AMANDIO
CONTO:
AMANDIO
Roberto Carlos Cardozo
Jussara Orquídea Leal:
O casamento de Jussara Orquídea Leal com Germano Bitecourty, tinha se realizado. Os convidados assistiam o carro enfeitado com latas sendo puxadas em sua traseira, partir em disparada. Passados mais de 90 dias das núpcias, o casal tinha o primeiro arranca rabo. Jussara queria que sua mãe que viuvara, viesse passar alguns dias com ela.
- Querido! Vou trazer minha mãe para passar alguns dias conosco.
- Nem pensar, você sabe que não suporto a sua mãe!
- Mas meu bem! Ela é minha mãe e está sozinha naquele fim de mundo.
Se fosse por ela você ainda estaria lá. E seu irmão? Aquele marginal, porque ele não a leva para morar com ele?
Os ânimos se acerbaram e, no auge da discussão Germano perda o controle emocional e aplica um tapa no rosto de Jussara. Logo em seguida, toma consciência do ato praticado e corre a lhe prestar socorro, abre o refrigerador, retira duas formas de gelo, coloca-as sobre água corrente, retira os blocos de gelo, acondiciona-os em um saco plástico e aplica em seu olho. Jussara aos soluços diz:
- Nunca pensei que você fosse capaz de algo parecido, sempre ouvia histórias de agressão às mulheres, mas nunca imaginei que isso fosse acontecer comigo.
Germano arrependido diz que nunca mais faria tal coisa, que se descontrolara por um momento. Pede perdão de joelhos e diz que a ama muito. Jussara termina perdoando o agressor três dias depois, fazem amor e tudo é esquecido.
Esta história é conhecida! Um agressor é agressor. E, por mais que tente, não deixa de ser agressor. Germano agredia sempre sua esposa, para isso bastava que tivessem um desentendimento. Mas assim se passaram vários anos.
Otávio Orquídea Leal, era um menino saudável, muito esperto e muito solitário, desistira de brincar com sua irmã pois ela sempre chorava e ele apanhava do pai. Por isso costumava brincar com um amiguinho imaginário, que sempre levava a pior, mas não chorava, nem se queixava. Dizia que seu amiguinho era todo certinho, medroso e resignado. Enquanto ele era todo errado, destemido e não se conformava com o que tinha e como vivia. Quando sua mãe lhe servia sanduíches, ele sempre pedia um com bastante queijo e o outro sem queijo, dizia que seu amigo “A”, não gostava de queijo, só que sempre todos os sanduíches eram comidos, por ele. O gato morrera enforcado na cabeceira da cama. Todos imaginaram que fora um acidente, que o menino estava brincado com o gato e que este, com um laço no pescoço amarrado na travessa da cabeceira da cama, que teria o gato se desequilibrado e caído, acabas morrendo sufocado pelo laço Um dia ele sofreu um acidente, quando tinha apenas 10 anos, ficou internado em um hospital por vários meses, tendo nessa época se esquecido de seu amigo imaginário, nunca mais o mencionara. Aos 14 anos se mostrara, ser astuto, ambicioso e sem escrúpulos. Quando por acaso descobrira que seu pai costumava a pular a cerca. Foi taxativo.
- Pois é pai, eu vi tudo sem querer.
- Não vai contar para a sua mãe? Vai?
- Não, isto é, não vou se nós nos acertarmos.
E, assim, seu pai ficou refen de seus caprichos e desejos.
Aos dezoito anos, foi recrutado por um dos chefões do tráfico de drogas, por ser truculento e audacioso. Logo galgou posições de mando dentro da organização. Na verdade sua ambição era tamanha que o lugar almejado era o do próprio chefão. Mas antes teve de eliminar alguns obstáculos. O gerente do tráfico, seu chefe imediato, simulou uma apreensão que não ocorreu, lesando o chefão em quase um milhão de reais. Otávio Orquídea, dedurou o grupo, o gerente foi morto junto com os demais membros. Otávio começou a gerenciar o novo grupo formado. Passado dois anos na gerência do tráfico, Otávio, por ser um gerente de alta eficiência, foi fazer parte do grupo principal que controlava todo o tráfico da facção. Mais dois anos passaram. Otávio Orquídea conhecia todo o sistema da cúpula do tráfico. Era hora de matar o chefão e ficar com o seu lugar. Encomendou o assassinato, porém impôs uma condição que ele deveria estar a seu lado no momento do homicídio, que daria alguns tiros sem acertar o assassino que fugiria em um carro. Foi escolhido um restaurante, onde nas sextas-feiras o chefão costumava jantar. O executor ficaria em uma mesa ao lado, e já estaria lá ao chegarem. Dessa forma não causaria suspeita. Assim aconteceu. O atirador em certo momento, levantou sacou a arma e atirou na cabeça do chefão. Incontinente Otávio sacou a arma que tinha no coldre, quase que ao mesmo tempo atirou certeiramente no peito do atirador, vítima e assassino tombaram quase que simultaneamente. Assim, Otávio passou a dominar totalmente o tráfico.
