O ataque

Era noite do mês de maio. A seus postos, algumas naves já se encontravam prontas para realizar aquele ataque, o qual seria um dos mais profundos e dramáticos da história humana. Não seria fraco e sim muito forte a ponto de tentar dizimar a humanidade.

O conselho de guerra reuniu-se e decidiu que mandaria um interlocutor para apresentar os termos da rendição da nação e apresentar uma proposta de paz. Não era tarefa muito difícil, porque o alto comando do conselho estava com medo de enviar o mensageiro, pois caso a nação não rendesse, teria o conselho que deslocar naves especiais e guerreiros bem treinados para o resgate.

O General Chefe pensou e propôs aos conselheiros:

- Qual nação iremos atacar?

Um alto conselheiro, de barba branca, com mais de dois metros de altura, retirando o capacete galáctico, desapertando o nível de pressão em seus trajes espaciais disse:

- Existe um pais, cuja a capital está assim descrita Latitude: 15°46′46″ S

Longitude: 47°55′46″ O. Que tal irmos até lá?

- Fechado o acordo. Mandaremos o mediador Alfa Bravo Charles. Ele é mestre e pós-doutorado em línguas. Certamente ele trará os documentos assinados e não precisaremos aplicar a nossa tecnologia e o nosso arsenal armamento.

- Mande chamar o agente ABC, pois ele fará a missão.

Materializando instantaneamente, o agente ABC surgiu na sala do conselho e este, através de seu capitão mor, disse:

- Não temos o papel que eles usam. Nem mesmo os nossos computadores conseguem ler os dados deles, pois eles estão há mais de dois milhões de anos atrasados em tecnologia. As ondas eletromagnéticas e de rádio deles não funcionam aqui, então estamos e planejamos voltar ao passado para que eles possam entender os nossos propósitos.

- Você terá que passar por um deles. A fórmula já foi feita por nossos cientistas e você ficará assim determinado a cumprir a missão. Os termos do acordo estão em seu computador. Você terá que ser esperto o suficiente. Entraremos em contato assim que o acordo for assinado.

O agente ABC foi enviado para o planeta Terra. Ele já o conhecia por milhares de anos. Foi um dos admiradores dele e até ajudou um grupo chamado NASA a tentar chegar à lua. Agora, este mesmo grupo está tentando ir até Marte. Será tarefa difícil, mas nunca impossível. Ele, quem sabe, poderá dar outra mãozinha.

As coordenadas foram aplicadas e corretamente confirmadas e ele foi enviado para a Terra.

Quando foi materializado novamente, deparou-se com uma cena muito chocante. Estava ele em uma favela do Rio de Janeiro, porque alguém digitou as coordenadas incorretamente. Os caras, todos encapuçados e mostrando-lhe os fuzis, as pontas quarenta e outras mais, fez-lhe refém e o conduziram até ao maior traficante, que o interrogou:

- Quem é este, Cobra?

- É um babaca que achei lá em baixo. Deve ser policial disfarçado.

- Não sou policial disfarçado, sou o agente ABC, da constelação de Órion, a qual vocês chamam de Três Marias. O que eu vim fazer aqui é negociar a rendição de vocês. Seu planeta está condenado por nossas forças galácticas e vocês terão que assinar o acordo de paz.

- Primeiro, eu preciso de um computador mais potente que vocês têm, porque para nós o atraso tecnológico de vocês é de dois milhões de anos e preciso imprimir o acordo para vocês assinarem.

- Carioca, o tribunal do crime já decidiu:

- Manda esse agente ABC pró inferno. Ele é policial disfarçado...

- Escutou, o Mano, vamos lhe enviar para o inferno.

- Onde fica isto? Em meus estudos universais não sei onde fica, implorava o agente ABC.

- Você vai ver.

Quando o Mano puxou o gatilho do fuzil, o tiro não saiu, porque o agente ABC tem um sensor que neutraliza qualquer ameaça a sua vida e se desmaterializou, aparecendo em outro lugar.

Este novo lugar foi na estrada de acesso a São Paulo, possivelmente na Via Dutra. Encontrou ele com um grupo de máquinas ainda não conhecido por ele, mas em comentários com alguns que o viu aparecer, foi chamado de caminhões e as pessoas eram os caminhoneiros.

