MISTÉRIO EM ALFA CENTAURI
Ano 2289
A chegada até Alfa Centauri foi muito comemorada pelos humanos na terra, apesar das dificuldades prementes, haviam chegado sem muitos problemas. A humanidade tinha ainda alguma esperança de demarcar uma colônia alí. Haviam três estrelas no sistema, Centauri A e Centauri B, que juntas, formavam um sistema binário de gravitação mútua, a estrela conhecida por próxima centauri, uma estrela anã vermelha, ficava um pouco mais distante do sistema binário, contudo mais próximo a terra. Um dos desafios seria produzir alimentos em escala para uma futura colônia.
Nas imediações alguns planetódeis e três planetas rochosos, análises preliminares mostravam que o terceiro planeta, que era um tanto disforme, mostrava algumas condições de abrigar previamente a vida, uma atmosfera um tanto rarefeita mas ainda existente e que mantinha a mistura crucial de gases cuja função era a de equilibrar a temperatura do planeta, e funcionar como um escudo contra os raios ultra violeta das estrelas.
A tripulação sabia, contudo, que necessitavam ainda de roupas especiais por causa dos raios gama da anã vermelha.
Tedd Yrwel, líder da missão, ordenou o pouso no exoplaneta P5504, que orbitava Alfa Centauri B. Na terra, olhos curiosos dos cientistas da estação orbital Centauro 2 estavam atentos no desfecho daquela incursão perigosa.
A equipe era formada por cinco cosmonautas e um androide, denominado cyp23, além do piloto e navegador. Ainda em órbita, Tedd disse ao computador de bordo: - Análise do solo e dos gases da atmosfera, análise de frequências no local de pouso e derredor, area 36. Análise de calor e movimento. Vamos aguardar alguns minutos antes de descer.
-Entendido Professor Tedd, iniciando processamento...
-Acha que pode ter alguma criatura escondida numa caverna nesse planeta morto?- inquiriu Dan Yagami, cientista especialista em química orgânica.
-Eu não vou pagar pra ver doutor, você vai?- indagou Tedd com um olhar inquisidor. Dan baixou a cabeça e afastou-se.
-Bem pessoal, em alguns minutos teremos a análise, preparem-se para descer! -tornou Tedd
Pela janela bifurcada da sala de comando dava pra ver o planeta de atmosfera escurecida e um tanto densa, uma obscuridade sinistra pairava sobre aquele lugar. A diferença em relação a terra era brutal, um planeta desprovido de cores, onde predominavam apenas incertezas.
Após o relatório favorável, Cristopher Sams, piloto da nave interestelar Pathfinder IV disse:
-Encontrei uma area perfeita para o pouso no quadrante 37, fiquem prontos, já calculei o local de reentrada, em 10 minutos iniciaremos o processo.
-Tudo certo piloto, estaremos prontos no portão 2.- disse Tedd- você e o navegador fiquem aqui até segunda ordem!
-Ok, Nos comunicaremos pelo neurotransmissor capitão.
Entrementes, minutos após a revelação da análise, a nave pousou no local indicado. A luz da estrela que orbitava entrava de forma difusa no planeta, de forma que uma obscuridade fragrante cobria tudo desde o horizonte, montanhas nuas e altas cercava o local, não havia nenhum tipo de vegetação como conheciam, Dan agaichou-se para colher uma parte de uma folhagem estranha de cor azul escura, outras em tons amarelo forte. Arvores ao que pareciam milenares erguiam-se mais adiante, contudo suas folhagens remanescentes eram de tom amarelo escuro.
Após recolher algumas amostras, a equipe continuou avançando por um caminho sinuoso, um silêncio inquietante pairava como um lamento inaudido. Fizeram uma parada cerca de duas horas mais tarde, visto que a luz já rarafeita diminuía, acenderam algumas luzes artificiais.
Todos usavam um uniforme alaranjado que barrava os efeitos negativos dos raios gama. Adam Wolf, engenheiro percebeu que estavam diante de uma imenso vale aberto, com valas profundas.
Tedd ligou para o piloto:
-Estamos a duas quadras daí, está tudo bem?
-Sim senhor, estamos na escuta, vocês viram algo ai fora?