Um dia Otávio tomou conhecimento das agressões à sua irmã, através de uma ocorrência policial, um dos vizinhos denunciara Germano no momento das agressões e o flagrante foi lavrado. Um policial corrupto, que estava na folha de pagamento de Otário Orquídea, levou ao seu conhecimento o caso de agressão. Otávio ficou possesso, mas mesmo assim deixou passar dois meses do caso. Mandou dois dos seus homens buscarem Germano para receber um conselho. Era duas horas da madrugada quando os homens chegaram com Germano Orquídea o estava esperando, e em quanto isso jogava cartas com seus homens.
- Aqui esta o homem patrão.
- Olá Germano! Quanto tempo não nos vemos! Seja bem vindo. Sabes porque te trouxe aqui meu chapa?
- Não, não imagino.
- Eu fiquei sabendo, não por ela, mas por um registro na delegacia de policia, que tu bates em mulher. Até ai tudo bem, mas acontece que esta mulher é a minha irmã. E, ai fica tudo mal. Até que a pobrezinha merece, pois fez eu apanhar muitas surras, quando eu era criança. Para começar, quero saber qual a mão que tu usas para bater na mulher. O melhor tu es destro ou sinistro?
- Sou destro.
- Tisão pega a mão direita dele e coloca em cima da mesa.
A mão é esticada sobre a mesa, e dois outros homens o agarram firmemente. Orquídea pega um pé de mesa e dá um golpe na mão de Germano esmagando-lhe os tarsos e metatarsos. O homem lança um urro de dor e desespero e logo, perde os sentidos.
- Este púlia é um fraco, não merece viver. Levem-no até a mina, dêem-lhe um tiro na nuca e desove o corpo no poço.
Amândio Tigmann.
Amândio era representante comercial, seu trabalho o levava a viajar duas vezes por mês, dessa forma, uma semana ficava em casa e a outra permanecia em viagem. Com um escritório de representação a mais de 8 anos, onde trabalhava sozinho. Quando conheceu Dalila Aguiar, sentiu que aquela era a companheira que queria para o resto da vida. Entre o namoro e o noivado decorreram seis meses, e eles, casaram. Isto é juntaram os trapos, foram viver maritalmente em uma modesta casa. Após alguns dias, Amândio reiniciara suas viagens pelo interior do estado para fazer vendas. Como não tinha carro e não sabia dirigir, sempre viajava de ônibus. Para cumprir os roteiros de vendas que duravam uma semana. No entanto Amândio permanecia em casa por também uma semana. Trabalhando no escritório. Quando retornava de viagens, Dalila lhe perguntava como tinha sido a viagem e se tinha vendido bastante? Respondia sempre, que tudo ocorrera dentro do programado. E, encerrava o assunto.
- Certo dia, ele encerrara os serviços às 18 horas, a única coisa que se lembrava era de que tinha fechado o escritório, acionado o alarme eletrônico, passado pelo portão principal do prédio. Era perto das duas horas da madrugada, quando chegara em casa. E, por mais que se esforçasse não conseguia se lembrar o que ocorrera naquele espaço de tempo entre o serviço e a sua casa. Haviam se passado mais de 6 horas, em seu cérebro nada havia sido registrado.
Quando Dalila surpresa, lhe disse, que já havia telefonado para todos os conhecidos, e também para a delegacia de policia, a sua procura. Amândio olhara para o relógio que marcava 2:50, sacode a cabeça em sinal de reprovação, senta no sofá, coloca ambas as mãos no rosto com os cotovelos apoiados nos joelhos. E, assim permanece, enquanto sua mulher despeja um monte de interrogações.
- Chega, eu não consigo me lembrar onde estive! Droga! Cala a boca para que eu possa pensar.
Sua mulher calou, e se dirigiu para a cozinha, dizendo:
- Vou lhe preparar algo para comer.
Amândio, começa há reconstituir o dia, lembra-se de tudo até as 18 horas quando saiu pelo portão do edifício. O hiato continua. Lembrava na seqüência que estava chagando em casa, com sua mulher perguntando!
- Onde esteve até a essa hora?
Dois dias se passaram sem que conseguisse lembrar do que havia ocorrido das 18 as 2: horas do dia seguinte. Passados três dias, pela manhã, Amândio sai de casa as 6:30 horas e se dirige ao trabalho, adentra no edifício, onde tem o escritório. E da bom dia a todos que encontrava, todos lhe dizem boa tarde. Ele olha para o relógio na parede, e logo confere com o seu relógio pulseira, ambos marcavam 15 horas. Adentra em seu gabinete, está atônito, senta em sua cadeira e fica pensando:
- O diabo é que não tenho uma explicação. É aconselhável procurar um médico. Vou fazê-lo hoje mesmo.
Amândio estupefato, sentou junto a sua escrivaninha, colocou a mão direita sobre a testa e começou a reconstituir os dois períodos de ausência. Nada, nada. Pega o paletó que deixara no cabide e sai, dizendo ao recepcionista do prédio que iria ao médico.
O médico era seu velho conhecido. Sem maiores rodeios foi direto ao assunto, narrando às duas ausências, as quais denominou de ausência de consciência. O clinico requisitou diversos exames, incluindo uma tomografia computadorizada do cérebro, para ver se não havia algum tumor que pudesse estar causando a falta de consciência.
