Conjuração Lunar - Parte 2
— Até pouco tempo atrás esta droga aqui era só pros grã-fino sacou tio? — perguntou o motorista com um leve sotaque latino. — Mas depois da descoberta daquele troço lá, o lunar...
— Lunádio — respondeu o passageiro secamente sem desviar o rosto da janela.
— Sim, o lunádio — o motorista olhou desconfiado para o homenzarrão atrás dele. — está aqui a passeio ou a negócios tio? — indagou o motorista movendo a língua de um lado pro outro.
— Não consigo separar um do outro — disse o homem esboçando um sorriso.
O veículo aerotrafegável, mais conhecidos como VAT, aterrissou na frente do Hotel Supernova, um dos hotéis mais requintados do centro de Luna. O motorista acionou a tela de toque do painel do veículo e a porta traseira se abriu. Com um smartphone ultraslim, o forasteiro digitou na tela e o dinheiro foi transferido pra conta do motorista. Com uma pequena maleta à mão, vestido num terno azul escuro, o homem saltou.
— Espero que se divirta muito tio — disse o motorista ironicamente, o outro apenas respondeu com um pequeno aceno.
Enquanto o homem se dirigia para o saguão do hotel, o motorista alçou o VAT e ligou a câmera de ré, depois com outro toque no painel, a imagem modificou seu filtro para raio-x, entretanto ao fazer isso, a tela ficou borrada. Olhando pelo retrovisor, o motorista ainda pôde ver os últimos passos do estranho. Rapidamente ele tocou o seu ponto na orelha e consultou relógio, era exatamente 18:00 horas.
— Pediu pra entrar em contato se visse algo estranho, bem, acho que vi algo do tipo...
— Sem piadinhas, diga logo! — resmungou a voz do outro lado.
— Acalme-se tio, nervoso faz mal à saúde — novos resmungos foram ouvidos. — Homem, porte militar, pele negra, entre 30 a 35 anos, vestindo terno azul-escuro, pouca bagagem, hospedado no Hotel Supernova.
Não houve resposta, haviam desligado a conexão no outro lado. O motorista acelerou o VAT e amaldiçoou o seu interlocutor.