Lombriga Mutante
Sô Cirço foi acordado pelo estrondo no meio da madrugada e pulou da cama com a espingarda na mão. Puxando a cortina viu para além do pasto esturricado o clarão que parecia de fogo, mas não tinham as chamas. Resolvendo ir ver de perto, acordou o filho Nicanor, e rumaram para o local.
Só o que encontraram foi um buraco enorme, cheio de pedras brilhantes iluminando a noite. Sô Cirço pulou dentro e revirou as pedras, mas nada encontrou.
No dia seguinte, chamou seus amigos para verem as tais pedras. Tinha a esperança de que valessem algum dinheiro, mas a reação não foi essa. Ao invés de surpresos, os amigos acharam muita graça daquilo: tinham deixado seus afazeres para ver um buraco cheio de pedras. Na volta para a cidade, enquanto conversavam, chegaram a mesma conclusão: “O Cirço tá exagerando na cachaça”.
Dias depois mudaram de ideia quando tiveram que comparecer ao velório do amigo. Teve caixão lacrado e tudo! Como se não bastasse, tinha também o laudo do legista afirmando que o corpo foi parcialmente devorado de dentro para fora por um animal não identificado.