No domingo pela manhã, Amândio como fazia sempre, fora buscar o jornal, saíra de casa às 9:00 e foi à única coisa que se lembrava até terça feira às 22 horas quando chegou em casa. Havia estado ausente do serviço por dois dias consecutivos, isso poderia até levá-lo a perda do controle da situação. Amândio ficou em pânico. Teria de recorrer a uma medida extrema, a qual já havia pensado. Pega o jornal e começa a procurar os classificados, lá estava o anuncio que procurava.
HERCULAN DECROIS – O Detetive.
Especialista em desaparecidos.
Investigações de adultério.
Informações confidenciais.
Telefone 011.525.3333
“Herculan Decrois investigador particular.”
Herculan Decrois. Holandês, radicado no Brasil desde a adolescência, pois seu pai era cônsul da Holanda. Sua infância passara no Uruguai e na Argentina, o que lhe atribuiu um sotaque da língua espanhola. O grande detetive, pois tinha um metro e noventa e oito, seu pé calçava o nº. 54, por isso tinha de mandar fabricar seus calçados sob medida. Suas faces rosadas, com ausência de barba, mais parecendo à face de um bebe. Nariz aquilino fazendo uma leve curvatura como o bico de um falcão. Seus olhos cinza claro eram sempre escondidos por um óculo espelhado. Pelo seu grande tamanho caminhava arqueado. Nem gordo nem magro, com uma barriga de abundante dimensão dado ao hábito de tomar cervejas.
Com escritório escondido no fundo de uma barbearia, que era sempre atravessada pêlos seus clientes, que não raras vezes ficavam fregueses para o corte de cabelo e barba. Herculan dizia que o local era estratégico, pois seus clientes não tinham de se cuidar ao procurá-lo, pois poderiam apenas estar freqüentando uma simples barbearia, em fim, não causava suspeitas.
Seu habito de vestir era o mais normal possível, calça e camisa esporte e um casaco. Dizia que era para não causar suspeitas.
Os exames ficaram prontos e o resultado fora de que não havia qualquer agravo físico. Amândio resolve procurar o detetive.
- Pois bem, Sr. Amândio! Se, entendi bem, o Sr. quer que eu o siga furtivamente até descobrir o que faz quando tem lapsos de memória. É isso?
- Sim, sim, Sr. Herculan, quero um relato completo, incluindo fotos de tudo o que o Sr. achar que seja interessante.
- Cobrarei uma diária de R$ 100,00, mais despesas.
- Fechado. Começará amanhã às 6:30 horas. Há um detalhe importante. Eu costumo viajar durante uma semana e na seguinte fico em casa, isto é trabalhando em meu escritório. Nas semanas que eu estiver viajando não será necessário me seguir, pois será perda de tempo, pois tenho um roteiro de negócios. O seu contrato vale apenas para o período em que eu ficar em casa. Sempre que eu for viajar eu lhe avisarei com antecedência.
Passara a terça, primeiro dia do investigador. Na quarta, às 12 horas Amândio sai para o almoço, como fazia diariamente, atravessava a rua e se dirigia a cantina do Sr. Ramon. Almoça e após dirige-se ao banheiro. O pesado e robusto detetive, o acompanha com olhos atentos de investigador experiente. Já estava na terceira cerveja. Pela porta do banheiro saíra e entrara diversas pessoas, mas Amândio não. Com a bexiga cheia de tanta cerveja, o pé grande, resolve desaguar e ver o que acontecera com o seu cliente. Adentra no banheiro, alivia a bexiga e começa a examinar cubículo por cubículo, nada todos estavam completamente vazios. Conclui que fora enganado.
Herculan, retorna e pede permissão para o Sr. Ramão para fotografar a porta de entrada do banheiro e seu interior.
- Mire Senhor, se não for abusar de sua paciência, gostaria mucho de examinar minimamente os seus sanitários e, se permitir, até mesmo fotografá-los. Estou trabajando para um arquiteto, que esta aciendo para uno colega seu, que também tem um restaurante e que o quer reformar, ele quer explicar o seu projeto comparado-o com o da sua cantina.
Ramão assentiu movendo a cabeça em sinal positivo. Após tirar diversas fotos, com uma câmara digital, o grande detetive, coloca seus óculos reflexivos, atravessa a rua e, usando o telefone celular, ligas para o escritório de Amândio. Ninguém atende o telefone, liga para aportaria do edifício.
- Alô, por favor senhorita, eu apenas quero saber ser o Sr. Amândio já retornou do almoço?
- Um momento, por favor, vou verificar com os colegas.
- O Sr. Amândio ainda não retornou do almoço!
- Obrigado Srta.!
Herculan desliga o telefone, guarda-o no bolso. Pelo rubor de sua face e pelo suor que lhe escorre pelas axilas, demonstra um estado de torpor e angustia. Em pensamentos reconstituiu, todas as cenas no interior da cantina, passam por sua memória recente, todas as pessoas que viu entrar e saírem do banheiro. Agora sentado em seu carro, examina cuidadosamente as fotos na máquina digital. Não há portas além da que estivera vigiando por todo o tempo. As janelas todas com grades de ferro. Nesse momento sente em todo o seu corpo avantajado um calor que inicia no estômago e avança para todos os membros e órgãos. Um aperto na garganta, como que estivesse sendo garroteado. Amolece os braços, distenciona as pernas e descansa a cabeça na guarda do assento. Sente o torpor passar, seu corpo entra em relaxamento absoluto, seu batimento cardíaco vai diminuindo até se estabilizar. Agora tinha certeza, fora enganado a única maneira que Amândio poderia ter saído do banheiro da cantina, seria disfarçado. Para essa hipótese ele não estava prevenido, até então. Com certeza não haveria uma nova ocorrência dessas.
