NA INTIMIDADE DA CIDADELA

(Anterior: NO ACONCHEGO DA CIDADELA - já publicado...)

INTERLÚDIO

–Não entendo a língua deles – disse Lin – mas o capitão Aldo parece

que não se recuperou da batalha. Está bem abatido.

–Ele perdeu muitos amigos – disse Iara.

–Essa senhora loira e linda de cabelo curto é muito carinhosa com ele.

–Regina, esposa de Boris – disse Alan – sua melhor amiga e conselheira.

–Então ele vai se recuperar – concluiu a jovem – Ela parece muito amorosa.

–Na Cidadela todos se amam, Lin. Não à maneira de Greena, mas isso também é algo que eu gosto daqui. Estou em casa... E é muito bom.

–Por falar em casa – disse Iara – quando vou conhecer seu apartamento?

–Espere a festa terminar, querida.

*******.

(***)

FIM DO INTERLÚDIO

O apartamento estava do jeito que Alan o deixara quinze meses antes.

–Computador! Luzes! – disse Alan.

–Parece mágica – disse Lin.

–Há um computador controlando tudo? – perguntou Antar.

–A Cidadela foi construída para nós sob medida pelos xawareks de Japeto; nem eu a conheço toda. Há andares climatizados para xawareks, marcianos, taonianos, hiperbóreos... E haverá para boralianos no futuro.

–Está frio aqui – disse o piloto boraliano.

–Computador! Temperatura 45 graus! – disse Alan – Vai parecer Gren.

–Gostei da cama. Pelo tamanho parece a da pousada em Tíber.

–Está arranhada, Iara – disse Lin – como se uma fera tivesse... E o colchão...!

–O quê é isto...? Está furado por... Garras?

–Não troquei o colchão enquanto Henna morou aqui, porque não adiantaria.

–Quê coisa! – ironizou Iara – assim que é "uma tigresa assustadora com a meiguice de uma criança"...! Se isto é a meiguice xawarek para o capitão Aldo...

–Iara, eu já expliquei, a primeira noite Henna cravou as garras no colchão para não gritar de dor, mas não pode evitar. Ainda bem que neste andar mora pouca gente e ninguém ouviu nada, a maioria dos apartamentos está vazia.

–Haverá outro apartamento para Antar e Lin?

–No quarto ao lado tenho uma cama igual.

–Ótimo. Vamos nos acomodar – Iara abriu sua mochila e tirou duas garrafas de vinho – É melhor assim, juntos... A temperatura aumentou! Onde é o banheiro?

Iara ficou nua e entrou no chuveiro.

–Lin! Tire a roupa, querida e venha para o banho. É quente.

Logo as duas mulheres riam felizes embaixo da água quente enquanto Antar abria uma garrafa de vinho e Alan procurava copos.

–Venham rapazes! – gritou Iara desde o banheiro – precisamos companhia!

Eles tiraram a roupa e foram ao chuveiro. Alan começou a ensaboar as costas e nádegas de Iara e logo ficou excitado. Lin viu a ereção dele e murmurou, espantada:

–Agora sei porquê Tikal Henna cravou as garras no colchão...!

*******.

A temperatura já era como na ilha Greena e os casais excitados fizeram sexo no chuveiro. Saíram do secador e sentaram nus na cama a beber. Os venusinos eram espontâneos e os terrestres, depois de viver um ano em Vênus, aprenderam a sê-lo.

–É tão bom estar aqui todos juntos como uma família! – disse Lin.

–Há tempo que somos uma família – disse Iara – e vai a aumentar.

–Mais do que pensa – disse Lin – engravidei no dia da vitória. Lembra?

–O mesmo dia que eu – disse Iara – isso nos une ainda mais, querida.

–Eu estou com saudades de seu corpo – disse a jovem boraliana, beijando Iara nos seios – nunca mais fizemos amor desde que nossos maridos voltaram.

Elas se desentenderam deles e se entregaram ao amor que compartilharam na época da rebelião, enquanto eles as observavam; excitados. Logo seus orgasmos as fizeram gritar, exaustas. Iara serviu-se vinho e ambas beberam no mesmo copo.

–Isso é bom para as grávidas – disse Antar.

–Se você o diz – disse Alan, sem tirar os olhos de Lin.

–Iara teria sido minha esposa se você tivesse morrido. Quero que você tome a Lin como esposa se eu morrer, comandante. Vejo que gosta dela.

–Terei isso em mente – disse Alan – será minha terceira esposa.

–Ninguém precisa morrer, Antar – disse Lin – vamos fazer o ritual de Asdruth.

–Não queria tocar tão cedo no assunto – disse o piloto boraliano.

–A hora é esta, querido.

–Fascinante – disse Iara – e como se faz?

–Como eu contei ao capitão Aldo. Ainda temos a semente viva deles dentro de nossos corpos. Concorda com isso, senhor Alan? Não haverá problemas porque nós duas já estamos grávidas há setenta períodos... E eu sei que o senhor me deseja.

–Concordo se Iara concordar – disse Alan, ligando o som com o Bolero de Ravel – precisamos ser felizes. O espaço é frio e perigoso.

–Concordo, Alan – disse a terrestre – a cama é grande, aguentou uma tigresa enorme... Venha Antar, eu sei que você me quer, quero ser sua esposa. A semente de Alan ainda está quente dentro de mim, quero que coloque a sua.

