverna que foi pouco explorada, podemos ser os primeiros a descobrir artefatos, fósseis ou sei lá o que.
Alisson se cala perante o entusiasmo do colega e segue em frente. Clayton vai resoluto, sem saber o que lhe está reservado.
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- Detectado dois descendentes diretos dos construtores. Sinal enviado pelo satélite GHI-094. Expandir alcance dos sensores neurais para o máximo. Distância da base 2,1 km. Preparar teletransporte e salas médicas, tomar medidas para hipnotreinamento neural avançado. Dando início ao protocolo A-001, tornar base operacional, incluindo medidas defensivas. Entrar em contato com base lunar..., aguardando....aguardando....contato com base lunar não concluído. Acionar câmaras de vigilância....falha no sistema, falha no sistema....aguardar contato com descendentes, informar o ocorrido e aguardar instruções. Preparar material genético para implante. Previsão que descendentes ganhem cerca de 200 anos de vida se bem sucedido. Subprotocolo A-002-A implante somente poderá ser efetuado com a concordância dos descendentes. Procedimentos finalizados, aguardar contato.
CAPÍTULO 07
A pobre mulher tentou defender seu filho com toda força e coragem advinda do medo. Sem sucesso. Não só seu rebento teve a essência vital tomada pelo antigo deus, como ela mesma também foi vítima. Assim como todos da sua tribo. Anúbis, assim ele foi chamado no Antigo Egito, dizimou todos que encontrou. Sua necessidade de energia vital o fez extinguir aqueles nômades. Os corpos desidratados foram espalhados ao redor das tendas. Ele olhou com desdém para aqueles que lhe deram a vida. Com a fome ligeiramente saciada ele tem vontade de tirar a máscara que cobre sua verdadeira face, mas o planeta de onde se originou aquele ser tem uma atmosfera diferente. Ele respira oxigênio, assim como os humanos, mas existem diferenças químicas importantes. Sua máscara filtra elementos nocivos a sua saúde. Agora será preciso fazer alguns ajustes no computador pessoal de forma que ele possa encontrar a nave. Decerto ela está enterrada profundamente na areia, com perícia ele altera algumas configurações. Um sinal é emitido. Uma tela holográfica se forma e mostra uma imagem que tanto pode estar a poucos quilômetros, como pode estar há milhares deles. Um “bip, bip, bip” se faz ouvir. A tela mostra a areia do deserto se mexer, logo ela surge. Essa nave ficou inativa por milhares de anos, e agora atende ao sinal de seu mestre sem apresentar problemas. Em seu íntimo Anúbis sorri. Sua tecnologia ainda funciona, mesmo tendo estado adormecido por eras e mais eras.
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- Deixa ver...olha, é ali. – Com entusiasmo crescente Clayton mostra para o amigo a entrada da caverna.
Alisson olha com certa desconfiança para a abertura.
- Cara, tem certeza que é aqui?
- Olha meu, tudo bate com a indicação do cara da pousada. Ele foi bem preciso.
- Tá, é agora?
- Agora? Bom, primeiro vamos colocar a roupa certa, pegar os apetrechos, lanternas, muitas pilhas... e vamos lá. Pelo que sei essa caverna foi descoberta há cerca de 100 anos, e teve uma exploração bem superficial. Então seremos em verdade os primeiros a entrar e explorar ela como deve ser feito.
- Bom, se você diz.
- Larga de ser “c....” cara, Que “mer..”. É um homem ou um saco de batata?
Ah, já sei, é batata. Frita ou Assada?
- Vai, vai....tá bom, cadê minha roupa?
- Taqui belezura, espero que goste da cor, não tinha rosinha onde eu comprei.
- Que é isso rapaz, sou é macho....
- Sei, “machu-cado” isso sim...
A troca de insultos e a brincadeira acabam por distrair um pouco a mente de Alisson. Logo os dois estão prontos e equipados.
- Olha, até parece homem...- Clayton se diverte com a brincadeira
- Vai neguinha, vamos entrar logo nessa tranqueira.
- Arre...vamos lá, me siga, faça tudo que eu fizer ou lhe mandar fazer. Muito cuidado cara, isso é divertido, mas tem seu lado perigoso também. Pronto mesmo?
Um aceno de cabeça de Alisson e os amigos entram na caverna, rumo ao seu destino.