Domínio
Ainda dirijo meu próprio carro. Gosto de me sentar ao volante, apertar o aro revestido de borracha entre meus dedos e saber que minha vontade e minhas habilidades estão guiando meu velho corolla. Uma atitude antiquada e um carro antiquado.
Alguém poderia dizer que, tendo em vista minha profissão e meu conhecimento, devo abraçar os avanços. Se os veículos estão se automatizando a ponto de praticamente dispensarem motoristas, tenho que celebrar a mudança como a mais nova verdade conhecida. Por outro lado, é perfeitamente plausível uma postura mais – como posso falar? – conservadora da minha parte, considerando as últimas lições que aprendi. Elas ressoam na minha cabeça e fazem minha mente repassar tudo o que me levou a fazer o que fiz.
Não acredito que posso me ver como vítima das circunstâncias, mas os sintomas, quando começam, nos deixam confusos, nos fazem pirar um pouco, o bastante para alguns erros.
Erros.
Seria essa uma boa palavra? Ela descreve com precisão o que aconteceu? Remorso seria um indício valioso disso, mas não me sinto necessariamente arrependido. Para ser sincero, tenho tranquilidade na consciência o suficiente para olhar pelo retrovisor e vislumbrar o início.
Creio que minha formação seja um bom ponto de partida. Eu me especializei em criptografia avançada, um curso novo e requisitado entre os graduados em ciência da computação. Em um mundo informatizado, a vida das pessoas é cada vez mais transportada para o mundo virtual, fotos, dinheiro e lazer ao alcance de um clique, e alguém precisa zelar por tudo isso. Eu era um desses felizardos. Ainda sou, na verdade. Eu protegia arquivos, pesquisava e desvendava ataques de hackers pensando como um deles, perscrutando seus truques e ajudando a proteger as máquinas de meus clientes.
Eu pararia para me gabar de ser bom nisso, se não estivesse ocupado demais evitando não ficar ultrapassado. Você pode ser o melhor, a questão é por quanto tempo. Os outros estão progredindo, desenvolvendo melhores armadinhas cibernéticas, e você tem de acompanhar, se esforçar para não ficar para trás. É como o estresse provocado pelo uso de tecnologias. Se os aparelhos estão rápidos, os usuários não podem relaxar: que sejam rápidos também.
Fiquei um bom tempo nessa escalada louca em busca de melhorias. Aulas em vídeo, programas, livros, tudo o que me enchesse de mais informação, que me deixasse mais atualizado, eu estava consumindo quase em período integral. Às vezes, queria assistir a duas aulas ao mesmo tempo, fazer um curso depois do outro e acumular certificados. Passei a derrubar o que segurava por não dormir ou comer direito, e volta e meia batia a cara em alguma parede por andar olhando o celular. Precisou de alguns prejuízos e ideias nitidamente paranoicas para eu finalmente procurar ajuda profissional.
Na sala de espera, fiquei tenso e repetindo para mim mesmo que aquilo estava longe de ser como em um hospital ou em um dentista. A consulta devia ser encarada apenas como uma conversa amistosa. Por fim, fiquei feliz em saber que o psiquiatra estava literalmente careca de atender casos como o meu, de modo que me tratou com familiaridade e sem me olhar como se eu carecesse de uma camisa de força.
A outra alegria foi que a receita que o doutor me passou após as sessões não envolvia psicotrópicos ou quaisquer outras soluções medicamentosas, a menos que os cajus se encaixassem na classificação de fármaco. Sim, porque havia árvores cheias deles ao redor do retiro de desintoxicação tecnológica para onde ele recomendou que eu fosse.
Um pomar de cajueiros e um lago de água doce formavam os limiares daquele mundo, daquele pequeno oásis de paz e sossego que funcionava como um invólucro protetor ao redor dos pacientes acometidos de diferentes síndromes e vícios envolvendo informação e tecnologia. Era uma zona terapêutica livre de barulhos e demais agitações urbanas.
