SELENE
Goiânia, julho de 2007
CONCURSO LITERÁRIO
“Falando de Amor”
“Grupo Editorial Casa do Novo Autor”
Título:
SELENE
Autor:
Leonardo Daniel Ribeiro Borges
E-mail de contato: leodanielrb@yahoo.com.br ou leodrb@uol.com.br
SELENE
“Vá à busca da outra metade”
“A luminescência é maçaneta da nave”
Era só isso que estava escrito no verso do microprocessador Metatron, jogado no velho chão molhado pela chuva de estrelas de nêutrons que há dois mil anos não paravam de cair. E eu que sempre andei meio cabisbaixo, sempre via as coisas perto dos meus pés. No final de mais uma jornada dentro do Sansara, vacilava com o cansaço de mais uma vida a ser vivida. Como pode ainda eu não ter matado a chama que me resta depois de ter me afastado daquilo que de tão real é chamado de ilusão? E a nave de Zeus quando se chocou com o exército de Krátos matou os irmãos de armas nas mãos. Continuo andando e este pedaço de metal retorcido pela água dessa chuva ácida, que mais parecem lágrimas de Zeus, mexeu comigo, me fez sentir todos aqueles versos que perdi na escuridão do passado, mas chega de versos, chega de ilusão, agora vivo e pagarei minhas contas. Sou um meta-humano.
O azul da tinta inérida escorre por meus dedos, dizem que tinta de caneta de irídion dá câncer, é estranho pensar que o câncer não abandona a carne, esse fio de lágrimas contrasta com o vermelho do batom, do último beijo que Selene me deu. Beijo que veio impávido e não sentiu os efeitos da natureza. Um microprocessador diacrônico desbotado e um beijo de amor... é claro que só poderia ser de amor, quem mais beijaria a radiação de Metatron? A vida que me perdoe, mas sei que o amor é um som distante, toda vez que amamos é quando um desmaio nos distraí. “Buscar a metade?” Talvez fosse melhor seguir na escuridão... Já está tarde, amanhã me levanto cedo antes do segundo Sol chegar. É mais um dia de trabalho. Quando falei pra ela ‘nem pensar’, eu falei foi pra mim, não sabia que o amor acabava num fim de semana e isso já faz tantos outonos, tantos eons. Oh vida! O que você fez de mim?
É fácil pensar, difícil é sentir. A paz que tantos dizem ter não resiste a um olhar, aliás, nada do que é do humano resiste ao olhar, enquanto Cristo voa na supra-dimensão sobre o exército da voz com seu coração, Nahemah infra-dimensionamente arrasta seus escravos pelo fogo dos olhos.
E eu vi esses olhos na escuridão daquele passado, daquela noite. Se essas religiões soubessem que a verdade foi esquecida e disputada pela multidão de porcos mutantes, que se procriam na lama suja dos materialismos o que será que fariam? O que me fiz sem você?
Preciso sentar a chuva está forte, cada gota que toca meu rosto deixa o alívio e a cicatriz que me corta:
“Você não soube amar, purifique-se agora com as lágrimas que causou”.
Se você sai em busca, não é para achar isso ou aquilo, não é pra achar que... É para achar o que foi perdido, no meu caso... Amigo... Eu achei e perdi.
Fui buscado você me entende? Fui chamado você me entende? Eu vi a eternidade no brilho do olhar, me levantei sobre os homens, me fiz rei e antes caçador. Levantei meu Imperium Solaris. Levantei-me pelo amor.
Todo sol que nascia me chamava, conhecia o meu nome, o vazio que existia, era andar por entre a gente, por entre a gente saía raios de explosões subatômicas o amor é uma radiação.
Quem fez o super-processador que roubei da nave de Krátos me disse:
“Vá à busca da outra metade”.
Mas a outra metade está com quem se há uma multidão em um alguém?
