BAZAR DE MIUDEZAS
BAZAR DE MIUDEZAS
Era um bazarzinho chinfrim como qualquer um em toda cidadezinha do interior.
Fachada da parede descascada, escrito em letras desbotadas e irregulares: BAZAR MORAES.
Justamente nesta parede, do lado de fora, dependurados vários dos produtos vendidos no varejo: um fêmur médio (de mulher ou de jovem em formação); uma mão esquerda faltando os dedos anular e indicador; uma orelha (à primeira vista parecendo que direita); um pênis de mais ou menos um quarto de metro de comprimento, duas polegadas de grossura, de três quinas, seco e duro feito pedra; e um intestino delgado, salgado e seco.
Um freguês chega, entra e pergunta:
- O senhor tem parafusos de fixação de cotovelo; para idosa, tamanho médio?
O balconista, que tudo indica ser também o proprietário, usando de simpatia e esperteza peculiar dos vendedores destes produtos, responde:
- Não temos os parafusos, mas temos o braço completo, com cotovelo e tudo mais. Nos tamanhos grande, médio e pequeno. Só não de recém-nascido. Mas vai chegar, se quiser deixar encomendado.
O freguês aceita a sugestão:
- Neste caso vou levar o médio. O senhor não teria um baço, não serve de diabético, também para a mesma senhora?
- Tenho congelado. Acabei de vender um fresquinho.
O cliente recebe o baço e o conjunto de braço com cotovelo. Paga e vai saindo, no que o vendedor ainda oferece:
- Chegou para nós, agorinha, fresquinha, uma língua. Era de uma sogra faladeira, que o genro decepou fora. Não vai querer?
Como percebe que o comprador não ouviu ele grita:
- Também temos cus virgens e deflorados...
O freguês não escutou, foi embora. O negociante, constatando que sua fala, com sua língua original não estava surtindo o efeito desejado, arranca-a, põe à exposição para futura venda; em seu lugar coloca a da sogra faladeira.