-Não piloto, não há nada, é um planeta morto!
-Ví luzes difusas do outro lado do penhasco! Pensei que tivessem visto também!
-Hum, isso é estranho- tornou Tedd- Mas pode ser gases se inflamando na atmosfera, bem de toda forma fiquem em alerta!
-Entendido.
Naiani Borba, médica e nutricionista percebeu algo estranho nos sensores dos membros, o nível de hidratação estava baixando muito rápido, ela disse: - Pessoal, precisamos voltar! Caso contrário poderemos ter desidratação progressiva.
-O que houve com nosso uniforme- disse Tedd
-Não sei, mas estamos perdendo líquido rápido demais, essas plantas... elas são estranhas...
-Vamos voltar, amanhã voltamos pela manhã, cyp 23, nos tire daqui!
O androide projetou uma espécie de portal a partir de um orifício em sua cabeça, por onde todos entraram, sendo teletransportados para a nave.
Chegando a nave, Nayane pediu para todos retirarem os uniformes, colheu algumas amostras da vegetação que ficaram presas nos uniformes e foi para o laboratório.
Enquanto isso, no refeitório:
-A situação do exoplaneta não é das melhores!- disse Lara Daneghan professora de física quantica.- Me parece que este lugar está em franco desmantelamento.
-Talvez sim- respondeu Dan- aquelas plantas descolorindo e aquelas arvores esquálidas, parece que estão morrendo, sei lá!
-Tentei dimensionar a velocidade do vento-tornou Lara- contudo, não havia vento, é uma atmosfera semi inerte!
-Eu nunca havia visto isso!- cortou Nayane ao voltar- Essas plantas ou seja o que for desenvolveram alguma propriedade de transportar agua em algum outro estado da matéria que desconhecemos, por isso estavam nos sugando...
-Plantas vampiras? - ironizou Tedd- Ora essas, por favor!
-Onde eu usei a palavra "vampiros" doutor Tedd? Santa ignorancia!
-Calma pessoal- disse Dan- Penso que devemos relatar esse ocorrido a federação e voltar o quanto antes para a terra, o que acham?
-Dan, eles gastaram mais de 8 bilhões de dólares com este projeto- explicou Tedd- Acha mesmo que aceitariam nossa volta ao primeiro sinal de algo inconveniente? Eles precisam de colonias, por isso estamos aqui entendeu, com ou sem plantas vampiras!
Todos se entreolharam de soslaio e logo foram para seus aposentos.
No dia seguinte, após o café da manhã, Tedd que parecia obsecado disse:
-Bem, precisamos fazer o reconhecimento de todo perímetro hoje, Adam leve o espectômetro diagonal, quero que colham análises de solo, plantas e qualquer outra coisa!
-Analise preliminar daquelas plantas que recolhi mostram falta de fotossíntese, uma matéria destituída de vida como a conhecemos mas com componentes simbióticos sem precedentes na história botânica.- disse Dan Yagami
-Muito bem-tornou Tedd- Quero um relatório detalhado de tudo que identificarmos aqui, em 32 horas a comissão da estação espacial Centauro II irá nos contatar e preciso passar o relatório.
Minutos mais tarde, ao caminhar por uma encosta um tanto delgada, com algumas pedras rochosas ao redor, Adams pediu para que parassem por um instante, seu aparelho havia acusado algo...
-Incrível, as imagens do aparelho haviam mostrado uma montanha gigantesca a sudeste, contudo ela agora sumiu!
-O local é muito grande- disse Tedd- você deve ter se confundido...
-Ora essas!-atalhou Dan exasperando-se- Veja aqui as imagens!
-Já lí relatos dessa possibilidade, mas nunca havia visto-disse Lara- Isso parece uma distorção temporal, é como se as imagens que vemos fossem apenas uma ilusão de óptica! Tedd impaciente pegou um pedaço de rocha, dizendo:
-Isso não me parece uma ilusão de óptica!
Dan aproximou-se:
-Veja isso, quando você ergueu a pedra, ficou uma gosma estranha debaixo dela, parece que essa pedra era ligada de alguma forma ao terreno! Uma simbiose perfeita! Vou colher essa gosma amarelada!