Instalei-me em um dos quartos independentes, com aparência rústica que lembrava uma cabana, com direito a telhado de palha e formato circular. O conjunto de quartos formava uma espécie de vila, cujo estilo estético nos educava para uma vida mais simples.
Depois de explorar um pouco o lugar, fui me inteirar das atividades desenvolvidas ali, que incluíam palestras motivacionais, consultas com psicólogo, yoga e a minha favorita: empilhar pedras às margens do lago. É incrível o que uma prática singela como essa pode fazer por sua mente. Eu andava pela pequena praia catando pedras, depois me sentava, colocava a maior no chão e ia amontoando as outras, da maior para a menor, formando aos poucos uma cidadezinha de torres rochosas. Equilibrar cascalhos era um exercício de concentração que impedia minha mente de flutuar por mil assuntos diferentes, como geralmente acontecia.
Às vezes, jogava com força alguma pedrinha achatada que encontrava, fazendo-a quicar na água do lago até sumir longe da margem. Foi em uma dessas ocasiões que quase acertei uma canoa que navegava por perto. Gritei pedindo desculpas e o homem a bordo se aproximou remando para perguntar o que houve. Ele não tinha reparado na pedra.
Não aparentava ser muito mais velho do que eu. Possuía uma barba mais espessa que a minha e usava uma camisa folgada, com os botões da frente abertos até a metade do peito. Gentilmente me convidou para ingressar a bordo e acompanhá-lo na pescaria. Aceitei e navegamos para o meio do lago, onde me emprestou a vara de pescar reserva.
Ele disse como se chamava e eu também falei meu nome, perguntando, em seguida, se ele trabalhava no retiro, embora soubesse que pacientes também tinham permissão para pescar no lago. Meu interlocutor explicou que estava se tratando, assim como eu e todos os outros, apesar de estar bem mais curado, esticando a estadia apenas por ter gostado da experiência. Quem quer que tenha passado pela paranoia que o possuiu, o fazendo achar que estava sempre sendo vigiado, também sentiria alívio naquele apagão de eletrônicos, vivendo praticamente à luz de velas.
Achei interessante o caso dele e não duvidei de nada do que me contou. Nos dias que passei em Remanso do Cajueiro, vi transtornos vistosos, pessoas chorando compulsivamente por terem se separado de seus celulares, escrevendo no chão a atualização de seus status, esbravejando ameaças de suicídio e tendo outras crises desconcertantes.
Eu mesmo tive dificuldades para me acostumar, confundindo o canto dos pássaros com o barulho de notificações e procurando meu celular para ver as mensagens. Então, se ele contou que vivia tenso, achando que estava sendo monitorado e qualquer deslize que cometesse na vida seria amplamente divulgado nas mídias sociais, o fazendo chegar ao ponto de tomar banho de luzes apagadas para não correr o risco de expor suas vergonhas e desenvolver um aplicativo que mostrava em sua televisão em tempo real as leis que estavam entrando em vigor para se certificar de que não estava fazendo nada de errado, quem sou eu para julgar ou duvidar?
Graças ao bom Deus que, com algum tempo no retiro, a sensação que fica é a de libertação. Vamos conseguindo nos desatar aos poucos da ânsia de querer ver tudo e da neura de sermos vistos. A pescaria era uma importante aliada nessa jornada. Eu aspirava o ar limpo e, no balanço suave da canoa, observava os peixes mordiscarem os bagaços de cajus que meu colega jogava na água. Passei a acompanhá-lo na pescaria durante dias, remando até o meio do lago para vê-lo jogar o anzol com a isca e puxar de lambaris a tucunarés de variados tamanhos, enquanto eu tinha que me contentar com um ou dois do menor porte disponível se debatendo no meu cesto.
