Viagem a Andrômeda - CAPÍTULO VI - Lever leurs boucliers
CAPÍTULO VI
lever leurs boucliers
O alívio por deixar o planeta Álack foi grande. O trio de forasteiros efetuaram a leitura atenta dos registros de acesso a nave e de integridade do casco. Christian queria ter certeza que nenhum dispositivo foi instalado na sua nave durante o período que eles ficaram no planeta Alack.
- Aparentemente tudo limpo DC. - Disse Matin virando-se para trás na direção de Christian.
- Ótimo – Respondeu Christian, assentindo com a cabeça – Desligue todos os dispositivos de comunicação e as câmeras e vamos nos comunicar apenas por voz. Quero ter certeza que nada será captado dessa conversa – Concluiu fazendo gestos para Mark.
- Christian, você não está exagerando um pouco? - Questionou Mark virando a cadeira e ficando de frente para Christian.
- De maneira alguma. - balançou a cabeça Christian - O comandante Garcia me gera muita desconfiança. Nele e naquele doutor Yano.
- Eu também achei que diversas atitudes deles não foram agradáveis. - Disse Martin virando sua cadeira de frente para Christian – Porém, não acredito que eles queiram nosso mal.
- Meus amigos, eu também acredito que eles não queiram nosso mal. Mas, fica evidente que eles preferem tomar a frente das pesquisas e impor suas regras. Não que nós sejamos melhores que eles para isso, porém o projeto de terraformação entre outros pequenos detalhes me incomoda muito. - Disse Christian.
- Entendo, realmente algumas coisas fogem da ideia inicial de nossa missão e dos princípios que as outras federações têm em mente. - Disse Mark baixando a cabeça.
- Exatamente Mark, desde primeira reunião que tive com o comandante Garcia, na estação espacial, percebi que as federações estão se dividindo e que a colonização em Andrômeda é um impulso necessário para cessarmos isso e iniciarmos um novo período de harmonia e direção única para a humanidade. Vocês concordam com isso?
Martin e Mark assentiram com a cabeça.
- Que bom, então vamos analisar o material que trouxemos e ver de que maneira iremos passar isso aos nossos colegas. Será importantíssimo que trabalhemos juntos.
Os três trabalharam de forma a árdua com o material, eles sabiam que chegariam apenas dois dias antes da guarda de Álack em Andrômeda, por isso as decisões deveriam ser extremamente assertivas.
- Christian, estamos a algumas horas do PTE, você gostaria que enviássemos uma mensagem para a Röntgen? – Perguntou Mark.
- Claro, eles já devem estar preocupados, afinal demoramos um pouco mais que o esperado.
- Mensagem enviada, acredito que receberemos o retorno em alguns minutos.
Passaram-se aproximadamente 30 minutos até o retorno da mensagem.
- Ok companheiros, estamos aguardando vocês. Lever leurs boucliers!
- Que porra é essa? Lever leurs boucliers? - Perguntou Mark.
- Francês espertinho, use seu tradutor. Quer dizer “levante seus escudos” - Disse Martin com um sorriso de canto de boca.
- Desde quanto Émerson faz piadinhas? - Questionou Christian.
- Acredito que esses dias no comando da Röntgen tenham feito bem à ele – Comentou Martin.
- Não é uma característica do Dr. Ribeiro, ele sempre foi muito centrado, tive a oportunidade de trabalhar com ele em algumas pesquisas sobre a fauna de alguns planetas exteriores do braço de Sagitário. - Disse Christian apoiando as mãos sobre os joelhos e curvando-se levemente para a frente.
- DC, você gostaria que enviássemos alguma mensagem questionando a frase? - Perguntou Martin indo em direção ao monitor.
- Não Martin, estamos muito próximos agora, um pouco antes de cruzar o PTE levante os escudos protetores com potência máxima.
- Combinado DC.
Após aproximadamente 90 minutos a nave de monitoramento instalada na Via Láctea inicia a verificação da integridade do portal e autoriza a nave de transporte a passar pelo portal.
- Onde está a galáxia de Andrômeda Mark? - Perguntou Christian assustado.
- Ela está atrás de nós, estou corrigindo o curso – Disse Martin.
- Mark, abra o canal de comunicação com a Röntgen. - Ordenou Christian.
- Canal aberto Christian.
- Émerson, o que está acontecendo? Por que a alteração no sentido por PTE? - Disse Christian irritado.
Após alguns segundos, uma voz anasalada foi ouvida.