A paisagem, apesar da claridade agora um pouco maior, demandava iluminação artificial que era emitida pelo androide, após descerem a encosta um tanto acidentada Tedd disse:
-Análise do perímetro foi reconhecida pelo computador central, vamos descansar um pouco e depois retomamos, Nayane como está o nível de desidratação?
-O sensor acusa 10,6% Senhor, precisamos nos alimentar e reidratar, parece que o nosso uniforme está resistindo melhor, nosso nível de oxigênio está na margem de 67%. A temperatura externa é de 36° graus e meio.
-Ora essa! Essa alimentação por canudo não tem graça nenhuma!- disse Adams
-Decerto que não- tornou Nayane- Mas é necessária!
Enquanto se alimentavam, Cyp23 fazia uma varredura ao redor, estavam ao que parecia num vale aberto, coberto por pedras pequenas e algumas maiores e uma vegetação rasteira, de cor amarelo fosco, Lara Daneghan aproximou-se momentos depois com seu aparelho que parecia ter encontrado algo...
-Pessoal, precisamos ver isso, meu aparelho decodificou um amontoamento de pedras que não tem as mesmas características daquí, está no alto da colina, nos limites do perímetro 36!
Tedd ergue-se:
-Precisamos nos centrar nas prioridades, e essa não é uma prioridade minha cara!
-Sério mesmo que seu cérebro decaído não vê isso como prioridade? -indagou Lara.
Tedd ficou parado, tomado de raiva não conseguia fazer nada a não ser ranger seus dentes. A equipe aproximou-se de Lara, Tedd por fim consentiu e saíram em direção a colina.
Entrementes, na nave, o piloto relatava um princípio de terremoto no local, mas que passou em alguns minutos. Tedd recebeu a mensagem e pediu para guardarem posições. O navegador disse:
-Esse lugar me parece assombrado, quem sabe os espíritos maus vem todos pra cá!
-Deixe de tolices! - disse o piloto com desdém
Lara foi a primeira da turma a avistar a formação de pedras, caiu de joelhos, dizendo: -Meu Deus, o que é isso?
Adams que vinha atrás disse:
-Você e essa velha mania de acreditar em Deus, deixe-me ver!
Todos ficaram parados e perplexos por um instante, Lara levantou-se e seguiu em direção da construção, adiante dela uma pedra negra, com uma inscrição.
Os outros membros chegaram e Tedd disse:
-Parece Stonehenge! Que loucura é essa!
-Não é loucura, é bem real! disse Lara ao derrubar uma pedra menor.
-Vejam a pedra não é interligada ao planeta, veio de fora!
-Quem esteve aqui certamente foi para a terra, porque a similaridade das construções ao que me parecem, são exatas!- disse Dan
-Minhas análises mostram que sim senhor Dan, simetricamente idênticas- comentou o andróide
-E como na terra, não sabemos até hoje seu significado, mas temos aqui uma estela negra com uma inscrição! Cyp escaneie a inscrição e traduza! - disse Tedd
Cyp disse:
-Já fiz comparações com centenas de dialetos, hieroglifos mas nada ainda, meu banco de dados está fazendo uma procura em série.
Na nave, o navegador verificava uma alteração em partes do casco.
-Veja! Algo está tomando o casco da nave capitão! Um processo um tanto lento pelo que verifiquei, mas parece se acelerar aos poucos!
-O que seria?
-Uma vegetação rasteira amarelada... coisa bizarra!...
Enquanto isso, Cyp23 tentava traduzir a inscrição quando algo inusitado aconteceu, Adam cortando a expectativa disse:-Pessoal, é melhor se prepararem, algo está vindo pra cá e não são poucos!
-C-como assim, o que são?- gaguejou Tedd
-Formações estranhas, não posso discriminar, mas são muitas e estão vindo! Ao que parece, estamos sendo cercados!- informou Adam
-Cyp, faça uma varredura ao nosso redor!- disse Tedd pressuroso
-Sim Senhor, na verdade já havia feito e não detectei nada vindo por terra, mas estão todos no subterrâneo, seres disformes, centenas deles...
-Preparem as armas, formação de defesa, acionar escudos do uniforme- disse Tedd, o coração batendo acelerado...
Continua no capítulo final.