TEMPESTADE SOLAR

Vinte e nove de agosto de dois mil e vinte e sete, 18 horas, a NASA comunica que uma tempestade solar chegará à Terra em poucos minutos. O matemático Gil e seu amigo químico Lean estão na rodovia que liga Combecoest a Valley. Lean pegou seu celular e tentou acessar a rede social Facebook, mas não conseguia.

— Gil, ligue o Wi-Fi.

— Já está ligado. O que houve?

— Não consigo acessar a internet.

Os dois não sabiam do comunicado da NASA, pois não estavam sequer usando a internet. De repente o celular de Gil toca.

— Alô! Diga Pontes — Pontes era físico espacial.

— Tenho uma notícia.

— Boa ou ruim?

— Péssima!

A cara de Gil ficou mais séria que de costume.

— Diga logo.

— Meu amigo, sabe que a luz do Sol é radiação composta de partículas, partículas estas que Einstein, em 1905, estendendo o conceito para as ondas eletromagnéticas da quantização de Plank, admitiu que a luz e as demais radiações eletromagnéticas deveriam ser consideradas como um feixe de pacotes de energia, os fótons. Eles não têm massa. Mas têm velocidade e aquilo que nós físicos chamamos de "momento", uma espécie de energia que os impulsiona... ocorreu uma... erup... solar...

— Sim, o que quer dizer com tudo isso, Pontes?

— Quero dizer que... longe de fios de alta... ão... e que ficaremos sem TV, rádio, internet... tum! tum! tum! tum!..

— Pontes? Pontes! Droga, caiu a conexão!

— Quem era Gil?

— Meu amigo Pontes.

— Aquele físico espacial?

— Sim! — Disse Gil pisando forte no acelerador de seu carro.

— Mas o que houve?

— É uma longa história complexa. Ele falou sobre uma luz solar, fótons, uma radiação, acho que afetará à Terra.

— Cara, se trata de uma explosão na superfície do Sol causada por mudanças repentinas no seu campo magnético. Isso causa altos níveis de radiação no espaço. A radiação pode vir como partículas que é o plasma ou radiação eletromagnética que é a luz. Cara, se essa for forte nós estamos encrencados.

Já estava anoitecendo, as luzes de Valley mostravam-se longe. O pior estava para acontecer, os dois estavam passando por uma linha de transmissão elétrica.

— Talvez seja por isso que você não consegue acessar a internet, Lean.

— Sim, pode ter sido uma tempestade geomagnética. Olha aquilo Gil!

— Caramba! É o quarto estado da matéria. Plasma.

— Exatamente, meu amigo!

— O plasma tem a importante característica de permanecer eletricamente neutro.

Ambos adoravam fenômenos da natureza. Perceberam as intensas fitas fantasmagóricas de luz conhecidas como auroras. O local onde estavam não era normal haver aurora, pois normalmente ocorre mais ao norte e ao sul do planeta. Dessa vez o fenômeno atmosférico foi mais forte.

Os fios de alta tensão emitiram luz, os cabos romperam, viram faíscas, fogo e a cidade iluminada ao longe pela rede elétrica foi apagando-se. Carro e celulares falharam.

— Lean, viu isso?

— Sim! O plasma emite luz em contato com o campo magnético e/ou elétrico.

— Bom garoto, é isso aí.

Gil ficou observando aquele espetáculo, Lean também. A nuvem iluminada tomou o céu. Foi quando Gil disse:

— Interessante.

— Muito interessante mesmo, Gil.

— Não, não é isso Lea, me refiro não ao fenômeno, mas à fragilidade.

— Como assim?

— O quanto somos indefesos perante o Universo.

Leandro Ferreira Braga
Enviado por Leandro Ferreira Braga em 01/10/2017
Reeditado em 25/09/2024
Código do texto: T6129770
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