Conjuração Lunar - Parte 4
Depois de fechar a torneira da pia, ele se olhou no espelho, a barba por fazer tinha dado lugar a um queixo duplo. Ele girou a aliança de ouro no dedo esquerdo. Na pia, um estojo com lentes de contato estava aberto. Olhando fixamente no espelho, ele piscou repetidamente. O cabelo curto bem rente, dava a sensação de que era careca, mas seu cabelo era crespo e cheio na realidade. No ombro a tatuagem denunciava seu passado, fuzileiro naval. Agora era agente da Unidade Tática Especial anexada as Forças de Paz da ONU, seu objetivo ali era matar o líder da Conjuração Lunar, Leopold von Cristophe, conhecido pelo epíteto de Grande Líder, e o patrono daquela revolta, ainda com identidade ignorada.
O ambiente era hostil, o agente infiltrado havia sido pego, e provavelmente havia denunciado a missão de execução, pois seu biossinalizador deixara de emitir qualquer frequência. Ali em Luna, ele estava só. Nenhuma comunicação li-fi seria possível com a central da UTE, pois o Esquadrão Cybertático não havia conseguido criar uma conexão ou dispositivo que possibilitasse uma comunicação segura com o QG que não fosse pega pelo poderoso sistema de comunicação lunar.
Toc-toc, bateram à porta do quarto. Rapidamente o agente foi até a beira da cama e sacou uma pistola .50AE. Deslizando pelo quarto com os pés descalços ele foi até a porta, pelo olho-mágico ele viu apenas um jovem indiano com uniforme do hotel e com um carrinho trazendo um jantar. De modo sorridente, o jovem pedia permissão para entrar com um sotaque arrastado.
Acalme-se Tobias... é apenas um funcionário do hotel, pensou o agente.
— Sr. Rodriguez, serviço de quarto hã, estou a trazer o jantar.
Tobias pousou a pistola no quadril, entre a cueca e sua calça, depois abriu a porta, sem se desprender de sua arma. O rapaz entrou, e foi trazendo o carrinho até a beira da cama.
— O que temos para o jantar? — perguntou o agente ficou mais confortável.
— Hoje é um prato especial Sr. Rodriguez — disse o funcionário destampando a travessa de aço inox —, espião picadinho.
A facada foi mais rápida que o disparo. A lâmina ficara cravada no seu antebraço direito. A pistola caiu no chão e deslizou para longe. A porta fechada impossibilitou qualquer pedido de ajuda. Servindo-se dos músculos, Tobias entrou em luta corporal com seu oponente, que se mostrou muito ágil. A dor no braço latejava, o sangue vertia pelo chão. Os golpes trocados o colocavam numa situação de extremo perigo.
Um soco desferido pelo indiano passou raspando pelo seu cotovelo, essa foi a deixa. Aproveitando-se da guarda baixa do outro, Tobias dobrou o braço do adversário e varreu o as pernas dele. Ambos desabaram. O assassino tentou pegar a faca e retirá-la do braço do militar, mas com um sossega-leão bem aplicado, em poucos segundos o outro dormia.