Conjuração Lunar - parte 5
O vento lambia os seus cabelos, mas havia algo errado, o mundo estava de ponta cabeça, ou melhor, ele estava de cabeça pra baixo. Depois de gritar loucamente, ele foi trazido de volta para o terraço pelo espião. Sangue escorria do seu nariz e a voz saia embargada. Sentia-se meio zonzo, o indiano sorriu ao ver o rosto furioso do agente secreto. Tobias não sorria, trajado em um uniforme escuro, confundia-se com a noite de Luna.
— Não importa o que faça seu idiota, eu nunca direi nada seu maldito.
Mais uma vez o indiano foi lançado para baixo. Amarrado a uma cadeira, com o pé, Tobias o movia pra cima e pra baixo. Depois de repetir esse movimento umas três vezes ele socou a barriga e estapeou o rosto do indiano, que se mostrava resoluto em dizer as perguntas que lhe eram proferidas.
— Onde ocorrerá a reunião entre Leopold e o financiador de vocês? — E socando sem parar o estômago do outro, Tobias repetia a pergunta: — Vamos seu lunático, diga onde vai ocorrer a reunião?
— Não vou dizer nada, você não sabe com quem você está mexendo seu inútil — disse o prisioneiro a cuspir no seu algoz. — E não é lunático, nós somos lunares.
— Pra mim tanto faz sabia. — E sem dizer mais nada, Tobias girou a aliança no seu dedo no sentido horário duas vezes e no sentido anti-horário três vezes. Uma seringa surgiu. — Sabe o que é isso?
— Não, covarde! Não enfie essa merda em...
Depois de aplicar a agulha no pescoço do indiano, o rapaz nervoso se mostrou mais calmo e cooperativo que antes. Todas as perguntas foram respondidas sem mais delongas. A reunião ocorreria entre Leopold e o futuro CEO da Valhala Corp, o inveterado Franz Becker, num antigo espaçoporto que tinha o objetivo de trazer suprimentos para os mineiros. Leopold era um famoso militar que tinha sonhos bem ambiciosos para Luna. Um típico patocrata que desejava fazer daquela colônia um país, seu desafortunado paraíso ou divino inferno. Em troca do reconhecimento da nova nação, ele daria todo o lunádio a um “preço módico”. Se os treze homens mais ricos do mundo pressionassem os seus respectivos governos a reconhecer a nacionalidade da base lunar, Luna deixaria de ser terra de ninguém pra ser país de alguém.
Metade da população apoiava o golpe militar e a conjuração ganhava força a cada trama costurada no interior daquela enorme redoma.
— Isso é tudo?
— Sim.
Retirando o pé da cadeira, Tobias viu o jovem cair do terraço do Hotel Supernova pelos 79 andares abaixo.