- Dr. Christian Bordet, infelizmente sua tripulação não está presente na cabine de comando. O senhor junto com os outros dois tripulantes estão autorizados a efetuar o desembarque no deck B, espero que ao pressurizarmos o deck, vocês se rendam. Dez dos meus soldados estarão lhes aguardando. Comunicação encerrada.
O silêncio na cabine da B17E5 só foi quebrado alguns segundos depois por Martin.
- DC, o que vamos fazer? Retornar para a Via Láctea e aguardar a chegada do reforço de Álack?
- Não, é muito arriscado, não podemos abandonar nossos companheiros e deixar que esses seres fiquem com o acesso ao portal. - Disse Christian.
- Devemos destruir o portal? - Questionou Mark.
- De maneira alguma. - Christian levanta da cadeira e fica entre os dois - Ainda não, pelo menos não até sabermos o que está acontecendo.
- De acordo. - Disse Mark.
- Eu também. - Concluiu Martin.
- Liguem novamente a comunicação não verbal, porém ajustem a frequência para no máximo 800 metros, acredito que não precisaremos nos comunicar a uma distância maior que o comprimento da Röntgen e ajuste as coordenadas para o deck, dizem que não é bom atrasos no primeiro encontro – Ordenou Christian.
A nave de transporte navegou por mais alguns minutos até o deck. Efetuaram o pouso no lugar determinado e aguardaram a pressurização. Ao abrirem a porta viram os 10 soldados Goswani perfilados.
- Qual de vocês é o Dr. Christian Bordet? - Questionou o soldado próximo a porta de desembarque.
- Sou eu!
- Estenda o braço para mim. - Ordenou o soldado.
- Qual dos braços? Direito ou esquerdo? - Questionou Christian.
O Soldado mudou de expressão e olhou para os outros.
- Esse é o direito. - Disse Christian levantando o braço direito.
O soldado imediatamente apanhou a mão de Christian e prendeu uma pulseira verde escura no braço dele.
- Você quem é? - Perguntou o soldado.
- Sou Mark Pellegrini.
- Estenda o braço direito.
Mark recebeu uma pulseira amarela. Martin não esperou a pergunta do soldado e estendeu o braço direito já dizendo seu nome. Ganhou uma pulseira azul clara.
Ao terminarem a marcação o soldado pediu que o acompanhassem, indo na frente com outros três, enquanto os demais iam atrás do grupo.
A primeira impressão de Christian, apesar da situação, foi de encanto, porém o cheiro leve de amônia de exalava das criaturas já começava a perturbar seus sensores e as frases sem sentido ouvidas, com a pronuncia anasalada, só serviam para serem armazenadas e alimentar a base de dados. Cristian então enviou uma mensagem coletiva para seus liderados.
“Senhores, não temos tempo para conversarmos sobre o que ocorreu, me transmitam a base de dados da língua dessas criaturas e qualquer outra informação que vocês já tenham descoberto.”
Uma enxurrada de informações foram enviadas pelos outros nove tripulantes, porém a estrutura gramatical era muito diferente da utilizada pelos humanos, com certeza iria demorar mais tempo do que o previsto.
Ao caminhar, Christian observou que os soldados possuíam na parte de trás da cabeça, onde deveria existir um pescoço uma espécie de armadura que descia e ficava por baixo do uniforme azul escuro.
O soldado então ordenou que eles parassem. E se virou para Christian dizendo:
- O Senhor acompanhe esses soldados, pois conduzirei os demais para a sala onde estão os outros tripulantes.
Christian assentiu com a cabeça e acompanhou os três que estavam a sua frente.
Durante a caminhada recebeu uma mensagem de Martin:
“Estamos todos bem, nós nove estamos na sala de hibernação.”
Christian aproveitou e respondeu:
“Perfeito, vocês não poderiam estar em melhor lugar. Aproveitem e façam um backup de toda a memória de vocês para a Röntgen… Não questionem”.
Os nove aproveitaram o momento que estavam a sós na sala de hibernação e se sentaram nas poltronas. Ao apoiarem a cabeça elas foram conectadas a nave por meio de oito pinos. Em poucos segundos os dados foram atualizados na base de dados da nave.
“Backup efetuado por todos.”
“Perfeito Mark, procurem ouvir os guardas conversando, e vão me atualizando a cada 10 minutos, farei o mesmo por vocês. A partir de agora irei me dedicar exclusivamente ao meu encontro.”
“Boa Sorte DC.”