Às 19:00 horas, Herculan Decrois, está dentro do carro, quando telefona para a casa de Amândio.
- Alô residência do Sr. Amândio.
- Sim, é Dalila quem fala.
- Por favor, senhora! O Sr. Amândio está?
- Não ainda não retornou do serviço.
- Por favor, minha senhora! Quando ele retornar, por favor, pode pedir para ele telefonar para Herculan Decrois? Ele tem o meu cartão. Fico no aguardo. Uma boa noite para a senhora.
O detetive, fecha o celular e o coloca no porta luvas. Logo em seguida se afasta rumo a seu escritório. Na passagem pela barbearia, cumprimenta os barbeiros retirando e colocando o chapéu na cabeça. Os barbeiros comentam entre si:
O pé grande hoje está atrasado, não parou para contar e saber as novidades do dia. Aquela cliente que o procurou por várias vezes, não deve tardar a chegar.
Ao adentrar no escritório, seu telefone toca, ele atende:
- Alô! Detetive Herculan Decrois às suas ordens!
- Boa noite, procurei-o durante o dia e estou indo ai, agora, para conversar, pode me atender neste horário?
- Perfeitamente Senhora ou Senhorita.
- Senhora, já estou indo. Até já.
- Até já Senhora.
Herculan descarrega seu pesado corpo em uma poltrona, fecha os olhos, seus pensamentos o levam até a cantina, onde desaparecera seu cliente. A mente privilegiada começa a trabalhar, lembra com detalhes cada momento, pois não tirara os olhos da porta de entrada dos sanitários. Qualquer uma daquelas pessoas que saíram poderia ser o seu cliente disfarçado. Mas o que mais lhe perturbava era o fato de se disfarçar, porque o contratara?
Seus pensamentos são interrompidos por uma batida na porta. Levanta dirige-se para a porta e a abre. Faz uma mesura, abre um grande sorriso e diz:
- Boa noite senhora, seja bem vinda ao meu singelo escritório e sinta-se a vontade.
A recém chegada adentra, ele a convida a sentar. Ela é uma senhora jovem ainda aos seus 35 anos, seus trajes nada sofisticados, diz por si só, que ela é uma senhora moderna e independente. Uma calça de brim, sapatos de salto alto, com fechamento por tiras de couro, uma camisa branca com as pontas amarradas à cintura e um grande decote que lhe desnuda os seios parcialmente. Seus cabelos loiros curtos, fazem sobressair um rosto esbelto e um par de olhos verdes brilhantes e vivazes.
- Em que lhe posso ser útil, minha senhora?
- Eu me chamo Jussara Orquídea Leal, e estou necessitando de seus serviços, para localizar meu marido que desapareceu a cerca de duas semanas. A policia encerrou o caso, pois entende que o mesmo deve ter me abandonado com alguma sirigaita. Mas eu tenho absoluta certeza de que meu marido nunca iria me abandonar.
- Minha senhora! O que a faz ter tanta certeza de que ele não a abandonaria?
- Ele embora seja um homem temperamental, ele me ama. Além do mais temos dois filhos. Ninguém desaparece de repente sem levar seus documentos, sem retirar dinheiro da conta. Eu conferi tudo nada foi mexido. E, mais, se fugiu foi apenas com a roupa do corpo.
- Você disse que ele ara temperamental, o que quis dizer com isso?
- Vou lhe contar as minhas suspeitas:
Receio de que meu irmão esteja por traz do desaparecimento do meu marido. Ele ficou muito irritado quando soube que Germano me deu uma surra.
- Sim, sim, fale-me sobre o seu irmão por favor!
- Meu irmão sempre foi um desnorteado, é metido com o tráfico de drogas, eu suspeito que ele até seja um assassino.
- Bem minha senhora, atualmente estou trabalhando em um caso de desaparecimento recorrente, ou seja o homem desaparece, aparece e volta a desaparecer. É isso mesmo! É um tanto complicado. Mas deixa isso para lá. Aceito o seu caso, só que não terá dedicação exclusiva. Necessito dos endereços e telefones, seu e de seu irmão.
Meu irmão mora em uma casa na rua, Ouvidor Sampaio, 450, residência 12 num condomínio de luxo eu telefone é 45 5643.2445. E, aqui tem o meu cartão.
A mulher saíra, deixando Herculan Decrois meditabundo.
- Mais um caso complicado, eu só pego droga com as mãos. Quem manda eu Ter nascido homem, grande e feio. Se tivesse nascido mulher e bonita estaria com a vida feita. Mas não adianta chorar Decrois.
O telefone toca
- Detetive Herculan Decrois às suas ordens!
- Boa noite detetive, aqui é o Amândio, acabo de chegar em casa e recebi o seu recado?
