A NAVE SEM NOME
Urano.
17 de outubro de 2020 (201017)
Alan resolveu ficar nas luas para supervisionar as modificações da nave Sem Nome, enquanto a Milenium e a Vingador, consertadas em Marte; comandadas por Lúcio e Leif, rapidamente carregadas e armadas; com reboques, patrulheiras AR-1 e caças CH-3, partiram; a Milenium para Urano, e a Vingador para Netuno e suas luas, esperando serem alcançadas pela Nave Sem Nome e a Amarna.
A nave Sem Nome, de desenho vagamente xawarek; carregada, abastecida e armada, conta com dois exploradores da classe Hércules; os H-1 e H-2, para ataque e desembarque; embutidos nos respectivos nichos embaixo. Além disso há vinte caças da classe CH-3 nos hangares superiores e quatro patrulheiras da classe AR-1 nos hangares inferiores.
A nave Sem Nome é uma nave mãe orbital; não desce aos planetas como a Amarna e a Desafiante. Já conta com uma tripulação de ambos os sexos de terrestres, marcianos, xelianos, taonianos, xawareks e vurians; selecionados entre os melhores quando a nave ainda estava no papel; além da tripulação sobrevivente da destruída Hércules. Foram incluídos os pilotos veteranos da Batalha de Amaltea e o engenheiro Karapsias.
As crianças embarcaram por ordem de Inge; preocupando o Imperador Tao, O Impiedoso; pois toda a família de Aldo partindo para o espaço, colocava sua sucessão em perigo.
O pequeno Alvin, Príncipe das Terras Frias, futuro consorte da sua tataraneta Alana, estaria longe demais, sem previsão de retorno.
Mas a nave ainda não tinha nome.
Alan tinha um plano para isso e o discutiu com Huáscar e Lilla Henna. Iara deu uma sugestão que afinal foi aceita por todos.
O nome era adequado e Aldo só o saberia depois que o nome fosse pintado, como uma surpresa; já que Alan pretendia com isso que o homem se recuperasse das recentes e terríveis aventuras.
A nave estelar estava preparada para se manter no espaço sem abastecimento pelo menos por cinco anos, sustentando seus 437 tripulantes. Faltava batizá-la.
Estava tudo pronto para empreender uma Jornada nas Estrelas...
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NSN-001 HÉRCULES...
...Eram os dizeres na proa da enorme nave, com enormes letras pretas; aquele dia 18 de outubro de 2020.
Aldo com Inge e Boris, na patrulheira do coronel Alan; não conteve sua emoção ao lembrar as palavras de Alan após a derrota dos kholems:
–“Vamos fazer que a História nunca se esqueça do nome da Hércules”.
–Gostou do nome, Aldo?
–Sim. Uma justa homenagem.
Depois de dar uma lenta e emocionante volta ao redor da nave estelar, para que o capitão Aldo apreciasse a obra de tantos anos de trabalho; uma garrafa de vinho taoniano foi jogada pela madrinha Inge, desde a eclusa e flutuou demoradamente no vácuo, espatifando-se logo na proa, no silêncio do espaço:
–...Eu te batizo NSN-001 Hércules, Nave da classe Sem Nome Nº 001!
Logo todos abordaram a nave pelo tubo sanfona e foram recebidos no corredor pelo oficial de serviço, que anunciou pelo comunicador:
–Capitão a bordo!
Em seguida os quatro entraram no elevador e surgiram na ponte de comando, onde o alferes Lobsang Dondup anunciou:
–Capitão na ponte!
Aldo ficou pasmo, todas as estações estavam ocupadas e organizadas.
A tigresa siriana Lilla Henna levantou-se da cadeira do capitão e disse em espanhol:
–Comandante Lilla Henna, Baharnum de Amaru Xel se apresentando para o serviço. Bem-vindo a bordo, capitão!
Boris interveio:
–O capitão Huáscar cedeu sua imediata para tomar meu lugar, Aldo.
–Seu lugar? E você?
–Serei o terceiro em comando – respondeu Boris – o capitão Huáscar achou que precisaria alguém com experiência em dobra espacial numa nave de tecnologia xawarek. Valerión concordou e eu também. A comandante Lilla Henna ofereceu-se temporariamente para o cargo e conhece muito bem a navegação interestelar.
–Sinta-se honrado, Aldo – interveio Alan – Esta é a maneira que os xelianos acharam para homenagear você e sua valente tripulação. Inclusive ela preparou-se estudando espanhol e português desde que partimos de Vênus.
–Entendi – disse Aldo, parecendo iluminar-se, e acrescentou em raniano:
–Honrada senhora comandante Lilla Henna, Baharnum de Amaru Xel, seja bem-vinda à minha tripulação.
A enorme tigresa rosnou e fez uma mesura, ficando em pé do lado direito da poltrona do capitão.
Aldo sentou na poltrona, emocionado, olhando detidamente a tripulação de comando; Nebenka no leme, Konstantin, navegador, Boris no tático, Inge nas comunicações, Valerión na estação de ciências...
–Sua tripulação agora está completa, Aldo – disse Alan, sorridente – só eu estou sobrando. Permissão para desembarcar, capitão.
–Permissão concedida, meu querido amigo. Os deuses sejam com você.
Ambos apertaram as mãos e Alan entrou no elevador, desembarcando logo e abordando sua patrulheira para retornar à Cidadela.
A conselheira do capitão, Doutora Regina Cardelino saiu do elevador:
–Permissão para entrar na ponte, capitão.
–Permissão concedida.
Regina ficou de pé do lado esquerdo da poltrona de comando.
–Vamos zarpar – foi a primeira ordem – Inge...?
–Sim, capitão. Hércules para doca! Soltar garras de atracação!
–Garras de atração soltas!
–A nave á sua – disse Inge.
–Nebenka, tire-nos daqui, manobradores a um quarto.
–Sim, senhor!
–Konstantin, traçar curso para Alfa 3, Próxima Centauro.
–Traçando curso 0.02 marco 1.014, capitão.
–Impulso total. Acionar!
Logo a nave deixou a doca espacial e Saturno ficou atrás em segundos.
–Ponte para engenharia!
–Prossiga! – disse o engenheiro Henschel.
–Podemos experimentar dobra quatro?
–Afirmativo!
–Nebenka! Dobra quatro! Acionar!
E assim a Hércules iniciou sua Jornada nas Estrelas.
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Continua em: ENCONTRO EM URANO
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O conto A NAVE SEM NOME - forma parte integrante da saga inédita Mundos Paralelos ® – Fase II - Volume IV; Capítulo 35, páginas 143 a 144; e cujo inicio pode ser encontrado no Blog Sarracênico - Ficção Científica e Relacionados:
http://sarracena.blogspot.com.br/2009/09/mundos-paralelos-uma-epopeia.html
O volume 1 da saga pode ser comprado em:
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