Na busca vi muita gente, muitos paraísos tortuosos, muito crime e castigo, na busca vi Cláudios, Lilithi, a Ana, a Crizy e a mais Bela, vi o manto marrom de Maria Mãe de Deus. mas o tempo rouba tudo, rouba porque foi roubado, é ladrão roubando ladrão. Eu mesmo roubei do tempo a juventude que me tornou meta-humano. Juventude que não mais me pertencia e paguei caro vendo naquela menina os olhos da minha filha que não tive e nem pude ter, mas mesmo assim digo filha.
A voz vinda de Andrômeda entrava na nave de Krátos e dizia que na busca você poderá ser buscado, não há manual, mas há instinto e intuição. Eu quebro agora o que sobrou do processador Metatron sem ele não há como construir outro canhão isomolecular e sei que todo meta-humano é vaidoso demais em sua profecia, eles sabem que não podem ensinar, e, mesmo assim ensinam. Os metas sabem que não são Deuses, e mesmo assim insistem em serem criadores, e criando eles vêem que é especial, são poetas são até idílicos porém sempre idiossincráticos, isso eu aprendi antes de desistir de ser um meta-humano, mas isso só foi antes de me perder do homem que sou.
Eu rasguei os versos que aprendi em Sinertrônica não por inveja, rasguei por precaução o lobo se faz de cordeiro, com doces palavras deita a vítima pelo chão, o lobo se alimenta da rosa ele por dentro é espinho. Eu adoro lobos, o cordeiro é dissimulado como seres humanos. Não quero ser instrumentos de reencontros, hecatombes e mudanças glaciais. Agora não há mais versos, não há o gozo periférico que fere os corações. Esta noite eu uivarei novamente, só me resta uma eternidade para uivar. E com minha boca provarei de Metatron.
Quando perdi minha humanidade perdi o laço com o sagrado, perdi meus tesouros e meu castelo. Minhas jóias foram separadas de mim e enterradas ao pé da montanha em que caí e meu castelo não me cabe mais.
Hoje vou celebrar a morte de mais um planeta, e não estou de luto se não destruir HY-16 ele espalha seu vírus pelo universo, este vírus já foi chamado pelo antigo Zoroastro de Trevas, não estou de luto e também não deixo de lutar. Sim, fui do paraíso expulso e disso eu sei, junto com legiões de arcanjos, pais da nossa tecnologia e criadores dos remédios que os mantém longe da própria loucura. E Krátos me quer de volta, mas quem disse que farei novamente o pacto com todos esses cientistas do medo? A minha transformação aconteceu antes do galo cantar, a toalha foi jogada enquanto o herói beijava a lona, nunca mais me levantei, sigo cabisbaixo, não ligo o Pentatron nem vejo os Multiversos da TV Plasmada no Etéreo. Não há nada nesse mundo que me eu não saiba do sentido, quando cheiro a rua sinto toda multidão nua em seus secretos desejos, quando vou ao analista de mutações congeniadas e escuto o bater do coração, sei o preço de cada célula, que vem ao ar buscar inspiração e analiso o analista, é uma amizade cara, mas pago o preço para entrar naqueles sonhos.
Não gosto do vermelho, não bebo do sangue, “não viro vampiro prefiro sangrar”, por isso liderei a luta em terra contra os filhos do Poder, os filhos de Krátos. Quando a nave de Crátos caiu no solo de HY-16 vi como um falcão a anátema que mácula minha herança, e não ter me permanecido com ela com sua horda em orgias titânicas, foi a única esperança. Lutei sim não luto mais, da minha alma já nem sei o que sobrou, repartiram-na e a guardaram-na em garrafas de dor. Mas tenho o que eles querem tenho a tecnologia de Metatron.
Não sinto dor e esse é meu maior sofrimento, sofro por não sofrer e essa é minha perseverança. Já sei que não sou humano e nem homem também gosto dos lobos vago no limite que está além. Quando ando por um jardim vejo todos aqueles epitáfios me lembro que lá foi enterrado minha fé, lá descansa minha eterna Selene.
