GUERRA IMINENTE
20 de novembro de 2020 (201120)
A pequena nave de cabotagem interestelar, com terríveis sinais de batalha aterrou numa das luas de D’Har-Minh, terceiro planeta de Prócion, estrela Alfa do Canis Majoris, a oitava estrela mais brilhante em sua constelação, orbitada por uma anã branca denominada Prócion B.
Seus tripulantes foram conduzidos de imediato até o comandante geral da base, quem, primeiro com incredulidade e depois com pavor, ouviu o terrível relato do desastre em Erspak.
Depois mandou guardar secreto total e comunicar o fato ao Alto Comando da Armada Confederada. Não demorou em ser chamado perante o Almirantado para prestar depoimento.
A sala de reuniões do Almirantado estava situada num asteroide fortificado que orbitava nos confins do sistema.
Depois de ouvir os depoimentos, os Lordes do Almirantado debateram em privado, não sem antes ordenar silêncio ao comandante da base.
Eram quinze seres de diferentes procedências dentro da esfera confederada; tão poderosos que eram temidos até pelos Supremos Senadores da confederação.
Na ponta da mesa oval, estava Lorde K’Ain, Primeiro Lorde do Almirantado, um humano natural de D’Har-Minh.
Os sete à sua direita:
Lorde Isshtar, de Kruger 60-A, um ser reptiliano; Lorde Valner, de Altair, humano; Lorde Dart, de Ross-154, humanoide; e os quatro Lordes das luas de Ayar Prime, Tau Ceti: Lorde N’Oth, Lorde Asder, Lorde N’Onh e Lorde Vather, todos os quatro marcianoides.
Os sete à esquerda; todos eles humanoides de D’Har-Minh; Lorde Kat, Lorde K’Irk, Lorde N’Ghol, Lorde N’Joln, Lorde Asdruth, Lorde Kharlo e Lorde Markus.
–Estamos enfrentando uma crise menor – disse Lorde Isshtar – não acredito que seja tão grave assim.
–Não concordo – disse Lorde Markus – perdemos três belonaves.
–A do capitão Shiram se considera desaparecida – interrompeu Lorde Vather.
–Preferimos considerá-la perdida – disse Lorde K’Ain.
–Então? – disse Lorde Kharlo, impaciente.
–Trata-se de um inimigo desconhecido que invadiu a beira de nossa esfera sem ser detectado – disse o Primeiro Lorde.
–Alakranos ou xawareks? – propôs Lorde Asdruth.
–Ambos – respondeu apressadamente Lorde N’Onh.
–Minha opinião – disse Lorde K’Ain – é que Alakros está instruindo uma raça desconhecida por meio dos xawareks, já que sabemos que uma belonave xawarek de guerra foi detectada junto com outra nave de aparência xawarek, nas proximidades de Erspak... E logo perdemos duas belonaves.
–Precisamos saber que raça é essa! – disse Lorde Vather exaltado – proponho enviar a quarta e a sexta frota e acabar com essa ameaça antes que seja tarde e percamos Erspak e o resto do sistema.
–De acordo – disse Lorde K’Ain – é melhor Lorde Vather comandar a quarta frota e Lorde N’Onh comandar a sexta frota, com naves de desembarque. Lorde Markus pode determinar o plano de ação e também...
–E se já ocuparam Erspak? – interrompeu Lorde N’Onh de repente – Vocês sabem tão bem como eu o quanto é difícil expulsar um invasor depois que assentou os pés no chão...!
Foi como um balde de agua fria em todos.
Depois de um embaraçoso silêncio, Lorde Markus disse:
–Precisamos saber quantos são, de que espécie e até que ponto a ocupação possui o planeta, se são apoiados pelos nativos ou não; que tamanho tem a frota deles, qual é seu poder... Então agiremos.
–Os dados não são suficientes – disse Lorde N’Onh – os sobreviventes não aportaram grande coisa, estavam alterados pela derrota; disseram apenas que eram duas belonaves e algumas pequenas naves de caça...
–Isso é insuficiente – interveio Lorde N’Ghol – não podemos fazer nada até não ter informações confiáveis e completas, temos que mandar um espião.
Todos concordaram. Lorde K’Ain disse:
–Lorde N’Ghol fica encarregado de organizar a rede de espionagem e as frotas ficarão de prontidão. Alguma pergunta?
Sem mais, todos se levantaram e saíram da sala.
O estopim estava acesso.
Ao mesmo tempo; em algum lugar, a treze anos luz de distância da capital da Suprema Confederação, Aldo, o terrestre, sentia um arrepio na coluna vertebral.
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29 de dezembro de 2020 (201229)
Erspak vivia uma febril atividade.
