Zombicide, A vida por um fio- O Hospital / Pt II
A loira de óculos usava patins iguais aos da irmã, e das mulheres era a menos desesperada. As duas investiam o tempo todo em tentar encontrar uma porta destrancada no corredor. Finalmente o desespero da garçonete rendeu algo bem melhor do que ouvir seu choro agudo. Com o pé de cabra que trazia nas mãos pressionou com força uma das portas, que cedeu facilmente e sem fazer barulhos.
Apenas o padre, o policial e o barbudo continuaram no corredor eliminando os psicopatas que encontravam pela frente. O restante do pessoal entrou na sala, não que os zumbis não entrassem ali, mas conseguiam ao menos uns minutos de fôlego, antes que eles os vissem , e os três incansáveis lá fora impediam a entrada de muitas criaturas.
O fato é que aquele foi o ponto de partida para que eles conseguissem virar o jogo contra seus inimigos sanguinários.
O gordo mais jovem arfava incessantemente e caiu no chão quando uma das criaturas avançou sala a dentro. Quando entrou em contato com o chão reparou que havia um amuntuado de objetos diferentes caídos, aparentemente aquele teria sido um escritório, pois também havia muitos papéis. Ele vasculhou um pouco tentando achar um lugar para se esconder, e quando entrou em baixo da mesa viu algo glorioso naquele momento; uma sacola com armas que ele só havia visto em video-games. Moto-serra, cano serrados, magnum 44, espadas, e por fim, algo que fez seus olhos brilharem : um lança chamas!
E ainda, no fundo da bolsa, encontrou algumas armas químicas e um molotov. Esses ele guardou silenciosamente no bolso de seu moletom. Estava apavorado, e em qualquer mínima garantia de segurança ele se apegava como se não houvesse nenhuma outra no mundo, afinal realmente não sabia se havia. Começou a ouvir que o confronto já havia chegado na sala com as pessoas acima da mesa, espiou e viu duas criaturas sendo confrontradas por seus parceiros de grupo. Hesitou um minuto a mais, e por fim, em meio aos papéis esparramos no chão, encontrou um mapa do hospital, examinou-o, e com um raciocínio muito rápido fez algo que fazia com maestria nos jogos que era acostumado a jogar. Planejou uma rota de fuga.
Levantou-se pois, no momento em que aparentemente o perigo havia sido abatido, ao menos temporariamente. A porta estava encostada e havia muito, muito sangue, espalhado no chão, nas paredes, e inclusive, nas roupas e rostos dos seus amigos que arfavam e não diziam se quer uma palavra. Todos pareciam estar em choque.
__ Você parece muito bem né gordinho ?!
Para variar, o garoto de boné quebrara o silêncio.
__ Cale a boca moleque. Melhor não ajudar do que encher o saco o tempo todo !
O barbudo o defendeu. Ele não entendia bem o poprquê, mas sentia que tinha algum tipo de vínculo com o gordo mais jovem, sabia que o conhecia.
__ Pessoal, peço que me escutem - Falou bem baixo, ignorando os comentários anteriores- Meu nome é Alexandre, e sei como podemos sair daqui. Encontrei isso - e colocou a bolsa de armas “ super-poderosas” a sua frente...
__ MEU DEUS DO CÉU
O garoto de boné exclamou pausadamente, com os olhos brilhando se deliciosou com a visão, e se adiantou para alcançar os brinquedinhos.
__ Calma aí garoto, não se apresse
O policial o trouxe a realidade com um puxão no braço, e interrompeu seu glorioso momento
Tentou pestanejar com uma cara de azedo no rosto mas Alexandre retomou a palavra.
__ Isso será apenas nosso alicerce. Encontrei este mapa e já examinei-o. A saída do hospital está bem próxima dessa sala, só precisamos atravessar este corredor, e como o Sr. Padre já atraiu os amiguinhos que lá estavam, acrredito que não haverá muitos deles nessa parte, só que se sairmos do hospital não sabemos o que vamos encontrar, a realidade mais provável é que não teremos segurança ou estabilidade, e nada nos garante que não haja mais zumbis lá fora do que aqui dentro.
__ Zumbis ? Você jogou vídeo game a sua vida inteira né ? Fala sério. Isso deve ser algum vírus ou gripe, que deve afetar os neuroneos e desenvolver alguma doença mental e ter se espalhado no hospital. O lugar deve ter sido isolado e já devem estar elaborando alguma vacina para isto. Por algum motivo fomos esquecidos aqui.
Ridicularizou a garçonete ao ouvir o termo zumbi, que no fundo a havia assustado e preocupado bastante.
__ Chame-os do que quiser, o fato é que eles se transformam quando são mordidos, e atacam sem piedade, já deve haver muito mais deles do que imaginamos. Não temos certeza de nada e não sabemos o que há lá fora. Se dermos a volta no hospital chegaremos ao heliporto, com sorte encontraremos um helicóptero lá e será nossa melhor chance, tanto de nos recuperarmos como de analisamos a situação definitivamente de modo geral, lá de cima. Enfim de sobrevivermos.
Todos se entreolharam, e talvez não estavam em condições de pensar, ou contrariar. O policial analisou o mapa rapidamente e concluiu que o plano do garoto realmente era o melhor que tinham.
__ Só tem um problema. Quem vai pilotar o helicóptero? Creio que não temos um piloto...
Teve de admitir o policial.
__ Temos sim !
Alexandre trazia uma onda de surpresas inesperadas. Todos estavam curiosos em saber da onde vinha aquele gordinho que parecia tão acanhado, mas de repente de demonstrou tão articuloso e trazia tantas artinmanhas na manga. Ao fazer essa revelação, ele sentiu-se um pouco confuso, de algum modo sentia que sabia realmente como pilotar um helicóptero, mas não conseguia se recordar da onde aprendera.
A maioria das pessoas deveriam estar pensando as mesmas coisas naquele momento, gostariam de questionar as habilidades que Alexandre dizia ter. Mas não havia mais tempo, já voltavam a ouvir os gemidos que sinalizavam que os zumbis estavam próximos. O policial se adiantou então para distribuir as armas maquiavélicas.
CONTINUA...