Como pode então um imortal me dizer em outra metade do microprocessador? Onde está a porta se o que eu vejo é Deus em seu imenso corpo natural? Não quero a gravidade... me acorrento demais aos meus crimes que não posso voar. Então o Deus que vejo é o Deus desse mundo e não ouso sonhar, pois assim eles me encontrarão. Por isso me explodirei ao levar o microprocessador até as potências subatômicas do meu coração, mais vale um pequeno planeta 70 vezes maior do que a antiga Terra explodir do que o vírus se espalhar por todos universos. Oh Krátos! Desista de mim, há muito me anestesiei de você. Só adoro o luar e nada mais, quando ouço o seu canto de bardo em alto mar uivo mais alto e assim não posso te escutar, você nem me conhece e até me despreza não sabes que Deus também é o Dragão.
Do alto quando te olho não sinto pena de você. Sua intensidade anti-crística transforma anjos em homens e homens em criaturas do inferno e escreve todos esses poemas que nascem do dilema, ser e existir. Dominações vindas de labirintos dantescos e para iludir. Então te digo não existo e sou metade lobo metade fome. O lobisomem das lendas dos antigos que perdeu sua salvação pelo vírus que mutilou seu resto de humano, saqueou o templo e levou sua salvação para Quinta Lua de Órion. Quero voltar para minha casa e antes disso cumprirei minha missão.
Minha amada está na Quinta Lua, entenda Krátos... este é o motivo do meu uivar...
Enquanto tu finges e és verdadeiro, protagonizo a luta que os tolos chamam de bem e mal, mas não lutarei mais, não será preciso. Meu tempo agora é de permanecer disfarçado, trabalho para ganhar a salvação de quem não dorme deste a última passagem de Zeus..
A chuva agora parou de cair e enxugo meus pêlos com o paletó surrado e tecnocrático, bela indumentária pós-moderna e poderoso disfarce para quem foge dos morcegos de Azargan, eles também me querem lutando por Krátos, eles também me estudam, sou um filho pródigo pra eles. Mas a verdade é que vejo o horror de seus pesadelos, flores do mal, rios de sombras, morada de Plutão e você nem sabe onde agora estou.
Todas as noites pego meu jato e vou para onde tudo começou, sim tenho jato-supranirvânico e sei pilotar, chego bem antes da aurora com seus delicados róseos dedos levar a noite de mim. Se pelos desígnios do acaso calhar de estar nublado é quando uivo de desespero se não... é só mesmo o uivo de um lobo, o pedido imortal. No Nirvana me fusionarei com Metatron e sem essa tecnologia, HY-16 será consumida pelo seu próprio vírus, pelo aquilo que acostumamos denominar de Mal.
Que fado heim?! Que os intentos do destino ventaram devagar. Está preso a este mundo, a este corpo sabendo que ela me aguarda é a dor e o analgésico. Zyprexa ainda se lembra de mim? Este foi um neurotransmissor que me permitiu ver Selene ao meu lado. Krátos:
“Tudo que começa tem um fim”
Agora que sabem o segredo dos lobos, vejam que esta história será levada por um golfinho enquanto uma borboleta chora pousada no horizonte azul dos meus olhos. E na sexta dimensão do Nirvana o fim de HY-16 é uma música triste e inevitável a primeira explosão já começou.
Hoje terei forças para procurar além do que é mais escuro, quero ver o lado oculto da lua quero a chave do coração. E quando os Deuses me acordarem saberei daqueles versos:
“O sol veio no alto do Trono
Num eclipse inesperado
Transforma a lua em mel
Era ele Zeus
Era ele o Dragão
E Selene antes adormecida abre agora
A porta do seu quarto”
E quem não dirá que a outra metade de Metatron não estava o tempo todo no átomo central da última partícula de alma que sobrou em mim? Minha essência é a luminescência... A maçaneta da nave de Zeus. Krátos será punido. Pois ele nunca chegará ao Nirvana com a tecnologia de Azargan, ele é o poder temporal que os imortais um dia deixaram existir.