As vinte e três naves interestelares de cabotagem e de carga; capturadas aos confederados, que não eram pequenas; já tinham feito várias viagens ida e volta em dobra seis a Saturno, Júpiter, Marte, Terra e Vênus. Algo que a nave Hércules de Aldo, em dobra quatro não tinha condições de fazer.
A travessia interestelar durava quatro dias padrão de ida com mantimentos de boca e maquinaria de Erspak e em quatro dias retornavam com soldados antárticos, marcianos, hiperbóreos, taonianos, xawareks e boralianos; colonos terrestres de Antártica e da Lua, armas marcianas, patrulheiras AR-2 fabricadas em Vênus.
Aldo e Alan conversavam nave a nave, em órbita de vigilância em torno do planeta, com um enxame de caças e patrulheiras sempre alertas em volta:
–Precisamos investigar Zhoropak – disse Aldo – o seu protegido Lobsang acha que há alakranos por lá. Podem representar perigo.
–Os alakranos sempre representam perigo, Aldo.
–Pois é. Não estou tranquilo.
–Não podemos esquecer que em qualquer momento podemos ter os confederados por aqui para nos expulsar, Aldo.
–Acho que antes vão nos espionar, Alan. Não devem de saber a força que temos. E podem estar com medo, ainda mais que já estamos ocupando o solo.
–É uma possibilidade, Aldo. Mas isso pode ser uma faca de dois gumes. De todas as maneiras, eles devem ter tanto medo de Alakros como os alakranos têm deles. Não esqueça a estratagema que usei em Vênus.
–Pode ser a fraqueza deles. Podemos nos aproveitar disso, Alan.
–Sei não. O feitiço pode se voltar contra o feiticeiro, Aldo.
–E se damos o primeiro passo?
–Devemos dar uma sensação de poder, devemos impressionar. Destruímos duas naves de guerra enormes, mas eles logo vão se recuperar do choque.
–Sim. Apesar de que temos bastantes naves em órbita, não acho que vão se assustar se voltarem com uma frota.
–Também acho, Aldo. Agora não contamos com a surpresa.
–Agora eles virão sigilosamente, Alan, talvez já colocaram espiões entre nós. Talvez já há informantes. Este planeta é grande, não podemos controlá-lo todo. Apesar de que os nativos decidiram nos tolerar, porque os tratamos bem e eles não gostam muito dos confederados, pode ser que já hajam descido comandos confederados para começar a nos sabotar quando começar o ataque.
–Vou mandar a Amarna para Sírio para trazer as naves de descontaminação e buscar reforços, Huáscar mostrou-se receptivo, parece que por lá eles não gostam dos confederados. Podem vir a ser úteis. Ainda mais que a nave de Kern Mokvo e Tikal Henna já deve ter chegado.
–Você não vai? – Aldo estava espantado.
–Não. Huáscar é o capitão e também conhece meus planos. Além do mais, Iara está grávida e estará mais segura a bordo da Amarna do que aqui, que pode esquentar.
–Você tem um plano?
–Claro que tenho. Vamos a Zhoropak, capturaremos uma nave Alakrana para reforçar nossa frota – Alan falou como se estivesse convidando Aldo para jantar.
E Aldo respondeu:
–Vamos.
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A duras penas, Alan convenceu sua esposa a partir para Sírio.
–Estarás bem protegida, querida, Lin e Antar estão contigo, será uma viagem curta, a Amarna é rápida. Em dobra seis vão demorar apenas oito dias para chegar, segundo disse Huáscar.
–Se você o diz...
–Não querias conhecer as estrelas? Vais conhecer Sírio antes que eu!
–De acordo. Cuida-te amor.
Eles se beijaram e Alan abordou um espaço moto para ir até a Hércules. Mas antes dele montar na máquina, Huáscar disse:
–Mestre Alan! Não seria prudente ir a Zhoropak na Hércules.
–Não?
–Eles podem detectar uma nave grande. Use uma patrulheira. São poucas horas padrão e é uma nave indetectável.
–Tem razão, Huáscar. Obrigado.
Logo Alan surcava o espaço imediato em direção à Hércules, que flutuava suavemente num fundo de estrelas.
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Continua em: ZHOROPAK
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O conto GUERRA IMINENTE - forma parte integrante da saga inédita Mundos Paralelos ® – Fase II - Volume IV, Capítulo 36; páginas 166 a 168; e cujo inicio pode ser encontrado no Blog Sarracênico - Ficção Científica e Relacionados:
http://sarracena.blogspot.com.br/2009/09/mundos-paralelos-uma-epopeia.html
O volume 1 da saga pode ser comprado em:
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