O holograma

Dois gigantescos AT-ACT estacionados ao lado do antigo palácio de Jabba, o Hutt, sinalizavam para todos os habitantes do planeta que a lei e a ordem - providas pelo Império Galático - tinham finalmente chegado à Tatooine. A Rebelião havia sido esmagada há mais de 20 anos, mas somente agora o Império voltara sua atenção para os Territórios da Orla Exterior, cuidando de eliminar qualquer possível foco de contestação ao seu poder, como o exercido pelos chefões do crime Hutt. O Império tornara-se tão temido que ao saber que tropas de ocupação se dirigiam para lá, Jabba e seus capangas preferiram partir com destino ignorado, fugindo ao confronto.

O comandante das tropas imperiais em Tatooine, um veterano de inúmeras batalhas contra os rebeldes, saboreava o retorno ao planeta onde passara boa parte de sua juventude, e para onde agora retornava vitorioso. De uma das janelas do palácio, comprazia-se contemplando a paisagem árida do mundo desértico, quando foi interrompido por um de seus oficiais.

- Senhor, desculpe a intromissão...

- Pois não, Teffruel?

- Acabamos de vistoriar os porões do palácio e descobrimos algumas relíquias interessantes, da época da Rebelião.

O comandante era um colecionador de artefatos militares, e seus soldados procuravam cair nas suas graças trazendo-lhe achados (ou mesmo roubados) nos planetas onde aportavam.

Ambos desceram por uma escadaria de pedra até a entrada de uma sala no subsolo, vigiada por um membro das tropas de assalto, em sua tradicional armadura branca. O soldado ficou em posição de sentido ao ver os dois oficiais aproximando-se.

- Descansar! - Disse o comandante ao passar.

Entraram na sala. Dentro dela havia várias prateleiras com toda sorte de armamento exótico e restos de equipamento antigo. Os olhos do comandante brilharam.

- Que tesouro! Excelente achado, Teffruel!

- Imaginei que gostaria, comandante - respondeu satisfeito o oficial.

O comandante foi de prateleira em prateleira, examinando e tocando vários itens. Finalmente, se deteve frente a uma bancada, sobre a qual repousava a carcaça de um droide astromecânico.

- Veja só! Uma unidade R2... ou o que restou dela. Os pilotos da Rebelião costumavam voar com estes droides em seus caças. Como será que veio parar aqui?

- Também achei curioso - disse Teffruel. - Pelo estado em que se encontra, parece ter caído num buraco e ficado um bom tempo exposto ao ar livre. Veja como a pintura está descascada e desbotada, senhor...

O comandante manuseou algumas peças soltas do velho droide. Finalmente, soltou o domo que era a "cabeça" do pequeno robô.

- Tem alguma coisa encravada aqui... parece fazer parte do projetor holográfico. Será que conseguimos energizar o circuito para ver do que se trata?

- Vou chamar um droide gonk, comandante - respondeu o oficial, saindo da sala.

Voltou instantes depois acompanhado do que parecia ser uma bateria quadrada caminhando sobre dois pés. Puxou um cabo do gonk e o ligou à sucata da unidade R2. O projetor holográfico ganhou vida. Sobre a bancada, surgiu um vulto feminino vestido de branco:

- Ajude-me, Obi-Wan Kenobi. Você é minha única esperança.

- Quem terá sido ela? - Perguntou-se o comandante. - É linda!

A imagem holográfica tremeluziu. A mensagem repetiu-se.

- Ajude-me, Obi-Wan Kenobi. Você é minha única esperança.

O oficial deu de ombros.

- Talvez jamais venhamos a saber, comandante Skywalker.

- [01-06-2017]