Um deles indagou:

- Você é agente do governo. Deve ser da PF e quer descobrir o cabeça da greve.

- Ai, moçada, tem o agente aqui.

- Por favor, deixe-me explicar um pouco:

- Primeiro, eu preciso de um computador mais potente que vocês têm, porque para nós o atraso tecnológico de vocês é de dois milhões de anos e preciso imprimir o acordo para vocês assinarem.

- O que é isso, moçada. Vamos dar um pau nele.

Novamente, ele foi desmaterializado e foi para em um posto de gasolina, desta vez, em Curitiba.

A fila de veículos estava muito grande por causa da falta de gasolina.

O agente ABC aproximou-se de um senhor, o qual estava escoltado, com mais de doze agentes de segurança e lhe perguntou:

- Quem é o Senhor?

- Eu sou um magistrado que investigo vários crimes de corrupção, e você?

- Primeiro, eu preciso de um computador mais potente que vocês têm, porque para nós o atraso tecnológico de vocês é de dois milhões de anos e preciso imprimir o acordo para vocês assinarem.

- Guardas, prendam este intruso. Deve ser algum delator, um doleiro, uma testa de ferro da Lava Jato, vamos, não o deixem escapar.

Quando os seguranças aproximaram do agente ABC, este desapareceu e foi materializar-se em outro lugar.

Ficou surpreso o agente, porque as coordenadas, indicadas em seu mostruário, estavam corretas com as coordenadas do plano do Conselho Superior da Galáxia.

Ele foi materializado em uma sala muito grande, com várias pessoas. Os homens estavam vestidos de ternos pretos, gravatas. As mulheres estavam bem trajadas e perguntou a uma pessoa que estava a seu lado:

- Onde eu estou?

- Você está no Congresso Nacional. A soberana da República.

- As coordenadas daqui são Latitude: 15°46′46″ S

Longitude: 47°55′46″ O?

- Sim, senhor.

Ao ouvir isto, o agente aproximou do plenário e disse:

- Primeiro, eu preciso de um computador mais potente que vocês têm, porque para nós o atraso tecnológico de vocês é de dois milhões de anos e preciso imprimir o acordo para vocês assinarem.

Não foi preso, nem mesmo ameaçado, porém ouviram dos membros o seguinte:

- Queremos cinco milhões de reais depositados em uma conta na Suíça, dois milhões de dólares em fundos de pensão, mochilas recheadas de dinheiro, propinas, financiamento de nossas campanhas, enfim, mais propostas...

Já cansado em não poder atingir o seu objetivo, o agente ABC apertou um outro botão e apareceu em uma grande sala, com um senhor mais velho, com vários auxiliares, mesas redondas, cheias de livros e o senhor mais velho lhe disse:

- O que fazes aqui, meu nobre visitante. O nosso serviço de inteligência já te descobriu. Queremos colocar-te atrás das grades, a não ser que identificas e pagues algumas contribuições para salvar a nossa companhia de petróleo do atoleiro. Pegamos muito dinheiro dela emprestado e está difícil devolver. Tem juiz, tem uma coisa chamada justiça que deseja mandar-nos para a cadeia. Podemos trocar, entre mim e ti esta proposta.

Imediatamente, o agente ABC disse:

- Primeiro, eu preciso de um computador mais potente que vocês têm, porque para nós o atraso tecnológico de vocês é de dois milhões de anos e preciso imprimir o acordo para vocês assinarem.

Neste momento, apareceram onze pessoas à sala e lhe disse:

- Somos da Suprema Corte e está preso por obstruir a justiça. Somos a autoridade máxima e irá cumprir vinte anos de cadeia.

Neste momento, o agente ABC implorou por não ser preso. Apertou um botão, mas uma falha no circuito de desmaterialização não correspondeu ao sinal e a desmaterialização falhou. Ele perdeu os seus poderes. Foi preso e não teve dinheiro para pagar a fiança e os grandes escritórios para tirar-lhe de trás das grades.

O Conselho de Guerra reuniu e não conseguiu nenhum contato com seu agente. Decidiu, mais uma vez, que não atacaria a Terra, porque a corrupção, a injustiça, a falta de conhecimento, o despreparo técnico, a violência, a falta de compreensão entre eles era a arma de contra-ataque. Reuniram suas naves e partiram para nunca mais voltar.