Fim
julho de 2007
Goiânia, julho de 2007
CONCURSO LITERÁRIO
“Falando de Amor”
“Grupo Editorial Casa do Novo Autor”
Título:
SELENE
Autor:
Leonardo Daniel Ribeiro Borges
E-mail de contato: leodanielrb@yahoo.com.br ou leodrb@uol.com.br
SELENE
“Vá à busca da outra metade”
“A luminescência é maçaneta da nave”
Era só isso que estava escrito no verso do microprocessador Metatron, jogado no velho chão molhado pela chuva de estrelas de nêutrons que há dois mil anos não paravam de cair. E eu que sempre andei meio cabisbaixo, sempre via as coisas perto dos meus pés. No final de mais uma jornada dentro do Sansara, vacilava com o cansaço de mais uma vida a ser vivida. Como pode ainda eu não ter matado a chama que me resta depois de ter me afastado daquilo que de tão real é chamado de ilusão? E a nave de Zeus quando se chocou com o exército de Krátos matou os irmãos de armas nas mãos. Continuo andando e este pedaço de metal retorcido pela água dessa chuva ácida, que mais parecem lágrimas de Zeus, mexeu comigo, me fez sentir todos aqueles versos que perdi na escuridão do passado, mas chega de versos, chega de ilusão, agora vivo e pagarei minhas contas. Sou um meta-humano.
O azul da tinta inérida escorre por meus dedos, dizem que tinta de caneta de irídion dá câncer, é estranho pensar que o câncer não abandona a carne, esse fio de lágrimas contrasta com o vermelho do batom, do último beijo que Selene me deu. Beijo que veio impávido e não sentiu os efeitos da natureza. Um microprocessador diacrônico desbotado e um beijo de amor... é claro que só poderia ser de amor, quem mais beijaria a radiação de Metatron? A vida que me perdoe, mas sei que o amor é um som distante, toda vez que amamos é quando um desmaio nos distraí. “Buscar a metade?” Talvez fosse melhor seguir na escuridão... Já está tarde, amanhã me levanto cedo antes do segundo Sol chegar. É mais um dia de trabalho. Quando falei pra ela ‘nem pensar’, eu falei foi pra mim, não sabia que o amor acabava num fim de semana e isso já faz tantos outonos, tantos eons. Oh vida! O que você fez de mim?
É fácil pensar, difícil é sentir. A paz que tantos dizem ter não resiste a um olhar, aliás, nada do que é do humano resiste ao olhar, enquanto Cristo voa na supra-dimensão sobre o exército da voz com seu coração, Nahemah infra-dimensionamente arrasta seus escravos pelo fogo dos olhos.
E eu vi esses olhos na escuridão daquele passado, daquela noite. Se essas religiões soubessem que a verdade foi esquecida e disputada pela multidão de porcos mutantes, que se procriam na lama suja dos materialismos o que será que fariam? O que me fiz sem você?
Preciso sentar a chuva está forte, cada gota que toca meu rosto deixa o alívio e a cicatriz que me corta:
“Você não soube amar, purifique-se agora com as lágrimas que causou”.
Se você sai em busca, não é para achar isso ou aquilo, não é pra achar que... É para achar o que foi perdido, no meu caso... Amigo... Eu achei e perdi.
Fui buscado você me entende? Fui chamado você me entende? Eu vi a eternidade no brilho do olhar, me levantei sobre os homens, me fiz rei e antes caçador. Levantei meu Imperium Solaris. Levantei-me pelo amor.
Todo sol que nascia me chamava, conhecia o meu nome, o vazio que existia, era andar por entre a gente, por entre a gente saía raios de explosões subatômicas o amor é uma radiação.
Quem fez o super-processador que roubei da nave de Krátos me disse:
“Vá à busca da outra metade”.
Mas a outra metade está com quem se há uma multidão em um alguém?