“Obrigado Martin, para vocês também”
Ao concluir a mensagem, a porta da sala de controle foi aberta e Christian pode observar um dos Goswani trajando um uniforme vermelho grená com detalhes em azul escuro. Ele logo percebeu que se tratava de um soldado com maior patente.
- Olá Dr. Christian Bordet. Sou o oficial no comando do cruzador ao lado da sua nave.
- Certo, me chame apenas de Christian, eu odeio quando me chamam pelo sobrenome.
- Claro, por que não? Eu sei que você deve achar estranho outro… ser… estar no comando da sua nave, porém minhas ordens foram de abordá-los com o menor dano possível. Cheguei a acreditar que vocês seriam hostis. Me preparei até para destruir sua nave.
- Fico feliz que não tenha o feito.
- Acredito nisso. Porém, pude perceber que a verdade não é muito o forte da sua raça, por diversas vezes sua tripulação tentou-nos enganar, fiquei sabendo da sua existência pouco antes de retornarem para nossa galáxia.
- Medo! Você sabe o que é?
- Temos sentimentos também, a propósito muito parecidos com o de vocês.
- Fiquei curioso… Como você aprendeu nosso idioma tão rápido? E como devo lhe chamar?
- Não diria que foi tão rápido, estou com parte de sua tripulação a cerca de… bem usarei o padrão de vocês, que é bem peculiar… 8 dias… Me chame de Lotar…
- 8 dias? - Disse Chrstian espantado.
- Sim. Nossa raça mantém contato com outras duas civilizações. Três com a de vocês, por isso desenvolvemos alguns componentes que facilitam a interpretação dessas informações. Além disso, sua linguagem é muito simples, possui poucas… sílabas… é assim que vocês chamam os fonemas… certo?
- Exatamente Lotar. Mas, qual a sua missão?
- Bem, enviei uma mensagem para nosso comando em Munchkin. - Falou Lotar apontando no sentido do planeta - Ele fica a poucos… dias… viajando próximo a velocidade da luz, por falar nela, acredito que é o único sistema métrico que possuímos igual… Ah! Por Perlack… e o ano, ele também é importante para nós.
- Eu não consigo acreditar que vocês não usam algo parecido com dias?
- E por que usaríamos? Nosso planeta natal não gira em torno do seu próprio eixo. Da mesma maneira que não utilizamos uma outra escala de vocês, a hora.
- Acredito que tenhamos muito que conversar.
- Claro. Principalmente sobre aquele artefato. - Disse Lotar apontando para o PTE – Vocês irão me explicar exatamente qual a função dele. Agora que sei que não é uma antena de transmissão. Mas, por enquanto você irá ficar com seus companheiros até o conselho decidir o que faremos com vocês.
- Quer dizer que seremos seus reféns? Disse Christian com ódio no olhar.
- Reféns… essa palavra é nova… porém utilizarei uma que conheço… prisioneiros… A partir de agora são nossos prisioneiros, mas lhe asseguro que serão bem tratados. Não somos um povo bárbaro. Fique tranquilo.
- Mas…
Christian iniciaria uma frase quando foi interrompido, apesar de não entender o que foi dito, ficou claro que Lotar havia solicitado aos homens que o acompanhassem até a sala de hibernação.
“Senhores, estou indo me juntar a vocês. Não obtive sucesso na reunião com Lotar, líder da missão. Somos prisioneiros”. - Informou Christian.
“Meu Deus, o que faremos?” - Perguntou Mark.
“Émerson, fique enviando uma mensagem de alerta. Não podemos arriscar que o comandante Garcia seja surpreendido, nesse momento ele é nossa melhor escolha”. - Solicitou Christian enquanto caminhava pelos corredores da Röntgen.
Alguns segundos depois Émerson responde para Christian.
“Senhor, o sistema de comunicação da Röntgen está travado, não poderemos nos comunicar com a frota de Álack”
“Merda.”
Christian deu mais alguns passos até que a porta da sala de hibernação foi aberta.
- Senhor…
Christian interrompeu Émerson com uma mensagem.
“Mensagens… Apenas mensagens”
“Certo”
“Você consegue destravar o sistema por aqui? Alguém têm alguma sugestão?” - Christian pela primeira vez perde o controle.
“Christian, acalme-se. Não temos o que fazer, temos alguns acessos a sistemas simples. Os demais infelizmente só podem ser realizados da sala de controle” - Informou Mark.
