O REINO DAS TREVAS.
Dez meses depois...
10 de setembro de 2022 (220910)
O capitão Aldo Santos e o capitão Shiram, com capacetes flexíveis semelhantes a gorras de natação pretas com os óculos especiais montados nelas, pareciam alakranos e conseguiam enxergar perfeitamente naquela escuridão as maravilhas do planeta Alakros Prime; centro da cultura e civilização naqueles mundos que giravam em torno daquele sol infravermelho.
Um sol que eles conseguiam enxergar com os óculos.
Sem eles, apesar de ser um dia normal, o sol de Alakros ficava invisível, mas podiam ver estrelas no céu negro, estrelas de primeira, mediana e mínima magnitude; o que não afetava em nada aquela civilização entrevada, mas que iluminavam fracamente a superfície do planeta, como se fosse uma noite sem luas na Terra.
Agora eles sabiam o que era o Reino das Trevas.
Humanos e humanoides em geral eram cegos naquele lugar.
Aldo podia compreender por que aquela poderosa e antiga raça dominava um vasto império.
Os súditos convocados na metrópole estariam cegos por completo. Tentou imaginar como era possível que uma civilização avançadíssima como essa tivesse se desenvolvido num ambiente de trevas.
Aldo colocou os óculos de novo e voltou a enxergar seus captores.
Estes o conduziam num carro aéreo por sobre a enorme cidade capital, que parecia não ter fim.
Fazia meia hora que estavam voando por sobre o trânsito aéreo, cruzando-se com outros carros semelhantes desde que desembarcaram no astroporto.
Desde que atravessaram a fenda espacial, se passaram dez meses viajando em dobra no quadrante delta.
Pela fenda, a passagem foi de minutos, mas para o centro do império foram dez meses em que aprendeu muito sobre os alakranos.
Algo deles sabia, por ter lido a Enciclopédia Alakros que tinha recebido do Eremita de Io, anos atrás.
Desta vez os tripulantes o conectaram a uma máquina de aprendizado e agora Aldo conseguia falar fluentemente a língua alakrana, o que o aproximou do capitão da nave, com o qual teve longas conversas.
O capitão Lang Bolthar da nave "Ferocímea" mostrou-se amável, afinal os prisioneiros deveriam ser bem tratados para conversar e trocar ideias.
Por essas longas conversas, Aldo soube que o capitão Lang, era proveniente de uma região do planeta chamada Alakh, que sua idade era equivalente a 38 anos terrestres, e que desde criança fora treinado em navegação espacial e artes guerreiras.
Ao perguntar se tinha família, ele respondeu com os nomes do seu pai, seu avô, seu bisavô e seu tataravô.
Ao perguntar se tinha mãe, Lang ficou confuso.
Aldo explicou sua pergunta o outro entendeu, e disse que eles são hermafroditos.
Cada um deles gera um novo ser quando há determinadas condições, mas que ele sabia que outros seres inteligentes em outros planetas tinham dois, três e até quatro sexos.
Foi assim que a longa viagem no quadrante delta em direção ao centro do império se tornou interessante para o terrestre.
–E também existem raças avançadas de insetos que são todos filhos de uma rainha – tinha dito o capitão Lang – já encontramos alguns. Não todos amigáveis.
–Eles viajam pelo espaço?
–Só entre seus planetas, não possuem capacidade de dobra. Os que conseguiram tornaram-se perigosos e tiveram de ser exterminados; como em Mizar II, segundo planeta de Mizar, estrela 2,027-0.06 do quadrante alfa.
–Zeta Ursa Maior, na nossa nomenclatura. E por que vocês os exterminaram?
–Não fomos nós, foram vocês, confederados. Eram uns insetos militaristas, já tinham conseguido a capacidade de dobra e ameaçavam espalhar-se pelo quadrante. Eram um perigo até para nós. Uma praga, como os kholems e os dominions.
–Como os exterminaram?
–Você não sabe?
–Não.
–Bomba termonuclear de oxigênio – interveio o capitão Shiram – Queimou a atmosfera do planeta e o converteu em uma rocha coberta de cinzas.
–A arma total – disse Aldo.
–A segunda – disse Lang – A primeira foi o sol de antimatéria... Que o Império Raniano usou contra nós há mais de dois mil ciclos.
–Essa história eu conheço.
–Mas se você é confederado, como pode ser que não conheça o que aconteceu com Mizar II? Disso não faz mais do que alguns poucos ciclos.
–Preciso revelar uma coisa, capitão Lang.
–Diga.
–Não sou confederado, sou de Ra-3. O capitão Shiram aqui pode confirmar.
–Agora a coisa muda de figura, capitão Aldo.
*******.
Continua em: O SENHOR DE TUDO.
*******.
O conto O REINO DAS TREVAS - forma parte integrante da saga inédita Mundos Paralelos ® – Fase II - Volume V, Capítulo 40; páginas 48 a 49; e cujo inicio pode ser encontrado no Blog Sarracênico - Ficção Científica e Relacionados:
http://sarracena.blogspot.com.br/2009/09/mundos-paralelos-uma-epopeia.html
O volume 1 da saga pode ser comprado em:
clubedeautores.com.br/book/127206--Mundos_Paralelos_volume_1