Na busca vi muita gente, muitos paraísos tortuosos, muito crime e castigo, na busca vi Cláudios, Lilithi, a Ana, a Crizy e a mais Bela, vi o manto marrom de Maria Mãe de Deus. mas o tempo rouba tudo, rouba porque foi roubado, é ladrão roubando ladrão. Eu mesmo roubei do tempo a juventude que me tornou meta-humano. Juventude que não mais me pertencia e paguei caro vendo naquela menina os olhos da minha filha que não tive e nem pude ter, mas mesmo assim digo filha.
A voz vinda de Andrômeda entrava na nave de Krátos e dizia que na busca você poderá ser buscado, não há manual, mas há instinto e intuição. Eu quebro agora o que sobrou do processador Metatron sem ele não há como construir outro canhão isomolecular e sei que todo meta-humano é vaidoso demais em sua profecia, eles sabem que não podem ensinar, e, mesmo assim ensinam. Os metas sabem que não são Deuses, e mesmo assim insistem em serem criadores, e criando eles vêem que é especial, são poetas são até idílicos porém sempre idiossincráticos, isso eu aprendi antes de desistir de ser um meta-humano, mas isso só foi antes de me perder do homem que sou.
Eu rasguei os versos que aprendi em Sinertrônica não por inveja, rasguei por precaução o lobo se faz de cordeiro, com doces palavras deita a vítima pelo chão, o lobo se alimenta da rosa ele por dentro é espinho. Eu adoro lobos, o cordeiro é dissimulado como seres humanos. Não quero ser instrumentos de reencontros, hecatombes e mudanças glaciais. Agora não há mais versos, não há o gozo periférico que fere os corações. Esta noite eu uivarei novamente, só me resta uma eternidade para uivar. E com minha boca provarei de Metatron.
Quando perdi minha humanidade perdi o laço com o sagrado, perdi meus tesouros e meu castelo. Minhas jóias foram separadas de mim e enterradas ao pé da montanha em que caí e meu castelo não me cabe mais.
Hoje vou celebrar a morte de mais um planeta, e não estou de luto se não destruir HY-16 ele espalha seu vírus pelo universo, este vírus já foi chamado pelo antigo Zoroastro de Trevas, não estou de luto e também não deixo de lutar. Sim, fui do paraíso expulso e disso eu sei, junto com legiões de arcanjos, pais da nossa tecnologia e criadores dos remédios que os mantém longe da própria loucura. E Krátos me quer de volta, mas quem disse que farei novamente o pacto com todos esses cientistas do medo? A minha transformação aconteceu antes do galo cantar, a toalha foi jogada enquanto o herói beijava a lona, nunca mais me levantei, sigo cabisbaixo, não ligo o Pentatron nem vejo os Multiversos da TV Plasmada no Etéreo. Não há nada nesse mundo que me eu não saiba do sentido, quando cheiro a rua sinto toda multidão nua em seus secretos desejos, quando vou ao analista de mutações congeniadas e escuto o bater do coração, sei o preço de cada célula, que vem ao ar buscar inspiração e analiso o analista, é uma amizade cara, mas pago o preço para entrar naqueles sonhos.
Não gosto do vermelho, não bebo do sangue, “não viro vampiro prefiro sangrar”, por isso liderei a luta em terra contra os filhos do Poder, os filhos de Krátos. Quando a nave de Crátos caiu no solo de HY-16 vi como um falcão a anátema que mácula minha herança, e não ter me permanecido com ela com sua horda em orgias titânicas, foi a única esperança. Lutei sim não luto mais, da minha alma já nem sei o que sobrou, repartiram-na e a guardaram-na em garrafas de dor. Mas tenho o que eles querem tenho a tecnologia de Metatron.
Não sinto dor e esse é meu maior sofrimento, sofro por não sofrer e essa é minha perseverança. Já sei que não sou humano e nem homem também gosto dos lobos vago no limite que está além. Quando ando por um jardim vejo todos aqueles epitáfios me lembro que lá foi enterrado minha fé, lá descansa minha eterna Selene.