- Quero lhe dizer que o senhor é muito esperto. E conseguiu me enganar hoje na hora do almoço. Quero que me explique o que aconteceu?
- Sr. Herculan, a única coisa que me lembro é de haver entrado na porta dos sanitários, não me lembro o que fiz lá dentro e tudo o mais até as 22:30 quando cheguei em casa.
- Está certo, começarei a vigiá-lo amanhã a partir da hora que sair de casa. Agora posso falar com a sua senhora?
- Sim, sim, pois não.
- Alo Sr. Herculan, pode falar.
- Ouça simplesmente e me responda apenas sim ou não.
A senhora levanta antes de seu marido?
- Sim.
- Quando a senhora levantar, vá até a porta principal da sua casa e encontrará um envelope, que eu vou colocar por debaixo dela. Neste envelope haverá um sinalizador eletrônico de pequena dimensão. Quero que a senhora coloque por dentro do forro da calça que seu marido irá usar. Ele não pode saber de nada. OK.
- Sim.
- Boa noite minha senhora. Durma bem.
Às seis horas, Herculan, coloca o sinalizador por debaixo da porta e se dirige para o seu carro que está estacionado no outro lado da rua. Sentado em seu carro, abre o porta luvas e retira o identificador de sinal eletrônico e verifica que o sinal está bem claro dado à pequena distância. Mantêm-se a espreita. Às 6:30 Amândio sai de casa rumo ao trabalho. É seguido pelo detetive. Decrois estaciona o carro e testa o sinal, esta claro e forte.
A manhã seria longa, a espera seria cansativa. Herculan Decrois sabia que não poderia se afastar, pois a qualquer momento Amândio poderia sair pela porta do edifício. Isso acontece às 12 horas. Amândio sai da empresa e se dirige a cantina, almoça e logo após deixa a cantina, compra o jornal em uma banca e senta na praça a lê-lo. Às 13:30 retorna ao trabalho. Às 18:00 Amândio deixa o trabalho, levando o jornal de baixo do braço. Herculan permanece atento a tudo o que esta acontecendo. Amândio se adianta ao centro da rua e faz sinal a um táxi, este encosta e ele adentra no veiculo. O detetive segue atentamente o carro, o sinalizador esta no banco do carona e funciona perfeitamente bem. O carro para na estação rodoviária, o passageiro paga o motorista e desce. E, adentra na movimentada estação.
O detetive, abandona o seu carro, às pressas e tenta seguir seu cliente. A multidão o embaraça, gente chegando e gente saindo, com malas e sacolas. Herculan volta ao carro e apanha o receptor de sinal, o sinal esta forte, ele pensa:
Ele esta na área, permanecerei controlando o sinal, enquanto estiver estável ele permanece na estação e eu posso velo a qualquer momento, basta que eu circule atentamente.
As horas se passam, e o sinal permanece estável. O detetive pensa:
- Droga, droga, droga, ele trocou de roupa e as deixou em um guarda malas. Tenho de permanecer aqui, ele ira certamente trocar novamente de roupa, ai aparecera.
Herculan Decrois procura o local de guarda malas, à medida que se aproximava do guarda malas o sinal ficava mais forte. Coloca-se em um ponto distante, do qual possa ver toda a extensão do balcão. E, ali passa a espreitar.
Passava da meia noite, a estação rodoviária estava quase que deserta, apenas alguns retardatários, e os que chegavam de ônibus. Decrois, em seu posto estratégico que lhe dava a maior visão possível do terminal, olhava atendo para guarda malas, quando de repente vê um elemento, vestindo calça e jaqueta de brim azul. O indivíduo se aproxima do balcão, retira uma pequena mala. Herculan empunhando sua máquina fotográfica digital, regula o foco para o mais perto possível e passa disparar com infravermelho uma foto atrás da outra. O estranho homem se dirige aos sanitários. Passado alguns minutos sai dos sanitários Amândio. Com a mesma sacola que o homem retirara, vai até o guarda malas e deixa a sacola. Seu cliente, se dirige ao ponto de táxi, adentra em um que está pronto para a saída e parte. Herculan o segue em seu carro. Enquanto dirige pensa:
- Este cara esta me fazendo de bobo! Será que ele sabia que o estava sinalizando?
O táxi estaciona a uma quadra da casa de Amândio, ele paga o táxi e desce, dirigindo-se para casa. Herculan encosta o carro na frente da casa, justo no momento em que Amândio está entrando.
- Boa noite Senhor Amândio, chegando tarde hoje?
- Boa noite Sr. Herculan Decrois. Espero que tenha cumprido com o seu objetivo.
Ambos entram na casa. Já na sala de estar. O detetive arreia o pesado corpo em uma poltrona e diz:
- Sr. Amândio, diga-me o que o Sr. se recorda nas últimas horas?
Amândio coloca a mão direita sobre a fronte em forma de pinça, coça a testa, como que estando forçando a mente e diz:
- Somente me lembro de ter saído do trabalho às 18 horas levando o jornal debaixo do braço. Após lembro apenas de estar me dirigindo para a casa a pé e tê-lo encontrado, na frente da minha casa.
- Sim, sim, entendo, quer dizer que o senhor não sabe nada do que aconteceu, nesse intervalo de tempo?