“Me perdoem, mas só podemos rezar, e torcer por nosso povo.” - comunicou Christian olhando pela janela em direção ao PTE.
O alívio por deixar o planeta Álack foi grande. O trio de forasteiros efetuaram a leitura atenta dos registros de acesso a nave e de integridade do casco. Christian queria ter certeza que nenhum dispositivo foi instalado na sua nave durante o período que eles ficaram no planeta Alack.
- Aparentemente tudo limpo DC. - Disse Matin virando-se para trás na direção de Christian.
- Ótimo – Respondeu Christian, assentindo com a cabeça – Desligue todos os dispositivos de comunicação e as câmeras e vamos nos comunicar apenas por voz. Quero ter certeza que nada será captado dessa conversa – Concluiu fazendo gestos para Mark.
- Christian, você não está exagerando um pouco? - Questionou Mark virando a cadeira e ficando de frente para Christian.
- De maneira alguma. - balançou a cabeça Christian - O comandante Garcia me gera muita desconfiança. Nele e naquele doutor Yano.
- Eu também achei que diversas atitudes deles não foram agradáveis. - Disse Martin virando sua cadeira de frente para Christian – Porém, não acredito que eles queiram nosso mal.
- Meus amigos, eu também acredito que eles não queiram nosso mal. Mas, fica evidente que eles preferem tomar a frente das pesquisas e impor suas regras. Não que nós sejamos melhores que eles para isso, porém o projeto de terraformação entre outros pequenos detalhes me incomoda muito. - Disse Christian.
- Entendo, realmente algumas coisas fogem da ideia inicial de nossa missão e dos princípios que as outras federações têm em mente. - Disse Mark baixando a cabeça.
- Exatamente Mark, desde primeira reunião que tive com o comandante Garcia, na estação espacial, percebi que as federações estão se dividindo e que a colonização em Andrômeda é um impulso necessário para cessarmos isso e iniciarmos um novo período de harmonia e direção única para a humanidade. Vocês concordam com isso?
Martin e Mark assentiram com a cabeça.
- Que bom, então vamos analisar o material que trouxemos e ver de que maneira iremos passar isso aos nossos colegas. Será importantíssimo que trabalhemos juntos.
Os três trabalharam de forma a árdua com o material, eles sabiam que chegariam apenas dois dias antes da guarda de Álack em Andrômeda, por isso as decisões deveriam ser extremamente assertivas.
- Christian, estamos a algumas horas do PTE, você gostaria que enviássemos uma mensagem para a Röntgen? – Perguntou Mark.
- Claro, eles já devem estar preocupados, afinal demoramos um pouco mais que o esperado.
- Mensagem enviada, acredito que receberemos o retorno em alguns minutos.
Passaram-se aproximadamente 30 minutos até o retorno da mensagem.
- Ok companheiros, estamos aguardando vocês. Lever leurs boucliers!
- Que porra é essa? Lever leurs boucliers? - Perguntou Mark.
- Francês espertinho, use seu tradutor. Quer dizer “levante seus escudos” - Disse Martin com um sorriso de canto de boca.
- Desde quanto Émerson faz piadinhas? - Questionou Christian.
- Acredito que esses dias no comando da Röntgen tenham feito bem à ele – Comentou Martin.
- Não é uma característica do Dr. Ribeiro, ele sempre foi muito centrado, tive a oportunidade de trabalhar com ele em algumas pesquisas sobre a fauna de alguns planetas exteriores do braço de Sagitário. - Disse Christian apoiando as mãos sobre os joelhos e curvando-se levemente para a frente.
- DC, você gostaria que enviássemos alguma mensagem questionando a frase? - Perguntou Martin indo em direção ao monitor.
- Não Martin, estamos muito próximos agora, um pouco antes de cruzar o PTE levante os escudos protetores com potência máxima.
- Combinado DC.
Após aproximadamente 90 minutos a nave de monitoramento instalada na Via Láctea inicia a verificação da integridade do portal e autoriza a nave de transporte a passar pelo portal.
- Onde está a galáxia de Andrômeda Mark? - Perguntou Christian assustado.
- Ela está atrás de nós, estou corrigindo o curso – Disse Martin.
- Mark, abra o canal de comunicação com a Röntgen. - Ordenou Christian.
- Canal aberto Christian.
- Émerson, o que está acontecendo? Por que a alteração no sentido por PTE? - Disse Christian irritado.
Após alguns segundos, uma voz anasalada foi ouvida.