Porém, o crucial era que a ocupação era revigorante e eu gostava da companhia. Uma pena que ele não pode passar a vida ali e problemas maiores o tenham feito ter que voltar à sua rotina na cidade. Continuei a pescaria sem meu novo amigo, chicoteando solitariamente a linha a partir da pequena embarcação e me perguntando se a síndrome dele voltaria. Eu torcia para que não e ficava um tanto preocupado. Não podia contatá-lo para saber, porque estava incomunicável, e tudo o que podia fazer era rezar por ele e pensar se não seria melhor ficar morando no retiro. Era muito bom e eu realmente via pessoas melhorando naquele lugar, distante das agonias de uma vida agitada.
Quase barganhando com os tucunarés para que dessem uma chance à minha isca, tinha tempo para refletir e vi que aquele era um ideal que não tinha por que não abraçar. Decidi que seria melhor estender minha estadia por tempo indefinido e comecei arrumando um emprego de gerente de T.I., o que, com meu currículo, não foi difícil conseguir.
Passei a supervisionar os aparelhos recolhidos dos pacientes que entravam e detectar, com o equipamento e infraestrutura oferecidos, qualquer drone ou sinal eletrônico que entrasse ou saísse do retiro. Solteiro e sem filhos, pude me dedicar à honra de ser o guardião daquele santuário, deixando-o livre de toda interferência perniciosa. Com certeza, um projeto de vida do qual faria propaganda, se não estivesse evitando as mídias sociais. Eu estava bem trabalhando com computadores, mas estava reticente em ficar entrando em meus perfis na rede e verificando notícias. Certo jejum de informação permanecia recomendável.
Acabei abrindo uma exceção e entrando em contato com meu companheiro de pescaria, só para descobrir que ele estava passando por um contratempo envolvendo os carros autônomos. O problema era que ele queria ficar com um antigo, que não usava sistemas online e atacava menos seu transtorno, mas um projeto de lei queria determinar um prazo para a troca de veículos. O plano era automatizar todo o trânsito em alguns anos. Pelo que conhecia dele, não deixei de lamentar, principalmente porque aquilo ia contra tudo o que eu tinha aprendido em Remanso do Cajueiro.
Lendo o que podia, vi que já estava bem avançada a automação, com a maioria dos veículos conectados ao SUT, o Sistema Unificado de Trânsito. Não demoraria e estariam proibidos os automóveis que dependiam de um motorista. A desculpa era evitar os acidentes por falha humana e monitorar criminosos.
Não somente criminosos, eu supus. Se todos são vigiados, todos são suspeitos. É isso o que a automação faz. Põe sua vida em uma tela e a deixa à mercê da vigilância e do controle de técnicos e burocratas do sistema. Tem tudo para não acabar bem. Sei disso porque estive nos dois lados da história. Tive que aprender como pensa e age um hacker para proteger a mim e a meus clientes e sofri com a síndrome tecnológica que me levou ao retiro, onde eu aprendi o que todos deviam aprender também.
Bem que eu poderia embarcar em uma grande campanha em prol de lugares como o Remanso, mas duvidava do alcance disso. Às vezes, a vida nos impõe situações que requerem respostas mais incisivas, mais revolucionárias, e o que sobe para sua cabeça é a dúvida se você tem coragem de encarar, ficando a um empurrãozinho ou a um clique de atitudes surpreendentes.
Não sei como a ideia surgiu. Os fatores foram se combinando quase sem que eu notasse, mas estava ciente de que atitudes grandiosas podiam começar no silêncio, com a suavidade de um assovio de passarinho, com a calma de uma tarde de pescaria no lago. Era isso que eu tinha no retiro e era isso que eu queria espalhar pelo país e pelo mundo. Concluí que a lição devia ser passada adiante, o resto era descobrir a melhor maneira.
Um golpe direto ao SUT era perigoso, com tantos carros dependendo dele para muitas funções básicas. Não queria provocar acidentes e gerar vítimas, quem sabe até fatais. Eu precisava escolher meu alvo com cuidado e, refletindo sobre os pontos mais sensíveis da psique humana e da liberdade, percebi que o bolso era bem promissor.