- É isso, este período de tempo passou sem que eu o tenha vivido. Mas diga-me o que aconteceu?
- Sr. Amândio, isso fará parte do meu relatório final deste caso.
- Mas eu o contratei para me seguir e saber tudo o que fizesse, ou deixasse de fazer.
- Mire Sr. Amândio, concordo com o Senhor. Mas não posso nada lhe revelar neste momento, pois poderá atrapalhar as investigações futuras. Tenha uma boa noite.
Herculan embarca no seu carro, descansa o pesado corpo no banco, encosta a cabeça no apoio, fecha os olhos, faz um exercício de relaxamento e coloca seu privilegiado cérebro a raciocinar.
- Tenho de fazer uma visita a minha amiga Manu, ela me dará um norte para este caso. Mas antes tenho de deixar alguém vigiando e seguindo o Sr. Amândio. Tipiu! É isso ai o Tipiu.
Tipiu é um cara que já fez diversos cursos de detetive por correspondência e vive pedindo a Decrois uma oportunidade para exercer o seu oficio, pois é muito difícil pegar o primeiro caso, sem ter antecedentes.
Tipiu é um homem pequeno de um metro e cinqüenta e cinco, cabelos escuros, com um volumoso bigode, com os quatro dentes superiores frontais postiço por uma ponte móvel que se movimenta quando ele fala.
Na manhã seguinte, o pé grande vai direto para o escritório. Adentra na barbearia às 8:00, os barbeiros ainda não haviam chagado. Pega o telefone e liga.
- Alô, aqui é Herculan Decrois. Posso falar com o “Tipiu”?
- Um momento que vou chamá-lo.
- Alô, é o Tipiu!
- Herculan Decrois, esteja no meu escritório imediatamente, vou lhe dar uma oportunidade.
Quinze minutos depois.
- Bom dia Dr. Decrois! Tipiu se apresentando para o trabalho.
- Mire Tipiu, você esta há mais de seis meses querendo uma oportunidade para trabalhar como detetive particular. Pois bem, é chagada a hora. Ai nesse envelope, tem alguns endereços, fotos e dinheiro para despesas e um relatório do caso até aqui. Sua missão é dar continuidade no dia de hoje. E, assim que o Sr. Amândio estiver em sua casa, me telefone para que possamos nos encontrar aqui neste escritório. Agora leia o relatório do caso, para que possamos discutir alguns detalhes.
Tipiu abre o envelope e começa a ler o relatório. Ao final diz:
- Está tudo muito claro, mas além de seguir o homem o que mais terei de fazer?
- Mire tipiu! Eu quero que após o homem ter se transformado, você de um jeito de falar com ele, tente puxar assunto e indague quem ele é, e tudo o mais que possa arrancar dele. Quando ele estiver vestido como Amândio, fale com ele novamente, como ele não o conhece, achará que é coincidência. Mãos a obra Tipiu, somente de o trabalho como findo quando o Sr. Amândio estiver em casa e não o perca de vista.
Tipiu deixa o escritório e o pesado detetive sai logo a traz, embarca em seu carro e da partida.
Tipiu permanecia a espreita de Amândio. Às 18 horas ele sai do trabalho e se dirige para a estação rodoviária em um táxi. Tipiu contente adentra em um outro táxi e diz a celebre frase:
Siga aquele táxi.
Na estação rodoviária Tipiu deixa o táxi e se dirige direto para o guarda malas. Lá estava o seu alvo, apanhando uma sacola, em seguida dirigindo-se para os sanitários. Tipiu adentra nos sanitários logo atrás de Amândio, que por sua vez adentrou em um dos cubículos. Alguns minutos depois o alvo sai completamente diferente do homem que tinha entrado, vestido com um conjunto de brim azul, assobiando da uma urinada, olha-se no espelho, nesse momento Tipiu dirigindo-se a ele diz:
- Boa noite senhor, estou necessitando de ajuda, isto é de uma informação.
- Que é que tu queres meu chapa?
- Onde há um hotel que eu possa passar a noite?
- Eu sempre fico no Hotel Açores, fica logo ali na esquina.
- Por acaso o senhor está indo para lá?
- Não, mas estou saindo da Rodoviária, se for comigo posso lhe apontar onde é o hotel.
- Permita que me apresente eu sou o Tipiu, para os amigos, e Antônio Marquetoti para os demais. E, o Senhor como se chama?
- Eu sou Qualquer Um. Ali está o hotel que lhe indiquei.
- Muito obrigado pela ajuda Sr. Qualquer!
Tipiu, fingiu entrar no Hotel e continuou a segui-lo à distância. No entanto, o seguido pegou um ônibus que já estava saindo da parada. Tipiu fez sinal para um táxi, e quando dentro disse novamente as celebre frase: Siga aquele ônibus. Após dois quarteirões o homem desembarcou em uma parada e seguiu a pé. Tipiu deixa o táxi e continua a segui-lo à distância.
O homem entra em um estabelecimento repentinamente. Tipiu apressa-se e chega pelo lado oposto da rua, para defronte ao prédio e lê: Boate lá Sielva. Tipiu bate à porta, um homem mal encarado o atende.
