OS BEBÉS DE SATURNO

Cidadela, Rhea, 10 de janeiro de 2017.

Hoje nasceu Flávio Regis Jaskavitch, filho de Regina e Boris. Após as amenidades com as mulheres na clínica, os homens foram à doca. Os xawareks conservaram por milênios seu computador mestre e o instalaram na Empreendimento.

–Zyphran! – disse Aldo contrariado – nós também precisamos um desses!

–Problema seu! – rosnou asperamente o cientista siriano – Só temos um!

–Precisamos copiá-lo!

–Não acho que tenham capacidade para isso – disse Kern Mokvo, grosseiro, entrando na sala de engenharia da doca com Valerión e von Kruger, cientista chefe da Vingador; que incorporara-se à doca para estudar os sirianos em plena atividade.

–Acho que podemos – disse Aldo, ao ver chegar o cientista alemão.

–Não vejo como – disse Zyphran com incredulidade.

–Temos um cérebro positrônico. Só precisamos adaptá-lo.

–Os positrônicos que vocês usam são limitados – disse o capitão Mokvo.

–Este não – disse Aldo, e dirigindo-se a von Kruger; agora mais esbelto, com trinta quilos a menos do que pesava em Marte à força de comer ração espacial; disse:

–Ainda têm o robô raniano a bordo da Vingador?

–Temos – disse o professor, mas percebendo o que Aldo pretendia, gritou:

–Nein!

–É para uma boa causa, professor – disse Aldo – ganharemos uma nave estelar.

–Mein Gott das Himmel! Que seja.

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Cidadela, Rhea, 10 de março de 2017.

Eric Wilkins, médico da Milenium, fez o parto de Ivan Basilievitch Diakonov, filho de Lídia e Konstantin pela tarde. À noite, reuniram-se para o aniversário de Alan Claude que dedicou a festa aos novos pais e seu bebê.

Estavam felizes agora por ter o computador mestre. Os xawareks afinaram os computadores terrestres que serviam na Cidadela e na doca; mas este era especial, era rápido e respondia oralmente, foi ajustado para interagir com interfaces da nave estelar.

Agora era uma máquina estacionária. Os xawareks não deixaram o robô "Robert" consciente. Sua percepção foi apagada e re-programada para ser ligado ao hiper direcionador.

Ao acordar receberia nome e propósito, poderia interagir com as interfaces primárias instaladas nele, que por sua vez seriam ligadas às interfaces da nave. Uma nave que ainda estava no papel.

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Rhea, 18 de março de 2017.

Eric ficou na Cidadela, substituindo Lídia, em licença de maternidade e fez o parto de Inge.

Alois Joseph Santos Stefansson nasceu às quatro da manhã; hora de Rhea, ajustada pela hora de Hiperbórea já que a hora taoniana confundia o relógio biológico dos terrestres; que na Cidadela sentiam-se em casa.

Inge queria uma menina e sentiu-se decepcionada. Recusara, como antes, saber o sexo do bebê na pesquisa pré-natal; para manter a emoção da surpresa.

Agora, por terceira vez, tinha um filho homem.

Mais um futuro brutamontes de capacete, armadura e pistola phaser, para voar pelo espaço, guerrear e fazer filhos nas mulheres. Nada de novo no front.

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Terra, 10 de abril de 2017.

A guerra tomava outro rumo. Sem satélites a orientar seus mísseis, a ditadura apresava-se a lançar outros, enquanto observatórios anunciavam a chegada iminente da frota marciana composta de quinze naves da classe Hércules e duas da classe Zeus e Odin, já visíveis no céu noturno.

O Esquadrão Shock, comandado por seu Líder; um ex-legionário recém escapado em forma espetacular das masmorras da Nova Ordem Mundial; o misterioso Lorde do Espaço, pai de Alan Claude e um dos fundadores de Antártica; realizavam operações em solo inimigo.

As mais notáveis foram a destruição das fábricas restantes da explosão de antimatéria em Seattle e a destruição do vale do Silício.

Mas a melhor de todas foi a captura dos cinzentos que trabalhavam para a ditadura no subterrâneo de uma base de Nevada.

Os guerreiros do Esquadrão Shock; verdadeiros lutadores pela liberdade do mundo; destruíram as instalações e mataram sem piedade todos os humanos e a maioria dos nefastos aliens, capturando uma nave estelar no solo e os aliens mais importantes para serem levados ao seu encontro marcado com os severos interrogadores antárticos.

Enquanto a cabeça do misterioso Lorde do Espaço era novamente colocada à prêmio, as naves de Marte estavam mais perto. O momento de apelar às armas nucleares nunca esteve tão próximo. O mundo estava revoltando-se num efeito dominó, o que deixava apavorados os integrantes da ditadura:

–Mas como isso é possível? – dizia o locutor da JNN, a emissora a serviço da situação – As pessoas resistem a nossa força de paz! Lutamos contra o terrorismo e libertamos os povos! Será que não percebem que nossa luta é libertadora e humanitária, contra o totalitarismo e em prol da democracia?

Em contrapartida, a RTVV antártica revelava ao mundo a conexão da anti-raça dominante com os aliens de Zeta IV Reticuli, vampiros da constelação da Rede. Apesar de proibida pela ditadura, a emissora era ouvida em cada vez mais lares da Terra. A guerra era bem estranha e as pessoas sentiam necessidade de noticias.

