Leis da Atração

[Continuação de "Resolvemos isso em três gerações"]

- Mesmo no seu mundo, é sabido que a força do pensamento é capaz de alterar a realidade... positiva ou negativamente, dependendo da orientação que aquele que o emite lhe dá.

O capitão Chase Dillon desviou os olhos da graciosa Flora Simões, sentada à sua frente à mesa de jantar, e voltou-se para sua interlocutora, Noêmia Simões, na cabeceira da mesa.

- Dito assim, parece muito com o que denominamos "filosofia da Nova Era"... - comentou ele, servindo-se de folhas de alface crespa. - Mas confesso que nunca dei muita atenção para coisas desse tipo.

Além de salada verde, para jantar havia filé de peixe grelhado, arroz selvagem e um delicioso purê de mandioca com camarões que Flora havia lhe dito ser "bobó".

- Muitos dos seus pensadores e filósofos têm escrito sobre o assunto há séculos - retrucou ela. - Mas não conseguiram atrair a atenção da quantidade necessária de pessoas para iniciar a transformação global que o pensamento positivo pode provocar.

- E no caso do mundo de vocês, esta é a realidade que lhes rege?

Noêmia deu-lhe um sorriso triunfante:

- Capitão, esta é a realidade que rege o Universo. Que vocês não tenham ainda compreendido tal, ilustra o grau de desenvolvimento em que se se encontram.

"Isto não foi um elogio", ponderou Dillon.

- Para que a transformação funcione, - prosseguiu didaticamente Noêmia - é necessário que seja guiada por quem possui as melhores condições de autoconhecimento: nós, mulheres. O processo foi iniciado há milhares de anos em nosso mundo, e desde então temos vivido em harmonia.

- O seu mundo é um matriarcado - comentou Dillon em tom casual.

- O seu mundo também já foi governado por mulheres, mas perderam esta noção ao subestimarem e reprimirem os valores femininos e os substituírem por razão, lógica e pensamento analítico.

- Os quais, em última análise, nos deram a ciência que me permitiu sair da Terra - argumentou Dillon.

- E crê que a sua ciência de homens é mais poderosa do que as leis que governam o Universo? - Atalhou Noêmia.

- Tenho que reconhecer que os feitos de que são capazes desafiam qualquer conquista tecnológica desenvolvida no meu mundo. O que me faz pensar... por que precisariam da minha ajuda? - Indagou ele em tom de desafio.

Noêmia tomou um gole de água do copo de cristal à sua frente, antes de responder.

- Você tem razão. Não precisamos. Mas somos mentes curiosas... e percebemos que há algo único na sua Terra. Algo que nos faz querer trabalhar com ela de modo diferente do que temos procedido até aqui.

- Vocês... invadem planetas? - Perguntou cautelosamente Dillon.

- Por que o faríamos? - Retrucou Noêmia. - Que sentido faria invadir um planeta se temos todo o Universo ao nosso alcance?

- Mas a nossa existência parece, de alguma forma, representar um risco para vocês - insistiu Dillon.

- Digamos que queremos resolver este problema de forma pacífica, como é a nossa natureza - argumentou Noêmia. - Por isso a ideia de enviá-lo como um arauto da boa vontade... não para conquistar os habitantes da Terra ou impor-lhes a nossa maneira de viver e pensar.

- Mas... não teme que se os povos da Terra tiverem noção de que o poder do pensamento transforma, poderão um dia tornaram-se tão poderosos como vocês o são hoje?

Noêmia sorriu.

- Se este dia chegar, capitão, vocês serão nossos iguais. E nada temos a temer de iguais.

[Continua]

- [10-08-2018]