- Dr. Christian Bordet, infelizmente sua tripulação não está presente na cabine de comando. O senhor junto com os outros dois tripulantes estão autorizados a efetuar o desembarque no deck B, espero que ao pressurizarmos o deck, vocês se rendam. Dez dos meus soldados estarão lhes aguardando. Comunicação encerrada.
O silêncio na cabine da B17E5 só foi quebrado alguns segundos depois por Martin.
- DC, o que vamos fazer? Retornar para a Via Láctea e aguardar a chegada do reforço de Álack?
- Não, é muito arriscado, não podemos abandonar nossos companheiros e deixar que esses seres fiquem com o acesso ao portal. - Disse Christian.
- Devemos destruir o portal? - Questionou Mark.
- De maneira alguma. - Christian levanta da cadeira e fica entre os dois - Ainda não, pelo menos não até sabermos o que está acontecendo.
- De acordo. - Disse Mark.
- Eu também. - Concluiu Martin.
- Liguem novamente a comunicação não verbal, porém ajustem a frequência para no máximo 800 metros, acredito que não precisaremos nos comunicar a uma distância maior que o comprimento da Röntgen e ajuste as coordenadas para o deck, dizem que não é bom atrasos no primeiro encontro – Ordenou Christian.
A nave de transporte navegou por mais alguns minutos até o deck. Efetuaram o pouso no lugar determinado e aguardaram a pressurização. Ao abrirem a porta viram os 10 soldados Goswani perfilados.
- Qual de vocês é o Dr. Christian Bordet? - Questionou o soldado próximo a porta de desembarque.
- Sou eu!
- Estenda o braço para mim. - Ordenou o soldado.
- Qual dos braços? Direito ou esquerdo? - Questionou Christian.
O Soldado mudou de expressão e olhou para os outros.
- Esse é o direito. - Disse Christian levantando o braço direito.
O soldado imediatamente apanhou a mão de Christian e prendeu uma pulseira verde escura no braço dele.
- Você quem é? - Perguntou o soldado.
- Sou Mark Pellegrini.
- Estenda o braço direito.
Mark recebeu uma pulseira amarela. Martin não esperou a pergunta do soldado e estendeu o braço direito já dizendo seu nome. Ganhou uma pulseira azul clara.
Ao terminarem a marcação o soldado pediu que o acompanhassem, indo na frente com outros três, enquanto os demais iam atrás do grupo.
A primeira impressão de Christian, apesar da situação, foi de encanto, porém o cheiro leve de amônia de exalava das criaturas já começava a perturbar seus sensores e as frases sem sentido ouvidas, com a pronuncia anasalada, só serviam para serem armazenadas e alimentar a base de dados. Cristian então enviou uma mensagem coletiva para seus liderados.
“Senhores, não temos tempo para conversarmos sobre o que ocorreu, me transmitam a base de dados da língua dessas criaturas e qualquer outra informação que vocês já tenham descoberto.”
Uma enxurrada de informações foram enviadas pelos outros nove tripulantes, porém a estrutura gramatical era muito diferente da utilizada pelos humanos, com certeza iria demorar mais tempo do que o previsto.
Ao caminhar, Christian observou que os soldados possuíam na parte de trás da cabeça, onde deveria existir um pescoço uma espécie de armadura que descia e ficava por baixo do uniforme azul escuro.
O soldado então ordenou que eles parassem. E se virou para Christian dizendo:
- O Senhor acompanhe esses soldados, pois conduzirei os demais para a sala onde estão os outros tripulantes.
Christian assentiu com a cabeça e acompanhou os três que estavam a sua frente.
Durante a caminhada recebeu uma mensagem de Martin:
“Estamos todos bem, nós nove estamos na sala de hibernação.”
Christian aproveitou e respondeu:
“Perfeito, vocês não poderiam estar em melhor lugar. Aproveitem e façam um backup de toda a memória de vocês para a Röntgen… Não questionem”.
Os nove aproveitaram o momento que estavam a sós na sala de hibernação e se sentaram nas poltronas. Ao apoiarem a cabeça elas foram conectadas a nave por meio de oito pinos. Em poucos segundos os dados foram atualizados na base de dados da nave.
“Backup efetuado por todos.”
“Perfeito Mark, procurem ouvir os guardas conversando, e vão me atualizando a cada 10 minutos, farei o mesmo por vocês. A partir de agora irei me dedicar exclusivamente ao meu encontro.”
“Boa Sorte DC.”