Como pode então um imortal me dizer em outra metade do microprocessador? Onde está a porta se o que eu vejo é Deus em seu imenso corpo natural? Não quero a gravidade... me acorrento demais aos meus crimes que não posso voar. Então o Deus que vejo é o Deus desse mundo e não ouso sonhar, pois assim eles me encontrarão. Por isso me explodirei ao levar o microprocessador até as potências subatômicas do meu coração, mais vale um pequeno planeta 70 vezes maior do que a antiga Terra explodir do que o vírus se espalhar por todos universos. Oh Krátos! Desista de mim, há muito me anestesiei de você. Só adoro o luar e nada mais, quando ouço o seu canto de bardo em alto mar uivo mais alto e assim não posso te escutar, você nem me conhece e até me despreza não sabes que Deus também é o Dragão.
Do alto quando te olho não sinto pena de você. Sua intensidade anti-crística transforma anjos em homens e homens em criaturas do inferno e escreve todos esses poemas que nascem do dilema, ser e existir. Dominações vindas de labirintos dantescos e para iludir. Então te digo não existo e sou metade lobo metade fome. O lobisomem das lendas dos antigos que perdeu sua salvação pelo vírus que mutilou seu resto de humano, saqueou o templo e levou sua salvação para Quinta Lua de Órion. Quero voltar para minha casa e antes disso cumprirei minha missão.
Minha amada está na Quinta Lua, entenda Krátos... este é o motivo do meu uivar...
Enquanto tu finges e és verdadeiro, protagonizo a luta que os tolos chamam de bem e mal, mas não lutarei mais, não será preciso. Meu tempo agora é de permanecer disfarçado, trabalho para ganhar a salvação de quem não dorme deste a última passagem de Zeus..
A chuva agora parou de cair e enxugo meus pêlos com o paletó surrado e tecnocrático, bela indumentária pós-moderna e poderoso disfarce para quem foge dos morcegos de Azargan, eles também me querem lutando por Krátos, eles também me estudam, sou um filho pródigo pra eles. Mas a verdade é que vejo o horror de seus pesadelos, flores do mal, rios de sombras, morada de Plutão e você nem sabe onde agora estou.
Todas as noites pego meu jato e vou para onde tudo começou, sim tenho jato-supranirvânico e sei pilotar, chego bem antes da aurora com seus delicados róseos dedos levar a noite de mim. Se pelos desígnios do acaso calhar de estar nublado é quando uivo de desespero se não... é só mesmo o uivo de um lobo, o pedido imortal. No Nirvana me fusionarei com Metatron e sem essa tecnologia, HY-16 será consumida pelo seu próprio vírus, pelo aquilo que acostumamos denominar de Mal.
Que fado heim?! Que os intentos do destino ventaram devagar. Está preso a este mundo, a este corpo sabendo que ela me aguarda é a dor e o analgésico. Zyprexa ainda se lembra de mim? Este foi um neurotransmissor que me permitiu ver Selene ao meu lado. Krátos:
“Tudo que começa tem um fim”
Agora que sabem o segredo dos lobos, vejam que esta história será levada por um golfinho enquanto uma borboleta chora pousada no horizonte azul dos meus olhos. E na sexta dimensão do Nirvana o fim de HY-16 é uma música triste e inevitável a primeira explosão já começou.
Hoje terei forças para procurar além do que é mais escuro, quero ver o lado oculto da lua quero a chave do coração. E quando os Deuses me acordarem saberei daqueles versos:
“O sol veio no alto do Trono
Num eclipse inesperado
Transforma a lua em mel
Era ele Zeus
Era ele o Dragão
E Selene antes adormecida abre agora
A porta do seu quarto”
E quem não dirá que a outra metade de Metatron não estava o tempo todo no átomo central da última partícula de alma que sobrou em mim? Minha essência é a luminescência... A maçaneta da nave de Zeus. Krátos será punido. Pois ele nunca chegará ao Nirvana com a tecnologia de Azargan, ele é o poder temporal que os imortais um dia deixaram existir.
Fim
julho de 2007