O dinheiro começou a sumir das carteiras e bolsas há muitos anos, substituído pelas criptomoedas, moedas totalmente digitais que dispensavam metais ou papel em sua confecção. Desde a primeira, o Bitcoin, usa-se o sistema blockchain, uma rede de blocos contendo todas as informações das transações, rede essa guardada por todos os usuários do sistema, cada um deles chamado de “nó”.
Quando uma transação é realizada, uma série de nós precisa realizar alguns algoritmos para conferir os registros, isto é, o histórico da moeda desde sua criação até aquele momento, e, então, validar a transação, incluí-la no último bloco e lacrá-lo com uma forte camada de criptografia. A partir daí, é praticamente impossível fraudar os registros, que podem ser vistos por qualquer usuário, já que todos os nós possuem uma cópia dos blocos, de modo que podem ser facilmente auditados.
A transparência e a praticidade das criptomoedas fizeram com que elas caíssem no gosto popular, causando uma proliferação de diferentes modelos no mercado, se tornando, inclusive, um meio de subsistência, uma vez que usuários poderiam se tornar mineradores cedendo seus processadores para a realização e monitoramento das transações e, em troca disso, ganhando uma gratificação em dinheiro digital.
Parecia ser o começo de uma era de independência e prosperidade, mas a grande flutuação da taxa de câmbio e valores das moedas digitais, bem como o desejo de maior controle e arrecadação sobre operações financeiras fizeram o governo reagir. Com aprovação de leis, regulamentou tudo, unificando o sistema e criando o “Realink”, a criptomoeda nacional oficial. Da Casa da Moeda foi feita uma estação faraônica de processadores em permanente mineração, servindo também como um grande depósito de valores monetários. Dessa maneira, o Estado se tornou o nó principal, desfazendo, na prática, a ideia original de uma rede descentralizada ponto-a-ponto.
Essa centralização exemplifica o cabo de guerra que a tecnologia se tornou, ora puxando para a independência dos indivíduos, ora para o controle das elites governantes. E esse era o ponto chave que eu queria atingir para dar o meu recado. No potente computador do trabalho, passei semanas desenvolvendo um vírus, observando procedimentos e ocorrências de ransomware, ou sequestro digital, uma das minhas especialidades. Enviei por e-mail e infectei vários computadores, que, por sua vez, lançaram de forma ordenada um ataque à Casa da Moeda, o coração da rede. A partir dela, o vírus passou para todos os outros nós do sistema, alastrando o malware de uma forma que era impossível rastear a origem.
O vírus não podia penetrar a camada de criptografia dos blocos para acessar os registros, seja para fraudá-los, seja para destruí-los, mas não era essa a minha intenção. Ele atuava na antessala do processo, confundindo o algoritmo de verificação que conferia o histórico da moeda. Os nós tinham dificuldade de validar a transação e ela não era efetivada. Nenhuma compra ou transferência de recursos seria possível nas horas seguintes ao ataque. Um verdadeiro sequestro financeiro, ou um tipo moderno de assalto a banco, se me permite dizer.
É claro que eu contava que alguém achasse uma maneira de deter o vírus e limpar o sistema, mas até lá o meu recado já estava dado. O completo congelamento das transações mostraria que as pessoas estavam confiando demais em máquinas, em meras abstrações em uma tela. Elas não deveriam abandonar suas vidas concretas.
Os possíveis contratempos do evento que iniciei não deveriam obscurecer o valor do aviso, afinal, vidas estavam em jogo. Vamos considerar somente o caso dos carros autônomos e do SUT como exemplo. Imagine se, em vez de não poder comprar algo, você ficasse preso dentro de um veículo infectado por um malware, se ele saísse sabe-se lá para onde, provocando, quem sabe, acidentes em massa. Eu estava alertando para problemas maiores e torcia para ser compreendido.