Assim o povo soube que a invasão alienígena começara de fato em 22 de dezembro de 2012. Na época ninguém acreditou nos antárticos, já que os aliens chegaram discretamente, como acontecia desde 1947.

Agora o mundo soube que os aliens infiltrados estavam por trás do golpe de estado mundial de 1995, que prepararia a invasão em 2012, mas por algum motivo desconhecido, apenas uma nave chegou, ficando a frota para trás.

O que o povo não sabia era que a nave mãe dos cinzentos fora destruída quatro anos antes pelos ranianos da nave Analgopakin na primeira escaramuça ainda longe do sistema solar. A última foi em janeiro de 2014, pouco antes da batalha da Hércules com Nahuátl Ang.

A Terra devia muito aos ranianos que retornaram após mais de dez mil anos. Aldo e Regina em Saturno sabiam a verdade. A população ainda não estava preparada para saber; mas agora; revelada ao mundo a presença alienígena e os danos causados à humanidade por eles; com os dominadores tirando a máscara, estes eram combatidos sem piedade no solo, o que nunca foi esperado.

Os dominadores da anti-raça que governava o mundo ficaram sem seus mestres aliens; e as pessoas comuns revelaram-se contra a dominação, iniciando uma insana caçada de bruxas no mundo inteiro; contra os outrora tão petulantes e altaneiros dominadores, que não se sentiam seguros, sendo obrigados a esconder-se.

Muita gente inocente seria assassinada por isso. Assim foram as caçadas de bruxas no passado, e no século XXI não seria diferente.

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Terra, 20 de abril de 2017.

As tripulações mistas de marcianos e antárticos por fim retornavam para a desforra contra o governo mundial. A estas; somaram-se dez naves lunares da classe Antílope, comandadas pelo Almirante brasileiro Fábio Santos, ao mando da capitânia Selene IV, a mais moderna nave da classe Antílope.

Após breves batalhas; a frota combinada derrotou a maior parte das naves da Nova Ordem Mundial não camufladas; ficando dona do espaço imediato à Terra e à Lua em um raio de um milhão de kms.

A USS Endeavor, atingida na engenharia, ficou à deriva e a tripulação foi capturada. A USS Challenger II e a USS Columbia II deram mais trabalho, tentando bombardear as bases antárticas da Lua, com o que tiveram que ser destruídas após terrível troca de disparos.

A USS Enterprise do capitão Eugene Rodden; e a USS Forrestal, do capitão William Decker esconderam-se na camuflagem e não puderam ser localizadas, junto com um número desconhecido de naves similares, mas sem dúvida em direção ao espaço profundo, fora do alcance dos sensores.

A USS Enterprise era a capitânia das Skywars-U. Tinha sido tirada do museu às pressas e totalmente reformada. Em vista da situação, a frota combinada teve que permanecer em patrulha constante em volta da Terra e da Lua, para esperar o próximo movimento do inimigo.

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Aldeia Vurians, Terras Frias, Titã, 18 de maio de 2017.

As notícias da guerra chegavam cada vez mais espaçadas à nova central de comunicações de Taônia, que retransmitia para Rhea, pela nova rede de satélites criada sob orientação dos terrestres.

Sabia-se na Cidadela, que Marte enviara uma frota e que antárticos estavam nela. Por fim os antárticos retornavam para combater seus algozes, como Aldo pensava em fazer quando partira para Marte, mas agora ele sabia que seu destino não era combater a ditadura, senão produzir as condições para que outros mais afortunados; segundo ele; combatessem.

Absorto nestes pensamentos, Aldo tomava chá frente à lareira de sua antiga cabana, quando o Grande Corno da aldeia, deu a notícia esperada, e para o qual Aldo e Inge tinham voltado a Titã:

–Nasceu a filha do guerreiro Gamal, aquele que esteve nas estrelas!

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Aldeia Vurians, 21 de maio de 2017.

Nagoluio Pacha, era um lindo bebê que herdara a beleza da mãe e a fortaleza do pai. Estava destinada a ser uma menina feliz.

A festa em sua homenagem foi muito animada. Aldo e Inge participaram com seus filhos.

–Três filhos homens, Ruddah! – dissera Inge – será que não gerarei uma filha?

A bruxa respondeu, após ler a mão da mulher terrestre:

–Terás uma filha, minha rainha.

–Quando? Depois de gerar um batalhão de homens?

–Da próxima vez.

–Foi isso o que pensei da última vez – disse Inge de olho no bebê mamando no seu peito – e veja este futuro brutamontes espacial sugando meu leite!

–Está escrito em tuas mãos; minha rainha. Três e um.

–Tem certeza?

–Nunca me engano, minha rainha – disse a bruxa com seriedade – na próxima vez parirás a Princesa das Estrelas.

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Continua em: CÓDIGO 666: A MARCA DA INFÂMIA (já publicado)

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O conto OS BEBÉS DE SATURNO - forma parte integrante da saga inédita Mundos Paralelos ® – Fase I - Volume III, Capítulo 25; páginas 111 a 113; e cujo inicio pode ser encontrado no Blog Sarracênico - Ficção Científica e Relacionados:

http://sarracena.blogspot.com.br/2009/09/mundos-paralelos-uma-epopeia.html

O volume 1 da saga pode ser comprado em:

clubedeautores.com.br/book/127206--Mundos_Paralelos_volume_1

Gabriel Solís
Enviado por Gabriel Solís em 10/12/2016
Código do texto: T5849327
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