Antar olhou para Alan e este assentiu. O piloto acariciou os seios de Iara e ela o beijou. Enquanto eles se amavam, Lin aconchegou-se como uma criança nos fortes braços de Alan e acariciou o sexo ereto dele, com um pouco de receio.

–Quero ser sua esposa, Alan. A semente de Antar está em mim. Dê-me a sua.

Alan beijou a jovem demoradamente. Há muito que a desejava e a amou com cuidado, carinhosamente, receando machucá-la. Ela parecia frágil, mas suportou o tamanho dele com admirável coragem. Muitos orgasmos depois, todos pararam para beber vinho. Antar e Lin estavam felizes, ambos tinham realizado seu maior desejo.

De repente Iara, teve uma inspiração. Com um sorriso sensual enfiou os dedos nos buracos do colchão que a tigresa abrira um ano antes e ficou de quatro:

–Agora que estamos todos casados como manda a tradição boraliana, quero brincar de tigresa. Meus maridos serão os tigres que vão me fecundar.

–Você é louca, minha amada! – disse a jovem boraliana rindo.

–Louca de amor por vocês três, meus amores. Cubra meus olhos com seus seios, esposa, quero ser surpreendida pelos meus maridos.

Lin tampou os olhos de Iara e Alan a penetrou por trás como um tigre, enquanto Antar, impaciente, esperava sua vez.

–Eu também quero brincar de tigresa depois! – disse a jovem boraliana.

*******.

Japeto

26 de junho de 2020 (200625).

Alan pousou a patrulheira na pista da base principal, na frente da entrada da caverna subterrânea onde ele morara por vários meses; aprendendo a língua e costumes dos tigres, enquanto treinava todos os tipos de luta conhecidos por eles e todo tipo de armas brancas e modernas.

As naves de desembarque pousaram com oficiais, soldados xawareks e xelianos da Amarna, acompanhados de alguns fuzileiros boralianos curiosos.

Alan já tinha providenciado na Cidadela armaduras espaciais antárticas para todos os boralianos, mais cômodas para eles que as pesadas armaduras sirianas e também para evitar que morressem de frio quando fossem a visitar Taônia.

Também lhes fornecera óculos polarizados para usar a bordo da Amarna. Boralianos e terrestres sofriam com as luzes brancas da nave, que imitavam a forte luz de Sírio.

Alan foi recebido como herói, as notícias corriam rápidas nas luas.

A rádio e televisão taoniana e a rádio e televisão da Cidadela; com transmissores e satélites em órbita Clarke ao redor das luas habitadas ou colonizadas; eram muito escutadas depois que taonianos e xawareks se tornaram aliados.

Após apresentar os mestres e mães de clã, Alan pouco teve que fazer, a não ser mostrar a cidade dos tigres a Iara e os boralianos.

Os visitantes xelianos e xawareks logo ficaram à vontade.

Desafiaram-se e foram desafiados, lutaram alegremente com os anfitriões no Salão das Lutas, com lanças, espadas e machados, esmurraram-se, arranharam-se, morderam-se, bateram-se com maças e porretes por horas.

À tarde, no salão de estar, as tigresas ficaram nuas e dançaram sobre as mesas ao som de tambores e cantos guerreiros, para admiração dos boralianos e de Iara, que perguntou:

–Foi aqui, onde você conheceu Tikal Henna?

–Ela dançava nua encima daquela mesa.

–Essas tigresas são lindas, e você estava sem mulher há anos...

–É preciso derrotá-las numa luta, como sabe. Isso não é fácil.

–Claro! Todas elas são enormes... Antar, querido!

–Senhora?

–Você lutaria sem armas com uma dessas fêmeas?

–Espero nunca precisar, senhora – disse o jovem piloto, amedrontado.

–Não me chame de senhora, meu amor; sou sua esposa agora, lembra?

–Claro... Desculpe, Iara.

Os casais estavam ao redor da mesa. A comida dos tigres era carne de wok crua e khajs, e as mulheres grávidas ficaram enjoadas vendo Alan e Antar comer os bichos vivos, esperneando nos palitos hashi.

–Foi aqui que aprendeu a comer isso, Alan? – perguntou a jovem boraliana, ainda dolorida nas entranhas, sem poder se sentar direito.

–Sim, querida.

–Deve ser isso que dá tanta potência a ele – interveio Iara – ocorreu-me agora, minha querida. Concorda, Antar?

Antes que o piloto boraliano respondesse, Huáscar aproximou-se.

–Mestre Alan; nunca pensei que conheceria os guerreiros Amarna em pessoa.

–Prometi que você os veria. Não foi o que contou ontem no promenade?

–Sim. Quando contar na minha toca... Veja minha Lilla Henna dançando e cantando, nunca a vi tão feliz. Este lugar, esta caverna... É bom estar aqui.

–Sabia que gostaria, Huáscar.

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Continua em: A FESTA DO IMPERADOR

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O conto NA INTIMIDADE DA CIDADELA - forma parte integrante da saga inédita Mundos Paralelos ® – Fase II - Volume IV, Capítulo 34; páginas 135 a 137; e cujo inicio pode ser encontrado no Blog Sarracênico - Ficção Científica e Relacionados:

http://sarracena.blogspot.com.br/2009/09/mundos-paralelos-uma-epopeia.html

O volume 1 da saga pode ser comprado em:

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Gabriel Solís
Enviado por Gabriel Solís em 22/03/2017
Reeditado em 22/03/2017
Código do texto: T5948611
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