Que deseja? Está fechado! Só começamos às 22 horas.
- Eu queria falar com o senhor que acaba de entrar, ele é meu amigo.
- Quem o chefão? Tais brincando. Fora seu embrulhão!
A porta é fechada e Tipiu fica completamente confuso.
- Pois é isso ai Sr. Herculan. Fiquei esperando até às 22 hora, paguei a consumação e entrei na boate, o local logo encheu e nem rastro do homem que eu estava seguindo. Às duas horas, o pessoal já era pouco quando a função terminou, sai e coloquei-me do outro lado da onde há uma lancheria noturna, lá estavam à maioria das mulheres da boate com seus fregueses. Por volta das 4 horas a lancheria fechou e eu fui embora. Em fim perdi o homem. Mas aqui está o endereço da boate.
- Bom trabalho Tipiu, não se preocupe por havê-lo perdido, eu também o perdi por várias vezes. Mas vamos chegar lá. Espera um momento só.
Herculan Decrois, pega o telefone e faz uma ligação.
Alô! É do escritório do Sr. Amândio? E, ele está? Muito obrigado.
- Se necessitar de meus trabalhos me telefona.
- Espera ai Tipiu, estamos na pista novamente. Vá ao escritório e fique lá a espera que ele saia novamente, você está indo muito bem, continua assim e será um bom detetive.
O grande detetive pensa:
- Vamos lá Decrois, está na hora de procurar o Sr. Orquídea, vamos ver os seus endereços, aqui estão: Boate Lá Traviata, Casa de dança Lá Boêmia,
Boate Lá Sielva? Espera ai, esta não é a boate que o Tipiu mencionou no seu relatório, deixa ver, aqui esta: Sim é a mesma, até o endereço confere.
- Mera coincidência, espero, mas, por via das dúvidas e nessa que começarei a procurar o Sr. Orquídea.
Herculan chega ao seu destino, eram 10 horas da manhã, bate a porta.
- Bom dia Senhor! Sei que a função começa apenas às 22 horas, mas o que me traz aqui é o seguinte: Sou estrangeiro, isto é sou Holandês e venho tratar de negócios com o seu patrão. Quero ver a que horas ele pode me atender?
- Senhor Holandês.
Disse o porteiro.
Meu patrão nunca atende ninguém, para isso ele tem o gerente de negócios, este sim lhe vai atender a partir da 21 horas, quando chega.
- Mire senhor. Eu não falo com subalternos, ou eu falo com o seu patrão ou não falo com ninguém, porém, alerto, seu patrão perderá excelente negócio. Todo o caso eu retorno amanhã às 21 horas, para ver se o seu patrão pode me receber.
O detetive aproveita a oportunidade para procurar Manu.
- Bom dia Dra. Manu, como tem passado? Desde o nosso último encontro.
Decrois faz uma mesura, enquanto a Dra. Manu lhe estende a mão, ele a toma e a beija dizendo:
- É uma imensa alegria voltar a encontrá-la, naturalmente estou necessitando de seu auxilio, como sempre.
A doutora Emanuele Sampaio, uma senhora de mais ou menos 50 anos de idade, que exerce as funções de psiquiatra forense.
- Herculan Decrois! Meu amigo em que lhe posso servir?
- Mire Dra. Manu! Tenho um caso a solucionar e necessito da vossa ajuda.
Herculan narra tudo sobre Amândio até o momento.
- É por isso que necessito de seus conhecimentos.
- Me parece a primeira vista que seu cliente é um caso excepcional de distúrbio emocional. No entanto necessito de mais elementos, para lhe dar um diagnostico, mas por tudo o que me contou. Que tal o seu cliente me procurar.
- Mire Dra. Manu, eu a procurei prematuramente para ter certeza de que poderia contar com o seu auxílio. E, como tenho de investigar um outro caso aqui por perto resolvi procurá-la.
Os dois conversaram amenidades e logo o detetive se despediu. Antes de se dirigir para a residência do Sr. Orquídea, Herculan para na calçada defronte ao seu carro e consulta suas anotações.
- Deixa me ver! Ouvidor Sampaio, 450, residência 12 num condomínio de luxo eu telefone é 45 5643.2445.
Pega o telefone celular e liga.
- Alô! Aqui e Herculan Decrois, posso falar com o Sr. Orquídea? Por Favor!
- O Sr. Orquídea está de viajem, somente retorna na semana que vem.
- Pode me fornecer o celular do Sr. Orquídea?
- Não é possível! Temos ordens para não o fornecer.
- Muito obrigado, volto na semana seguinte.
O grande detetive, movimenta sua pesada carcaça, embarca no carro, retira os óculos refletivos, coça os olhos, inclina a cabeça para trás e apóia no encosto do banco e pensa:
- Os dois casos são enrolados, neste eu não consigo mais nada por esta semana, o outro,bem vamos ver como anda o Tipiu?
- Alô é o Tipiu?
- Sim chefia, to na área, que é que manda?
- Mire tipiu! Como está o nosso homem?
- Tudo quieto.
A semana se iniciara com tranqüilidade. O grande detetive, poderia se dedicar exclusivamente ao caso Orquídea, pois Amândio naquela semana estaria de viagem.