Fiquei na frente do computador, esperando um sinal de que a ficha de todos tinha caído, e testemunhei as primeiras mensagens nas redes sociais, atualizações enfurecidas, manchetes perplexas. Servidores de depósitos financeiros e carteiras virtuais ficaram indisponíveis, os servidores sucumbindo ao excesso de acessos de usuários verificando se o dinheiro deles estava mesmo na conta. Estava. Eles só não podiam movimentá-lo. Não demorou até evoluir para os primeiros protestos de rua, com dizeres duros, sem, contudo, nenhum agradecimento. Mas eu tinha paciência. Importantes debates sobre tecnologia logo viriam. Era só encontrarem uma solução para o vírus, os ânimos se acalmariam e todos iriam conversar.
Continuei trabalhando normalmente, monitorando os reclusos do Remanso do Cajueiro. Todos bem protegidos, não fazendo ideia do reboliço no mundo exterior. Eu dava uma olhada só de vez em quando nos jornais. Não me agradava ver quebra-quebra, mas precisava saber se já tinham removido o vírus. Passava horas do ataque e nada de acharem uma cura para a infecção. O que significava se eu mesmo tivesse que quebrar o blecaute financeiro? Todos os técnicos e hackers do país são incompetentes? Subestimei minhas habilidades?
À noite, fazendo hora extra no computador e sem que a direção do retiro desconfiasse, fiz uma análise e constatei que a Casa da Moeda estava sustentando o malware, como se renovasse o ataque. Era um fenômeno não programado por mim. Fiquei acompanhando o noticiário para ver se uma resposta viria, mas algo mais relevante só foi surgir na manhã seguinte, com o comunicado convocando para um pronunciamento do presidente a ser realizado logo mais.
Acessei o canal oficial da presidência em uma plataforma de vídeos online e aguardei a transmissão ao som do hino nacional que tocava enquanto o presidente não aparecia. Quando o semblante do nosso governante surgiu na tela, estava acompanhado dos ministros da segurança pública e da tecnologia, que permaneciam em pé, também portando uma aura de solenidade em seus rostos.
Em primeiro plano, o chefe da nação falou que, no dia anterior, um ataque hacker havia paralisado todo o sistema financeiro com um vírus poderoso, mas o problema já estava nas mãos dos melhores técnicos do país e logo seria solucionado sem maiores inconvenientes.
Palavras adequadas e, eu diria, até previsíveis, se não fosse por aquele final. Lembro-me da voz dele de uma forma tão visceral que, quando falo, é como se ela saísse da minha boca, e não dificilmente me vejo ecoando o anúncio do presidente como se fosse meu próprio: “Uma falha no sistema não deve nos desestabilizar. Já passamos por percalços graves na história e não será um vírus de computador que nos fará sucumbir ao medo e à barbárie, pois somos uma civilização que contorna os desafios com inteligência e união. Tendo em vista isso, eu, como seu legítimo representante, estarei, juntamente com os ministros, enviando tropas às ruas para conter baderneiros que possam se aproveitar do momento delicado, e também quero comunicar que estamos pondo em vigor um pacote de medidas para impedir o crime e o terrorismo virtual. Técnicos competentes estão vasculhando a rede em busca da fonte do ataque e as maiores empresas de tecnologia estão colaborando conosco para traçar o perfil de indivíduos suspeitos. Uma era nova de segurança e confiabilidade na internet está começando.”
Fechei a janela na qual estava assistindo antes que o hino nacional voltasse a tocar ao fim do pronunciamento. Insatisfeito, desliguei o computador de uma vez e encarei meu reflexo espantado e confuso na tela escurecida. Aquele momento de silêncio atordoado, de uma quietude elétrica que reverberava o choque, me vem à mente rotineiramente e me faz querer espremer as lembranças e meus pensamentos em busca de uma razão, de um significado que talvez tenha me escapado.
Todas essas questões estão sempre à espreita, rondando e me pegando de assalto nas horas em que recarrego minhas forças, como na agradável pescaria no lago ou quando passeio de carro nas intermediações do retiro, aproveitando enquanto não sou obrigado por lei a deixar um programa dirigir por mim. Eu as afugento da minha consciência e tento me concentrar nessas ocasiões preciosas, nessas atividades simples que acredito que ainda controlo.