“Obrigado Martin, para vocês também”
Ao concluir a mensagem, a porta da sala de controle foi aberta e Christian pode observar um dos Goswani trajando um uniforme vermelho grená com detalhes em azul escuro. Ele logo percebeu que se tratava de um soldado com maior patente.
- Olá Dr. Christian Bordet. Sou o oficial no comando do cruzador ao lado da sua nave.
- Certo, me chame apenas de Christian, eu odeio quando me chamam pelo sobrenome.
- Claro, por que não? Eu sei que você deve achar estranho outro… ser… estar no comando da sua nave, porém minhas ordens foram de abordá-los com o menor dano possível. Cheguei a acreditar que vocês seriam hostis. Me preparei até para destruir sua nave.
- Fico feliz que não tenha o feito.
- Acredito nisso. Porém, pude perceber que a verdade não é muito o forte da sua raça, por diversas vezes sua tripulação tentou-nos enganar, fiquei sabendo da sua existência pouco antes de retornarem para nossa galáxia.
- Medo! Você sabe o que é?
- Temos sentimentos também, a propósito muito parecidos com o de vocês.
- Fiquei curioso… Como você aprendeu nosso idioma tão rápido? E como devo lhe chamar?
- Não diria que foi tão rápido, estou com parte de sua tripulação a cerca de… bem usarei o padrão de vocês, que é bem peculiar… 8 dias… Me chame de Lotar…
- 8 dias? - Disse Chrstian espantado.
- Sim. Nossa raça mantém contato com outras duas civilizações. Três com a de vocês, por isso desenvolvemos alguns componentes que facilitam a interpretação dessas informações. Além disso, sua linguagem é muito simples, possui poucas… sílabas… é assim que vocês chamam os fonemas… certo?
- Exatamente Lotar. Mas, qual a sua missão?
- Bem, enviei uma mensagem para nosso comando em Munchkin. - Falou Lotar apontando no sentido do planeta - Ele fica a poucos… dias… viajando próximo a velocidade da luz, por falar nela, acredito que é o único sistema métrico que possuímos igual… Ah! Por Perlack… e o ano, ele também é importante para nós.
- Eu não consigo acreditar que vocês não usam algo parecido com dias?
- E por que usaríamos? Nosso planeta natal não gira em torno do seu próprio eixo. Da mesma maneira que não utilizamos uma outra escala de vocês, a hora.
- Acredito que tenhamos muito que conversar.
- Claro. Principalmente sobre aquele artefato. - Disse Lotar apontando para o PTE – Vocês irão me explicar exatamente qual a função dele. Agora que sei que não é uma antena de transmissão. Mas, por enquanto você irá ficar com seus companheiros até o conselho decidir o que faremos com vocês.
- Quer dizer que seremos seus reféns? Disse Christian com ódio no olhar.
- Reféns… essa palavra é nova… porém utilizarei uma que conheço… prisioneiros… A partir de agora são nossos prisioneiros, mas lhe asseguro que serão bem tratados. Não somos um povo bárbaro. Fique tranquilo.
- Mas…
Christian iniciaria uma frase quando foi interrompido, apesar de não entender o que foi dito, ficou claro que Lotar havia solicitado aos homens que o acompanhassem até a sala de hibernação.
“Senhores, estou indo me juntar a vocês. Não obtive sucesso na reunião com Lotar, líder da missão. Somos prisioneiros”. - Informou Christian.
“Meu Deus, o que faremos?” - Perguntou Mark.
“Émerson, fique enviando uma mensagem de alerta. Não podemos arriscar que o comandante Garcia seja surpreendido, nesse momento ele é nossa melhor escolha”. - Solicitou Christian enquanto caminhava pelos corredores da Röntgen.
Alguns segundos depois Émerson responde para Christian.
“Senhor, o sistema de comunicação da Röntgen está travado, não poderemos nos comunicar com a frota de Álack”
“Merda.”
Christian deu mais alguns passos até que a porta da sala de hibernação foi aberta.
- Senhor…
Christian interrompeu Émerson com uma mensagem.
“Mensagens… Apenas mensagens”
“Certo”
“Você consegue destravar o sistema por aqui? Alguém têm alguma sugestão?” - Christian pela primeira vez perde o controle.
“Christian, acalme-se. Não temos o que fazer, temos alguns acessos a sistemas simples. Os demais infelizmente só podem ser realizados da sala de controle” - Informou Mark.
“Me perdoem, mas só podemos rezar, e torcer por nosso povo.” - comunicou Christian olhando pela janela em direção ao PTE.