Às 9 horas da noite na segunda feira, Herculan Decrois chega Boate Lá Traviata.
- Boa noite! Mire! Estou aqui para falar com o Sr. Orquídea, diga-lhe que o Herculan Decrois, Holandês, e que tenho negócios importantes para tratar com ele.
- Boa noite senhor. O Sr. Orquídea chegará após as 22 horas, mas queira entrar e esperá-lo no bar.
O grande e desajeitado detetive adentra no estabelecimento e se dirige ao bar. Lá chegando, estende a mão ao barman e diz:
- Me chamo Herculan Decrois e tenho muito prazer em conhecê-lo!
O Barman alcança a mão e a aperta dizendo:
- Mucho gosto, Ramires seu criado. Toma Algo?
- Água mineral com gás. Mire mo chato, trabaja a ca há mucho tiempo?
- Há mais de cinco anos.
- Naturalmente conhece o Sr. Orquídea?
- Sim é o patrão. Aliás acaba de chegar ao estabelecimento.
- Como sabe?
- Vê esta luz ali no canto? Ela indica que ele já chegou e que eu devo levar o seu drinque, com sua licença?
- Toda! Toda.
- Sr. Herculan, o Patrão vai recebê-lo agora! Por aqui!
O gigante é introduzido em um escritório onde havia uma mesa, com uma lâmpada direcional sobre a mesa. O homem a traz da mesa não era visto com clareza, Herculan Decrois se aproxima e estende a grande mão. A voz do homem lhe diz:
- Sente-se Sr. Decrois! Em que lhe posso ser útil, o melhor o que tem que possa me interessar?
- Mire Sr. Orquídea Eu sou um agenciador de swow internacional, também faço importação e exportações para a Holanda ou da Holanda. Acho que nos podemos fazer uma parceria.
Nesse momento o Sr. Orquídea se levanta e Herculan pode ver o seu rosto. Ele fica petrificado por alguns instantes, ele estava na presença de Amândio. O grande homem, respira fundo, enquanto o Sr. Orquídea fala:
- Como posso checar o que você está me dizendo? Como terei certeza de que é quem diz ser?
- Mire Sr. Orquídea! Faço negócios com dinheiro vivo, você comigo não correrá risco algum. Como sabe no nosso negócio, não deixamos vestígios, o que menos queremos é aparecer. Por isso não lhe posso dar fontes de referência.
- Posso fazer um acordo com o senhor, para o fornecimento de mulheres para trabalhar nos cabarés da Holanda.
- Este é apenas um dos serviços que posso contratar.
- Iniciaremos por ai se lhe interessar.
Assim Herculan encerra o contato com o Sr. Orquídea e da graças a Deus, quando conseguiu terminar os negócios, ficou de retornar nos próximos dias.
- Mire Dra. Manu, ou eles são irmãos gêmeos, ou são a mesma pessoa.
- Meu caro Herculan, pelo que você disse, podemos estar diante de um caso de alter ego.
- Mas o que podemos fazer para comprovar este fato?
- Digamos que você convença Amândio a vir fazer uma consulta comigo. Eu tenho condições de desmascarar o alter ego se caso seja este o fato.
- Mire Sr. Amândio, o seu caso só pode ser resolvido com um trabalho psicológico. Eu tenho uma amiga a Dra. Emanuele, que é psicóloga forense e psicanalista. Se o Sr. concordar, eu posso levá-lo até ela!
- Claro que eu quero ir, se for o caso para resolver este meus lapsos de memória.
Amândio vai até o consultório de Manu, por 2 horas diárias, durante quinze dias. Após Manu mandou chamar Decrois.
- Meu caro amigo Herculan Decrois! Foi simplesmente surpreendente os resultados que obtive em quinze dias de consultas com o seu cliente.
Vou lhe relatar o que aconteceu;
- Imagine Herculan! Seu cliente não existe de fato. Ele é um Alter Ego, e existe desde que Otário Orquídea era pequeno, foi criado quando o pai de Otávio separou-o da irmã. Ele vendo-se sozinho e desprezado, criou no subconsciente um Alter Ego, ou o que pode ser entendido literalmente como outro eu, outra personalidade de si mesmo o alterego é um outro eu inconsciente. Portanto ele, como Otavio Orquídea não tem conhecimento de Amandio, por sua vez Amandio não tem conhecimento de Otavio Orquídea. E, poderiam ter vivido longos anos sem um ter conhecimento do outro, só que em certos momentos, Otavio Orquidea, anulava Amandio, como fez em criança, quando deixou de tomar conhecimento dele. Quando a personalidade trocava para o Orquidea, tratava logo de vestir-se como Orquidea, pois não sabia o que estava acontecendo, naquele momento. O mesmo ocorria quando ele era dominado pela personalidade de Armando vestido como Orquides, tratava logo de trocar as vestes que lhe pareciam ridiculas, como não sabia explicar omitiam estas informações do senhor.
Através de hipnose, descobri também que Otávio mandou matar seu cunhado e desovar o corpo num poço, onde ele costuma desovar os corpos dos que assassinava. Como vê os seus dois casos estão resolvidos, basta que indique as autoridades o local onde estão os corpos e acusar o Otávio, que indo para a cadeia fará com que Amândio desapareça.